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DIA 6 DE NOVEMBRO DE 2024 : RUMO A LISBOA PARA BUSONI E SIBELIUS NA GULBENKIAN NUM DIA SOMBRIO PELA VITORIA DO SINISTRO TRUMP NAS ELEIÇÕES AMERICANAS 2024 . OBRIGATÓRIO ENALTECER A VITÓRIA RETUMBANTE DO “MEU” SPORTING ( 4-1) SOBRE O MANCHESTER CITY A DOMINANTE EQUIPA DA LIGA INGLESA : hoje novamente início de outro vaivém a Lisboa , cada vez mais incómodo, para o concerto da assinatura Gulbenkian- o alinhamento é aliciante. Diz o texto da FCG “ No ano em que se assinalam os 100 anos sobre a morte do compositor italiano Ferrucio Busoni, a Gulbenkian Música apresenta o monumental Concerto para Piano, op. 39. Coro e Orquestra Gulbenkian, o virtuoso pianista Kirill Gerstein e o maestro Hannu Lintu, interpretam uma obra cuja natureza excessiva e inspirada pela música romântica se tem revelado objeto de grande fascínio. Na primeira parte será interpretada a Sinfonia n.º 3 de Jean Sibelius, compositor finlandês ligado a Busoni por uma amizade firmada quando este último foi professor em Helsínquia. » Mas a manhã começou com a notícia sombria da vitória de Donald Trump . Regressa de à Casa Branca depois de uma campanha suja ,mais velho, menos inibido e mais perigoso que nunca .

Quanto à vitória esmagadora do Sporting; Volta de honra, atirado ao ar pelos jogadores, ovação de pé e uma vitória retumbante perante um adversário de peso na Liga dos campeões. Não podia ter sido melhor o adeus de Rúben Amorim a Alvalade, como o próprio admitiu depois do jogo entre o Sporting e o Manchester City, que os "leões" venceram por 4-1. Merecia este desfecho o carismático jovem treinador . O clamor na imprensa inglesa deste martelar do City de Guardiola foi clamoroso .Um anónimo sportinguista entrevistado por uma TV dizia saudoso que Amorim fazia de um tejolo um jogador de futebol…

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DIA 27 DE OUTUBRO DE 2024 : RAZÃO DA VIAGEM A MUNIQUE- A ESTREIA DO “DAS RHEINGOLD” ENCENADO POR TOBIAS KRATZER COM DIRECÇÃO MUSICAL DE VLADIMIR JUROWSKI NA BAYERISCHE STAATSOPER : assisti à ópera de Richard Wagner que marca a temporada 2024 /25 da opera estatal da Baviera com o mesmo entusiasmo com que Catule Mendes, Judite Gautier e Augusta Holmes viajantes do primeiro Ouro do Reno foram a Munique em 22 de Setembro de 1869 ! Atmosfera especial na Bayerische Staatsoper antes do início do espectáculo numa casa cheia de um público internacional salpicado de belíssimas” filhas do Reno” muniquenses vestidas nas lojas de Maximilian Strasse … .Tal como em Bayreuth a música de Wagner realmente importa em Munique… Tive a companhia nesta jornada wagneriana do meu jovem amigo Martim Menezes que conseguiu marcação para um dos belíssimos bares- cafetaria da ópera . Antecedendo a sua nova produção do "Rheingold" o diretor “ estrela ” Tobias Kratzer anunciou que se iria concentrar menos na crítica do capitalismo que moldou a interpretação de Wagner nas últimas décadas do que na crise da religião. Kratzer é um natural “story teller” e jamais esquecerei a felicidade de assistir com a Zaza ao soberbo Tanhauser em Bayreuth 2019 . ”O seu novo Anel de Munique arrancou no domingo no Nationaltheater com um Rheingold rico em pormenores e fantasia. A partir do momento em que as donzelas do Reno fizeram a sua r entrada , tornou- claro que o Wagner de Kratzer Iria abraçar tanto a modernidade como a magia. As raparigas vestem calças de ganga e usam smartphones, mas também têm poderes de telecinesia e metamorfose; para provocar Alberich, uma delas transforma-se numa cabra. Andam à volta do transepto de uma catedral gótica em mau estado; cartazes de várias divindades foram desfigurados com slogans nietschianos como "Deus está morto" Os gigantes Fasolt e Fafner são sacerdotes sardónicos que se ajoelham e fazem vénias com calculada insinceridade a um Wotan cuja família veste roupas esfarrapadas pelo tempo. Dormem em tapetes sujos num estaleiro de construção e guardam as maçãs douradas de Freia numa caixa frigorífica tuperware . Loge, vestido como Jean-Paul Sartre, é um fumador inveterado com tendências pirómanas. E Alberich? Esta é a sua ópera. Depois de ter sido gozado pelas ninfas e enganado por Wotan, encontra-se completamente nu, acorrentado a um banco da catedral. Wotan saca de uma faca e corta- lhe um dedo juntamente com o anel. ( mais brutal só a amputação do braço no Anel de Copenhagen de Kasper Holten ) .A humilhação é visceral. Kratzer é um contador de histórias nato, e a sua noite de abertura é simultaneamente intrigante e divertida. E se os deuses forem reais, mas a humanidade já estiver farta deles? Na altura em que Valhalla é revelado (um altar ornamentado, com os deuses pousados como estátuas renascentistas dentro da sua pompa dourada), sentimos uma profunda sensação de desconforto. .Vladimir Jurowski parece partilhar a visão de Kratzer da verdadeira magia vista sob uma lente analítica; os seus tempos são frequentemente rápidos, as suas texturas vítreas e transparentes, e a sua interpretação cheia de pequenas revelações. Jurowski transporta os seus cantores com um cuidado , enquanto revela os ossos e os tendões da música de Wagner. Raramente é inebriante, mas é convincente. Os cantores formam um conjunto muito unido, todos com um desempenho ferozmente empenhado. Juntos, Kratzer e Jurowski criaram condições que permitem a todos eles levarem-se ao limite, correrem riscos e darem tudo o que têm. Se não teve a oportunidade de ouvir Nicholas Brownlee, acredite que terá muitas oportunidades de o apreciar . Ele é provavelmente um dos próximos grandes barítonos wagnerianos da nossa geração. A voz é poderosa com uma bela linha e excelente alemão. O seu desempenho foi uma revelação. Sean Panikkar tem a dimensão vocal que Loge exige. Pode ter menos experiência neste papel , mas sem dúvida aprofundará a sua compreensão mais tarde. A Markus Brück faltou um pouco de poder na parte muito difícil de Alberich, mas

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DIA 29 DE OUTUBRO DE 2024 : CRÓNICA DE MUNIQUE - LONGA VISITA À ALTE PINAKOTHEK .A EXPOSIÇÃO “DE GOYA A MANET “ MEDITAÇÃO SOBRE A FABULOSA PINTURA DE TINTORETTO “VÉNUS E MARTE SURPRENDIDOS POR VULCANO”. NO PFISTERMULE DELICIOSO OKSSENFILET : cumprindo meticuloso plano da viagem a Munique foi dia para uma visita à Alte Pinakothek, .Após quatro décadas a Neue Pinakothek fechou as portas para trabalhos de renovação . Durante este período até 2029 obras selecionadas de pintura e escultura do século XIX estarão em exibição na Alte Pinakothek As escolhas vão desde as principais obras do Neoclassicismo e do Romantismo até o início do Modernismo. No Piso Inferior da Alte Pinakothek, essa seleção de cerca de 90 pinturas e esculturas da coleção da Neue Pinakothek está em exibição com o título ‚“De Goya a Manet “ e proporcionou o meu reencontro “cara a cara” com pinturas que muito me emocionam . O segundo objectivo era olhar “Marte e Vénus Surpreendidos por Vulcano” um óleo pintado por Jacopo Tintoretto em 1551 . O interesse nascera do “CAM em movimento não se vê ali nada “ com curadoria de Katherine Sirois homenagem ao historiador da arte Daniel Arasse (Argel 1944 – Paris 2003), Arasse desenvolveu a prática de procurar as histórias subtis escondidas por trás do maravilhamento inicial na pintura italiana do Renascimento. O seu livro On n’y voit rien (Paris, 2000) fala dos enigmas que podemos encontrar nas obras e abre com uma análise exaustiva deste Tintoretto . A pintura é deflectora porque se afasta das representações habituais em que o velho e coxo ferreiro Vulcano apanha os adúlteros Vénus e Marte nas malhas da rede de cobre que forjou ,Nesta pintura a deusa Vénus expõe a sua nudez enquanto o amante Marte se esconde debaixo da cama. Vénus olha as suas coxas interrogando a existência de vestígios do adultério. O marido de Vénus, Vulcano, avisado por Apolo, acabado de regressar inesperadamente e interroga com lascívia o corpo nu da sua esposa, ignorando os latidos de seu cachorro . Estamos perante uma pintura do adultério ou de uma pintura do desejo .? Ao jantar repeti o talento do Chef do desta vez com um delicioso Ocksenfilet com crosta de tutano e molho de chalotas . Carpe Diem

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Parto amanha para Colares depois da viagem a Munique . Saudades de rever o mar

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DIA 21 DE SETEMBRO DE 2024 : O LUTO NO JARDIM . FRAGMENTOS BIOGRÁFICOS DE WILLIAM FAULKNER E ARTHUR CONAN DOYLE EM “VIDAS ESCRITAS DE JAVIER MARIAS .NA RTP2 “O MUNDO EM CHAMAS” UMA NOTÁVEL SÉRIE DE TV: desde a morte da dona a decadência do nosso pequeno jardim tem sido galopante Não tenho “dedo verde “ e o sofrimento das plantas sem rega automática com a perda de quem as alimentava com carinho tem sido fatal . Agora aconteceu com o cipreste da entrada . Foi substituído por um resistente “táxis media “.Além da sua carreira como "um dos escritores contemporâneos mais intrigantes "Javier Marías é tradutor de inúmeros autores e o seu afecto por eles foi a origem “Vidas Escritas”. Nesses vinte e seis , “trechos da vida de escritores".encontramos pormenores inusitados e deliciosos .Cito aqui dois - “ Faulkner era taciturno, adorava o silêncio, e só tinha ido ao teatro cinco vezes em toda sua vida: Hamlet três vezes, O Sonho de uma Noite de Verão e Ben-Hur era tudo o que tinha visto. Também não tinha lido Freud, nem Shakespeare leu. Duvido que Melville tenha lido, e tenho a certeza de que Moby Dick não ." Mas o Quixote foi lido de a fio..”.Quanto a Artur Conan Doyle , inventor de Sherlock Holmes desde jovem, e como praticava boxe, envolvia -se em lutas para defender mulheres. Num teatro, bateu em vários soldados porque um deles havia agredido uma jovem ; e assim que chegou a Portsmouth, onde planeava abrir consultório médico que era , deu uma surra num sujeito que viu espancar uma mulher na rua. De tal modo era missão para Conan Doyle defender as mulheres que numa viajem de comboio com a família, quando um dos seus filhos, se permitiu comentar quão feia era uma mulher que passou pelo corredor. quase não conseguiu terminar a frase, pois imediatamente recebeu um sopapo e viu muito de perto o rosto de seu velho pai,: "Lembre-se que nenhuma mulher é feia". ". O afecto brilha nas páginas de “Vidas Escritas,” evidência, como observa Marías, de que "embora eu tenha gostado de escrever todos os meus livros, este foi o que mais me divertiu " Também a mim como leitor .A RTP2 exibe agora, ao meio dia horário ,para reformados, uma série notável “ O Mundo em Chamas” ( World on Fire ) .O assunto é a guerra e é requintadamente dolorosa a nova série dramática de sete partes (BBC One). Criada por Peter Bowker ), documenta a declaração e o primeiro ano da segunda guerra mundial através das histórias entrelaçadas de famílias comuns tentando seguir a sua vida na Grã-Bretanha e em várias cidades europeias zonas de conflito .Há muita ação,, mas está longe de ser minissérie padrão em tempo de guerra. Não percam .!

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DIA 19 DE SETEMBRO DE 2024: MAIS UM DIA EM COLARES. LEMBRANÇA DO RECENTE ALMOÇO COM AMIGOS NO « SISUDO «  . « VIDAS ESCRITAS «  UM LIVRO SINGULAR DE JAVIER MARIAS. O GUARDIAN CONSIDERA GYOKERES PONTA DE LANÇA DO SPORTING PECHINCHA POR 100 MILHÕES DE EUROS :mais um dia em Colares ;acordo muito cedo com a necessidade imperiosa de beber café fora de casa . Antes de ir olhar o mar desfrutei do ouro do sol nos plátanos de Colares a caminho do café da Varzea . Há que saber viver a beleza em cada momento do quotidiano… . O apoio dos meus amigos é muito importante nesta fase da vida . Relembro aqui uma ida recente ao restaurante SISUDO com a Lúcia e o Luís Caldeira Pires . .Encontrei lá vários conhecidos ,habitantes da zona . Excelentes pratos do dia - bife da vazia com molho de pimenta e solha frita com arroz de grelos . Serviço rápido e atento . Altamente recomendado . Quanto ao livro de Javier Marias apresenta vinte e seis retratos de grandes escritores, e é um convite à leitura das suas obras.Entre eles William Faulkner, Joseph Conrad, Isak Dinesen, James Joyce, Robert Louis Stevenson, Arthur Conan Doyle, Oscar Wilde, Ivan Turgueniev, Thomas Mann, Giuseppe Tomasi di Lampedusa, Rainer Maria Rilke, Vladimir Nabokov, Madame du Deffand, Rimbaud, Henry James e Laurence Sterne.Todos eles são tratados por Marías com admiração, afecto, ironia e distanciamento.O volume termina com retratos de seis mulheres fugitivas.

Verdadeiramente fascinante . Devo confessar que embora reconheça o talento do espanhol por vezes a sua escrita cansa-me de tal modo que demorei a acabar o célèbre “Tu rostro manana”.. Este é diferente . Finalmente numa rara ida ao mundo do futebol enquanto uma multidão de comentadores nacionais afirmam que o ponta de lança do Sporting Viktor Gyökeres não vale a cláusula de rescisão o célebre jornal Guardian publica um artigo intitulado « Viktor Gyökeres should be considered Europe’s next elite-level striker »Talvez seja porque joga numa das ligas “menores” da Europa, que Viktor Gyökeres não recebe a adulação internacional que tanto merece. Ao contrário de outros avançados transferidos durante o verão, como Dominic Solanke, Joshua Zirkzee, Ivan Toney e Julián Alvarez o sueco continua no Sporting. Gyökeres foi fundamental no triunfo do título e o clube português continua firme em manter os serviços do jogador de 26 anos. “só sai através da cláusula”, disse o treinador do Sporting, Rúben Amorim, no final do ano passado, quando os rumores de uma possível transferência para Inglaterra começaram a ganhar força. A cláusula esta em £85 milhões de libras As partes interessadas certamente pensarão duas vezes antes de pagar essa quantia. Jogar fora de uma das ligas mais reconhecidas da Europa talvez afaste potenciais compradores , mas evidências recentes sugerem que ele brilharia na elite da Europa. De facto , 36 golos e 11 assistências dão crédito ao argumento de que ele é agora « a a big fish in a small pond. »

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DIA 15 DE SETEMBRO DE 2024 : COM OS MEUS AMIGOS DE SEMPRE E UMA CONVIDADA ASSISTI EM ALMADA À “A JUDIA – A PARTIR DE KURT WEILL E BERTOLT BRECHT “. ENCONTRO COM A ENCANTADORA SOPRANO LARA MARTINS : há muitos anos que sigo a carreira da soprano portuguesa Lar Martins uma das cantoras portuguesas com difusão internacional . Lembro que Lara cantou em Londres o papel de Carlota do Phantom of the Opera durante 7 anos espectáculo que só agora chega agora a Lisboa !. Lara é grande amiga da minha colega Leonor Pires Ex- Directora da Anestesia do Hospital de Tomar , grande melomana e cinéfila assinante histórica da Gulbenkian e do S.Carlos. Por essas razões convidei-a para vir connosco ao Teatro Azul . Tive há muitos anos o projecto de ver em Londres o Fantasma da Ópera com a Zaza e conhecer a Lara minha amiga no FB . Infelizmente nunca aconteceu….. Estava esgotado o espectáculo a que assistimos ontem onde se demonstrou que Lara Martins alia à excelência do seu instrumento vocal sensibilidade e talento no domínio dramático. Todavia quanto a mim a sua esplêndida voz não precisava de amplificação naquela sala . Numa coprodução entre a ACTA- A Companhia de Teatro do Algarve, o Teatro Municipal Joaquim Benite, em Almada, e a Comuna , A Judia é um espetáculo híbrido, uma incursão teatral e musical num dos episódios de Terror e Miséria no Terceiro Reich, notabilíssima peça de Bertolt Brecht, escrita já no exílio a partir de notícias que chegavam da Alemanha após a ascensão do nazismo.A partir do monólogo, “mais tarde tornado diálogo”, de Judith, “uma esposa amada, uma amiga, uma jogadora de bridge e uma dona de casa”, que o nazismo reduz “à unidimensionalidade de judia”, o encenador Jorge Balça e o maestro e pianista João Paulo Santos introduzem uma cuidada seleção de peças musicais de Kurt Weill em momentos muito particulares da história desta mulher burguesa que, para evitar problemas drásticos ao marido, o abandona. , “as peças musicais de Weill permitem que vislumbremos o tumulto interior” de Judith. Depois do espectáculo a Lara veio ao foyer do teatro onde finalmente a conheci . É verdadeiramente encantadora .! Espero conseguir bilhetes para ir pela primeira vez na minha vida ver um musical na praça de touros do Campo Grande !

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DIA 11 DE SETEMBRO DE 2024 : ONTEM REGRESSO A LISBOA E REGRESSO AO TEATRO - HOJE EM GRUPO HEISENBERG NO TEATRO ABERTO E DIA 14 A JUDIA NO JOAQUIM BENITE EM ALMADA : ontem enfrentei novamente os desafios da detestada IC 19 num regresso a Lisboa para um regresso ao teatro ;hoje será o “Heisenberg o princípio da incerteza “ de Simon Stephen’s Teatro Aberto . Diz o texto da companhia : “Numa estação de comboios em Londres, uma mulher aborda de repente um homem desconhecido. Desculpa-se, dizendo que o confundiu com outra pessoa, mas será que foi realmente isso que aconteceu?” Segundo o princípio da incerteza, definido pelo físico Heisenberg, não se consegue determinar ao mesmo tempo a posição e o movimento de uma partícula com total precisão. Aplicado ao relacionamento deste homem e desta mulher solitários e contraditórios, este princípio adquire significados surpreendentes: a imprecisão torna-se esperança e a incerteza, a vaga oportunidade de uma nova vida, frágil e inusitada, a construir, um dia de cada vez. Será possível?” Nunca fui ao teatro num grupo tão grande ;são 12 pessoas e iremos depois cear no restaurante do teatro o “Pano de Boca”. Esperemos não estarem lá aqueles outros grupos ululantes pra podermos trocar impressões …No fim de semana irei assistir ao espectáculo híbrido “ A Judia” no teatro Azul em Almada . Numa co-produção entre a ACTA-A Companhia de Teatro do Algarve, o Teatro Municipal Joaquim Benite, em Almada, e a Comuna - Teatro de Pesquisa a Judia é um espetaculo hfbrido, uma incursão teatral e musical num dos episódios do “Terror e Miséria no Terceiro Reich”, notabilfssima peça de Brecht, o encenador Jorge Balça e o maestro e pianista Joao Paulo Santos introduzem uma cuidada seleção de peças musicais de Kurt Weill em momentos muito particulares da história desta mulher burguesa que, para evitar problemas drásticos ao marido, o abandona .A protagonista principal a soprano Lara Martins cantou em Londres Carlota no Fantasma da Ópera durante muitos anos ! Convidei a minha colega Leonor Pires amiga da soprano para ir comigo e com os Ferro . Almoçaremos no simpático restaurante do teatro.

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DIA 3 DE SETEMBRO DE 2024: FINALMENTE UMA MANHÃ SOLARENGA. CONTINUAM AS ESCUTAS COMPARADAS DO RHEINGOLD DE WAGNER. MONGÓLIA EM COLARES. A COMPRA DO DIA : FEIJÃO LÍNGUA DE FOGO BORLOTTI PARA COZINHAR À ITALIANA : finalmente o dia começou com sol radioso que aproveitei para uma minúscula corrida a beira mar . Entretanto continuo as minhas escutas comparadas do “Wagner Das Rheingold.” A escolha das melhores é subjectiva mas se tivesse que reduzi-la a três gravações , as minhas favoritas são as seguintes ( deixando f de fora outras notáveis como Barenboim , Boulez Knaperbursch Thielemann e Janowski) : 1 **Georg Solti (Filarmônica de Viena, 1958-1965)**; considerada como uma das melhores gravações de ópera de todos os tempos, *Rheingold* de Solti faz parte de seu lendário ciclo com a Filarmônica de Viena. O jogo orquestral é excelente, e o elenco, incluindo George London (Wotan), Kirsten Flagstad (Fricka) e Dietrich Fischer-Dieskau (Donner), é magnífico . Impressionam o som orquestral dinâmico e poderoso, a precisão da condução de Solti e a clareza da gravação inovadora na época.2. **Herbert von Karajan (Filarmônica de Berlim, 1966-1970):** O *Rheingold* de Karajan é conhecido pelo som orquestral refinado e polido. A Filarmônica de Berlim oferece uma performance belíssima e o elenco inclui Gundula Janowitz (Freia). Impressiona pela orquestração exuberante e a capacidade de Karajan em realçar a beleza lírica da partitura de Wagner,dando-lhe uma interpretação mais sinfônica e menos dramática do que outras gravações.;**Karl Böhm (Festival de Bayreuth, 1966); Gravado ao vivo em Bayreuth, o *Rheingold* de Böhm Capta a energia bruta e imediata de uma apresentação ao vivo no icônico cenário wagneriano. O elenco inclui Theo Adam (Wotan) e Birgit Nilsson (Fricka). Impressiona a sensação de drama e urgência, combinada com a profunda compreensão de Böhm do ritmo de Wagner. A atmosfera da gravação ao vivo aumenta a autenticidade. Essas três gravações representam abordagens diferentes, mas igualmente profundas, de *Das Rheingold*, tornando-as essenciais para qualquer exploração séria da obra-prima de Wagner. A Yurt é uma tenda redonda portátil coberta com estrutura de madeira flexível e isolada com peles ou feltro e tradicionalmente usada como habitação por vários grupos nômadas nas estepes e montanhas da Ásia Interior particularmente na Mongólia, A As yurts levam entre 30 minutos e 3 horas para serem montadas ou desmontadas, e geralmente são usadas por entre cinco a 15 pessoas. A agricultura nómada com yurts como habitação tem sido o principal estilo de vida na Ásia Central, por milhares de anos. Recentemente tem tido grande divulgação nos EUA e na Europa devido a popularidade crescente do clamping . As yurts modernas podem ser construídas permanentemente numa plataforma de madeira ou cimento ; podem usar materiais modernos, como estruturas metálicas, plásticos, plexiglass e outras Pois agora a Mongólia já chegou a. Colares pois perto da nossa casa encontrei uma Yurt montada num pequeno terreno e com piscina . Quanto a compra do dia foi o feijão língua de fogo, os borlotti que vou cozinhar à italiana com tomate salvia ,alecrim, tomilho azeite, cebola e muito alho .

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2 DE SETEMBRO DE 2024 : ANTEONTEM DE MANHÃ REGRESSO À NEBLINA DE COLARES . A OUVIR O OURO DO RENO DE WAGNER . NOVOS UTENSÍLIOS PARA O COZINHEIRO IMPROVÁVEL . CARPACCIO DE FIGOS, FRUTA DA ÉPOCA : anteontem, depois de uma semana lisboeta pelas oito da manhã regressei a Colares ao encontro da neblina matinal .Com o fim de agosto há menos gente a veranear embora a Praia Grande esteja invadida por uma competição de bodyboard . Depois de compras no mercado refugiei--me na casa vazia a ouvir gravações do “Ouro do Reno” preparando a minha viagem a Munique em Outubro ( inevitável que arrastem as memórias das produções que ouvi ao vivo com a Zaza ) . Como Charles Baudelaire escreveu a Richard Wagner em 1860 .”Depuis le jour où j'ai écouté cette musique pour la première fois, je n'ai cessé de me répéter, surtout pendant les heures les plus sombres : si au moins je pouvais écouter un peu de Wagner à cette heure-ci".Em Lisboa comprei utensílios para as tarefas do “cozinheiro improvável” .No Lidl uma excelente caçarola masterpro design Henrique Sá Pessoa e uma faca de chef comprada a Paulo Tuna bladesmith artesanal .

O verão está a chegar ao fim mas esse canto do cisne traz consigo um pacote de produtos beijados pelo sol . O principal desses tesouros é o figo, fruto tão antigo que dizem ter sido amado por Cleópatra e Ulisses. Nativos do Mediterrâneo abundam em Portugal e são deliciosos a solo em combinações . Clássicos são os figos com presunto ou queijo de cabra . Desta vez resolvi executar um carpaccio de figos tal como proposto pelo chef Daniel Lazar do restaurante londrino Lillenblum . No menu de estação é uma das estrelas das “ criaturas vegetais” . É simplesmente uma celebração de figos maduros , bom azeite e lascas de Parmigiano Reggiano . O único problema é “achatar “ os figos para preparar o leito do carpaccio. Para isso recomendo as minha amigas/amigos que depois de cortarem os figos no sentido longitudinal , os coloquem sobre papel de cozinha com a pele para cima e pressionem com cuidado até aplanar o fruto para o mosaico do carpaccio ..Et voila . Um dia tentarei o mais difícil - scalops carpaccio - cortar as vieiras e de exigência máxima …

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Natureza morta com figos -

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A cat by the sea

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DIA 6 DE JULHO DE 2024 : UM DIA FASCINANTE NO TEATRO ! COMEÇOU COM O ALUMBRAMENTO DAS MARIONETAS DE “LA TEMPESTA” . SHAKESPEARE NA VOZ NAPOLITANA DE EDUARDO DE FILIPPO: Em 1983, um ano antes de sua morte, Eduardo De Filippo traduz na língua neapolitana do século XVII The Tempest by William Shakespeare (para a casa editorial Einaudi na série Writers translated by writers), tornando-a uma obra-prima única de sua espécie. O trabalho é gravado, graças à intervenção de Ferruccio Marotti, pela Universidade de Roma apenas em formato de áudio. Após a morte de Eduardo, durante a Bienal de Veneza de 1985, a famosa companhia de marionetistas, os irmãos Colla emprestam às suas «figuras» a voz de Eduardo, criando uma versão única e fascinante da peça shakespeariana na qual o som napolitano caracteriza fortemente a gravação do dramaturgo . É fascinante a transmigração da obra-prima de Shakespeare da tradição inglesa àquela de Nápoles, do código literário ao vernacular nas diferentes expressões da escrita ao teatro, da voz impalpável à materialidade dos fantoches, na pesquisa incessante das Infinitas possibilidades oferecidas pelo espetáculo teatral. O barítono cavo de De Filippo é majestoso . O que escreveria a Zaza sobre esta Tempestade ?

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DIA 6 DE JULHO DE 2024 : UM DIA FASCINANTE NO TEATRO ! COMEÇOU COM O ALUMBRAMENTO DAS MARIONETAS DE “LA TEMPESTA” . SHAKESPEARE NA VOZ NAPOLITANA DE EDUARDO DE FILIPPO . : foi um dia de teatro cansativo mas fascinante ! Três espectáculos de grande impacto Lá Tempesta às 15 no Fórum Romeu Correia , às 19 Fonte da Raiva no Joaquim Benita e depois às 22 1001 Noites Irmã Palestina - todos de géneros diferentes todos de alta qualidade .La Tempesta é a produção que usa a histórica tradução da peça de Shakespeare para língua napolitana do séc. XVII, realizada em 1983 (ed. 1984/Einaudi) pelo grande Eduardo De Filippo (1900-84) — Desde início pensada para ser feita com marionetas , viria a ser estreada em 1985, menos de um ano após a sua morte, no Teatro Goldoni , a abrir o 33.º Festival Internacional de Teatro na Bienal de Veneza . Esta criação da Companhia Carlo Colla contou com o contributo de Eugenio Monti Colla (1939-2017) na confecção das enormes marionetas. É essa produção, várias vezes reposta desde então, que agora visita Almada. O que mais faz esta produção mítica é o facto de contar com a voz de Eduardo De Filippo ‘falando’ todas as personagens, excepto Miranda e Ariel — ele que as gravou no seu último ano de vida! Quanto ao resto é um mundo de cores, sons, alegorias, magia teatral e efeitos cénicos, habitado por criaturas humanas e sobrenaturais.onde no fim, triunfa o amor de Miranda e de Ferdinando! .Eis um fragmento do luminoso texto de Cola na estreia em Veneza “Deste modo a tempestade foi vivida como a nossa grande aventura com uma grande fábula natual roubar os personagens centrais se move o mundo de cores , de sons ,de alegorias e simbologias o mundo da magia teatral dos efeitos de cena o relâmpago achuva a barca tragada pelas vagas os riachos e as cascatas das criaturas sobrenaturais um mundo enfim no qual tudo nos parece verosímil graças a generosidade a candura com que é ouvido cada instante quiçá inclusive fora do palco Os personagens tornaram-se muito numerosas mais de uma centena entre espíritos gnomos , duendes, animais como múltiplos são os lugares da ilha concebidos como espelho da continua vagabundagem dos protagonistas a procura de si próprios e da sua catarse pessoal. E como perene é o encantamento com que se consuma a a acção cénica tendo unicamente por finalidade evidenciar o ensinamento que Eduardo colheu na sua cabal atualidade e no momento em que empreendeu a sua obra de arte de alto coturno como o tradutor e como poeta “ .A Zaza teria adorado esta obra prima—da voz impalpável à materialidade dos fantoches as possibilidades infindáveis da performance teatral ….

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DIA 5 DE JULHO DE 2024 : “JOGGING “ - O REGRESSO DAS MEDEIAS MODERNAS NO MONÓLOGO CORROSIVO DA LIBANESA HANANE HAJI ALI ,ESPECTÁCULO DE HONRA DO FESTIVAL 2023 : à Incrível Almadense regressou “Jogging” da libanesa Hanane Hajj Ali espetáculo de honra no Festival 2023 . Por razões várias não tinha podido assistir o ano passado e não desperdicei av oportunidade este ano.

Hanane, uma mulher que ja passou os 50 anos, faz o seu Jogging diário pelas ruas de Beirute para lutar contra a osteoporose, a obesidade e a depressão . Enquanto corre, revisita os seus sonhos, os seus desejos as suas desilusões. Os efeitos desta rotina quotidiana são contraditórios, pois estimulam no seu corpo duas hormonas: a dopamina e a adrenalina, as quais, alternadamente, revelam-se construtivas e destrutivas, no meio de uma cidade que destrói para construir e constrói para destruir. Sozinha em cena, ela interpela frequentemente o público. Ao evocar personagens de Euripides, Pasolini,

Heiner Müller e Shakespeare, Hanane, a mulher e a mãe, revela a sua identidade, ao encarnar diferentes rostos de Medeia, que se encaixam uns nos outros, como as bonecas russas.Neste monólogo corrosivo premiado pela maioria do público da margem sul de Almada como “espectáculo de honra” em 2023 , Hajj Ali transmite com sucesso muitos papéis e consegue ligar o real e o mítico. Ela fala das antigas tragédias gregas, prestando especial atenção a Medeia e afirmando que Medeia é o grande papel que é sonhado por todos os atores. Embora eu aprecie o facto de que, no guião , nenhum conhecimento prévio dos gregos é necessário para que o público entenda o que está acontecer, a narrativa do mito é feita com demasiado detalhe distraindo do enredo inicial. Ao explicar por que o papel de Medea é aquele com o qual ela se relaciona como mãe perante a doença oncológica do filho , Hajj Ali aprofunda o argumento contando as histórias de duas mulheres reais que passaram por conflitos semelhantes .O mundo de “Jogging “ como peça de teatro , está cheia de metáforas, e perguntamos se Hajj Ali corre em direção ao seu futuro ou foge do seu passado nas corridas diárias. De qualquer forma, percebemos o seu papel no mundo, tanto como criadora de teatro ou como cidadã na comunidade . Ao fazer perguntas difíceis e ao ser honesta sobre a dificuldade da resposta , esta é uma peça de teatro comovente e visceral. 4/5

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DIA 4 DE JULHO DE 2024: COMEÇOU O 41o FESTIVAL DE ALMADA UM ATRAENTE PART -TIME DE 15 DIAS ,. PARA ESTE AMIGO DE TANTOS ANOS O ESPETÁCULO DE ESTREIA “TERMINAL”- DA FORMIGA ATÓMICA DESILUDIU - BONS ACTORES , BELOS FIGURINOS , DE JOSÉ MARIA TENENTE BONS CENÁRIOS BOA MÚSICA , MAS TEXTO PEDANTE . : transcrevo o texto de Rodrigo Francisco na primeira folha informativa que sintetiza com brilho ao que vamos “-as duas semanas que aí vêm, a ocupação que propomos equivale sensivelmente a um emprego em tempo parcial. que tomar-nos-á sensivelmente 49 horas e 50 minutos das nossas vidas diz Rodrigo Francisco .Os artistas são capazes de gestos que nos fazem descobrir outros mundos. Ao final da tarde, por exemplo, das varandas do Teatro Azul avistam-se os tons que Ilda David pintou, e que escolhemos para o cartaz desta edição. Gestos desse calibre não estão ao alcance de todos, é certo. Mas, se não aproveitarmos a redenção que a sua contemplação nos traz, então estamos a deitar fora aquilo que nos fez erguer nas patas traseiras e caminhar direitos, há milhares de anos atrás. No fundo, este part-time não nos ocupará tempo nenhum das nossas vidas — antes pelo contrário.

Para que servirá o tempo, se não tivermos tempo para durante um par de horas desligarmos o telefone e participarmos nesse ritual colectivo de estar ‘no local onde se vê’, que foi como os gregos chamaram ao teatro quando o inventaram, há 2.500 anos? Inspiremo-nos no estoicismo dos xadrezistas de Ricardo Reis, mesmo intuindo que nas nossas Pérsias a barbárie prossegue, mais ou menos sub-reptícia,”Todavia ontem o espectáculo de abertura não me galvanizou .TERMINAL da “ internacional “ Formiga Atómica que ruma a Avignon tem um notável trabalho de actores, excelente música de Hélder Gonçalves e Manuela Azevedo dos Clã ,belos figurinos de Jose António Tenente ,encenação criativa mas um texto bombástico e pedante (i.e. deixei a minha alma ao lume ! ).O fim é pomposo … 3/5

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DIA 30 DE JUNHO DE 2024 ; MORTE DE MANUEL CARGALEIRO AOS 97 ANOS ; A LONGA VIDA DE UM ENTUSIASTA PRATICANTE DA GEOMETRIA CROMÁTICA :HISTÓRIA DO BELO GOUACHE DA NOSSA COLECÇÃO : pintor e ceramista mas também desenhador, gravador e escultor, Cargaleiro deixou a sua assinatura em igrejas, jardins ou estações de metro, em inúmeras peças geométricas e cromáticas. Cargaleiro viveu grande parte da sua vida em Paris desde 1957, mas ao contrário de outros nunca deixou que o cosmopolitismo significasse desenraizamento . Prova disso é a memória das imagens e das cores da Beira Baixa na sua obra, a lembrança das mantas de retalhos e a Fundação e o Museu Cargaleiro na região onde nasceu “De Cargaleiro disse Maria Helena Vieira da Silva que possuía a técnica perfeita, a medida certa, as cores raras; e Álvaro Siza Vieira que evidenciava uma alegria invulgar no panorama artístico português. Acontece que na nossa pequena coleção de pintura temos um belíssimo guache da sua melhor fase. Foi uma oferta nos nos anos 70 do famoso marchand Pereira Coutinho fundador da Galeria. São Mamede que mo ofereceu na década de 70 quando tratei o pai . Mede 32 por 15 cm assinado com data de 1953 . Pertencia ao acervo da primeira exposição de Cargaleiro na galeria com a qual manteve uma estreita relação . Tem alto valor de mercado mas para mim a sua principal valia é que a Maria Zaza gostava muito dele. Conheci bem Francisco Pereira Coutinho (1922-2006) que fundou a Galeria de São Mamede. Além de galerista, foi também antiquário, marchand e colecionador de antiguidades e de arte moderna. Como disse Mário Cesariny foi um desbravador e um amigo .Pela sua mão, estiveram ligados à Galeria São Mamede os artistas mais relevantes no panorama artístico português das décadas de 60, 70 e 80.Nessa seleção incluem-se Almada Negreiros, António Areal, Armanda Passos, Cargaleiro, Carlos Botelho, Carlos Calvet, Cesariny, Cruzeiro Seixas, D’Assumpção, Emília Nadal, Escada, Eurico Gonçalves, Gonzalez Bravo, Helena Almeida, Jorge Barradas, Jorge Vieira, Júlio (Reis Pereira), Justino Alves, Manuel Amado, Mário Botas, Nadir Afonso, Nuno de Siqueira, Paula Rego, Poliakoff, Raúl Perez e Vieira da Silva.etc .Nas fotografias MZ numa vernissage e com o meu querido doente pai do fundador e avô do actual dono da galeria .