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RESUMO: GÊNERO DIGITAL: A MULTIMODALIDADE RESSIGNIFICANDO O LER/ESCREVER
BRITO, Francisca Francione Vieira; SAMPAIO, Maria Lúcia Pessoa. GÊNERO DIGITAL: A MULTIMODALIDADE RESSIGNIFICANDO O LER/ESCREVER. Signo, Santa Cruz do Sul, v. 38, n. 64, p. 293-309, jun. 2013. Disponível em: <https://online.unisc.br/seer/index.php/signo/article/view/3456/2570>. Acesso em: 01 dez. 2018.
 Com o boom tecnológico das últimas décadas e a solidificação de seu “casamento” com a internet, todos os segmentos sociais sentiram o efeito dessa parceria, alguns de forma mais evidenciada que outros. Considerando, pois, que as práticas de comunicação e interação social são inerentes ao processo educacional, o ensino vive um momento revolucionário que perpassa o binômio Pedagogia-Tecnologia e seus reflexos quanto ao ato do ler/escrever. Por isso há de se traçar uma abordagem da configuração textual dos gêneros digitais e subjacente renovação do ler/escrever na rede virtual.
Antes de tudo precisa-se definir gênero, que seria uma pluralidade de textos, orais e escritos, que materializam nossas relações sociais cotidianas por meio do uso da linguagem. Numa perspectiva bakhtiniana, pelo repertório infinito de possibilidades enunciativas não se pode pensar numa singularidade de gêneros e sim, em sua heterogeneidade. No estudo desses gêneros heterogêneos durante a antiguidade, os gêneros foram divididos em dois: gêneros retóricos e os do cotidiano, houve-se então a necessidade de classifica-los em primários (simples) e secundários (complexos). Os primários incluem, por exemplo, o diálogo cotidiano; os secundários englobam os romances, as pesquisas científicas, entre outros gêneros oriundos de situações sociais mais complexas. Nessa perspectiva, os primeiros podem integrar os segundos.
 Entender a linguagem como tal é admitir que “a língua passa a integrar a vida através de enunciados concretos (que a realizam); é igualmente através de enunciados concretos que a vida entra na língua. O enunciado é um núcleo problemático de importância excepcional”, afirma Bakhtin (2003, p. 265).
Muitos são os pesquisadores que se debruçam sobre o estudo dos gêneros, culminando em duas vertentes teóricas: gêneros do discurso (firmados nas premissas de Bakhtin e seu Círculo) e gêneros de texto (baseados nos preceitos de Bronckart e Adam). A teoria dos gêneros discursivos está centrada na situação de produção onde as marcas linguísticas dos enunciados produzem significações considerando seus aspectos sócio-históricos no discurso; já a teoria dos gêneros de texto descreve a tessitura material do texto (forma, propósito comunicativo, sequência tipológica) com base nas noções herdadas da Linguística Textual. Supostamente são ângulos distintos que se complementam de alguma maneira na aplicabilidade das unidades concretas de realização da língua.
Para Marcuschi (2008, p. 24) “pode-se dizer que texto é uma entidade concreta realizada materialmente e corporificada em algum gênero textual. Discurso é aquilo que um texto produz ao se manifestar em alguma instância discursiva. Assim, o discurso se realiza nos textos”. Com a nova cultura eletrônica cristalizada na sociedade, por exemplo, outros gêneros apareceram como transmutações de gêneros já existentes, sendo arriscado tentar classificá-los, por seu caráter de flexibilidade – sobretudo àqueles provenientes do uso das tecnologias nas relações de saber. Temos os chamados “gêneros digitais” ou “emergentes”.
O ato de ler se transformou historicamente com a aparição do texto eletrônico, que traz consigo uma nova forma de linguagem mesclando o oral, o escrito, o imagético e o digital. É, pois, neste ponto da pluralidade do texto, na sua diversidade de forma e conteúdo, que se assenta a “teoria da multimodalidade” ou “semiótica”. Textos cada vez mais multimodais, circulando e/ou sendo produzidos entre/por nós nas diversas situações comunicativas da vida social. São textos onde coexistem diferentes níveis semióticos, como o visual, sonoro,
gestual, etc. conferindo significados específicos à linguagem. Esse quadro situacional se configura nitidamente nos gêneros digitais blog, twitter, e-mail, MSN, por exemplo.
Transformações de gêneros tradicionais quando migram do livro para a Internet (das páginas à tela) suscitando novas formas de expressão, dentre as quais a mais desafiadora é o hipertexto – composto de blocos de texto aonde o leitor-usuário vai criando sua trilha de leitura ao ligar um pedaço de informação a outro através de um arranjo não linear para inferir-lhe um sentido.
O ato de ler/escrever é de suma importância, pois se constitui como uma forma de interação entre os homens. Entretanto, basta uma simples observação empírica, para percebermos o desestímulo e/ou “desgosto” dos sujeitos aprendizes pela prática de leitura/escrita devido à metodologia inadequada ainda utilizada em muitos ambientes escolares, baseada numa abordagem mecânica de decodificação de signos linguísticos e/ou performance automatizada do “dizer”. Nas modalidades de leitura e escrita da sociedade multimodal, o leitor tem mais liberdade para escolher, dentre os caminhos oferecidos pelo autor, em que aspectos aprofundar sua leitura, que blocos de conteúdo ignorar ou retomar, que sugestões de conexão externa acatar.
Na chamada “era digital”, o conceito de escrita se expandiu e não diz mais respeito apenas ao texto impresso. É necessário saber se relacionar com a mesma nas diversas mídias em que ela se faz presente; pois novas maneiras do ato de ler, e simultaneamente de produzir textos, foram criadas, exigindo dos sujeitos outras competências além das linguísticas para que sejam capazes de compreender a função da multiplicidade de formas da língua.
Os estudos mediados pela leitura/escrita pressupõem o estabelecimento de relações. Os gêneros digitais nos exigem o mesmo: transitamos entre palavras, imagens e sons aguçando nossa capacidade de estímulo sensorial, intelectual e comunicacional para encontrar no labirinto eletrônico do hipertexto a solidificação do conhecimento, buscado pela autonomia das escolhas no itinerário percorrido. Portanto, a tecnologia motiva, mas não é a solução. É necessário promover o discernimento do ato de ler/escrever dentro e fora da web, enxergar velhos problemas com novas perspectivas.
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COERÊNCIA TEXTUAL - MAPA MENTAL
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RESENHA GERAÇÃO PROZAC
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“Geração Prozac” é um filme de 2001 que consegue refletir com fidelidade a realidade de muitos jovens na atualidade. O filme se passa na década de 80 e narra a história de Lizzie, que contou com a brilhante atuação de Christina Ricci. Lizzie é uma jovem que desde a infância passa por situações complicadas, grande parte dos problemas em sua vida se dá pelo trauma da separação dos seus pais. Criada apenas por sua mãe Sarah (Jessica Lange), Lizzie sofre com crises frequentes e alterações de humor. Após conseguir uma bolsa de estudos de jornalismo em Havard, o que parecia uma mudança de vida para Lizzie, apenas agrava seus problemas. A pressão por produção ligada aos dramas da vida de uma jovem universitária são fatores desencadeantes de uma grave depressão. Ao longo do filme podemos acompanhar da perspectiva de Lizzie todas as suas ações e seus sentimentos. Quando finalmente pensamos que as coisas estão se encaminhando nos eixos, alguma reviravolta acontece e Lizzie tem uma recaída. Suas recaídas são tão frequentes que o próprio espectador se comove com o drama sofrido pela protagonista. Outra característica marcante da personagem é sua carência, supostamente advinda de uma rejeição oriunda de sua relação com o pai. O filme consegue passar de forma magistral a imagem fiel de uma pessoa depressiva e mostra também como é o convívio dela com as pessoas ao seu redor. O Brasil é o campeão de casos de depressão na América Latina, cerca de 5,8% da população possui a doença. Ter esse tipo de olhar para essa problemática é umas das coisas que o filme realiza com excelência. Ao decorrer do drama, a protagonista cansada de tudo aquilo, recorre a ajuda da Dr. Sterling (Anne Heche), que após realizar sessões de terapias, ela a receita o Prozac, que é um antidepressivo amplamente conhecido, cujo um dos efeitos é a inibição de alguns sentimentos. A observável melhora de Lizzie vem junto com o seguinte questionamento: “até quanto tudo aquilo representava a sua personalidade de fato ou se era algo irreal feito através da manipulação dos sentidos por meio de medicamentos?”. Tal indagação se reverbera até o fim do filme e deixa o espectador com uma questão a se pensar depois. Por fim, além do ótimo desempenho técnico e de atuação da obra dirigida pelo noruegês Erik Skjoldbjaerg, “Geração Prozac” traz para as telas uma crítica ao modelo atual de sociedade em que vivemos, baseada no consumo de determinadas substâncias para se adentrar a uma norma vigente, mesmo que não exista um jeito “normal” de se viver a vida.
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RELATÓRIO DA SEMANA NACIONAL DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA
A Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT) foi criada em 9 de junho de 2004 por meio de um decreto assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ela é caracterizada por sempre acontecer no mês de outubro e é realizada sob a coordenação do MEC. Um dos objetivos gerais da SNCT é a congregação de instituições de todo país em torno de atividades voltadas a divulgação científica sempre visando os pilares: ensino, pesquisa e extensão.
O público alvo do evento são as comunidades acadêmicas de diversas instituições, além da população em geral, que pode participar como ouvintes ou apresentando trabalhos, pesquisas, projetos e etc. A SNCT de 2018 ocorreu na UFSB entre os dias 15 e 19 de outubro. Os temas que fizeram parte da grade de atividades, minicursos e oficinas foram os mais diversos possíveis, contendo palestras abarcando desde o tema geral da semana esse ano: “ciência para redução das desigualdades”, a atividades com temas transversais e interdisciplinares relacionando a área das artes, ciências exatas, humanidades e saúde. A realização desse evento para a região do extremo-sul da Bahia se dá num contexto muito importante, vista a escassez dos eventos científicos e tecnológicos na região. Debater temas de relevante interesse popular, sobretudo de projetos e atividades que foram e estão sendo realizadas em comunidades locais evidencia um marco acadêmico que tais instituições participantes da semana estão desempenhando. As discussões, mesas, rodas de conversas, grupos de trabalho e demais atividades, conseguiram expor temas pluridisciplinares e de grande apelo social, como por exemplo: a questão de gênero, sexualidade, empoderamento negro, debates com participação de representações indígenas e quilombolas, questões a respeito da desigualdade social e outros. A discussão e aprimoramento científico de tais temas é de grandíssima importância nos dias atuais visto o contexto político em que a sociedade brasileira de insere, onde direitos arduamente conquistados vêm sendo retirados de forma sumária, provocando um aprofundamento do abismo da desigualdade. Ressignificar antigas pautas se traduzem em ir de contra a ascensão de um pensamento retrógrado e antiprogressista. Na minha experiência com o evento pude participar de variadas oficinas, minicursos e palestras, observando diversas formas de pensar e fazer ciência. Estive presente em oficinas do campo das artes como é o caso do “Projeto Atuar – Exercícios Teatrais”, em que vislumbrei uma introdução as artes cênicas, e aprendi técnicas desde respiração, a postura em cena, o que pode me ajudar para futuras apresentações de trabalhos e artigos. Participei também da oficina de “Alegria e Palhaçaria”, ministrada pelo docente Matraca, onde nos foi apresentada uma introdução a arte da palhaçaria. Foi destacado ao decorrer dessa oficina o quão importante é a presença da alegria em nossas vidas, especialmente na modernidade onde nos vemos sempre ocupados e nos tornamos “menos humanos”, por assim dizer. Tal oficina foi em especial muito marcante, pois nos abre olhares a horizontes que antes não nos imaginávamos, como o fato de “ser palhaço”. Houve um momento em que todos os participantes da oficina tiveram que improvisar um show para os demais, nesse momento foi percebido o quão difícil é encarnar tal papel. Em minha formação, para a área que escolhi a princípio, a medicina, terei de passar por situações onde somente a abstração da realidade e a alegria poderão solucionar o problema, usar da palhaçaria como forma de tratamento terapêutico é também foi um dos pilares aprendidos. Dando continuidade, na área das ciências, participei da exposição de um trabalho a respeito da implementação uma farinheira coletiva em uma comunidade local de produtores rurais. Foram observados os aspectos sociais positivos e as dificuldades enfrentadas pelos idealizadores. Em outro momento, também estive presente na palestra sobre astronomia. Vimos uma introdução básica ao telescópio e podemos observar as estrelas. No campo da saúde, participei da “aula-show” do LabMorfo, um projeto de extensão da universidade, que consiste na manutenção de um grupo de estudos para a realização o de uma plataforma digital a respeito da anatomia e morfologia humana. A aula foi extremamente interativa e educacional, onde através de dinâmicas foram explanados diversos temas e curiosidades a respeito da anatomia humana. Prosseguindo na área, participei de uma palestra a respeito dos riscos cardiovasculares e a biofísica da pressão arterial, foram destacados os agravantes e elencados cuidados a serem tomados a fim de evitar complicações. Na segunda parte tivemos uma oficina de aferição da pressão arterial, onde tivemos acesso a instruções sobre como aferir a pressão de uma pessoa corretamente. Por fim, avalio como positiva e enriquecedora para a minha formação acadêmica, social e humana as atividades realizadas durante o evento, no qual se convergiram diversas áreas do conhecimento com o único objetivo de proporcionar um evento dinâmico e de compartilhamento de saberes. Ressalto mais uma vez a importância do mesmo para a toda região em que a UFSB e demais instituições participantes se inserem.
ANEXOS:
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IMAGEM 1: Observa��ão das estrelas através do telescópio.
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IMAGEM 2: Oficina Alegria e Palhaçaria.
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IMAGEM 3: Aferição de pressão durante a oficina de “Noções Básicas da Técnica de Aferição de Pressão Arterial”.
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DITADURA DA PERFEIÇÃO NA GRADUAÇÃO
Em sua definição a OMS (Organização Mundial de Saúde) diz que saúde é o “perfeito bem-estar físico, mental e social”, todavia sabemos hoje que tal definição se encontra ultrapassada e em contradição à própria noção de saúde, havendo inclusive na atualidade a busca por uma perfeição idealizada, sobretudo na juventude, o que provoca exatamente o contrário: a doença. Na graduação é o momento em que os jovens se sentem mais pressionados, seja por questões da própria academia, seja por questões externas. Tais pressões se exercem de tal maneira que fazem das universidades ambiente propício para o surgimento de diversos males sociais: ansiedade, depressão, transtornos, uso de drogas e nos casos mais graves até o suicídio. Esse cenário só existe por conta de um modelo ideal, inatingível e desumano que é esperado de todos. Para Freud a perfeita felicidade de um indivíduo dentro de uma sociedade constitui algo impossível, visto que os próprios arquétipos da civilização proporcionam condições para o estabelecimento de um constante sentimento de “mal-estar” social. Nessas condições, afirmar que a saúde seria o “perfeito bem-estar físico, mental e social” é de tamanha ignorância para com a realidade. Dessa forma, a busca por algo que é inatingível leva o jovem a um sentimento de frustração, o que em sua interpretação significa o fracasso.
Na graduação os jovens estão passando por diversas indagações sobre si mesmos e sobre sua função no mundo. Em muitos casos, quando os universitários se veem obrigados a irem morar sozinhos em outras cidades, por exemplo, o problema ainda se agrava, pois eles tomam para si uma responsabilidade que ainda não fazia parte da sua vida social. Lidar com tudo isso, atrelado a constantes pressões da academia por produção e desempenho, além do papel da família, que em alguns casos agrava ainda mais essas pressões, é um tanto quanto complicado e exige do jovem uma maturidade que ele ainda pode não ter.
Tendo em vista os aspectos observados, há a necessidade de uma reconfiguração do que se entende por saúde nesse contexto, pois tal lógica de busca da perfeição é adoecedora. Caso queiramos mudar a atual situação do perfil da graduação brasileira, faz-se necessário mudar a ideia de que tudo deve ser impecável. Uma menor cobrança, uma visão humanizada por parte das instituições e professores, além da implantação de uma filosofia que valorize também o erro como processo educacional, ajudaria na diminuição de casos de adoecimento mental na graduação. O incentivo à criação de grupos de apoios mútuos para troca de experiências também é uma forma eficaz de se combater esse problema. Abrir margem a sentimentos ditos “ruins” como a tristeza, a raiva e o medo, também deve ser pensado como algo normal, visto que todos somos humanos e também passamos por isso. Só assim criaríamos mecanismos para acabar com a lógica do humano perfeito.
Ítalo Vieira Silva
Graduando em Bacharelado Interdisciplinar em Saúde pela Universidade
Federal do Sul da Bahia
Técnico em Florestas pelo Instituto Federal Baiano
Ex-Membro do DCE IF Baiano Militante do Levante Popular da Juventude e da União da Juventude Socialista
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VERBETE DE TEXTO
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