Chapter 15
• não confie em ninguém •
tal qual a melanina e a estrela de Apolo;
relação de causa e efeito baseado em diálogos ininteligíveis, apenas observáveis;
eu conheço meu emaranhado mental, emocional, e quase todo o resto.
fenômenos atenciosamente aprendidos ora à vontade, ora à força.
não só vi.
repousei a consciência,
observei de longe,
cheguei mais perto,
mais e mais.
cada vez o vislumbre era mais rico, mais detalhado.
vi, enxerguei, apertei os olhos de pantera.
a personagem espiritual que abrigo hoje ao longo de duas décadas sabe muito mais da própria manifestação ao mundo do que você.
é uma pena te desapontar...
mas foi você que começou.
deixei paisagem à vista por tempo suficiente para que tirasse sua própria conclusão de que era excêntrica, de tirar o fôlego;
exatamente como merece ser capturada a descrição do deleite.
no seu lugar, não só faria o mesmo, como fiz.
fiz minha parte.
você acha que tua premissa tinha qualidade suficiente pra verossimilhança,
mas sua análise foi precoce, corrompida por silhuetas de medos próprios.
sendo eu a maior especialista em mim e no meu pulso morno,
o valor de cada detalhe eu fidelizo em agradecimento por ter respirado até aqui.
pedestal que escalo um pouco mais cada dia.
nunca fui tão firme.
nunca fui tão de verdade.
criatura rochosa, cristal de austeridade no meio do oceano sem misericórdia.
não vinga a violência das ondas de decepção se a água salgada já conhece meus olhos.
vi e vivi coisas que você sequer imagina.
o medo do fundo não me ancora ao martírio do que passou.
eu já cheguei à superficie.
firme, sólida, minério.
sigo algo que só o fim do mundo pode parar
(imagina um pobre de consistência de vida)
finca tua adaga, miserável.
fica pra ver se eu quebro.
- amnd coeur
4 notes
·
View notes
Chapter 14
Paroxismo
a estrela que mais arde, mais vibra, mais brilha, mais ilumina
a estrela que morre
o fantasma que nunca para de te queimar
0 notes
Chapter 13
The death that comes before
Since the beginning of the 2010s, my birthdays have become a nightmare to me, and every year that effect worsens. The reason? Mainly, the fear. Anxiety roots in me for longer than I thought. Fear of not being young, fear of time, more specifically, fear of running out of time.
And then, someday, death ceased to be a threat, went from unfair fate to literal heaven. The moment when moments will no longer matter, the place where I'm no longer anymore, the state of mind where there isn't even a mind. And there's only nothing. The numbness of the "nothing" concept has switched to peace. Death is peace because it's nothing. Nothing is nothing. It's so good. Suicidal thoughts and depression are reactions of a haunted soul.
0 notes
Chapter 12
sono
dormir
colinho
paz
aconchego
saber onde pisa
fugir do menor sinal de sossego
medo do desconhecido
como se familiarizar com o que não vivi?
não sei como funciona esse jogo
você pode me ensinar?
tô com medo dele
acho melhor voltar pro antigo
ao menos conheço o caminho dessa ferida
se tu me ama como o amor deve ser, não te entendo
não entendo a vida
e nada mais faz sentido
pra que foi tudo então?
qual o sentido do meu passado se só era escuridão?
não quero enxergar nítido
quero de volta minha lente fundo de garrafa
como faz pra ver de volta?
parece que nunca mais volta
a ingenuidade de parecer alheia ao que se apresenta
eu nao tinha as peças antes
não tinha como saber
a culpa é absolvida
mas por que me preocupa a culpa?
culpa de quem? quem fez o que?
o amor amou amar?
grande coisa.
é o que ele sempre faz (e você já sabia disso)
a questão é que não dá pra alegar ignorância
sensciente.
tu sabes do que não conheces
porque conheces mais do que sabes
lapidado. teu amor.
estou em constante vigília
apesar de que menti bastante agora
na verdade eu minto muito no exagero
tudo ou nada
constante em nada, instável em tudo
mas eu menti de novo, nada do que eu digo é muito possível porque foge a tipia
percebe agora?
tudo... ou nada
exaustivo me ver escrever isso e ainda ter que ler
indo ao teu encontro
sem saber o que você vai encontrar
minha rima calada ensaia cada passo, paralizada, como de costume
sorvetinho de paixão
congelada pela inércia bandida do calor reprimido
tenho sorte de ter você
tenho sorte de estar viva como eu, e ver você florescer
imagina que mundo xoxo e feio seria se mamãe e papai não se odiassem antes do milenio virar
com quem dividiria meu oceano?
como seria eu essa versão,
se não tivesse vivido cruzando linhas com as suas?
foi amor até aqui
e vai ser amor enquanto eu puder escolher
quando não puder mais, a gente decide
até lá, foca aqui, na gente aqui, desse jeitinho aqui
bracinhos magros e o viço indiscreto dos 20 anos
quero você hoje
amanhã não me importo
se você acha onde pode repousar a alma despida de carne e descansar 5 anos em 5 minutos,
só de saber o caminho,
a febre passa
a mandíbula solta
o corpo amolece
as sinapses se alinham
por um segundo você alcança o silêncio etéreo
não há uma única dúvida
só uma afirmação pairando no ar
"vamos ficar bem"
0 notes
Chapter 11
eu só queria dizer que eu tô exausta
exausta de muita coisa que eu nem consigo mais dizer
eu sonho com isso, devaneio com isso, me tremo inteira, a voz falha, o ar falta, o peito doi, os olhos fogem, o foco para, a fala se perde
eu não sei mais como dizer que isso ainda não acabou pra mim, que ainda tá doendo e dói todo santo dia, mesmo quando a anestesia do dia a dia faz efeito.
porque doi lá embaixo, consome meu segundo plano.
a esse ponto minha autoestima já foi pro espaço, já me perdi em quem eu realmente preciso ser pra me manter viva
todo mundo diz uma coisa diferente, e ninguém liga pro que eu quero
mas você parece que terminou de tirar o pedaço de mim que ainda sabia o que queria pra si
eu sabia o que eu queria pra mim aquela noite, mesmo com a ambivalência querendo se mostrar presente eu afirmo hoje com todas as letras. eu não queria aquele toque.
eu não queria daquele jeito. eu sei que você tá espalhando pro mundo que eu sou maluca e eu interpretei errado. mas por que você acha que eu inventaria algo pra te prejudicar se fui eu que passei todos esses anos te defendendo até de mim mesma? ignorando tudo de ruim que já me fizeste porque só o que deveria valer no fim foram os momentos bons que tivemos. fiz lavagem cerebral comigo mesma pra me garantir de que ninguém nunca quis me machucar e tudo de ruim que me acontece é porque eu mereci. e os momentos bons não, não mereci.
eu nunca conseguiria ver alguém que amo se tratando como eu me trato.
eu nunca negligenciaria alguém próximo do jeito que eu me negligencio.
e é por isso que hoje eu tô aqui, chorando sem motivo certo, emocionalmente exausta e psicologicamente deprimida. em estado de alerta quando penso naquela noite, quando leio, ouço e falo seu nome.
eu não sei mais como posso convencer a mim mesma de que nao preciso convencer ninguém de que eu não quis. de que eu não quis em nenhum segundo. de que eu só queria voltar pra casa. de que eu só queria que ele fosse meu amor platônico. eu não disse, eu sei que não disse, mas meu corpo disse, mas eram ouvidos tendenciosamente surdos. que não queriam conversa, consentimento ou cooperação. eram olhos dominados pela luxúria, pela vingança, pelo sadismo, não sei explicar.
eram mãos buscando um fantoche, um corpo sem vida pra macular friamente. eu sei que não foi passional, eu sinto isso. sei que não foi por emoção. sei que você quis assim mesmo e já queria há um tempo. mas eu não quis. desculpa, eu não quis. e se isso faz de mim sua megera, sua vilã, me perdoa, porque eu não vou mentir. eu queria pedir perdão era pra mim, mas eu ainda não consigo. não mereço meu perdão, não sinto ainda as coisas que eu deveria acreditar.
e eu sei que não mereci, mas sinto que sim. você diz que sim, você disse que sim, eles dizem que sim; então eu digo que sim. é triste? é. bem vindo ao meu mundo virtual onde a parte feia também é instagrammavel. não vou fingir superação, nem falar disso. eu não vou superar agora e nem preciso justificar nada. a crua ambivalência da minha dor vai ficar por onde for necessário estar, por onde for preciso passar. eu não vim pedir likes, eu sequer vim pedir algo pra alguém. eu vim me acessar de fora.
0 notes
Chapter 10
Spiderman
arranca tudo
extrai
faz do processo uma neurocirurgia
pega a parte dos meus neuronios que associou você a ser meu salvador e...
inibe
mata
corta
tira
joga fora
não quero mais uma gota de sangue
tua presença é veneno
nosso toque é combustão
mas esse dirigível usa meu coração de motor
alimentado de restos, untado de óleo barato e vencido
eu sei que eu não mereço isso
mas eu não consigo fazer o oposto
não consigo interromper uma sinapse tão estimulada
tão reproduzida
eu não sei o que significa, apesar de suspeitas
não sei por que quero que você me balance no colo e me resgate quando estiver estirada no chão
eu só sei que quero o mínimo pra minha sobrevivência
e se pra você isso é muito
por que deus te coloca no meio dos erros do meu caminho?
qual a lição? a moral da história?
eu já sei, amor próprio, foda-se.
eu não tenho amor próprio e eu já sei disso, repetir isso não vai interferir em absolutamente nada
(... terminar)
0 notes
Chapter 9
Parafraseando Taylor Swift, “at least i’m trying”
Hoje eu escolhi ser impávida, colossa
rainha brasileira de véu e grinalda
sapateando emoções por onde a terra soprar.
Só vem de mansinho, Maria
vem bradando no meu peito
saltitante como a perereca
gruda aqui, faz teu canto de sabiá, de joão de barro
que eu rujo de cá, onça pintada de pele macia e suculenta
pantero teus sonhos silenciosamente
porque em segredo sou tua,
e tu sabes.
Negra brilhante sob a luz do sol da noite.
(...)
Minha terra tem palmeira, café e pré-sal
e tudo falta.
Tudo, menos Maria
Maria acorda todo dia e chora até soluçar
seca os olhos e abraça o horizonte do futuro
um inseto clorofilado voa pela janela
0 notes
Chapter 8
Joana d’Arc
socrasticamente embebida por propósitos
etéreos, vagos e surrealistas, como tem que ser
mordisco a pêra manchada de empirismo
a árvore protege e planeja cada passo
mas não pode evitar a falha
porque a falha é condição da experiência, do que é vivo
como que se prova do que é imaculado?
como que se exige pureza homogênea pra agregar valor se até o ouro é impuro
e mesmo assim mata-se e morre-se por ele
cadeias dissimuladas de egoísmo humano se ramificam do fruto proibido
legaliza-se a discórdia e miséria porque proporciona o luxo impuro
mas clama e pede por pureza
regozija a chacina em busca da pureza
eugenia pra pureza do gene
evangelho pra pureza da alma, do ser
branco pra pureza da imagem
ambivalência.
a hipocrisia é o suco da ambivalência humana
suco da fruta que não se pode comer, nem beber
o fruto proibido que não aceitamos ser proibido
mas é. para infortúnio do nosso clamor flamejante, é.
fica cada vez mais doce, cada vez mais suculento e robusto à medida que o desejo é acendido
protejam sua lenha;
esse mundo é um incêndio coletivo.
0 notes
Chapter 7
Tropismo pelo paroxismo psíquico
Talvez eu seja muito suscetível ao efeito adverso das coisas
Meu choro é fácil
Meu batom muito vermelho
Meu foco divergente.
Tropismo pelo paroxismo psíquico
Vilã do meu próprio roteiro, em vida e obra
Sobrevivo à base de extremos
Só enxergo sentido nesse espetáculo quando as cortinas se fecham para os intervalos
Porque sempre adorei estar nos bastidores
Não vendo a magia acontecer
Sendo a autora dela
"eu estive aqui”
“eu usei do meu milagre pra criar outro”
No curso desse longa a história já se estrangulou pra formar nós
Por aqui somos criativos: nossas lágrimas vão cair diversas vezes
Não existe clímax
Os nós são desfeitos e refeitos e até mantidos ao mesmo tempo
Um verdadeiro emaranhado intransponível regado a sangue e lágrimas
Quer saber se existe vida por estas bandas?
Procure pelo vermelho
Existe vida aqui
Existe luz no desconhecido também
Basta refletir
0 notes
Chapter 6
Fascícula
inebriante
viagem atemporal
vasculhar a multidão, minuciosamente
começo enésima, pura e quente
termino uma só, lasciva e fria
a imagem maculada que envergonha e empodera
ser gigante em ciclos heliocêntricos
e ser pobre em dimensões
“mas e vida, moça?”
e essa entra na lista eternamente inacabada de perguntas impassíveis de resposta humana
meu palpite? acho legal esse nosso superpoder de fingir que a gente tem poder de verdade
não me parece desperdício
se não fosse isso, seria o que?
o humano é artista de natureza
na verdade, acho que olhos bem treinados podem ver arte em tudo
como eu já mencionei antes, até no chuveiro elétrico
nossa ousadia de arquitetar um plano suicida desses por mais uma dose de conforto tem seu valor
mas não deixo de pensar em todas as vezes que algo certo deu muito errado
ai ai...
tudo pela espécie!
aquele moço de barba também tinha seu ponto
cê percebe que minha opinião é bem ordinária, né?
tudo bem, relaxa
eu já sei o que me espera
começo enésima, termino uma só
afunilando de 3 em 3 versões
minha trilha só tem a opção “pra frente”
e até quando eu tô voltando eu tô indo
meio senhora do destino, sabe?
nada vai ser igual era antes
eu pisei aqui e finquei minha história até no futuro
eu fico até minha presença valer a degustação
mas eu quero mesmo é descansar, sabe...
ainda bem que existe o prazo de validade
0 notes
Chapter 5
Não é conteúdo gospel
sou boba, feia, fria e quente
mula sem cabeça, praticamente
só que imagine um vulcão 🌋 estando no topo
e o corpo de tecido litosférico
realmente não me importo
realmente não ligo
muita coisa me enoja
muita coisa vive comigo
muita coisa está em intersecção
usufruir de um remédio é muita responsabilidade
e eu costumo não ter
odeio que me julguem, mas julgo sempre que entro na defensiva
igual todo mundo
queria mudar, ser diferente
mas quero mesmo?
o que há de tão errado comigo agora?
muito eu mesma que digo
pouco alguns outros espécimes dizem
mas é bala de menta na coca cola, onde eu sou a coca cola
tudo posso naquele que me fortalece: aquele restinho de vida que tá sempre se debatendo pra aparecer e tomar tudo de novo
deus, se você existe, nunca torci tanto pra que um plano ambicioso desses de vilao de filme dê certo
deixa invadir, por favor
deixa tomar conta de tudo
entrego toda minha essência a você
ainda que a origem da minha melancolia seja uma incógnita ainda
se for essencial, deixa
se não for, sacrifico tudo pra ter sede de novo
fome de novo
coragem de novo
quero você de volta
2 notes
·
View notes
Chapter 4
linhas tortas
vidas retas
alma presa, alma solta
tudo é válido
até o verde
o sol, a bactéria e o chuveiro elétrico
se eu soubesse de metade do valor das coisas, eu poderia ser bem, bem melhor
saber o valor te valoriza
conhecer as regras te dá vantagem
você conhece as suas?
as do seu íntimo, da sua gênese, da sua trajetória também
“conhece a ti mesmo como conhece o mundo”
não fuja do seu
mas tudo bem fugir
tudo é válido
tudo existe por precisar existir
o mundo tem espaço pra todo tipo de gente
gente como a gente faz uma diferença sutil
tendências histéricas me deixam preocupada
introversão me deixa confortável
gosto do meu espaço
odeio conviver comigo
mas aprendo, aprendo muito
juventude que não me abandona
meio fim que me persegue
todas as crises que eu vou passar
fortaleza do meu ser que busco construir
um dia virá: a paz, o sopro, a brisa.
serei rei e rainha de quem sou
serei o cão guia da minha cegueira forjada
como já disse, eu sou o mágico
o ilusionista, até o contorcionista
eu crio tudo, eu sou a dona desse imaginário coletivo que eu podia jurar que era particular
incompreendida mas vasculhando o erro do ser faltante humano o tempo inteiro
me dá um espaço
me deixa respirar!
quero andorinhas pulsantes no meu peito igual aquela noite,
sem a premissa da doença
sem premonição
só a energia eletrizante do que restou de mim, ou acumulou
com tantos períodos de caça e presa
ambivalência que suga e espreme e morde e cheira mas cospe depois, com vômito e tudo, toda a minha apatia etérea
serei viva até o fim?
serei verde-vivo até o fim?
serei morte e renascimento num espírito só?
quero tanto tanto tanto; verbo intransitivo pra mim
às vezes eu quero muito e eu nem sei o quê
só o desejo ali pendurado, me espetando a cada 15 minutos
talvez seja entre esses 15 minutos que esteja a verdadeira felicidade
0 notes
Chapter 3
amor de pai
me atravessou feito um asteroide
me arrebentou
sobrou uma cratera, sem fundo
um vazio.
tentei
0 notes
0 notes
pluto’s heart: in poisonous ice, finally cracking
0 notes