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Talvez o período de fevereiro de 2022 a fevereiro de 2023 tenha sido a época da minha vida que mais tive que lidar com mentiras e falsidade. Quanto mais o tempo passa, mais a distância torna tudo tão claro.

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Tempo, tempo, tempo, tempo. És um dos deuses mais lindos.
Os dias passaram. Coração está leve e na distância enxergo com mais clareza os acontecimentos do ano passado. E quando volto ao presente, me sinto aliviado de estar com alguém que me trata bem, de estar em uma comunidade com pessoas receptivas e peculiares, e novamente com um trabalho que me proporciona momentos ótimos e grandes desafios.
Apesar dos acontecimentos graves no âmbito familiar que marcaram a semana que passou, sinto que minha vida tem um rumo muito mais definido agora. E posso dizer que finalmente estou livre de qualquer amarra remanescente dos últimos meses em que apenas sobrevivi.
Estou animado com as possibilidades de viajar nas próximas semanas, com a falta de destino e a imprevisibilidade boa que a vida tem trazido. Bem empolgado em conhecer pessoas novamente, viajar pelo Brasil, talvez pela América Latina, em aprender idiomas, cumprir meus objetivos materiais.
A ausência daquela pessoa também já não é mais sentida como antes. Sinto que todo o esforço dos últimos meses e suporte que eu tive de amigos e colegas foram essenciais para quebrar a ilusão sobre alguém que não é tudo aquilo que diz ser. Desde a última vez que ela sumiu, concluí que infelizmente é alguém com quem não posso contar, e isso definitivamente quebrou algo aqui dentro. Nem mesmo assistir ao último TikTok chegou a me derrubar em tristeza, como certamente aconteceria até semanas atras. Não há como negar que fiquei chateado por um tempo e cheio de questionamentos na cabeça. Mas isso já faz parte de uma vida que não me pertence mais.
"Cause this house is not a home without my babe" – entendo perfeitamente esse sentimento. Hoje voltei a morar em mim e poucas vezes estive tão feliz.
A vida retribui demais, pois nesse processo de quebrar vínculos tóxicos, acabei parando numa comunidade incrível de pessoas empenhadas em se descobrirem de formas muito saudáveis, algo que mudou muito a minha visão de mundo para melhor. É bem raso explicar dessa forma, dá brechas a muitas interpretações, mas eu acho que isso foi uma das melhores coisas que Curitiba me proporcionou até o momento. É algo que me faz ter vontade de ficar nessa cidade. É algo que me faz até ter vontade de programar muitas horas após o trabalho com o objetivo de criar ferramentas em prol dessas pessoas. Tem sido uma experiência muito interessante e que aquece esse coraçãozinho capricorniano.
No mais, tenho estudado muito, jogado um pouquinho, trabalhado bastante, saído pouco, um pouco desmotivado com os drinks, mas sempre aprendendo, e conhecendo pessoas bem interessantes de formas bem inusitadas. A chama de quem sou parece que tem reacendido dia após dia. Falta só exercício e leitura. Falta minha bicicleta.
Para as próximas semanas e meses, gostaria de terminar minha auto escola parada, visitar pessoas queridas e quem sabe vislumbrar a possibilidade de parar com a medicação até o final de dezembro.
Sinto que esse ano só começou. Espero caminhar com sabedoria.

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Parece que as coisas voltaram a ficar pesadas por aqui. Depois de uma semana convivendo ao lado de pessoas geniais completamente diferentes de mim, cada um com sua peculiaridade, passo agora a seguir viagem sozinho. O que no início parecia mais uma aventura interessante, agora reflete apenas o carma que me acompanha por onde quer que eu vá. E, especialmente hoje, sinto que tudo está desmoronando em minhas costas.
Não consigo me conectar com as pessoas daqui e estou tentando de diversas formas. Desde que cheguei não consegui falar com ninguém além de pedir comida ou café, sinto que não sou entendido e nem bem-vindo. Eu só gostaria de ter uma pessoa para quebrar esse gelo e poder conversar algo aleatório enquanto caminho pelo centro. Também não me sinto conectado com a cidade, é um lugar lindo, mas extremamente turístico. E quando se trata de turismo na Europa, quem tem olhos claros e cabelo fino sempre possui um passaporte especial por onde andam.
Em paralelo a isso, voltei a conversar com a V, que diz estar muito mudada, e realmente parece que sim. Infelizmente sinto que essa mudança não se estende a mim, pois os velhos problemas continuam acontecendo e aqui estou mais uma vez com o coração partido depois dela ter sumido por quase 24 horas desde o fim de semana. Bem estúpido da minha parte ter as mesmas atitudes e esperar resultados diferentes, eu já deveria ter aprendido.
Essa semana começa particularmente difícil. E eu nesse momento só queria minha cama em Curitiba. Toda essa experiência também tem me mostrado o quão especial fui para as pessoas que recebi no Rio, dando dicas da cidade e acompanhando em passeios, sem interesse algum. É muito difícil se sentir perdido e isolado em um lugar desconhecido onde pessoas como você são pouco bem vindas.

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Esta postagem começou a ser escrita no dia 07/02 pois eu queria ter a certeza de poder escrever da forma mais bonita que sou capaz sobre tudo o que admiro em você, a tempo do seu aniversário. E a cada momento que a saudade batia, fui escrevendo um parágrafo. Definitivamente não consegui em tempo, pois era muito a falar para pouco tempo disponível nessa agenda ansiosa pré-viagem. Espero que um dia eu tenha coragem de te enviar esse post e você possa ler tudo com a calma e amor com que fui escrevendo.
Acho que depois de todo esse tempo longe um do outro, sinto que a única coisa que me conecta a ela em outras dimensões e sonhos é o sentimento que ainda sinto. Então começo dizendo que talvez a V que conheço possa ter mudado bastante durante esse intervalo, e eu torço muito para que essa mudança seja para melhor. Portanto, algumas coisas que descrevo aqui podem estar um pouco desatualizadas.
A V que eu conheço é uma pessoa demasiadamente inteligente, com um raciocínio e senso de humor bastante afiados, batalhadora e disposta e dar o seu melhor sempre. Também se cobra demais nesse intuito, mesmo quando não é humanamente possível se dedicar como gostaria a um objetivo. Eu amo a pessoa curiosa que ela é, e me sinto muito identificado com isso desde o princípio. Este é um dos pilares mais importantes que procuro nas pessoas que quero que estejam na minha vida. Uma forma de curiosidade sincera, que vem de dentro, e não aquela que é apenas incentivada superficialmente para se encaixar em alguma norma da sociedade.
A V que eu conheço gasta muita energia se dedicando ao trabalho, mas gosta de natureza e trilhas, e me sinto triste por termos nos permitido explorar isso tão pouco. Até hoje tenho a ilusão de guardar o trem de Morretes e o Ekoa Park para descobrir pela primeira vez ao lado dela. Há muitas coisas que poderíamos compartilhar, fotografia tem sido uma paixão antiga que desde o início busquei explorar. Cheguei a convidá-la para assistir um curso que eu havia comprado quando estávamos começando a nos conhecer. Sempre tentava encaixá-lo em um dos mil planos que fazia para os finais de semana. Inclusive, sei que ela também gosta de dias cheios e com várias atividades conectadas, e sempre foi um grande prazer fazer roteiros e imaginar vidas e atividades mirabolantes.
A V que eu conheço é uma pessoa extremamente criativa, por mais que ela não acredite ou aceite. Possui um senso de humor único, destilado em piadas e momentos completamente inusitados em que uma realidade paralela era criada entre garçons e fofocas de corredor. Eu sempre me senti completamente desafiado a manter as pequenas histórias inventadas, e nunca tive minha cabeça tão ativa com esse fim. Puramente brilhante.
A V que eu conheço possui uma energia muito diferente das pessoas de Curitiba. E também é parte da classe trabalhadora, o que faz me sentir bastante identificado. Admiro muito as pessoas que batalham todos os dias para perseguir seus sonhos, ou em prol de fazer feliz as pessoas que amam. Admiro demais as pessoas que com persistência conseguem superar honestamente as adversidades e seguir em frente.
A V que eu conheço fala três idiomas e se interessa por infinitos outros. E isso me mostra que pode existir alguém especial com quem posso conhecer o mundo exatamente da forma como eu gostaria: fazendo amizades pelo caminho e criando memórias compartilhadas incríveis.
A V que eu conheço é alguém que possui a coragem necessária para deixar o próprio país, ir para lugares completamente desconhecidos, começar uma vida nova, longe das pessoas que mais ama, e ainda assim ser capaz de se reconstruir, pouco a pouco, de forma absolutamente brilhante. E para mim isso é um grande exemplo de força, determinação e resiliência.
Seria impossível não me apaixonar por uma pessoa que, além de tudo isso, é uma gg¹.
Talvez eu não seja a pessoa que ela mais gostaria que lhe mandasse uma carta de aniversário. Porém, mandar cartas é importante. Expressar os sentimentos é importante. Às vezes nos perdemos desabafando apenas sentimentos negativos, pois eles tocam na profundidade e precisam ser expelidos de algum jeito. E eu espero que com essa breve carta eu possa demonstrar, bem pouquinho, que não é a toa que demoro tanto para superar tudo o que passou.
Se você estiver lendo isso um dia, V, saiba que você é luz. Se veja assim, deixe essa luz brilhar sem medo e espalhe o melhor de si, pois sua luz conforta e faz bem. Sobre os erros, todos tomamos decisões ruins, muitas vezes sem intenção. Mas é cobrando o que fomos que nós iremos crescer.
¹ - GRANDE GOSTOSA

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Eu já estou com o pé nessa estrada
Qualquer dia a gente se vê
Sei que nada será como antes amanhã
Que notícias me dão dos amigos?
Que notícias me dão de você?
Alvoroço em meu coração
Amanhã ou depois de amanhã
Resistindo na boca da noite um gosto de sol

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Acho que chegou a hora de dizer adeus a esse sentimento. Guardar bem os retratos, notas escritas, pulseira, lembranças. Jogar fora a escova de dentes, o chinelo que comprei pra ela tomar banho, tirar o pontinho branco do status do Whatsapp, arquivar a conversa dela como todas as outras. Esconder as fotos da minha câmera, deixar de ver repetidamente as fotos dela no Instagram. Quem sabe até em breve me mudar desse apartamento que não é meu, mas muito me lembra ela.
Eu tenho mantido isso guardado por muito tempo. É bom sentir algo por alguém. E ao desistir de esperar, nós dois perdemos. Eu perco essa energia de inspiração, que me faz escrever, imaginar planos, sonhar com situações e surpresas feitas especialmente para ela. Ela perde alguém que, com um pouquinho de demonstração de afeto, moveria o mundo por tudo que a pudesse fazer feliz. Ela perde alguém que genuinamente a ama. E isso não se encontra em todo lugar. As pessoas podem até expressar com palavras, o que é muito fácil. Mas oferecer isso concretamente é algo raríssimo. Acho que na minha vida, somente a Brenda me deu isso de verdade. Eu, por minha parte, posso dizer que tenho a certeza que amei de verdade a Carol, a Isa, a Brenda e agora a V.
Não é justo que eu espere eternamente que ela mude de ideia. Ela não demonstra ainda pensar ou ter qualquer sentimento por mim. Devo parar de sonhar que ela venha conversar e me trate da mesma forma bonita que me tratou na semana em que fomos ao cinema. Dói demais imaginar que ela possa chegar na minha casa, falar que gostaria de conversar, contar tudo o que fizemos nos últimos tempos e decidir um jeito de seguirmos a vida juntos, traçando planos, compartilhando e criando.
Tenho esperado por muito tempo, em vão. E a vida chama, a vida não para. Talvez tenha alguém lá fora, no mundo, que me desperte esse sentimento novamente. Um dia, quem sabe. Não tenho pressa. E se não acontecer, tudo bem também. É só infinitamente triste saber que não deu certo mais uma vez. E que dessa vez eu dei o meu melhor.

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Eu tenho trabalhado demais. Tenho dormido pouco. Tenho estudado bastante. Saído de menos. Duas semanas que não vou no Wonka. Vou tentar ir hoje. Não tenho cuidado da minha saúde. Tentei voltar à academia, quase desmaiei. Tenho mantido minha mente ocupada. Já não penso na V 24 horas por dia. Agora eu só penso na V umas 18 horas por dia. Fechei minhas redes sociais pois não quero ver ninguém. O próximo fim de semana será bom. Tenho gastado dinheiro demais. Tenho saudades dos meus pais. Estou preocupado com minha irmã. Assisti The Last of Us. Preciso arrumar a casa. Hoje tenho terapia. Preciso achar um vôo para Málaga. Queria a companhia dela. Preciso marcar minhas aulas na auto escola. Preciso trabalhar menos. São 3h30 da manhã. Preciso dormir mais. Preciso andar.
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Voltei a questionar se pertenço mesmo a essa cidade. Conheço diversas pessoas, mas os amigos não completam os dedos de uma mão. Sempre chego a esse mesmo ponto de solidão e tristeza que há anos experiencio por aqui, e até mesmo no Rio.
Eu até tento, mas talvez eu seja alguém definitivamente sem sal. Alguém que pode até ser uma companhia legalzinha em uma noite no bar, mas que no final não é quem as pessoas querem por perto ou que não faz a diferença a ponto de ser lembrado. Pouco sou convidado, pouco me sinto incluído.
Eu sinto que só sirvo para trabalhar, e sempre foi assim. Produzir código, ganhar dinheiro, pagar minhas contas, pedir comida e gastar todo o resto com as pessoas que eu gosto, mas que sempre vão embora. Assim elas podem economizar dinheiro para viajar pra praia sem me convidar, ou nem ao menos demonstrar que pensaram em mim de alguma forma.
Ou então aparecem para me manipular, contando mentiras sobre a própria vida para chegar em Curitiba guardando dinheiro para tatuagens e drogas. Sim, mais uma vez fui enganado. Mais uma vez em menos de um ano, apenas querendo ajudar.
Queria praticar shibari, mas não tenho com quem. Investi bastante dinheiro, em muitas parcelas no cartão, para aprender a fazer drinks, mas não tenho pra quem. Então a vida me coloca alguém incrível no caminho, interessada em tudo isso, e eu não consigo me dedicar com plena sinceridade porque meu coração pertence a outra pessoa. E sofro pelas memórias e pela saudade que eu ainda sinto, pois esse lugar no meu peito infelizmente ainda está ocupado e muito ocupado.
Que confuso que eu sou. E já não aguento mais trabalhar essa confusão. Três anos fazendo terapia toda semana para me encontrar no mesmo lugar nesse sentido. Mais de 300 reais em remédios todo mês, além dos 300 reais por cada consulta com a psiquiatra. E continuo chegando ao mesmo lugar. 32 anos e escrevendo um diário no Tumblr para reclamar do quão me sinto só diariamente, e o quanto uma pessoa que pouco se importa comigo me faz falta...
Pelo menos agora eu consigo focar bem no meu trabalho. Uau! Pelo menos agora vou conhecer Valência, a trabalho. Uau! Será que eles tem mesas mais ergonômicas?
Eu só queria que isso tudo acabasse. E eu postergo esse fim pelas pessoas que ainda estão no meu coração, não por mim. Mas se a vida me levasse de forma natural, não seria ruim. Um acidente de avião, um infarto, uma bala perdida, um anjo do latrocínio. Não seria ruim.
Fortune presente gifts not according to the books.
Fortune presents gifts not according to the books.
When you expect whistles, it's flutes.
When you expect flutes, it's whistles
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Os últimos dias têm sido particularmente difíceis por aqui. As saudades têm me consumido demais e estar longe da V me faz triste a cada dia. Eu pensei que conseguiria seguir em frente, estava me abrindo para outras pessoas, mas sinto que precisarei dar um passo atrás. Sei que preciso respeitar a distância que ela pediu, não pretendo iniciar outra conversa, mas é muito difícil estar incessantemente pensando em alguém que não está mais presente, sonhando com situações de futuro com essa pessoa, querendo enviar músicas e compartilhar links.
Eu espero reler esses escritos depois de meses, ou anos, e lembrar que ainda sou capaz de amar alguém desta forma. Às vezes entro em épocas insensíveis, e parece que esse sentimento nunca mais vai acontecer. Espero que o recado para o meu eu do futuro seja que é possível sim. Que sou capaz de mover o mundo por alguém com todo amor que eu sinto. Que eu conseguiria fazer o impossível se esse alguém me quisesse de forma sincera, e demonstrasse isso só ao ponto de eu me sentir um pouco querido e desejado.
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Às vezes eu imagino a gente se fantasiando juntos para o carnaval e fugindo dessa cidade sem ter hora para voltar

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Ontem durante a conversa com a pessoa, surgiu por um momento uma frase que me tocou bastante. E este post é sobre isso, é sobre despedidas.
Creio que uma das piores sensações da vida é o sentimento de estar sempre recomeçando. É belo e inspirador até determinado momento, mas quando sua vida se resume a isso, tudo se torna um martírio.
Sinto que este fardo se manifestou para mim pela primeira vez em 2013, quando comecei a receber pessoas de diversas partes do mundo por uma rede social chamada Couchsurfing. Graças a isso, evoluí bastante meu inglês e espanhol, além de entender mais sobre diversas culturas e sobre o mundo no geral. As pessoas que eu recebia eram, em sua maioria, incríveis, porém eram relacionamentos sempre fadados ao fim. E sofri com despedidas inúmeras vezes durante esse tempo: o Kim, a Alice, a Oona, a Juli, a Sarah, a Svea, a Charlie, a Susi, a Sarai, a Luli, o Pablo, etc. Há mais de 6 anos que não vejo essas pessoas e dificilmente voltarão para a minha vida algum dia. As memórias ficaram, e em certos casos, alguns objetos, como a mala da Alice, ou a ocarina que ganhei da Galina.
Essas pessoas também despertaram em mim a vontade de viajar. Por muito tempo evitei criar laços mais profundos pois sabia que meus dias no Rio estavam contados. Minha própria aventura era para começar em 2015, porém acidentes e depressão bloquearam o processo. O trabalho também tomou conta do meu 2016, e no final do ano, pude finalmente partir como nômade digital. Mais uma vez dei adeus a todos os meus amigos do Rio, assim como ao meu apartamento, que com muito esforço comprei cada coisinha da sua decoração. Felizmente ficou quase tudo para minha mãe e minha irmã, mas tinha uma estante linda, que eu mesmo havia feito sob medida e pintado de amarelo. Além de todas as memórias boas e ruins que aquele lugar me trazia.
Durante a viagem repeti o mesmo desapego. Passei o ano de 2017 inteiro passando por lugares, conhecendo pessoas e me despedindo, sabendo que nunca mais as veria novamente. Algumas pessoas o tempo levou tão intensamente que nem mais lembro o nome após todos esses anos. Muitas vezes eu ficava em hostels, então pude conhecer muita gente, mas sempre consciente de que qualquer interação chegaria ao final em breve.
Há memórias que eu nunca esqueço e que me aquecem o coração. Uma vez eu passei o dia estressado terminando um trabalho e depois me sentei à mesa do hostel para conversar um pouco com as pessoas. Tinha uma inglesa do meu lado que estava escrevendo cartões postais, uma prática muito comum por lá, e eu lembrei automaticamente da Sarah, que me escrevia com certa frequência. Contei que nunca havia enviado nenhum cartão postal e ela me deu um selo da Patagônia para que eu pudesse escrever o meu primeiro. Guardo este selo até hoje na minha carteira, talvez um dia eu use por alguém especial. Além dela ter compartilhado a garrafa de vinho que estava tomando, o que caiu como uma luva para alguém que havia pasado o dia inteiro trabalhando. Eu não lembro mais o nome dessa pessoa, e isso aconteceu a quilômetros de distância daqui.
E passei a viagem inteira assim, aproveitando o máximo que eu podia, com medo de aprofundar relações pois sabia que eu iria sofrer com despedidas e términos no final. Porém, aqui em Curitiba conheci pessoas muito especiais, principalmente a Brenda e a Bia. E pelas pessoas retornei e decidi morar nessa cidade no final de 2017.
Durante esses anos, eu não percebi que mantive a mesma postura que já havia feito parte de mim desde 2013. Então eu simplesmente estava vivendo como se estivesse viajando, conhecendo pessoas, deixando pessoas, buscando pessoas, indo embora o mais rápido possível para nem cogitar a possibilidade de me despedir.
Cheguei a namorar a Brenda, o que acabou de forma trágica depois de eu ter conhecido e me apaixonado profundamente pela Helena, que foi quando uma parte de mim despertou para querer novamente criar um vínculo maior. A introdução de Goodbye Yellow Brick Road ressoava cada vez mais forte na minha cabeça: when are you gonna calm down? when are you going to land? I should have stayed on the farm, I should have listened to my old man.
Durante a pandemia me fechei completamente para o mundo. Foi mais uma despedida, mas dessa vez de todos. Eu já sabia que a vida seria completamente diferente após esse período, e não foi diferente. Me afastei do Gabriel, Brenda foi embora da cidade, Bia se mudou para Portugal, fiquei quase dois anos sem ver meus pais, ansioso se iria vê-los novamente. Comecei a terapia e a entender a importância de uma rede de apoio e do quanto a ausência de atenção sobre esse ponto me fazia falta. Passei a tentar fortalecer a relação com outras pessoas, como a Lali e a Sol. Recentemente a Sol foi embora de Curitiba também, e esses dias Lali revelou que irá embora em breve para Joinville.
Em março de 2022 conheci a V, e ela foi a responsável por me tirar do véu da pandemia e me arrastar pela mão para fora de casa. Foi a pessoa com quem pude aprofundar muito uma relação linda, com muitos percalços, mas muito bonita, profunda e sincera. Algo único na minha vida. Infelizmente passou-se o tempo e cá estamos, separados, magoados, decididos pelo afastamento. Essa foi uma das despedidas mais dolorosas, pois ela foi a pessoa por quem mais me abri e me entreguei. Alguém por quem fiz tudo e com quem eu me sentia em família, em casa.
Me mudar para Curitiba também foi uma escolha para alcançar essa estabilidade, e não quero voltar a viajar sozinho justamente por saber a importância de construir algo com alguém que não irá embora no final. Quero viajar com alguém querido, e meses depois estar com essa pessoa numa noite quente de verão recordando memórias à beira da praia. Me sinto mais velho a cada segundo e parece que esse dia nunca chegará. Pelo contrário, vejo que as despedidas se tornarão cada vez mais pesadas e realmente permanentes. Mais do que ninguém, não gostaria de ter minha vida resumida a isso. Pois todas essas pessoas me fazem muita falta.
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Esse ano começou particularmente bem. Passei de improviso ao lado de uma pessoa querida, estou saindo com alguém que me trata muito bem, muitas novidades acontecendo no trabalho e na vida pessoal, farei uma viagem incrível mês que vem, tudo praticamente perfeito.
Ainda assim, há uma parte de mim faltando. E isso dói diariamente.
Estou tentando seguir em frente, mas meus sentimentos pela V são muito fortes e a saudade que eu sinto me consome a cada dia. Apesar de eu ter conseguido superar muita coisa e ter começado esse ano tentando colocar a vida no lugar, me encontro nesse momento deitado, chorando, lembrando de muitos momentos bons que passamos juntos. Pequenos detalhes do dia a dia, como fazer piadas em diversos idiomas ou ver ela cantando algo completamente aleatório enquanto trabalhávamos juntos, um na frente do outro, fazendo uma massagem no pé dela enquanto eu revisava meu código.
Eu me preocupo muito e não há um dia que eu não deseje saber como ela está. São muito poucos os momentos que não estou pensando nela. Procuro informações pela internet sem sucesso. Tenho medo que ela esteja deprimida, usando muitas drogas, principalmente álcool, e que esteja fazendo coisas que venha a se arrepender. Me preocupo com o seu irmão, se as coisas estão indo bem com o tratamento dele. Me preocupo como ela está se sentindo com relação ao trabalho e se o Brandon ainda está perturbando o sono dela. Se ela continua na terapia, se finalmente foi ao psiquiatra, se ela tem levado isso a sério e se dedicado a procurar ficar bem. Se tem se alimentado, se está indo na academia. Se tem andado com pessoas legais, que levem ela pra frente, que queiram genuinamente o bem dela.
Eu só gostaria que ela me tratasse bem e fosse mais previsível. Só isso. Hoje, por exemplo, não sei porque ela parou de me responder. Desde o réveillon. Hoje mandei mensagens e ela só as curtiu. Entendo, portanto, que ela não queira mais falar comigo. O que me corta muito o coração, pois sempre estamos passando por momentos assim e são completamente evitáveis.
Há uma vontade diária de compartilhar as coisas boas que estão acontecendo comigo esse ano. Às vezes me pego pensando nas coisas loucas que poderia fazer para o aniversário dela, mesmo não estando na cidade durante essa semana. Todo dia penso em diversas surpresas, presentes, roteiros de ideias mirabolantes, até voltar à realidade e lembrar que ela já não faz mais parte da minha vida.
Eu gostaria de ter somente essas memórias boas. Eu gostaria de somente criar novas memórias boas. E me pergunto diariamente se essa distância é apenas uma fase importante para cada um de nós ou se realmente chegamos ao fim. Minha intuição está perdida. Sinto que estou percorrendo o caminho certo no momento, o que não me dá a resposta se a nossa história está realmente acabada ou não. De qualquer forma, ela ainda mora em mim e sei que moro em algum lugar na memória dela. E prometo para mim mesmo cuidar muito bem de todas as memórias em que me senti tratado com amor e carinho.

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Há um vilarejo ali Onde areja um vento bom Na varanda, quem descansa Vê o horizonte deitar no chão
Pra acalmar o coração Lá o mundo tem razão Terra de heróis, lares de mãe Paraíso se mudou para lá
Por cima das casas, cal Frutos em qualquer quintal Peitos fartos, filhos fortes Sonho semeando o mundo real
Toda gente cabe lá Palestina, Shangri-lá Vem andar e voa, vem andar e voa, vem andar e voa
Lá o tempo espera Lá é primavera Portas e janelas ficam sempre abertas Pra sorte entrar Em todas as mesas, pão Flores enfeitando Os caminhos, os vestidos, os destinos E essa canção
Tem um verdadeiro amor Para quando você for...
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Há um pensamento que tem me incomodado bastante ultimamente.
Fiz 32 anos na última semana, e diferentemente de outras épocas da minha vida, hoje tenho uma situação financeira um pouco mais estável. E agora um trabalho legal, onde espero que eu possa permanecer por bastante tempo.
Apesar disso, meu réveillon será em Curitiba. Eu gostaria de estar na praia, ou no meio da natureza, mas há alguns impedimentos que eu mesmo crio e esse é o assunto central deste post.
Já não é a primeira vez que minha virada de ano é solitária. Eu reconheço que há algumas razões recorrentes que levam a isso, e escrevo pois quero mudar o curso delas no meu próximo ano.
A principal é a falta de planejamento. E a raiz da falta de planejamento é estar sempre sonhando com alguém especial com quem planejar algo.
Eu já não quero sair de Curitiba e perder a chance de estar com as pessoas queridas que ainda tenho por aqui. Mas queria muito, por exemplo, passar com a pessoa que coroou não só todas as postagens deste blog, como o meu ano por completo. No início do mês, ela infelizmente já tinha planos de ir pra um sítio. Por ela, eu planejaria algo muito legal.
As pessoas queridas têm uma importância crucial para me tirar da zona de conforto. Essa solidão não acontece no natal, por exemplo, pois é uma data familiar muito importante para mim, e isso me inspira a sempre ter uma viagem planejada para passar ao lado dos meus pais e minha irmã, além rever amigos no meu aniversário.
Sei que em março tenho aniversário da minha irmã e já estou me planejando estar na minha cidade natal novamente. O aniversário de fevereiro talvez eu não possa estar presente por questões de trabalho, mas o aniversário da minha mãe cai em junho e já é uma outra data importante. Geralmente não vou no do meu pai em novembro pois é muito perto do natal, fica caro ir duas vezes seguidas.
Mas por que isso não acontece no ano novo? O ano novo pra mim também é uma data de extrema importância. É renovação, é o fim do ciclo de comemorações de dezembro, é o primeiro passo na direção de novos horizontes. Mas ele não está ligado a ninguém. E creio que por isso não consigo me organizar e sempre acabo sozinho.
Este ano a história se repete. Aqui sozinho buscando o que fazer. Comprei vinhos e até um espumante caro para talvez abrir com qualquer pessoa aleatória que eu encontrar pela rua. A pessoa que eu amo num sítio com alguém, a pessoa que tem me dado apoio e carinho do outro lado do país, amigos queridos separados na praia por um grande engarrafamento, pessoas que apareceram na minha vida recentemente ignorando minhas mensagens há 3 dias, ou que acabaram de desmarcar, família longe. E a situação se desenha com a mesma forma de novo
Por um lado, estou infelizmente acostumado em viver assim. Por outro lado, que tristeza enorme é estar sempre me sentindo desse jeito.
De qualquer forma, este ano termina. E sinto que 2023 será um dos melhores anos da minha vida.

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