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Pareço um fantasma...
Tenho me tornado um aqui nos últimos meses. E nem é pelo motivo de não ter o que dizer, até porque em nossa tenra idade a todo instante acontece algo que nos leva desde os mais levianos dos impulsos até as hordas mais sombrias do inferno. Porém, devido a causalidade e toda a loucura dos afazeres da "vida adulta", não tem me sobrado tempo nem mesmo para escrever. E então, como uma ovelhinha, ouço que tenho de estar grato, — ao escrever isso sinto uma vontade tremenda de rir — temos que ser gratos por trabalhar em dois empregos para conseguir uma quantia razoável para viver, sem muito tempo para lazer, e ao conseguir esse tempo, não aproveita-lo por estar tomado pelo cansaço.
— Tudo isso por dinheiro?
Me perguntaram uma vez, e eu respondi
— não só por isso, pelo conforto, por prospectar um futuro melhor... — e agora, revendo essa fala me volta a vontade de rir de minha própria pretensão. Aconselho-me a procurar um psicólogo urgente, pois a loucura e a insanidade espreitam-me. Temo passar toda a minha vida assim, correndo atrás de algo que parece estar tão inalcançavel. Novamente sinto minha vida esvaindo-se pelas mãos, o cenário é outro, mas a sensação é a mesma. São diversas vias que se resumem a um único destino. Oque fazer então?
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Quando olho no relógio pela manhã e vejo que apenas algumas horas se passaram, me da algo no peito, algo que me atinge de forma inevitável, ao qual não sei explicar ao certo oque é. Uma sensação distinta que se intensifica quando olho mais uma vez no relógio, percebendo que chegarei novamente atrasado . As horas seguem seu percurso e minha atenção se desvia delas facilmente em meio ao emaranhado de tarefas diárias.
Tal como agora que estou aqui digitando de frente aos meus materiais, ao lado de uma lista de preços que ainda tenho que fazer, e ao invés disso, estou escrevendo pra tentar esquecer que tal como ontem, ante ontem, e ante ante ontem, cheguei atrasado do almoço, mesmo dedicando 10 minutos a mais para tentar me arrumar a tempo. E é incrível como nessa distorção absurda os segundos se confundem facilmente com os minutos e os minutos se maqueiam de horas e tudo se torna sem sentido e quando me dou conta, já se passaram quinze minutos do horário de voltar para o trabalho.
O mundo desmorona nas costas novamente, fazendo a promessa de melhora ser só mais uma nas pilhas arquivadas, imundas e enlameadas no lago prufundo das ilusões, numa eterna corrida em que o corpo padece ao tentar acompanhar a mente.
21/08/2024 Natã Canevazzi
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Se você da espaço aos pensamentos intrusivos eles te dilaceram, pois em questão de segundos, sua vida que por hora parece estar indo bem vira de cabeça pra baixo, fazendo com que a vontade de largar tudo seja mais forte do que a de tornar ainda melhor oque já está bom.
E você para, respira, fecha os olhos, coça a testa, da até algumas batidinhas atrás da nuca para fazer com que a cabeça volte ao lugar, enxergando a realidade que põe-se diante dos seus olhos, afim de mostrar que esse devaneio, não passa, de um mero e mesquinho devaneio.
29/07/2024
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Estou a alguns passos de um novo emprego, de um novo recomeço. Deixar o ambiente ao qual outrora estava habituado é assustador, e as consequências disso também, porém não posso deixar de tentar e torcer para que tudo corra bem
03/07/2024
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Monstro (poema autoral)
Há um monstro encolhido
Embaixo de uma escada escura,
Esse monstro se parece muito comigo.
Mas quem deixou este monstro sair?
E ele chora como se alguém tivesse
Amaldiçoado o dia de seu nascimento.
Negro, negro como uma única ovelha negra em um rebanho de brancas.
E ele está sozinho.
Está sozinho porque ninguém quer
Estar perto de um monstro,
De uma aberração, de uma falha da natureza,
Seus pulsos e braços estão cortados,
Seus olhos estão sem vida e uma linha de sangue Percorre toda a extensão de seu pescoço.
Me aproximando um pouco, vi que aquele monstro Estava morto,
Me aproximando mais, percebi que aquilo,
Perto da escada, não era um monstro,
E sim, um espelho, e que tudo o que via ali,
Era apenas o meu reflexo.
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Onde se encontram os corpos trêmulos, aquele arrepio e a forte sensação de perigo, habita uma mente turbulenta. A ansiedade que caminha para um crescendo, as dores, oh, as dores, sem nenhuma causa iminente. Quem se não o tempo para explicar.
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Ultimamente tenho passado por um período incessante de falta de criatividade. Tornou-se uma constante no decorrer dos meses, e isso fez com que eu perdesse todo o encanto pela minha profissão. Grande parte da culpa eu atribuo a falta de tempo. Já não escrevo e tão pouco leio, raras são as vezes em que a fagulha ascende na parte escura da consciência, muitas das vezes nem a percebo emergir. Espero que seja apenas um período e não o declínio de uma vida inteira.
04/04/2024 Natã Canevazzi
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Eu peguei meu casaco em meio ao breu, as luzes já haviam sido apagadas e eu ainda tinha de pegar a minha janta e minha bicicleta, enquanto me preparava para sair, de dentro do quarto eu ouvi:
— ei, eu estou ouvindo. Não eu não estava jogando, estava esperando aquela desgraça terminar de lavar a louça.
Meus olhos se arregalaram, eu não queria acreditar no que acabara de ouvir e que aquilo realmente estava acontecendo. Ele continuou:
— nossa aquela desgraça lava a louça muito lerdo, se fosse eu já tinha terminado faz tempo de lavar aquilo lá...
Ainda sem acreditar dei ré com a bicicleta e me direcionei para o portão, as luzes se acenderam no fundo, imagino que ela tenha ouvido. Porra como aquilo mexeu comigo, eu segurei ao máximo para não chorar ali, ouvi o barulho da torneira e de um copo batendo na pia antes de sair e fechar o portão. Era um portão de trava, quero muito acreditar que ela tenha percebido que eu ainda estava ali e que eu tinha ouvido tudo. Quando desci da calçada eu desabei, não tive forças nem para montar na bicicleta e pedalar, talvez esse tenha sido um dos piores dias da minha vida. Eu não mereço isso, de verdade.
Natã Canevazzi 10/03/2024
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Me sinto fraco mentalmente, sozinho. Completamente sozinho. Depositamos demais, esperamos demais dos outros, mas somos nós que nos tornamos dependentes, nos que vivemos a beira de um precipício ansiando desesperadamente que o outro agarre as nossas mãos no instante que precede a queda fatal... apenas nós e mais ninguém.
Que dor, céus, que oco é este no peito, como se os órgãos fossem uma ilusão, e existisse apenas pele e ossos neste trambolho. Que vontade de partir para onde o silêncio não é preocupante e a quietude é o pilar da existência.
Natã Canevazzi
02/03/2024
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Meu cérebro tem me pregado inúmeras peças ultimamente pois tenho visto vultos constantemente. Outrora atribuiria isso a forças malignas, porém hoje, distante da religião e sendo ateu, entendo que essas alucinações são consequências das poucas horas que tenho dormido e isso, definitivamente é libertador porque não existe o medo, e sim uma plena compreensão dos fatos.
29/02/2024
Natã Canevazzi
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Nossa, essa sala está com um cheiro estranho...
— Sim, é a minha alma entrando em um estado avançado de decomposição.
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