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Dasom soltou uma risadinha com a resposta do homem. Mas estava aliviada, é claro. Teria problemas muito grandes se o vaso de fato tivesse quebrado. Viu quando ele deixou o café à sua frente e o alcançou para tomar um gole curto e depois segurá-lo só para roubar o calor da bebida e esquentar as pontas gélidas dos dedos. Com o pedido para que explicasse a situação, enquanto pensava em como começar a história, Dasom percebeu que havia um pouco mais sob sua impulsividade a respeito da garrafa. Uma coisa que não falava com frequência porque preferia ignorar, talvez: ━━ Homens como ele não gostam de levar um fora. ━━ Então, mostrou seu braço, onde as marcas dos dedos dele estavam desenhadas em sua pele. ━━ Acham que porque eu trabalho em uma casa noturna que sou propriedade pública. Mas nem se fosse um puteiro ele poderia encostar nas meninas, não é? ━━ Então, Dasom de ombros: ━━ Ele só encontrou alguém que vai ensiná-lo a se comportar em público.

Talvez fosse o fato de conhecer a comunidade muito bem ou talvez por ser o melhor para lidar com aquela situação, de qualquer maneira, quando Dasom foi colocada na sua sala, Hyunwoo entendeu que teria que cuidar dela. Depois de entender o que tinha acontecido e ter dado uma avaliada na situação da vítima, depois de estar totalmente por dentro de tudo, pegou dois copos de café e seguiu até a sala.

Entrou na sala e ficou algum tempo apenas observando a mulher, no momento em que ouviu a nova informação sobre o estado da vítima, fechou a porta, suspirou e deixou o copo na frente dela. "Não, vaso ruim não quebra tão fácil" Comentou em um tom jocoso, era apenas um ditado popular, não havia parcialidade naquilo. Se sentou de frente pra ela e tomou um gole generoso da bebida antes de deixa-la sobre a mesa. "Vamos, estamos sozinhos e essa é a minha sala, pode conversar comigo como se estivéssemos na sua casa" Cruzou as pernas e apoiou a cabeça na palma da mão. "O que ele fez pra merecer isso?"

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Não, ela não tinha ideia. Dasom se considerava muito esperta e, de fato era, na maior parte do tempo. Todavia, seu defeito mortal era ser inconsequente, justamente por acreditar fielmente que era capaz de controlar toda e qualquer situação. O que a tornaria capaz de se livrar de qualquer problema. Então, ver Jisoo aparecer ali tomar as rédeas da situação, de algo que facilmente poderia terminar de um jeito irreversível, fazia seu coração martelar com tanta força, mas também com tanto peso que até mesmo fazia com que a brisa do álcool parecesse passar.

Felizmente, a iluminação era baixa, porque as bochechas assumiram tons rosados que já não tinham muito a ver com a quantidade de álcool ingerida. ━━ Não, eu... ━━ Até pensou em dizer que tinha visto o que ele fizera, mas não tinha visto. E não teve coragem de mentir daquela vez. ━━ Desculpa... Obrigada por... Por isso, eu...

Em Jeju, Jisoo conseguiu acumular amizades que combinavam perfeitamente com ele, e por incrível que pareça, apesar das experiências que a mulher tinha, Jisoo gostava que ambos carregavam a mesma energia caótica em níveis diferentes mas que se complementavam de alguma maneira. Trocava mensagens com ela até simplesmente não receber mais nenhuma, a pergunta era simples: quer que eu vá com você no bar? E a falta de resposta vinha do óbvio, ela já estava por lá.

Com toda paciência do mundo, terminou de se arrumar, trocando o pijama que tinha planejado usar para um visual que combinava mais com o ambiente que iria, só para buscar a mulher. Foi até o bar indicado por ela, pagou o táxi e entrou, chegou a falar com o bartender, mas não chegou a terminar o questionamento, pois logo conseguiu ver a amiga com um homem que tinha a áurea perigosa que conhecia muito bem. Quando se aproximou, viu o novo drink que foi servido e não deixou que a amiga pegasse, pois ele conseguiu ver que o homem tinha jogado algo dentro do copo na primeira distração da mulher. “Você me deixou esperando no telefone, querida” Falou docemente enquanto os olhos estreitos e perigosos foram direcionados a sua companhia, estralando o dedo para o garçom e chamando-o, erguendo o copo que tinha um pontinho branco no fundo que dissolvia lentamente. “Consegue ver? Pois bem, eu sugiro que chame a polícia antes que o bonitão aqui consiga uma vítima de verdade” Disse firmemente, podendo sentir o olhar gélido do homem em sua direção, depois que o garçom pegou a bebida que o Jisoo decidiu pegar a amiga para tirá-la dali, afastando-a do cara. “Você quase caiu na armadilha daquele cara, você tem ideia disso?”

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⠀ ⠀ ⠀ ⠀ ⠀ ⠀⠀ ⠀ ⠀ ⠀ ⠀ ⠀FLASHBACK ;

Dasom não era facilmente impressionável, especialmente em situações como aquela, em que costumava ser ela quem mantinha os outros firmes. Mas havia algo na maneira como Chanhyuk a segurava que fez uma chave virar dentro dela. Era a firmeza com que a segurava e a mantinha no lugar. Tinha algo de desnecessariamente interessante naquilo. O que fez com que uma chave parecesse virar em sua mente, colocando o amigo sob uma luz diferente. Mas empurrou qualquer ideia para o fundo da mente.

Fez como ele pediu e se segurou, mantendo o rosto escondido na curva do pescoço dele, aproveitando os últimos segundos no brinquedo daquele jeito. Porque, por alguma razão, havia mais adrenalina em permanecer ali do que em soltar os braços só pelo prazer do risco. Quando a atração enfim parou, colocando um fim àquela situação particularmente ridícula, Dasom pregou um beijo na bochecha do outro antes de sair das pernas dele: ━━ Meu herói! ━━ Soltou, em tom absolutamente dramático. Tinha se divertido imensamente, não tinha como negar. ━━ Isso foi muito sexy, sabia? Mas se me segurar desse jeito de novo, vou acabar apaixonada por você. ━━ Soltou em seu tom brincalhão usual. Não diria apaixonada de fato, mas teriam desafios naquela amizade. Então, ofereceu sua mão para ajudá-lo, lembrando do comentário sobre as pernas dormentes. ━━ Consegue andar? Onde quer ir agora? Pensei na montanha russa, o que você acha?

A sobrecarga sensorial foi instantânea. A música alta, as vozes mais altas ainda, as invertidas súbitas de direção, o vento no seu rosto, o contato físico diretamente na sua pele. E o pior de tudo: o cheiro. Não de feromônios, porque Chanhyuk tinha um adesivo colado no interior do braço, mas do cabelo de Dasom. Em sua defesa, ele meio que estava com a fuça enterrada no ombro dela sem querer, não tinha como não sentir o perfume daquela proximidade.

“Tudo bem!” Chanhyuk respondeu com cinco minutos de atraso, soando o completo oposto de bem. Eu vou morrer, era o que ele achava de verdade. Arremessado a 120km/h no ar ou de mortificação, o que acontecer primeiro. “Só se segura!”

Talvez não fosse o mais inteligente a se pedir, porque isso configurava Dasom continuar pulando no seu colo, com grandes chances de causar um dano irremediável à sua pressão arterial. Ou a outras partes igualmente importantes do seu corpo. Mas Chanhyuk ainda era um alfa que tinha como instinto basal proteger, independente de qualquer coisa, o que justificou o braço se fechando em torno da cintura dela e a trazendo contra o seu peito, firme, seguro, imóvel. A movimentação diminuiu consideravelmente.

“Acho que minha alma desceu sem mim,” ele deixou escapar, mais honesto. A sua respiração estava saindo pela costela ou era só impressão? Pelo menos as suas bolas não corriam mais risco iminente de infertilidade. “E minha perna dormiu. Mas tranquilo. Eu nem 'tava usando ela mesmo. Haha. Você ‘tá ok? Quanto tempo dura esse negócio?”

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⠀ ⠀ ⠀ ⠀ ⠀ ⠀⠀ ⠀ ⠀ ⠀ ⠀ ⠀FLASHBACK ;

Apesar do susto enorme, Dasom conseguia se divertir naquela situação. Mas não era difícil ver que Bruno não parecia igualmente confortável, mesmo que a intenção do brinquedo era justamente assustar. Então, não podia deixar de se perguntar o que poderia estar afligindo o rapaz. No entanto, não queria ser indelicada e forçá-lo a dizer algo que não queria, então mordeu a língua antes que pudesse dizer algo indevido. ━━ Que vida miserável é essa que você está levando? ━━ Respondeu, incapaz de esconder a risada diante das palavras dele. Entendia que era uma brincadeira, mas era uma escolha de palavras interessante.

━━ Eu posso te dar mais carinho, mas de verdade, se... ━━ A fala foi interrompida por um tranco no carrinho e mais um susto com alguns atores pulando das sombras. Então, abraçou o braço de Bruno e escondeu seu rosto ali enquanto ria de novo. ━━ Se a gente sobreviver! ━━ Completou por fim. ━━ Você está com medo? ━━ Perguntou por fim, erguendo o olhar em busca do dele. ━━ Pode me abraçar, eu te protejo. ━━ Acrescentou, em tom divertido.

A ideia de ir até o trem fantasma só foi aceita porque teria companhia. O trem fantasma por si só já é desconfortável, com iluminação escassa, túneis estreitos, barulhos metálicos, correntes rangendo, grupos falsos, entre outros elementos, se torna um pesadelo. Imagine-se com claustrofobia, ainda que tenha controle sobre o seu medo, não tem como evitar a sensação que começa antes mesmo de entrar, o peito já se aperta só de sentar nos assentos do trem. Quando ele se move, a cada pessoa que sumia na escuridão daquele túnel, mais a mente começa a correr e o som abafado do fim da iluminação externa para o mergulho na escuridão, faz com que o surfista engulisse em seco.

Ainda que o seu instinto grite que ele precisa sair, Bruno respira fundo e decide ficar, tem uma companhia especial do seu lado, não tinha porque ceder a pressão. Estava tão focado, concentrado, com os olhos acompanhando cada curva, armadilha mal elaborada, luzes piscando e aquele som falso ecoando pelo ambiente levemente abafado e distorcido, os sustos se tornaram bobagem porque Bruno tinha o seu medo presente ali constantemente. Quando Dasom passou a estapea-lo, foi, talvez, a melhor coisa que aconteceu porque ele consegue distrair a atenção, os olhos escuros agora desviados para a figura feminina que acabou segurando pelos braços em uma tentativa de mantê-la segura. E, com a risada, acabou acompanhando ela e deixando-a mais confortável agora que se inclinava sobre ele. “Não, tudo bem. Vou guardar esse tapa no coração, foi o primeiro sinal de carinho que recebi hoje” Brincou.

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⠀ ⠀ ⠀ ⠀ ⠀ ⠀⠀ ⠀ ⠀ ⠀ ⠀ ⠀FLASHBACK ;

Não era difícil notar que Haeryeon parecia um pouquinho nervosa. Fosse pelo jeito que olhava para fora, mas principalmente pela maneira como as mãos sempre buscavam Dasom por segurança. E isso colocava um sorriso discreto, mas carregado de satisfação no rosto dela. Não podia negar que gostava de estar naquela posição. Então, sua resposta foi passar um dos braços pelos ombros da outra e puxá-la gentilmente contra seu corpo. ━━ Vai acabar antes que você perceba, fica tranquila. ━━ Assegurou, mesmo que de fato parecesse uma eternidade que estavam paradas lá em cima.

Com o comentário, assentiu em concordância. Também achava que era. ━━ Acha que deveríamos fazer mais dessas coisas? Quer dizer, podemos andar de mãos dadas quando sairmos daqui e dividir um algodão doce. Você acha isso romântico? ━━ Dasom não tinha muito romance em sua vida, sendo bem honesta. Então, nunca prestava muita atenção no que poderia ser considerado um gesto romântico ou não. Só fazia o que gostava e o que achava que a outra pessoa podia gostar.

Apertou a mão de Haery em resposta, tentando confortá-la e dizer por meio daquilo de que estava tudo bem. Mesmo que não tivesse muito o que pudesse fazer em um caso real de queda, mas não queria assustá-la mais. Então, seus olhos encontraram os dela, mas não se demoraram a cair para os lábios. Dasom encurtou a distância entre seus rostos, mas só o bastante para que pudesse roçar os lábios nos dela quando falou: ━━ Agora? Acho que não me importaria de uma distração até chegar lá embaixo... O que acha?

flashback - wonderland

A vista era realmente bonita, as luzes do parque e da cidade refletiam nos olhos escuros de Haeryeon, por longos segundos e um longo suspiro. Era inevitável por conta da tensão que sentia em estar em altura, se estivesse próximo da janela e olhando para baixo, Haery provavelmente congelaria; mas estava tranquila, ao lado de Dasom com a lateral da coxa encostando encostando na da outra, um toque bem coquecido, afetivo e trazia o calor para quebrar o vento mais gélido devido a altura e medo da altura.

Correspondeu ao toque na mão e sorriu soltando um riso soprado "É bonito, provavelmente eu aproveitaria mais se não me causasse calafrios." Foi uma expressão genuinamente distorcida pelo sentimento de apreensão. "Acredito que é a coisa mais romântica que fazemos juntas, não acha?" Não considerava os cafés na cama e bilhetes, era apenas demonstração de afeto, sendo assim, Haery caçou na memória e não revisitou nenhum encontro romântico com a morena, como jantares ou passeio na roda gigante.

Quando a atração balançou novamente, apertou a mão de Dasom de forma mais intensa e institiva, como se aquilo fosse segura-la "ao chão", se prendendo ao presente e não onde a mente levava. "Prefiro te levar para o céu de outras formas, Dasommie." Riu baixo com os lábios sugestivos em conjunto com o olhar.

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O ar sofisticado da mulher rapidamente capturou a atenção de Dasom, que não teve muita discrição em repetir o gesto dela e descer os olhos por sua figura, capturando não só sua postura, mas como se vestia. Não podia deixar de se perguntar como ela podia estar tão calma. Porque Dasom não gostava de contratempos de modo geral, não era só a frustração de ter acabado debaixo de chuva sendo que, em seu caso, poderia ter sido totalmente evitável. ━━ Me desculpa, mas é muito bom saber que não fiz escolhas erradas sozinha hoje. Mas... Você está toda arrumada... Estava indo para algum lugar importante? ━━ Perguntou, por curiosidade. ━━ Estou pensando em pedir um táxi. Se seu caminho for na mesma direção, posso te dar uma carona. O que acha?

Ergueu os olhos do celular, onde lia calmamente uma notificação de reserva para aquela noite no Moonlight. A chuva repentina não a surpreendera, mas tampouco se dera ao trabalho de correr, apenas desviara o passo para a mesma marquise estreita, aceitando o contratempo. Ao ouvir a voz da desconhecida, virou o rosto suavemente, sem perder a compostura, os braços cruzados à frente do corpo, protegida pela leve gabardine bege que usava aberta, mais por estética do que por função. Seus olhos, percorreram a mulher dos pés molhados até o rosto. ❝ Não costumo carregar guarda-chuva. ❞ respondeu. ❝ Parece que ambas confiamos demais no clima de Jeju. ❞ fez uma breve pausa, inclinando levemente a cabeça, um sorriso quase imperceptível surgindo no canto dos lábios. ❝ Pelo menos não sou a única a me iludir com o céu nublado. ❞

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⠀ ⠀ ⠀ ⠀ ⠀ ⠀⠀ ⠀ ⠀ ⠀ ⠀ ⠀FLASHBACK ;

Descobrir que ele não tinha colocado seu nome no sorteio arrancou uma risada particularmente alta de Dasom. Afinal, quais eram as chances dele estar naquele lugar no exato momento que chamariam alguém com o mesmo nome que, por sinal, não apareceu? ━━ Não sei se você é muito azarado ou muito sortudo. ━━ Declarou por fim, absolutamente entretida com a situação. Mas acabou sendo distraída pelo convite. Um sorriso estava prestes a tomar os lábios de Dasom quando ele mudou de ideia e lhe deu o bilhete.

Dasom não era uma pessoa muito romântica, na verdade. A ideia tinha agradado não por qualquer intenção, mas porque queria aproveitar o parque e realmente não se importava em ir em um túnel do amor. Tanto que não era a mudança de planos que a tinha de cenho franzido, mas aquele comportamento tão urgente. ━━ Vem cá, o que deu em você, hein? ━━ Exigiu então, segurando o braço de Seyeon só para o caso dele tentar sair correndo. ━━ Está fugindo de alguém, por acaso? Veio aqui escondido? Que bicho te mordeu, garoto?

“Túnel do amor? Do amor, jura?”, as palavras em si pouco poderiam ser consideradas uma sentença própria. Ainda tentava entender o que estava acontecendo e como havia parado ali, no centro daquela confusão, com Dasom sorrindo ao seu lado. Parecia o fim de um capítulo de drama — daqueles cortados ao meio para deixar quem assiste ansioso para o próximo episódio. “Eu nem sabia que estavam sorteando alguma coisa! Como iria colocar o meu nome?”, a defesa era fraca, a indignação real. 

Olhou para o bilhete como se fosse um monstro prestes a lhe devorar. Talvez fosse, não confiava que aquilo fosse completamente seguro. “Dasom-ssi… Você quer ir?”, perguntou mais uma vez, a voz trêmula, num crescente desespero. “Se não for atrapalhar, claro! Sei que você tem… coisas. Planos muito mais divertidos que isso”, respirou fundo, pegou a mão dela e lhe entregou o bilhete. “Melhor ainda. Pode ir com outra pessoa! Pega e corre, faz de conta que nunca me viu aqui”.

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━━ E você quer fazer alguma coisa sobre esse Kijun? ━━ Perguntou então. O tom era baixo, mas carregado de um tom sugestivo e perigoso. Claro, nada sério, nem nada que pudesse colocar seu melhor amigo em perigo. Podia ser inconsequente, mas não era burra. E, no fim das contas, uma brincadeirinha não faria mal a ninguém. A mente trabalhava em algumas ideias, mas não verbalizou nada de imediato, porque achou melhor filtrar algumas coisas. Tipo, algo envolvendo laxante em um ambiente coletivo não era uma boa ideia. ━━ Melhor a gente mudar o rumo dessa conversa, está ficando perigoso. ━━ Devolveu, mas não era como se estivesse incomodada ou minimamente envergonhada de falar besteira com Kwangsik.

━━ Você já pensou em sair daqui e morar sozinho? ━━ Perguntou então, por curiosidade. Pensava se era algo frequente. Entendia a comodidade que podia ser viver aquela maneira, mas a falta de privacidade incomodaria alguém como Dasom rapidamente, verdade fosse dita. ━━ E o que diabos você faz em um bosque? Tipo, sozinho? ━━ Era fascinante, não tinha outra palavra.

━ Depende do dia, Dam. Tem vez que a gente briga muito mesmo, por causa de roupas que pegam sem pedir ou quando usam meus xampus caros. Ugh, é sempre aquele maldito do Kijun. ━ Cruzou os braços e as pernas, irritado só de falar no nome do colega de quarto. ━ Ele sempre quer tirar vantagem. ━ Ergueu os olhos para a outra, arqueando ambas as sobrancelhas. ━ Amiga, você sabe que eu não tenho problema nenhum com a ideia de te enforcar, né? Fortaleceria a nossa amizade. ━ Gesticulou, rindo, e o som apenas aumentou quando ela lhe jogou aquele pedaço de roupa. Olhou descaradamente para o corpo da outra, mas não comentou nada.

Assim que a outra terminou de se arrumar, Kwangsik bateu com as mãos no colchão e se levantou. ━ Okaaay. Não tem muita coisa, então vou te levar nos pontos mais legais. Sabe, a vida consegue ser bem pacata por aqui. ━ Indicou a porta, adiantando-se para destrancá-la. ━ Vamos começar pelo bosque. Tenho um lugar favorito lá.

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HYERI ♡ ↪ Dazed Korea (Mar. 2023)

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☆ ⠀ ⠀ ⠀ ⠀ ⠀ ⠀Dasom era uma das pessoas na pequena aglomeração batendo palma e vibrando a vitória do rapaz. Primeiro porque o conhecia, mas também porque adorava uma bagunça. Então lá estava ela, não só batendo palmas, mas tirando seu tempo para soltar um assovio alto de comemoração.

Quando ele ofereceu o bilhete, ela desconfiou que fosse um ato motivado pela confusão estampada no rosto dele e acabou soltando uma risada. ━━ Você não sabe nem no que se meteu, não é? ━━ Perguntou então, em tom divertido. ━━ Como é que sai colocando seu nome nas coisas desse jeito? ━━ O tom acusatório era falso. Até porque, se tinha uma pessoa que também acabaria em uma situação dessas, era ela mesma. ━━ Isso é para aquele passeio no barco do amor, túnel do amor, sei lá... Ele é pago. ━━ Explicou então, mas mantendo um sorrisinho nos lábios.

for you, an open starter ⸻ “we took him to the carnival, and he started crying when he saw the ferris wheel”.

Sequer lembrava de ter colocado seu nome no sorteio. Talvez alguém tivesse escrito o próprio nome errado e ele havia aparecido no lugar certo na hora errada. Talvez o universo estivesse entediado. Tudo o que ele sabia era que um homem de terno vermelho-veludo e sapatos brilhantes havia lhe puxado para o lado e empurrado alguma coisa nas suas mãos. 

O flash de uma câmera e os parabéns vieram logo a seguir. 

Seyeon, pasmo, ficou encarando o bilhete dourado brilhante: ‘ticket para dois’ em negrito. Nenhuma outra explicação ou data. Agradeceu sem nem saber para quê aquilo servia. Uma das atrações? Um evento privado? Um teste?  Ele não queria perguntar… Mas também não queria ficar ali parado com cara de bobo, segurando aquilo. “Você quer?”, perguntou de repente, sem sequer olhar para quem havia se aproximado para ver aquela pequena comoção. Ele simplesmente não sabia o que fazer.

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☆ ⠀ ⠀ ⠀ ⠀ ⠀ ⠀Em sua defesa, Dasom tentou se segurar. Mas estava tão animada e distraída com a música, que demorou alguns segundos preciosos para perceber que o brinquedo estava ficando mais selvagem. Quando foi tentar se firmar, já era tarde demais. Os solavancos a lançaram direto contra o que estava mais perto: Chanhyuk. Entre risos nervosos e tentativas falhas de se equilibrar, Dasom se agarrou nele. Era isso ou ser arremessada para o meio do brinquedo como um boneco de posto.

Um tranco mais forte e, sem querer, ela acabou no colo dele. Não foi planejado, mas quando sentiu o braço dele envolvendo sua cintura, se segurou na barra atrás da cabeça dele, tentando ignorar o fato de que estava literalmente quicando no colo dele. Absolutamente constrangedor, claro. Mas entre a força centrífuga e o medo de cair, Dasom estava mais ocupada tentando sobreviver do que pensar no que aquela situação parecia.

Mesmo assim, aqueles minutos pareceram durar uma eternidade. ━━ Me desculpa! ━━ Ela tentou dizer algumas vezes, mas sempre era cortada ou pela própria risada ou por um novo solavanco.

Aquilo pareceu uma ideia até que aceitável nos cinco primeiros segundos de duração. Então, com um pavor clínico e a saliva engasgada na garganta, Chanhyuk teve a infeliz realização de que estava errado, muito, muito errado.

Dasom ( @dassoni ) saiu o arrastado pra uma série de atrações diferentes no parque de diversão, o que era honestamente esperado, e Chanhyuk não relutou – nem quando eles pararam na frente de um trambolho grande e brilhante de luzes artificiais, com uma placa de “Disco Pang Pang” pendurada na estrutura de fundo. Ele só pôde encarar o brinquedo com um olhar duvidoso antes de Dasom puxá-lo pra fila, sem tempo pra repensar as suas escolhas sofríveis de vida, o que em retrospecto foi o seu primeiro erro do dia. O segundo foi se sentar bem ao lado dela naquela porcaria e não afivelá-la ao assento a tempo. Porque, quando um kpop chiclete e irritantemente alegre começou a tocar, e o disco começou a girar e balançar em trancos, Dasom saiu quicando de um lado pro outro, risadas e gritinhos os envolvendo numa confusão de borrões e barulhos discordantes.

Chanhyuk se agarrou na barra de proteção atrás da cabeça como se a sua vida dependesse disso, escorregando pro lado. Dasom veio deslizando junto. A intenção era meio que berrar pra ela fazer o mesmo, só que uma coisa horrorosa o cortou antes: uma pressão se assentou logo acima dos seus joelhos, perigosamente perto da sua virilha. A saliva desceu pelo cano errado. Ele assobiou algo que se assemelhou a uma tosse com cacarejo. Que porra era aquela.

Dasom terminou sentada no seu colo. Chanhyuk desenrolou uma mão pra segurá-la pela lateral do corpo, dividido entre cair no soco com os próprios instintos e enfrentar uma espécie rara de aneurisma. Um eco de que porra que porra que porra ficou latejando na sua cabeça, tristemente.

[dassoni]

baekwha wonderland outfit check !

Dasom manteve o estilo ousado de sempre, mas apostou em peças mais confortáveis dessa vez. Usava um short branco justo e de cintura alta, que destacava suas curvas. A jaqueta azul, larguinha e cropped, dava um toque especial ao look. Nos pés, tênis brancos robustos e meias altas franzidas, completando o visual. O boné e a minibag clara fechando a composição.

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☆ ⠀ ⠀ ⠀ ⠀ ⠀ ⠀closed starter ; ⠀ ⠀ ⠀ ⠀ ⠀@brvnintkwcnn.

uns tapas de susto no trem fantasma.

É claro que Dasom não tinha medo. Era do tipo que se divertia muito em situações que envolvessem adrenalina e ansiedade antecipatória. Gostava da emoção, do frio na barriga. Por isso, tinha dito a si mesma que iria em todas as atrações possíveis daquele parque. Quando conseguiu convencer Bruno a ir consigo, mal podia deixar de matracar sobre tudo o que tinha ouvido que tinha dentro do trem fantasma. Estava ansiosa desse jeito.

E uma vez dentro do brinquedo, os olhos bem abertos, na intenção de não perder nada. E talvez esse tenha sido justamente seu erro. Estava tentando decifrar as formas na escuridão quase total quando foi surpreendida pelo som alto de correntes se arrastando e risada particularmente macabras. O susto foi tão grande que sequer teve controle do grito que escapou.

E daí animatrônico esquelético se revelou das sombras e a sensação era de que o coração ia escapar pela boca. Dasom acabou estapeando Bruno sem muita noção do que fazia, era só uma reação do corpo, tentando processar toda a cena. Então, acabou caindo na risada. A gargalhada alta, com aquela pontada de vergonha quando se debruçou sobre o outro. ━━ Me desculpa!

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☆ ⠀ ⠀ ⠀ ⠀ ⠀ ⠀closed starter ; ⠀ ⠀ ⠀ ⠀ ⠀@neyoonhak .

se ajudarem com a tontura pós xícara maluca.

Mas é claro que Dasom tinha colocado todo o seu empenho em fazer a xícara girar tanto quanto podia. A sensação e girar no próprio eixo enquanto ainda tinha o giro no eixo central era péssimo. Ter o senso de equilíbrio desafiado daquela maneira era um enorme desafio para tudo o que já tinha comido até então, mas era uma mulher com uma missão e por isso tinha um enorme sorriso travesso nos lábios enquanto tentava olhar para Yoonhak, a fim de não perder suas reações.

Quando o brinquedo parou, no entanto, Dasom se sentia tão tonta que estava receosa de dar um passo que fosse. Por isso, se agarrou ao amigo como se disso dependesse a vida. E talvez realmente dependesse. Ou, pelo menos, a dignidade. Parecia pior do que estar bêbada. E isso era tão engraçado que o riso continuava vindo, difícil de controlar, enquanto cambaleava para fora da plataforma. ━━ Eu acho que vou vomitar. ━━ Anunciou então, novamente por entre uma risada. E o que motivava o riso, é que podia ser verdade ou não. Ela ainda não sabia dizer.

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☆ ⠀ ⠀ ⠀ ⠀ ⠀ ⠀closed starter ; ⠀ ⠀ ⠀ ⠀ ⠀@haeryeonyudae .

um beijo no alto da roda gigante

Dasom não tinha medo de altura. Na verdade, estava adorando que o brinquedo tivesse parado no ponto mais alto para elas, agora. Os olhos passeavam pelo cenário, intercalando entre tentar ver as ondas que quebravam no mas ao longe e as luzes brilhantes e coloridas logo abaixo. O vento era mais forte dali, mas mesmo assim não incomodava tanto, especialmente quando mantinha o cabelo longe do rosto e não em cima dele. Seus pés balançavam para fora da plataforma, confiando nos cadarços bem amarrados.

Ela nunca foi do tipo romântica, mas aquilo era romântico. Era legal ter alguém para compartilhar aquela vista e aquele momento. E Haeryeon era parte do cenário, daquela vista. Igualmente bonita. Dasom virou o rosto para ela, um sorriso repuxando os cantos dos lábios quando buscou por sua mão. ━━ É bonito, não é? ━━ Perguntou então. ━━ Dá para entender porque é um dos clichês de filme de romance. Especialmente romance adolescente.

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