Tumgik
dream-of-akm · 3 years
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THREE - END
~ Posso te fazer uma pergunta?
Anny tremia, sentia que seu coração pela milésima vez naquela noite iria explodir, mas se segurou. Ele visualizou a mensagem imediatamente, mas não respondeu, causando uma aflição. Se passaram quatro minutos, e ele não estava mais on-line. Ela se sentiu um pouco triste por tentar se amigar com ele e não obter sucesso, mas pelo menos ela tinha tentado, e que por mais que seus pensamentos estivessem dizendo que ela deveria ter sido invasiva com tal pergunta, sentia como se aquela mínima conversa já fosse um grande passo após não ter trocado um A com o mesmo durante esse tempo todo.
Apesar de se sentir aliviada pela conversa, ainda sentia a expectativa de ter sua resposta, e assim aguardou, deitada de lado em sua cama, uma hora resolveu desligar sua televisão pois estava apenas desperdiçando dinheiro, e ficou encarando o seu celular na conversa ainda aberta com ele, sendo essa a única luz que iluminava seu quarto. Sentia no fundo que ele responderia alguma hora e assim o esperou.
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Despertou por conta da claridade vinda da janela, droga, tinha esquecido de fechar as cortinas na noite anterior, não muito tempo depois sentiu o celular em sua mão vibrar e ecoar o som do despertador pelo quarto, fazendo ela resmungar ainda mais. Levantou desligando o mesmo e sentou na cama tentando recuperar seu raciocínio aos poucos, realmente tinha adormecido esperando a tão ansiosa mensagem resposta dele, quando se deu conta, ainda sem ter muita noção do que estava fazendo e sem muita rapidez, pegou o celular antes jogado na cama e checou se tinha alguma mensagem. Nada, não havia absolutamente nada, a visualização estava lá, mas nenhum sinal de resposta.
Ainda meio arrependida, levantou arrumando suas coisas para ir ao colégio, odiava acordar cedo, imaginava que a parte boa daquilo tudo seria que o vestibular já estava chegando e poderia assim aproveitar suas férias antes de saber o tão temido resultado da faculdade. Depois de ter feito quase tudo, desceu as escadas da sua casa e apenas colocou algo em sua bolsa para comer no caminho, seu apetite nunca era dos melhores pela manhã, mas se esforçava para não sair de barriga vazia. Saiu de casa, não esperando muito tempo para chegar a parada e também não demorou pro ônibus chegar, o mesmo passava no mesmo horário todos os dias.
Demorou certa de 20 minutos para chegar a porta do colégio, adentrou o local ainda sem noção muita noção do que estava fazendo, sentou em um dos bancos que havia no pátio esperando o horário e assim as salas fossem abertas. Pegou seu celular do bolso e apenas mexeu em algo aleatório, entrou no aplicativo de mensagem e se surpreendeu com o que viu, não se importava se ele não tinha mandado mensagem, não era nem oito da manhã para se preocupar com aquele tipo de coisa, mas após abrir o aplicativo, leu a mensagem que tinha recém chegado.
~ Olha pra cima.
Era isso, as únicas três palavras que faziam ela perceber, nem tudo tinha dado errado. Ainda meio envergonhada por saber o que veria, levantou seu olhar para o primeiro andar, observando ele com as duas mãos apoiadas na parte superior da sacada, estava um pouco longe, mas seu olhar se direcionava a ela, ele arrumou seu óculos com um dos dedos na parte central do rosto e se afastou do local, ficando totalmente fora e vista.
Ela não entendeu ao certo o que tinha sido aquilo, ele só queria vê-la por um breve momento? Qual seria o sentido? Anny acreditou que aquele chamado dizia mais coisa, se levantou do banco indo até uma das escadas mais próximas e subiu para o primeiro andar, chegou próxima a sala de onde ele tinha supostamente adentrado e apenas a abriu. A vista de um ser sentado em uma das mesas bem no meio da sala foi vista, a sala parecia um pouco escura pois as cortinas ainda estavam de certa forma fechadas, mas poderia se dizer que não era das melhores já que parte da claridade passava por lá.
‘Ele’ de cabeça baixa, sua bolsa estava na cadeira ao lado, ele parecia a mesma pessoa de antes mas ao mesmo tempo sentia que era ele verdadeiramente ali, a pessoa no qual falou por pouco tempo, mas sabia quem era aquela pessoa por trás de tanto silêncio, era pouco, muito pouco na verdade, mas era demais pra ela. Fechou a porta atrás de si, aproximou-se do mesmo e ficou de frente a ele, ainda de cabeça baixa.
Cerca de alguns segundos depois da aproximação, levantou lentamente sua cabeça dando uma vista completa de seu rosto. Seu típico cabelo partido ao meio, suas bochechas pareciam mais rosadas que o normal, e seus olhos estavam mais fechados que o normal e saiam… lágrimas? Anny se espantou pelo que estava acontecendo a sua frete, mas deveria fazer algo pois os olhos a sua frente estavam nela.
- O que aconteceu? - falou e pousou uma de suas mãos em seu ombro, as lágrimas ainda escorriam pelos seus olhos e suas mãos agarradas a lateral da mesa onde ocupava seu corpo. Ele apenas colocou uma delas nos ombros dela, e em questão de segundos a puxou para um abraço. Anny de primeira não compreendeu ao certo o gesto, mas acertou e retribui.
Ficaram nessa mesma posição por certa de cinco minutos ou talvez mais, para ela foram míseros segundos. Nesse tempo pensava em como aquilo estaria acontecendo e tinha medo do que poderia ter acontecido com ele, Anny sentia algo molhado em seus ombros e supôs serem suas lágrimas, preocupada com tudo aquilo mas não querendo atrapalhar seu momento apenas ficou naquela posição até ele querer desfazer.
Quando desfeita, se deu conta de seus olhos inchadinhos e avermelhados pelo choro, ela puxou o comprimento de seu casaco para chegar até a palma de suas mãos e de forma delicada tentou enxugar as lágrimas ainda restantes, e passou um pouco por cima de seus olhos, Anny deu um sorriso de lado meio constrangida por ter feito aquilo e apenas esperou ele fazer algo, não queria interromper o momento e aguardaria quanto tempo fosse necessário.
- Obrigado por isso, desculpa por me ver assim, eu nem sei por qual motivo eu te chamei aqui - parecia meio envergonhado de ter feito aquilo tudo.
- Não fala isso, você me chamou não foi? Estou aqui pra te ajudar, não vou te julgar - disse calma. ‘Ele’ levantou sua cabeça e a encarou e sorriu meio de lado.
- Pareço meio idiota chorando na sua frente, mas eu sei que você é a única pessoa que não me julgaria - disse ele. A única? Ela fez uma expressão de quem questionava sua última afirmação e ele compreendeu - Ah, você sabe. Nunca ouvi você falando mal de mim, ao contrário de todas as pessoas daquela sala, esse é o motivo - ele não parecia nenhum pouco inquieto com a frase, estava do mesmo jeito de antes.
- Por que eu falaria mal de você? Não existe motivo. ‘Ele’… você é um ótimo aluno e eu te admiro por se esforçar tanto pra conseguir as melhores notas, e eu sei, parece ser estranho estar falando isso pra você mas, no fundo eu queria ser como você. Apesar das pessoas te chamarem de diversas coisas ruins, eu nunca achei que deveria fazer isso, sei que existe motivos para se isolar desse jeito e nunca falar com as pessoas, talvez por achar que as pessoas possam se aproveitar de você ou por serem falsas, eu entendo, eu juro, também tenho problemas em fazer amizades, na verdade em confiar nelas, mas isso é algo meu, e ninguém deveria falar nada, o que acabou de acontecer… deve haver um motivo eu sei, e me sinto muito frustrada, tem pessoas que não entendem o quanto pensar nas outras pessoas pode fazer muita coisa mudar. Se não quiser falar sobre o que aconteceu, tudo bem, eu vou te dar apoio por qualquer que seja, eu sei como é ter a confiança quebrada, e eu sei como é se sentir isolada também, e dói. - Anny sentia o ar faltar em seus pulmões por ter falado aquilo tão rápido e com todo seu coração. Ele apenas a olhava com seus olhos fixos nos dela e sentia que deveria falar algumas coisas, e ela apenas estava o esperando dizer.
Contou o que acontecia consigo desde novo, sobre seus problemas e como eles se tornaram ainda piores ao longo dos anos, não seria algo legal descrever isso por aqui, afinal, a parte boa de tudo é saber como solucionar seus problemas independente de quais sejam eles. Anny ouvia com atenção a toda sua narrativa como uma boa ouvinte, apenas o deixou confortável e assentindo pra ele continuar em alguns momentos dos quais ele precisava de apoio pra continuar a falar.
Por fim, ela o abraçou novamente, em resposta a tudo que havia contado, com seu sentimento de acolhimento que ela sempre teve.
- Eu dormi ontem à noite, desculpa não responder, qual seria sua pergunta? - disse ele na expectativa da pergunta a ser feita por ela.
- Ah… eu não lembro mais qual era - ela passou suas mãos pelos cabelos e colocou atrás da orelha e ambos se encaram, ele sabia que ela deveria esta mentindo mas não a pressionou. Ficaram naquela mesma posição por algum tempo até ele franzir sua testa e ela pensou que havia algo de errado, ainda em silêncio ela levantou as sobrancelhas em questionamento. Ele levou sua mão até a bochecha alheia parecendo limpar algo no local. Corou ao sentir suas maçãs queimarem e sabia mesmo que sem olhar, estava vermelha.
Anny sempre foi uma garota muito intensa e talvez impulsiva até mais do que gostaria, deveria ser por isso que suas notas nunca eram tão boas mesmo com demasiado esforço. E quando eu falo em impulsiva significa que ela simplesmente encarou o garoto e fixou seus olhos em um local específico do seu rosto, ele parecia saber o que ela queria mas não tomou partido. Ela se aproximou calmamente do rosto do garoto ficando centímetros perto dele, pousou sua mão na nuca dele e por mais que antes de se aproximar seus olhos estivessem fixos em sua boca, agora suas iris faziam parte da visão, parecia ter tanta coisa ali dentro que ela ainda queria tanto descobriu como funcionava, como seria e como reagiria descobrindo tudo, absolutamente tudo. ‘Ele’ também a encarava, e achava que nunca sentiria essa sensação algum dia, seus dedos suavam e apenas deixava ela fazer o que quisesse, ela teria permissão, ele não a impediria.
Anny sem excitar selou os lábios do garoto em um selinho, ele pousou uma de suas mãos em sua cintura da forma mais delicada possível, totalmente sem segundas intenções. Parecia ter durado eternidades até aquilo acabar, realmente parecia, mas não era. Eles sentiam apenas calmaria dentro si, toda a agitação já havia passado e tudo se tornava mais leve e simples. O som do sinal tocou, indicando que as aulas dariam início, no mesmo momento Anny se afastou dele assustada com o toque tão alto, sua expressão ainda era de susto, ele sorriu de lado com a careta. Ela percebeu de onde o som tinha vindo e sorriu por ter se assustado de forma tão exagerada.
- Vamos a aula vai começar - disse ele colocando sua mochila em suas costas.
- Sim, vamos - Anny respondeu e se movimentou indo a caminho para sala de aula.
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~ Qual mesa você está?
~ Vinte e três, tentei chegar mas cedo pra conseguir uma mesa, você sabe como é quase impossível conseguir isso nas quintas-feiras.
Ele sorriu lendo a mensagem enquanto caminhava para o colégio.
~ Talvez eu não demore muito, tenho que pegar algo na diretoria e vou te encontrar.
~ Tudo bem, estarei esperando.
Guardou o celular no bolso e minutos depois adentrou o portão do colégio, se encaminhou para diretoria pegando arquivos importantes e em seguida saiu a caminho da biblioteca. A procura de Anny, olhou ao redor tentando achar a mesa do número vinte e três, não teve dificuldade em acha-lá, mas se deparou com uma cena um tanto quanto nova pra ele.
Anny estava debruçada em cima de seus livros e anotações que estavam em cima da mesa, aquela cena parecia tão adorável pra ele que não excitou em pegar seu telefone e registar o momento.
Voltou aprecia-la, parecendo mais adorável do que o normal, sorriu imaginando o quanto aquilo era novo pra ele, como ainda existem pessoas nos quais podemos confiar, não vão te julgar, apenas vão estar do seu lado e te apoiar e te ajudar nos seus problemas, independente do que eles sejam. Anny foi a única pessoa amigável com ele esse tempo todo, e a única que não quis tirar proveito, ele nunca sequer ouviu ela tocar no nome dele, e saber que era uma pessoa incrível assim como imaginava e sentia, se tornou aquilo mais especial.
Ele finalmente poderia ser ele mesmo, era grato por ter Anny, e por ela está do seu lado agora.
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dream-of-akm · 3 years
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THREE - The way
Quebrando toda a conexão que ambos tinham criado, Anny apenas desviou seus olhos para sua blusa ainda manchada e ignorou totalmente a presença dele, se perguntando o que faria para arrumar toda aquela bagunça. Em meio a pensamentos dos quais não levaram a nenhuma solução, ele apenas tocou no seu ombro esquerdo, fazendo olhá-lo novamente.
- Tenta arrumar isso de alguma forma, eu tento distrair a professora com algo ou invento uma desculpa e você tenta resolver… eu sinto muito mas, eu não sei como te ajudar - Isso poderia até soar muito grosso, mas afinal, o que ele poderia fazer pra ajudar se não fosse falando com a professora? Infelizmente nada, ele era um garoto, não podia nem sequer entrar no mesmo banheiro que a mesma. Anny suspirou e pegou o copo antes preenchido pelo suco recém derramado, se levantou e apenas deu um sorriso forçado ao ser em sua frente sem mostrar os dentes, tentando parecer amigável.
- Eu vou tentar não demorar - apenas o olhou e ele assentiu, deu alguns passos se afastando da sala e adentrou em um dos banheiros do corredor no qual andava. Abriu uma das torneiras e tentou de alguma forma limpar toda a sujeira do local, mas só fazia piorar aquela situação.
Olhou para o espelho meio frustrada e sem saber exatamente como resolver tudo, parecia ter passado vários e vários minutos se encarando no espelho a fim de uma solução, ela disse que não iria demorar, mas o que faria então? Escutou um barulho vindo em direção da porta do local, virando a cabeça automaticamente vendo a silhueta de uma menina, em seguida vendo ser alguém conhecido, percebeu que era uma garota de sua sala, a menina de cabelo longos e ondulados se aproximou da mesma, a olhou e estendeu um tecido que havia em suas mãos. Aquilo parecia Deus enviando um anjo pra ajudar a resolver a situação, foi tão inesperada a ação que fez Anny apenas olhar a menina com uma expressão desacreditada daquele momento. Anny depois de alguns segundos ou talvez poucos minutos, acertou sua postura que antes estava encurvada e com seus braços em cima da pia a sua frente, ficando perfeitamente de pé em frente a garota, arrumou seu cenho e sorriu, estendendo sua mão para a garota.
- Muito obrigada, não sei como agradecer - sorriu sem graça apenas tentando retribuir o gesto, e pegando uma blusa da mão da menina.
- Não foi nada - a garota cujo qual Anny não se recordava o nome, apenas esboçou um pequeno sorriso e saiu do banheiro logo em seguida.
Anny entrou em uma das cabines, e se trocou, ainda que resmungando por sem querer ter molhado seu rosto com a parte do suco que havia em sua blusa. Saiu de lá, arrumando brevemente sua nova blusa que lhe foi dada em frente ao espelho, e ajeitando de forma simples seu cabelo.
Após alguns passos se encontrava na frente da sala de aula que deveria está lá a exatos vinte minutos atrás, respirou fundo ajudando seus nervos a relaxarem, se preparando por uma possível bronca no primeiro dia de reforço. Suspirou por uma última vez abrindo a porta a sua frente fechando e forçando um o pouco seus olhos em receio. Avistou sua professora de pé apenas explicando algo para os alunos ali presentes, apenas a olhou e assentiu, Anny assim se sentou na primeira cadeira que viu, buscando assim não atrapalhar mais a aula.
Ela se esforçou naquela aula pra tentar entender o assunto, até conseguiu no começo, porém seus pensamentos só seguiam em direção a aquele garoto o qual tinha se esbarrado mais cedo, e esse sentado de frente a professora, por qual motivo ele estava ali se era o melhor aluno da sala? o que será que ele havia dito a professora para ela não ter brigado consigo? Ela necessitava falar com ele, Anny não sabia que depois daquele momento sentiria vontade de ter aquilo toda hora, parecia ser egoísta ela querer o olhar dele só para ela? Na cabeça dela não.
Após ter passado as três intermináveis aulas, elas finamente chegaram ao fim, Anny se levantou para organizar suas coisas na bolsa e se direcionou seu olhar ao fundo da sala, a menina no qual tinha lhe ajudado estava ali sentada a poucos passos dela, então ele pediu ajuda a ela? Então quer dizer que ele fala com todo mundo sem ela saber, menos… com ela? Não conseguia entender mas, queria muito perguntar sobre todos seus questionamentos a ele, mas infelizmente não tinha coragem. Enquanto ele conversava com a professora sobre algumas coisas da aula dada, alguns alunos que estavam lá, o que não eram muitos, saíram deixando apenas três pessoas naquela sala quase vazia comparada a antes.
Anny sentiu um impulso, não se sabe exatamente de onde para ir falar com a professora e esclarecer o ocorrido, mas na verdade sua intensão era outra. Se aproximou de ambos ainda conversando e permaneceu próximos a eles, não tão próximo para não parecer invasiva, ficou apenas calada não querendo ser mal educada nessa situação. Não muito tempo depois eles perceberem sua presença e a professora iniciou uma conversa, enquanto ele também a olhava.
- Anny? Ah, não se preocupe com seu atraso já está tudo resolvido - foi compreensiva e sorriu de forma amigável.
- Ah.. tudo bem. Eu vim aqui pois pensei que deveria me explicar - Anny falou ainda meio que trêmula, mas.. ele tinha mesmo dito a verdade a ela?
- Não precisa, ‘Ele’ me contou, coisas assim acontecem o tempo todo - olhei pra ele e estava lá, aqueles olhos, me olhando, ela daria de tudo pra saber o que se passava por trás deles e tentar decifrar cada palavra emitida pelos mesmos. - Inclusive - pegou um dos livros que havia em sua bancada e entregou a ela - Esse é o livro do reforço, não excite em me chamar caso tenha alguma dúvida, ‘Ele’ é meu ajudante da disciplina, ele pode te ajudar quando precisar - disse levantando uma das mãos e apontando pra ele a sua frente, Anny não excitou em olhar novamente, mas dessa vem ele parecia tímido, ‘Ele’ apenas abaixou a cabeça e olhou para o chão.
- Tudo bem eu vou indo então - se despediu educadamente com um sorriso envergonhando e ambos retribuíram, saiu do local sentindo seu coração quase explodir. Não era exatamente um sorriso que ele havia dado mas, aquilo fazia ela tremer de certa forma.
Ele era o ajudante da professora, realmente era e isso a chocou no começo, apertou os livros que estavam em seus braços contra seu tronco e suspirou enquanto andava pelos corredores vazios do colégio, encontrando a saída e indo a parada de ônibus para ir pra sua casa.
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Já havia anoitecido e Anny terminava de revisar todos os conteúdos dado naquele dia, pousou sua caneta em cima do caderno e encostou sua coluna na cadeira e suspirou por ter terminado aquilo tão rápido. Geralmente Anny era muito dedicada a tudo que fazia, quando queria fazer algo ninguém tirava de sua cabeça, isso de certa forma era bom e ruim. Por está exausta e só querer descansar naquele momento, apenas se banhou brevemente, se vestiu e deitou na sua cama, ligou sua TV colocando na série que estava assistindo. Pegou o pacote biscoito que estava em cima de seu criado mudo e começou a comer enquanto via o seriado.
- Estou indo dormir okay? Tenta não dormir muito tarde - sua mãe disse na porta de seu quarto, lhe mandou um beijo, ela assentiu e retribuiu o beijo, a porta se fechou e sua atenção foi diretamente para TV novamente.
Não por muito tempo, até seu celular tocar, dando sinal que uma mensagem havia chegado.
Ainda centrada na TV, esticou seu braço esquerdo por cima da cama alcançando o celular dessa maneira, desbloqueou o mesmo ainda com seus olhos fixos na TV, até ler a mensagem.
~ Está tudo bem com você?
Desesperadamente arregalou seus olhos em choque ao ver quem havia mandado a mesma.
Tinha sido ele, exatamente ‘Ele’.
Ficou paralisada por alguns minutos apenas encarando a mensagem, por qual motivo ele havia perguntado isso a ela? Era oito e meia da noite, ele deveria ter algo melhor pra fazer, não acha? Se ele havia mandado a mensagem… então quer dizer que ele estava pensando nela, só de cogitar essa possibilidade Anny chegava a estremecer de euforia. Colocou seu pensamentos no lugar e tentou pensar sobre o que mandaria como resposta, já que fazia três minutos da visualização da mensagem, e ele estava on-line.
~ Estou bem, não sei o que disse para a professora hoje mais cedo, mas te agradeço mesmo assim por ter ajudado.
Releu mais uma vez e apenas enviou a fim de acabar com sua ansiedade. Visualizou, no mesmo, momento. Anny chegava a piscar de tão incrédula pela aquela situação toda, ficou de pé e andava pelo quarto de um lado para outro esperando uma reposta.
~ Não fiz mais do que deveria fazer, era o mínimo. A blusa ajudou?
Pera… então ele sabia sobre a blusa que aquela garota tinha lhe dado? Se ele havia comentando, possivelmente sim, então resolveu tirar logo sua dúvida.
~ Sim, ela ajudou muito, você pediu pra ela?
Receio a preenchia, será que deveria mesmo perguntar algo assim?
~ Sim, ela era a única pessoa que poderia ajudar.
Ela era a única? Anny se questionou mais e mais.
~ Ah, eu posso saber por qual motivo ela seria a única?
Apenas digitou e mandou por impulso, após um minuto que enviou, não obteve resposta. Anny se desesperava e sabia que não deveria fazer aquele tipo de pergunta a ele, quem ela era? Ela não precisava saber sobre a vida pessoal dele, e nem sobre ele, ele não tinha esse tipo de obrigação e ela entendia ter recebido aquele vácuo de graça. Anny xingava a si mesma por ter sido tão idiota, eles nem eram amigos, nem sequer conversavam, o que se passou pela cabeça dela em pensar que poderia receber a resposta de uma pergunta assim? ‘Ele’ apenas se preocupou em perguntar como ela estava e se tinha dado tudo certo, mas como sempre Anny agiu por impulso, e na sua cabeça estragou até aquilo que nem sequer chegou a existir. Ainda tomada pela frustração apenas digitou e mandou sem querer saber mais o que viria a seguir.
~ Desculpa fazer esse tipo de pergunta, eu sei que você não me deve esse tipo de resposta, nem nos falamos direito, apenas desconsidere a pergunta e diga a ela que irei devolver a blusa amanhã sem falta, muito obrigada por ter ajudado!
Anny jogou o seu celular em cima da cama se deitando na mesma e encarou o teto, queria esquecer tudo aquilo e deixar pra lá. Ajeitou sua postura na cama ficando sentada e continuou a ver sua série. Ainda em pensamentos escutou um novo som de notificação o que fez olhar para o celular, ainda longe e fixar seus olhos nele. De uma forma rápida e ligeira se jogou em direção do mesmo e o pegou, lendo a mensagem que havia chegado.
~ Ah, não tenho problema em responder isso, pode perguntar se quiser, eu não me importo.
Ela sentiu um alivio que ele do outro lado do celular, mesmo não estando em uma chamada ou algo do tipo, conseguia sentir seu suspiro.
~ Ela é minha prima, é alguém de confiança pra mim por isso mensionei.
Então eles não eram… um casal? Por um momento um fiozinho de esperança dentro dela parecia surgir, mas ao mesmo tempo uma pulga atrás da orelha também surgiu. Ele nunca falava com ninguém no colégio, pelo menos ela nunca havia visto uma cena assim, pensava que nem sequer mandava mensagem pra falar com alguém de lá, por qual motivo ele estaria fazendo isso justamente com ela? Ele nem olhava pra ninguém e do nada, fez isso com ela, o que se passava na cabeça dele? O que ele pensava sobre ela? Por que era assim desse jeito? E mais e mais perguntas rodeavam a cabeça de Anny, que se segurava pra de algum modo não sair bombardeando o mesmo com suas várias perguntas e assusta-lo ou afastá-lo de certa forma. Respirou e apenas mandou.
~ Que bom que você tem alguém na escola com quem possa confiar, infelizmente eu falo com várias pessoas mas tenho muito medo de compartilhar minhas coisas com alguém, fico feliz que tenha alguém pra te ajudar em momentos assim.
Apenas respondeu.
~ Eu não falo muito com ela, foi meio que uma situação de urgência, não tinha como excitar.
~ Ah… desculpa se sentiu incomodado por pedir algo assim pra ela.
~ Não entendo por que ainda continua se desculpando, se foi eu quem causou aquilo tudo, não se culpe por isso, eu sinto muito pelo que aconteceu.
Ela leu aquilo tantas e tantas vezes e sorriu feito uma boba, que ela jurou quase corar com a mensagem. Não sabia o que mandar em seguida, mas não querendo cortar a conversa e fazê-la morrer por ali, resolveu fazer mais uma de suas perguntas.
~ O que disse a professora? Juro que nunca vi ela tão compressiva quanto hoje.
E a conversa apenas continuou e fluiu.
~ Eu não falei o que aconteceu realmente, não se preocupe, eu só disse que você iria se atrasar e apenas confiasse em mim, ela confiou em mim e não me questionou nada.
~ Ainda bem que não contou nada mesmo tendo que fazer algo pra ajudar, me sentiria mais envergonhada em saber que ela sabe o que aconteceu.
~ Eu imaginei que sim, por isso não comentei.
~ Obrigada de novo, e… como você sabe meu nome?
~ Você é da minha sala, como eu não saberia?
Pois é Anny, por qual motivo ele não saberia?
~ Não sei, eu nem apareço muito nas aulas, nem falo participo, pensei que não saberia.
~ Você é muito na sua, como eu, não tem como não saber quem é você.
~ Ah, entendi.
Ela não sabia… mais o que falar? Pensou, e mais uma vez pensou e mandou a primeira coisa que veio a sua cabeça.
~ Posso te fazer uma pergunta?
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dream-of-akm · 3 years
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THREE
Esses são momentos dos quais eu quero lembrar..
Será que realmente você pode encontrar uma pessoa que possa está com você? Existem pessoas destinadas a estar com você, mesmo não percebendo isso, e ela não faz ideia que você poderia ficar ao seu lado. Mas afinal o que seria amor? Isso não importa agora, importa o que ele pode fazer com você, e como ele pode ser controverso as vezes, como sempre foi pra ‘ele’.
‘Ele’ não se importa com amor, sempre foi uns dos melhores garotos da sua escola e não fazia tanto esforço para atingir tal coisa, sempre prestava atenção a suas aulas de forma cautelosa e nunca deixava suas dúvidas em pendências, era o típico garoto que não se enturmava com ninguém, era invejado por toda sua turma, mas ele queria estar longe de tudo aquilo e evitava qualquer tipo de relacionamento, afinal só queria ficar sozinho o quanto pudesse, e assim fazia.
Talvez isso tudo fosse preocupante, mas quem acharia? Ninguém realmente se importava com ele, pelo menos era esse seu pensamento, não se importava com a opinião dos outros. Anny era aluna da mesma sala e nunca teve muitos amigos também, apesar de sempre se esforçar para ter notas melhores sempre se frustrava em suas tentativas, ela não conseguia fazer nada que atendia a suas expectativas e isso chegava a ser frustrante pra ela, quando será que finalmente ela conseguiria tudo ao qual desejava? Chegava a ser impossível pra ela, se cobrava ao ponto de se culpar por dias e talvez meses, e isso infelizmente acontecia porque ela sempre levava os pontos negativos mais em conta do que os diversos outros pontos.
Anny admirava ‘Ele’, mas em segredo, admirava ao ponto de chegar a gostar dele sem nem trocar uma palavra com o mesmo, as coisas que ouvia sair de sua boca eram apenas de respostas de aula onde os professores o perguntavam diretamente ou até mesmo em apresentações de seminários, no qual, impressionantemente o fazia sozinho e não cometia um erro sequer. Ela ficava abismada com cada coisa que ele falava, que por mais que não o conhecesse sabia o quão incrível ele deveria ser, nunca teve brecha pra qualquer contato com ele, evitava contato visual de todas as maneiras possíveis e ignorava as pessoas ao seu redor quando questionado algo por eles.
Um certo dia Anny estava em sua aula de reforço de História, já passava mais de 1 hora de aula e sua cabeça estava explodindo, era final da tarde e tinha passado o dia todo na escola e tido aula desde muito cedo, por já está exausta da aula, pediu ao professor para ir tomar água e saiu no meio da aula para tomar um ar, andou pelo longo corredor e ficou pensativa de como seria sua vida após o vestibular, essa era uma das coisas que mais a preocupava, talvez sua ansiedade piorasse tudo e não permitisse pensar em algo melhor para tudo dar certo. Anny sentou-se em um dos lugares que mais gostava de ficar naquele colégio, em baixo de uma árvore, após alguns minutos sentada no local percebeu a presença de alguém se aproximando do seu lado esquerdo e andando pelo corredor que ela havia percorrido. Olhou para o local a fim de saber quem seria a pessoa por pura curiosidade apenas, e era ele, estava com sua habitual bolsa em suas costas e vestia o mesmo uniforme de sempre, seu cabelo castanho escuro partido ao meio como de costume, ao perceber, ela abaixou a sua cabeça evitando não olhar para ele vindo em sua direção.
Ele se aproximava ainda mais de onde ela estava e ela queria muito ficar o observando já que ele não se importava com olhares em volta de si, e nem mesmo o retribuía. Quando ele havia chegado próximo, ela teve que levantar sua cabeça para olhá-lo, e ao passar a sua frente, ele por algum motivo, retribuiu o olhar pra ela enquanto ainda andava pelo corredor, Anny desviou o olhar imediatamente e sentiu seu coração parar por um segundo e acelerar seus batimentos com aquele olhar totalmente inesperado, tentou respirar e percebeu a presença do mesmo se afastando ainda mais, e o olhou novamente para o mesmo ainda que de costas.
- O que acabou de acontecer? - sussurrou pra si ainda com uma das suas mãos em seu peito ainda incrédula com tudo aquilo.
Anny ainda permaneceu naquele mesmo lugar por alguns minutos, e não é muito difícil de imaginar o que pensou durante esse tempo, pensava no vestibular como sempre fazia? Dessa vez infelizmente não era, levando em conta os acontecimentos de minutos atrás. Ela achou que deveria ter algo de errado com ela, ainda pegou um espelho que sempre ficava no seu bolso em casos de imprevisto, e observou nada além do mesmo rosto de sempre, não havia nenhuma mancha, nem mesmo mesmo seu cabelo estava bagunçado com o vento que pairava o local, não havia nada de errado com ela. Se perguntou os diferentes motivos dele ter olhado pra ela, mas não conseguia encontrar, será que tinha falado algo errado na aula? Revisou tudo que havia dito nas aulas durante aquele dia e não havia nada ao qual devesse se preocupar, será que ele a odiava? Deveria ser pena, e foi esse o motivo que ficou em sua cabeça, e o o único que fazia o total sentido.
Após ter todos os seus pensamentos envolta dele durante esse tempo, se levantou e andou até a sua sala se questionando se sua aula já estava no fim. Passou pelo longo corredor e abriu a porta de sua sala, fechou a porta atrás de si e sentou no seu lugar. Não demorou muito tempo para que o professor terminasse sua aula e todos saíssem, colocou os livros e seu caderno em sua bolsa e acompanhou as últimas pessoas que saiam do local e se dirigiu a saída do colégio e indo para a parada de ônibus ali próximo. Anny estava exausta, terça feira era um dos dias mais cansativos pra ela, mesmo após longas aulas sabia que ao chegar em casa teria que revisar toda matéria, apesar disso sentia seu corpo pesado e só esperava chegar em casa o mais rápido possível e se sentiu mais aliviada. Não demorou muito para o ônibus chegar, apenas entrou no mesmo, sentou nas últimas cadeiras e colocou seus fones de ouvido algo essencial a suas idas pra casa e colocou a playlist habitual no aleatório, apreciando o vento gelado de um fim de tarde vindo da janela tocarem seu rosto, fechou os olhos em pensamentos encostando sua cabeça por ali e pensou “mas por qual motivo ele fez isso?”. Sem perceber, despertou de seu breve sono se dando conta que sua parada era a próxima, às pressas saiu do seu lugar e desceu do ônibus, traçando o caminho até a sua casa.
No dia seguinte ao chegar ao colégio não sabia como reagir perto dele, não sabia se deveria olhá-lo pois tinha receio do mesmo fazer algo parecido de ontem, quando a professora lhe fazia uma pergunta ela se segurava para não direcionar seu olhar ao mesmo, ainda de questionando a mesma coisa de ontem, ainda mais nervosa hoje por estar na mesma sala que ontem, se puniu por pensar isso até demais e resolveu pensar em outras coisas mais úteis a ela no momento.
- Qual seria o resultado Anny? - a professora de matemática perguntou, ela não sabia o que falar pois estava perdida em seus pensamentos, se sentindo um pouco pressionada, olhou para ele e o mesmo estava com sua cabeça inclinada anotando algo em seu caderno, e sentiu vergonha da situação.
- Pode repetir? - teve que escutar a sala toda cochichando atrás de si e sentiu suas pernas tremerem um pouco e começou a suar frio.
- Qual o resultado dessa equação? - a professora apontou para o quadro com seu piloto e em reposta ao seu nervosismo Anny respondeu rapidamente.
- 37? - mordeu seu lábio triste consigo mesma e sentiu a negação vindo da professora.
- Anny eu te avisei que da próxima vez seria a última, a partir de hoje você fará parte dos reforços todas segundas e quartas - sem reação Anny apenas assentiu e sentiu o peso de todos os olhares em sua volta, voltou a anotar o que estava escrito no quadro mas antes disso não deixou de olhar para o ser que permanecia em sua cabeça desde dia anterior, e se encontrava do jeito de antes, era por isso ela tinha certeza, ele a menosprezava internamente e ela sentia isso vindo dele, talvez sua ansiedade contribuísse por tudo aquilo e se culpava de todas as formas possíveis como sempre fez.
Não demorou para todas as aulas acabassem aquele dia, mas para a tristeza de Anny teria que passar mais um dia inteiro naquele lugar e isso a frustrava pois a quarta era o único dia que tirava pra si, fazia o que sentia vontade sem se dar conta que o vestibular estava o mais próximo possível de chegar, faltava míseros 5 meses, não sabia se seria bom passar logo por isso e talvez se frustrar no final ou sempre sentir esse nervosismo ao pensar no exame ao decorrer daquele ano.
Comprou o seu almoço no refeitório e fez sua refeição por lá mesmo enquanto assistia alguns vídeos em seu celular, por esse motivo se deu conta que estava em cima da hora para ir a aula, deixou seu prato no local adequado e se apressou em caminho da sala com seu copo de suco na mão direita. Subiu as escadas as pressas e andou um pouco ao longo do corredor até chegar, saberia que levaria reclamação da professora, não pelo horário, afinal estava exatamente na hora, porém saberia o quanto ela iria falar que deveria melhorar para ter um bom desempenho no exame final e como isso era importante pro seu futuro. Estava em frete a porta e respirou fundo um pouco antes de entrar, ao estender a sua mão direta para abri-la, a porta abriu sem seu toque, a porta então bateu em sua mão fazendo com que derramasse o suco sobre si.
Espantada com que havia acontecido, não conseguiu esconder a tristeza em seu olhar e se ver toda molhada pela bebida, passou os olhos pelo seu uniforme que agora estava em outra colocação e tentou passar sua mão por cima da camisa a fim de melhorar a situação, sem sucesso. Ainda sem entender o acontecimento, levantou seu olhos pra pessoa a sua frente, a pessoa a qual tinha aberto a porta e ocasionado todo aquele acidente, e sim, era ele, mais uma vez.
Ambos olhavam um para o outro fixamente, ele possuía arrependimento em seu olhos e ela tristeza, ela não acreditava que um dia poderia sequer poder presenciar o momento presente, ela sentia pena dela mesma só pelo olhar dele, ele parecia dez vezes mais desesperado que ela e isso era bem nítido, ainda extasiados e de frente um para o outro, o quase impossível aconteceu.
- Me desculpa - ele ainda permanecia seu olhos fixo nos dela, ela estremeceu um pouco e piscou algumas vezes tentando assimilar.
Obviamente a situação não era boa, mas em olhar naqueles olhos por um longo tempo a fez perceber que ele não era tudo que ela imaginava, seu olhar profundo e misterioso demostrava preocupação sobre ela, percebeu que ele não a via como alguém desprezível, e sim, ele era uma pessoa como qualquer outra, a pessoa o qual ela gostava estava ali a sua frente, e pela primeira vez em todo aquele tempo ele olhava pra ela, o mesmo melhor olhar de sempre, mas naquele momento eles eram todos voltados unicamente pra dela.
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dream-of-akm · 3 years
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TWO - End
Katherine permanecia presa naquele olhar, não conseguia desviar, era como se aquele momento fosse único, infelizmente não demorou muito tempo.
- Não vou conseguir dormir, faça desse jeito, não precisa contar pra ninguém - Foram as primeiras palavras de Jake pra ela. Kathe não sabia como reagir, esperava que ele falaria algo que ela estava fazendo de errado, não conseguia falar nada apenas assentiu com a cabeça e continuou. Ele seguiu seu olhos fixados nela esperando ela fazer o que tinha que fazer. Kathe não conseguia parar de tremer ao sentir o olhar dele sobre ela, tinha medo mas ainda mais vontade de encarar aqueles lindos olhos redondos e brilhantes.
- Por favor só feche os olhos, possa ser que alguém venha e veja você assim - Ainda um pouco envergonha disse e logo em seguida ele fechou seus olhos. Ela seguia fazendo todo o procedimento, e por alguma razão queria ficar ao lado dele por mais tempo, ela sabia que ele era muito bonito e concordava com as coisas ditas pelas garotas, ela simplesmente, de alguma maneira, queria ficar próxima do garoto dos olhos bonitos e olhar para eles até cansar. Kathe piscou várias vezes se desfazendo de seus pensamentos e colocou a mão dele junto ao corpo dele ainda deitado, se sentou na cadeira próxima a maca improvisada, entrelaçado suas próprias mãos entre si envergonha. - Já acabei, já pode abrir os olhos se quiser - Era tudo que ela queria. Ele abriu seus olhos, se levantou e a encarou, ela retribuiu o olhar dando um sorriso sem graça, Jake retribuiu saindo de lá logo em seguida. “Eu pareço uma idiota, ele nunca vai prestar atenção em mim, ele é bonito demais” os pensamentos dela se voltavam a isso.
Não demorou muito até se levantar e organizar suas coisas pra ir para casa já que o horário da aula já tinha acabado, finalmente o 1° dia havia passado, não sabia o que sentir nem descrever seus sentimentos sobre os momentos ocorridos, como poderia começar a ter certos sentimentos por alguém que aparentemente foi grosso com ela? Nem isso ela saberia responder, mas ela iria encontrar a resposta em breve.
Após chegar a sua casa se debruçou em sua cama e fez uma breve análise de todo o ocorrido, ligou sua TV para ver algo para se distrair e não muito tempo depois escutou seu celular tocando, aproximou-se dele e se deparou com uma mensagem.
Estou com seu relatório da aula de hoje, te entregarei amanhã
- Jake
Ela não conseguia demonstrar nenhuma reação a mensagem recebida, mas seu corpo todo tremia por dentro e sua cabeça só conseguia pensar no encontro deles dois e que eles iriam se falar, e em seus pensamentos ela dizia “o que tá acontecendo comigo? Não acredito que eu estou gostando daquele idiota grosso e ainda mais de seu estilo todo esquisito”, mas no fundo ela sabia, Kathe tinha amado seu estilo e estava apaixonada pelo olhar dele e isso não teria como negar.
No dia seguinte Kathe chega a faculdade e encontra com Maciel antes do começo das aulas.
- Você irá para a festa do Nathe? Acho que ele convidou todo mundo que estudou conosco ano passado - Maciel pergunta.
- Provavelmente não, não sou muito fã dessas festas, nenhum amigo próximo meu vai além de você, então acho meio chato ir - Kathe afirma e em seguida eles se levantam.
- Tudo bem! Eu já imaginei que você não iria mas não custava perguntar - Maciel riu para ela e eles caminharam juntos para sala de aula. O professor começou sua aula tranquilamente, enquanto o professor discutia sobre o assunto com os alunos de forma bem divertida e aberta a discursões, Kathe comentava muito sobre a matéria com Maciel que havia sentado ao seu lado, eles chegaram a lembrar de vários professores da sua antiga escola no meio da explicação, e ambos riam de vez em quando.
Em meio a tudo aquilo, Kathe havia lembrado que teria de se encontrar com Jake e pegar seu relatório, olhou de forma discreta para sala a procura do mesmo, ele estava deslumbrante como da última vez, usava uma t-shirt preta e seu cabelo parecia está alinhado e perfeitamente arrumado, mas estava da forma mais despojada possível. Ele estava com seu olhar fixo ao professor com uma de suas canetas na mão, seu cotovelo posicionado em cima da cadeira e sua mão próxima ao seu rosto ainda com a caneta. Jake abaixou sua mão para anotar algo e Kathe escutou uma voz ao seu lado.
- Vamos na biblioteca depois das aulas? Queria pegar um livro - Maciel disse quebrando os pensamentos dela.
- Claro, eu já iria passar a tarde por lá mesmo - Ela confirma e volta sua atenção a aula. “Acho que isso vai me matar, não consigo me controlar” disse em meio aos seus pensamentos com relação a Jake.
Após ao término de todas as aulas, Kathe deu uma olhada no local, e sentiu a falta dele na sala e ficou confusa pensando se havia ido embora sem lhe entregar o relatório, esperou tanto por esse momento do dia mas parecia que não iria acontecer.
- Podemos ir? - Maciel pergunta ao seu lado, ela ainda se certifica mais uma vez o local à procura daquela pessoa, mas sem sucesso. Termina de colocar suas coisas na bolsa e se direciona a Maciel.
- Sim, vamos! - Ambos saem da sala e vão a caminho da biblioteca. Enquanto eles andavam o silêncio pairou, até Maciel o corta-lo.
- Você parece meio pra baixo hoje, aconteceu algo? - Maciel tenta ser amigável.
- Ah... deve ser impressão sua, talvez seja porque não dormi como deveria ontem à noite, devo estar um pouco cansada - Ela mentiu, não que ela não tenha dormido bem, mas a causa principal não era essa, pensou durante toda a noite sobre a tal mensagem recebida pelo garoto dos olhos brilhantes, não queria que fosse algo perceptível e torcia para aquilo ser uma desculpa boa e ele não insistisse no assunto.
- Eu entendo, ontem eu fiquei acordado a noite toda, fiquei pensando como seria o dia hoje, a ansiedade não colabora - Disse ele colocando suas mãos nos bolsos de sua calça.
- Parece que essa palavra me define muito, sou movida a ela em todos os sentidos, é horrível tudo isso, é horrível pensar demais e imaginar o quanto você pode ter magoado alguém ou decepcionado alguém mesmo sem ter acontecido, mais ainda quando você sofre por antecipação sua cabeça parece um turbilhão - Kathe desabafa implicitamente sobre como está se sentido sem citar nomes, e aparentemente queria demonstrar que se sente da mesma forma que ele.
- É bem complicado, as pessoas não sabem o quanto - Ele complementa e abre a porta a sua frente para entrarem na biblioteca.
- Meu Deus é enorme, não achei que fosse tanto - Katherine fica encantada com o tamanho do lugar.
- Achei que já tinha vindo aqui - Maciel comenta e sorri - Vamos a seção fica do outro lado - Kathe o acompanha.
- Que livro você veio pegar? - Pergunta ela.
- Anatomia, eu simplesmente estou apaixonado pela matéria, com a aula de ontem só fez aumentar - Ele claramente estava muito empolgado enquanto falava tudo aquilo, seus olhos esbanjavam claramente a felicidade ali sentida.
- Definitivamente minha matéria favorita do semestre, não tem pra onde correr - Kathe ri sem graça e continua acompanhando ele. Chegando na seção desejada, Kathe senta em uma das mesas enquanto Maciel se dirige a um dos corredores para pegar seu livro. Ele volta ao encontro dela e coloca um dos livros em cima da mesa.
- Peguei esses pra você, acho que vai precisar - Diz ele com um sorriso envergonhado.
- Obrigada! Irei precisar mesmo, eu vou ficar por aqui então não precisa me esperar - Kathe disse e abriu um sorriso em agradecimento.
- Tudo bem, te vejo amanhã! - Maciel acena e desce as escadas a caminho da saída.
Kathe sozinha no local, abre seu material e coloca sobre a mesa, pega seu celular, coloca uma música qualquer de sua playlist e começa a estudar. Se perde completamente em meio às imagens e ilustrações do livro de anatomia, ela era fascinada por aquilo, amava tudo que via e aprendia, anotava em seu caderno fazendo uma revisão de tudo estudado na aula anterior, adiantando também os próximos assuntos já que passaria praticamente o dia todo por lá. Mas qual será o motivo dela querer ficar o dia todo lá?
Em meio aos seus estudos, não se sabia quanto tempo já tinha passado, mais de 1 hora talvez? Acho que nem ela se tocava de quanto tempo seria. Sentiu a presença de alguém ao seu lado, mas tentou ignorar pensando ser uma pessoa que estava com alguém da mesa vizinha a sua. A pessoa colocou um papel em sua mesa, desviando sua atenção a ele e em seguida a pessoa ao seu lado, era ele, seu coração congelou por um minuto e começou a se formar borboletas em sua barriga, mas qual o motivo dele mexer tanto com ela? Nem ela conseguia compreender. Ele ainda vestia a mesma roupa de mais cedo, impecável de todas as formas, tinha uma expressão neutra e séria que combinava totalmente com seu ar, mas por qual motivo ele não estava no final da aula? Era a dúvida.
- Ah... muito obrigada! - Falou meio sem jeito e sem saber o que dizer em seguida mas não queria que algo acabasse ali - Não te vi no fim da aula por isso não esperei - Completou, mas se tremia por dentro com medo dele corta-la ou apenas ignora-la.
- Tinha algo a resolver por isso não assisti a última aula - Ele foi bem sucinto, suas mãos estavam dentro de seu sobretudo, e permaneceu parado do mesmo jeito que chegou.
- Como você me encon... -
- Não precisa agradecer - Ele falou ao mesmo tempo que ela e ficou meio envergonhado com a situação. Kathe sorriu devido ao acontecimento ficando um pouco vermelha e ele continuou meio sem graça. - Desculpa, é que eu vim buscar um livro por aqui, acabei te encontrando e resolvi te entregar, não queria mandar mensagem pra não parecer inconveniente - Falou arrumando uma das mechas de seu cabelo em frente aos seus olhos. Mal sabia ele o quanto ela ficaria feliz por uma outra mensagem, ou será que ele sabia? Talvez ele imaginasse? Ela não sabia a resposta, mas sempre vinha um grande não em sua cabeça, aquilo nunca iria acontecer de fato.
- Tudo bem, como somos colegas de classe não tem problema me mandar mensagem sobre coisas da faculdade, eu não me importo - Kathe o respondeu olhando naqueles olhos que ela amava tanto ver e se perder dentro deles, não sabia o que sentia ao olhá-los mas era algo que nunca havia acontecido com ela.
- Certo! - Ele fez uma pausa dramática, ambos se encararam e não sabiam o que fazer, por qual motivo ele ainda continuava lá? - Você está estudando? - Ele perguntou e ela assentiu, ela tremia por dentro que não conseguia nem sentir seu corpo.
- Você vai estudar também? Se quiser pode se sentar aqui, já que as outras mesas estão ocupadas - Kathe quase não acreditava nas palavras ditas naquele momento, mas ela queria tentar aproxima-lo dela e saber sobre ele, de onde veio, seus hobbies, como escolheu o curso e várias coisas, tentar saber tudo a respeito do garoto misterioso. Ele olhou em sua volta e parou seu olhar nos olhos dela, parou ali por alguns segundos e finalmente respondeu.
- Pode ser - Disse ele, e mais uma vez o corpo dela estremeceu ao sentir ele puxando uma cadeira ao seu lado para sentar.
Eles conversaram bastante, até demais, a cada palavra que ele soltava ela sentia um frio subindo por sua barriga, não chegaram a tocar sobre assuntos pessoais mas falaram muito de anatomia, afinal, era a paixão dele também assim como a dela. Tudo fluía tão bem, a conexão, as falas, absolutamente tudo, ela já estava acostumada naquele mundo só deles e queria que aquela conversa, que aquilo não acabasse nunca, mas infelizmente não era assim.
- Já está escurecendo, melhor irmos para casa - Disse ele depois de uma tarde de estudo.
- Se quiser pode ir, eu vou ficar por aqui - Kathe diz com um sorriso de canto e ele parecia meio confuso.
- Não está meio tarde pra você ficar por aqui? - Ele demostra preocupação.
- Ah, meus pais ainda não estão em casa, então não tem motivo para ir agora... - Disse ela, era verdade, mas será esse o real motivo?
- Você não tem a chave de casa? - Perguntou ainda confuso.
- Tenho sim, mas acho melhor ficar por aqui - Ela não queria contar o real motivo, não queria se abrir pra ele logo de cara, afinal mal falaram sobre suas vidas pessoais.
- Então vou indo - Disse ele se levantando e ainda meio confuso. - Até amanhã Kathe - Sorriu de lado e ela retribuiu.
- Até amanhã Jake - Ela respondeu, até eles escutarem um barulho, a barriga de Kathe roncou e ela ficou meio constrangida com a situação. Ele ainda está lá, parado olhando fixamente pra ela sem esboçar nenhuma reação, o que havia em seus pensamentos?
- Eu sei que pode ser esquisito mas, não quer ir pra minha casa comer algo? Não me entenda a mal, mas é que... eu não quero te deixar só a essa hora da noite por aqui - Passa a mão em sua nuca meio envergonhado pela pergunta e com um pouco de arrependimento em seu olhar. Ela não sabia o que pensar, ele estava preocupado com ela ou faria algum mal? Ela sentia que ele não era uma pessoa ruim, mas eles mal se conheciam. Pensamentos assim pairavam pela sua mente, mas o que mais permaneceu foi saber que ele estava preocupado com ela, ele simplesmente poderia ter ido embora, mas não o fez, se ele quisesse fazer algo ele já teria feito durante o estudo, Jake era o típico garoto que toda menina se apaixonaria, não pela sua aparência, óbvio que ele era encantador, mas o seu modo de tratar as pessoas com gentileza apesar de não transparecer muito era único, e isso era um choque para pessoas que não o conheciam de fato. Por fim, ela respondeu a sua pergunta.
- Não se importaria se eu fosse? - Dentro ela esperava gentilmente que ele respondesse não, ela tinha seus motivos de permanecer ali e não querer ir para casa, ver que alguém que estava se importando com ela tinha afetado seus sentimentos.
- Não - Ele responde de forma firme porém ainda envergonhado. Ela olha para ele e da o sorriso mais sincero possível.
- Então tudo bem - Diz ela. Ele não fala nada, apenas aguarda ela guardar suas coisas e ambos seguem para fora da biblioteca.
Na saída da biblioteca ela para e ele continua andando pra uma direção não habitual, ele para e olha pra trás se perguntando internamente o motivo dela ter parado de andar.
- O ponto de ônibus é por ali, não é? - Estava bem confusa.
- Ah... eu estou indo para o estacionamento - Ela congelou ainda mais, sem reação, não era pra menos, ele se vestia maravilhosamente bem, por que ficou tão chocada em saber que ele tem um carro? Se desviou de seus pensamentos e apenas concordou e o seguiu.
A caminhada ao carro foi bem silenciosa, eles entraram no carro e saíram da faculdade. Ela abriu a janela do carro a fim de respirar o ar fresco, ele havia colocado uma música sem batida e sem letra, era música clássica com toques suaves de piano mas nada muito pesado, ela amou cada segundo daquele momento e se perguntava o que estava se passando em sua cabeça para ter topado aquilo tudo, ela deveria ter vergonha por ir a casa de um estranho sem conhecê-lo. Ele entrou em um condomínio e parou o carro próximo a um dos prédios, ambos ainda envergonhados saíram do carro e ela apenas o acompanhou. Pegaram um elevador e ali o silêncio foi quebrado.
- A sua casa é um pouco longe achei que você morasse mais perto - Kathe disse após ele apertar em algum botão dentro do elevador.
- Já me acostumei de ser longe da faculdade, na realidade longe de tudo, até gosto dessa forma - Diz ele.
O elevador se abre, se direcionam ao apartamento e entram no mesmo. Katherine se assusta em não haver ninguém na casa dele, e quase deixa isso bem claro na sua expressão.
- Não vou fazer nada com você, eu só moro sozinho - Tentou acalma-la, ela ainda permaneceu seus olhos nele.
- Onde seus pais moram? - Parecia curiosa, tudo que ela queria saber era coisas sobre ele.
- Eles moram em outro estado, me mudei quando passei na faculdade - Ele parecia calmo enquanto colocava sua mochila em uma das cadeiras ali próximas. Ela se sentou no sofá que havia no local e apenas esperou algo vindo dele.
O lugar era bem pequeno, mas não tão pequeno para apenas uma pessoa morar, Kathe pairou seus olhos pela casa e tentou ver os mínimos detalhes, era bem aconchegante, a sala possuía alguns quadros bem diferentes espalhados ao lado da televisão, as cortinas eram escuras típico do Jake, ela mal o conhecia mas já sabia tanto e queria tanto saber mais sobre ele. Enquanto isso ele caminhou até a cozinha para fazer algo, mas ela ainda conseguia vê-lo.
- Você costuma jogar? - Disse Kathe após ver um vídeo game na estante da sala, e sorriu.
- Sim, eu faço isso quando estou entediado - Falou do outro lado da cozinha - Você come macarrão? - Questionou.
- Quem não come macarrão? - Kathe perguntou ironicamente segurando a risada. Mas quando eles tinham se tornado íntimos para ela falar daquele jeito? Nem ela sabia, só sentia que deveria fazê-lo. Ele apenas acompanhou ela e sorriu junto. - Quer que eu te ajude? -
- Não precisa - Ela o encarou e apenas fixou o olhar nele o acompanhando andar pela cozinha enquanto tentava fazer algo pra comer. Jake saiu da cozinha e sentou ao lado de Kathe e apenas olhou em direção a televisão por alguns segundos e em seguida para ela, que o olhava desde quando estava na cozinha. - Que jogar? - Ele perguntou meio inseguro.
- Eu sempre gostei de jogos, mas eu sempre fui ruim então eu nem chegava a jogar, mas posso jogar - Ela realmente não era muito boa em jogos mas achava incrível quem era bom naquilo, ele pegou os controles e entregou um deles a ela enquanto se sentava no mesmo lugar.
Eles começaram a jogar, e riam do quão desastrada ela era jogando, Katherine não queria que aquele momento passasse tão rápido, ela sentia que ele já estava se tornando uma pessoa especial pra ela, ela sentia medo de sentir aquilo tudo e parecer idiota na frente dele, estava realmente interessada nele, no garoto com roupa esquisita do primeiro dia de aula, nunca imaginaria o que poderia acontecer um dia depois.
- MEU DEUS JAKE O MACARRÃO - Kathe fala ao se lembrar que ele havia deixado o macarrão no fogo e ido jogar. Ele imediatamente corre para a cozinha e desliga o fogão.
- Sorte que não queimou - ele sorriu de lado enquanto colocava o macarrão nos pratos.
- Onde fica o banheiro? - Kathe se levanta esperando a resposta.
- Na primeira porta do corredor à esquerda - Diz ele, ela chega a se direcionar ao local, mas por estar olhando para as coisas da casa acaba batendo sua cabeça em uma das paredes.
- Com eu sou idiota - Começa a rir com uma de suas mãos no local machucado. - Tá tudo bem, eu não quebrei nada - Falou para ele escutar. Foi ao banheiro ainda com a mão no machucado apenas fez o que tinha pra fazer e se encarou no espelho antes de sair, arrumou seu cabelo e pensou as mesmas coisas de antes, e apenas saiu de lá.
- Já está pronto - disse ele com dois pratos na mão enquanto ela se sentava no sofá. Entregou um deles para Kathe e se sentou.
- Porque me chamou pra vim aqui? Só por causa da comida? - Perguntou ela, queria mesmo saber o que se passava em seus pensamentos. Permaneceu em silêncio enquanto ainda mastigava a comida.
- Não sei, acho que é por que nunca tive muitos amigos, queria parecer amigável - Disse ainda olhando para TV a sua frente.
- É meio coisa de adolescente falar ‘agora somos amigos’ espero que não queira que fale isso - Falou sorrindo, ele ainda parecia envergonhado - Desculpa e... obrigada por me chamar, você parece ser uma pessoa amigável - Fez uma pausa - Você é... um pouco grosso também - Disse apreensiva. Ele se vira e a encara surpreso.
- O que? - Ele estava confuso. - Meu Deus sua testa está muito vermelha, o que aconteceu? - Questionou.
- Eu bati minha cabeça na parede, eu te falei não escutou? -
- Ah.. Não escutei - Se levantou em direção a cozinha e voltou com algo em suas mãos e se sentou no mesmo lugar.
- Você me encarou de um jeito meio grosso ontem quando respondi algo ao mesmo tempo que você - Disse Kathe meio indignada ao lembrar do momento.
- Eu não me lembro de ter sido grosso, eu só queria saber quem tinha respondido - Se defendeu e ao mesmo tempo colocou gelo na machucado dela, ela franziu a testa ao sentir a temperatura. Olhou para ele, e parecia muito centrado no que estava fazendo, porque ele tinha que ser tão amigável o tempo todo? E tão atraente também? Seu coração disparava e não sabia como reagir, até ele a encarar de volta. O coração dela congelou por um momento e seguiu fixa no olhar que ela tanto admirou desde da primeira vez, e permaneceram assim por alguns segundos - Pode segurar? - Perguntou ele se referindo ao gelo na cabeça dela. Ela apenas o pegou e o deixou no mesmo local.
- Talvez sua cara séria me fez pensar isso, a culpa não é minha - Kathe retirou o gelo de sua testa e colocou na mesa a sua frente. Um silêncio tomou conta do local, e ela pegou seu prato e continuou a comer.
- Por que escolheu farmácia? - Pergunta ele, e ela se surpreende com o questionamento.
- Eu descobri que sou apaixonada por anatomia e farmacologia, não faz muito tempo, mas quando descobri que entrei na faculdade fiquei muito orgulhosa, e você? - Finalmente o momento tinha chegado.
- Só foi algo que me identifiquei, sempre gostei de anatomia mas não queria fazer medicina, não é algo pra mim, assim que descobri que tinha passado na faculdade me mudei pra cá - Relatou ele.
- Eu entendo, nunca fui muito boa no colégio mas passei na faculdade, vai entender, meus pais nunca foram tão rígidos comigo e meio que me sentia deslocada. Nunca tive muitos amigos também, assim como você, me sentia retraída em vários lugares e por diversas pessoas, justamente por achar que meu jeito poderia incomodar as pessoas ao meu redor e elas não aceitassem. Ta vendo? Estou fazendo isso de novo, eu não consigo parar de falar, desculpa por ouvir tudo isso, eu sou muita aberta e acho que pode ter te incomodado de certa forma - Disse meio cabisbaixa e se encostou no sofá.
- Eu não me importo que me fale sobre você, se quisermos ser amigos deveríamos fazê-lo não acha? - Ele diz e a olha. “Ele quer ser meu amigo?” Era o que se passava em sua cabeça.
- Obrigada por isso, e... eu também não me importo se você fala mais sobre você - Insistiu ela.
E foi quando eles falaram sobre tudo, como viveram suas vidas, suas manias, seus lugares favoritos, e foi tão natural que eles nem perceberam o tempo passar. Era algo deles, e era algo que ela mais queria vindo dele, ela se sentia tocada a cada história contada pelo garoto, só comprovava o que ela sempre achava, o tanto que ela sentia e sabia o quão incrível ele era. Eu sei que parece repetitivo falar isso mais uma vez, mas ela ainda tinha medo, de estar se precipitando e sendo intensa demais com tudo aquilo, ele era só um garoto que ela se encantou certo? Errado! Ele era mais do que isso, parecia insano gostar tanto dele assim com apenas um dia? Parecia, mas para ela parecia mais do que certo.
- Já são quase 10 da noite, não acha melhor ir? - Jake parecia feliz por aquela tarde, parecia até decepcionado por ter acabado rápido demais sem ter visto o tempo passar.
- Acho que está na hora né? - Disse Kathe já se levantando e pegando sua bolsa.
- Eu vou pegar minha chaves, já volto - Ele realmente iria deixá-la em casa? Ela não chegou a acreditar que tudo poderia de fato melhorar, ele voltou do quarto e a viu com uma cara de quem não entendeu a situação - Você acha mesmo que vou deixar você ir sozinha pra casa? Você me fez companhia à tarde toda - Ela riu e apenas aceitou.
Eles desceram o prédio pegando elevador e foram em direção ao carro trocando ideias como se fossem realmente próximos, se eu te contasse isso no começo você não iria acreditar não é?
Deu partida no carro e cantaram músicas que ambos gostavam, sim eles haviam músicas em comum, inclusive foi um dos assuntos que conversaram no meio daquela tarde calorosa. Cantavam sem medo de sentir vergonha um do outro e isso era a parte mais boa daqueles momentos. Estava até perto de chegar a casa da Katherine, até ela tocar em um determinado assunto.
- Eu não sei bem como te contar isso, sei que passamos um dia juntos, mas temos tanto em comum e sinto que devo falar isso a você, é muito importante pra mim - Ela realmente sentia isso, e por incrível que pareça era recíproco.
- Você já disse tudo, pode falar a vontade - Ele deu passagem.
- Não te contei o real motivo de querer passar o dia todo sozinha estudando - Fez uma pausa e respirou o ar puro vindo das janelas do carro. - Eu sinto que eu me cobro demais, e isso é ruim de certa forma, não faz muito tempo, e eu te contei que eu tenho crises de ansiedade, faz pouco tempo que elas se tornaram mais recorrentes, tentei ficar na biblioteca pois sei que não iria tê-la se tivesse em um lugar que tem muita gente por perto. - Ele escutava atentamente a cada palavra dita - Meus pais vivem de plantão e... eu queria esperar eles chegarem, não quero estragar minha vida acadêmica com essas crises sabe? - Era doído pra ela e não tinha como conter, algumas lágrimas fugiram sem permissão - Hoje você meio que foi minha salvação, só assim eu não iria ficar pensando coisas indevidas, situações erradas e prejudicar a mim mesma, tentar duvidar da minha pessoa como eu fiz várias vezes, de coração eu te agradeço muito por isso, eu espero que eu possa contar com você em momentos assim, onde consiga achar uma solução para meus problemas, fugir da realidade e tudo de ruim - Ela fez uma pausa já mais calma e ao mesmo tempo Jake parou o carro em frente a sua casa - Eu te disse que nunca teve muitos amigos, e desde que entrei na faculdade senti medo de não achar ninguém ao qual eu me identificasse tanto quanto você, e mais uma vez eu te agradeço por isso, espero que possamos passar mais vários dias como esse juntos - Terminou seu discurso e sorriu, mas sorriu de uma forma que nem conseguia controlar, do quão grata ela se sentia por ele ter feito aquilo por ela mesmo sem conhecê-la ao certo.
Ele pela primeira vez sorriu, mas sorriu de verdade, aquele sorriso que todos os seus dentes estão aparentes, era radiante, único, e fez Katherine se apaixonar por mais uma coisa sua, o seu lindo sorriso.
- Posso ser sincero também? - Ele se virou para ela e ela assentiu da forma mais empolgada possível - Desde que eu te vi eu senti que você era especial, hoje iria ser um dia solitário para mim, eu já te disse que nunca tive muitos amigos também, ficaria só em minha casa sem saber o que fazer, apenas jogando vídeo game, não que isso seja ruim - Ambos riram - Agora algo mais sincero ainda, posso dizer? - Ele pergunta.
Por algum motivo Katherine tremia por dentro, ela sabia que vinha algo muito bom vindo dele e daquelas palavras, borboletas no estômago e um suor frio se apossaram dela, e ela só conseguiu concordar com a cabeça e mais nada.
- Eu sabia que você era uma pessoa incrível, pois seus olhos dizem isso o tempo todo, eles brilham - Ele disse e tudo que ela sentia se multiplicou por mil, ela com os olhos fixos nos dele, tirou coragem que nem ela sabia de onde e apenas falou.
- Você agora pode ver eles mais de perto - Ela se aproximou dele como se estivesse com sede de tudo aquilo, eles por fim ficaram a pouco centímetros um do outro, seus olhares trocados eram como alívio para ambos, um infinito em meio aos olhos. Jake sorriu, sim, aquele mesmo sorriso que ele deu a minutos atrás. Katherine sentia um turbilhão de sentimentos, finamente era isso, o mar nos olhos dele e o brilho fazia ela sorrir de forma envergonhada e sentir mais e mais borboletas em seu estômago. É louco como as coisas acontecem, sentimentos podem sim mudar de forma brusca, pessoas podem mesmo se conectar com as outras sem nem entender o motivo aparente, e isso é mais comum do que pensamos, só não paramos para analisar todas essas situações.
Katherine é a prova viva disso, Jake também, momentos incríveis podem acontecer quando menos esperamos e em horários corretos. Assim como Kathe, Jake sentia o mesmo por ela, um turbilhão de sentimentos. Ela não imaginava que poderia ser desse jeito e dessa forma...
Por que em meio a tudo aquilo, em meio aqueles olhos que ela tanto admirava ela poderia sentir...
That he would be the cause of your
Euphoria ♥
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dream-of-akm · 3 years
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TWO
Esses são momentos dos quais eu quero lembrar...
Tudo surpreende, até o que menos esperamos, as coisas mais lindas são aquelas inesperadas e sentidas a cada segundo dentro do seu coração. Mas com relação a sentimentos, eles realmente podem mudar repentinamente de uma hora pra outra? Essa história fala sobre isso.
Katherine nunca foi uma das melhores alunas na sua época de escola, não sentia essa obrigação toda de se desagastar em estudar pois sabia o seu valor, sabia ainda mais o quão importante aquilo era, mas não por completo. Em busca do seu futuro, chegou a fazer provas para faculdade e conseguiu passar no curso que tanto queria, era quase uma vitória pra ela, por nunca ter conquistando algo tão grande em sua vida. Kathe se sentia a melhor pessoa do mundo naquele momento, e quando digo isso, falo em relação a si mesma e não comparada aos outros, ser melhor que outras pessoas nunca foi dela, apesar de as vezes parecer querer ser o centro das atenções, o que não deixa de ser mentira. Apesar disso sempre teve medo de magoar as pessoas com seu jeito, sempre se sentiu insegura em relação ao seu corpo, e carregava monstros pra si como todas as pessoas carregam e tentam lidar com eles durante sua vida.
Em seu primeiro dia de aula na faculdade, ansiedade fazia parte de Katherine como alma faz parte de um corpo. Andava entre os corredores tentando não ter qualquer tipo de crise e chegar a sua sala o mais rápido possível e acabar com todo aquele turbilhão dentro de si. Em seu caminho se deparou a um conhecido do colegial, aproximou-se do mesmo com um toque em um dos seus ombros fazendo com que ele virasse em direção a Kathe.
- Maciel! eu nem acredito que te encontrei por aqui! O campus é enorme, qual curso você vai fazer? - a animação de Katherine era nítida ao ver pelo menos uma pessoa conhecida.
- Kathe, nunca esperado você por aqui! Eu consegui no curso de farmácia e você? - Maciel parecia feliz em vê-la.
- Não acredito que estamos no mesmo curso!! Como eu não sabia disso antes? - era uma mistura de felicidade e alívio ao mesmo tempo. - Você já sabe qual será a sala da primeira aula? Esse lugar é enorme acho que já me perdi mais de uma veze - ela parecia estar em um sonho, estava tudo acontecendo como ela não planejava, isso seria o dobro de tudo que ela imaginou, nada poderia estragar aquele diga incrível.
- Estou tão feliz por ter você por aqui, e saber que vamos ser colegas de curso será ainda melhor! - disse Maciel com um lindo sorriso em seu rosto. - A sala deve ser a do andar de cima, fica no final do corredor 19A57, eu infelizmente ainda tenho que resolver algo da papelada na secretaria, acho que vai demorar um pouco mas eu te encontro na sala -
- Tudo bem! Estarei te esperando - Kathe deu um abraço em Maciel e eles se despediram por um momento.
Enquanto ainda subia as escadas, pensava o quanto estava ansiosa para a 1° aula, seria um momento único além de ser o começo de toda uma história e uma linda carreira pela frente, já estava ansiosa para pagar todas as matérias que faziam seu coração se apaixonar ainda mais pela sua escolha e saber que tinha feito a melhor escolha. Seu coração palpitava a cada passo, mas será que se daria bem com as pessoas da sua turma? Ela sempre acreditava que não, sabia que de cara as pessoas não gostaria de você, apesar de saber disso ainda se preocupava em pensar que teria o sentimento de solidão na maioria parte do tempo.
Ao andar pelo corredor a fim de chegar ao fim dele, observava a linda vista do que seria seu novo lar por alguns anos de sua vida, apreciava o cheiro das folhas e como ela se movimentavam com o vento, lembrando da infância e pensando o quão nostálgico era aquilo. Chegando ao fim, se deparou com um garoto em frente a sala, de costas e encostado a divisora da sacada, era algo bem atípico porque ele usava roupas bem diferentes para um dia ensolarado como aquele. Seu suéter era de gola alta, um sobretudo que chegava quase em seu joelho, calça social e sapatos opacos, sendo completado por uma grande uniformidade da cor preta em todos itens usados por ele. Parecia bem distraído em seu celular, chamava atenção também pelo pequeno caderno de anotações azul na outra mão fazendo um lindo contraste, seus cabelos combinavam com suas roupas, fazendo um completo look dark e esquisito pra Katherine.
Ela simplesmente ignorou aquela pessoa, passou por ele e apenas entrou na sala a sua frente. Algo esquisito que existia na faculdade era que todas as salas possuíam uma pré sala, antes de chegar na sala em si, servia para os alunos ficarem lá em seus intervalos, já que haviam poucos acentos nos corredores dos andares mais acima. Passou pela pré sala e em seguida entrou na sala em si, havia algumas pessoas lá e pareciam se conhecer muito bem, não se sentia confortável em se enturmar do nada com elas, não era algo seu.
Esperou por mais alguns minutos até uma professora chegar e começar sua aula. Não demorou muito até o menino esquisito da frente da sala entrar pela porta e sentar em uma das cadeiras próximas de lá, sério que ele é da minha turma? Ele é tão diferente como ele vai cursar farmácia? Ela parecia bem pensativa sobre o tal garoto, ele tinha traços bem delicados em seu rosto, olhos brilhantes e bem profundos, um pouco distoantes de todo seu modo de vestir. Primeiro dia de aula e ela já estava prestando atenção em alguém? ‘O que eu tenho na cabeça?’ ela pensou, deixou os pensamentos de lado sobre o tal garoto e continuou focada em sua aula.
Ela simplesmente estava amando aquela aula, o quanto amor a professora de anatomia transmitia em quase tudo que explicava fazia seu corpo estremecer, aos poucos fazia com que entendesse sobre a matéria e uma sensação boa tomasse conta dela.
- Alguém sabe me responder quantos ossos um homem adulto possui? - a professora após iniciar o assunto fez sua primeira pergunta para a turma.
- 238? - uma menina atrás de Kathe havia respondido.
- 254? - uma voz no final da sala respondeu, Kathe sabia a resposta mas se sentia tão nervosa se respondesse, não queria chamar atenção das pessoas por mais que gostasse disso, fazer isso em frente de gente desconhecida fazia seu corpo tremer, mas queria tentar, após alguns segundos de silêncio na sala, ela o quebrou.
- 206 - respondeu ela, mas havia escutado uma voz do outro lado sala que havia respondido ao mesmo tempo que ela, olhou diretamente na direção da voz e recebeu um olhar da pessoa que ela havia reparado a um tempo atrás, o garoto de preto. Ela sentiu como se tivesse sendo julgada por ele apenas por um simples olhar, ficou desconfortável e achou que ele não gostou dela ter respondido também.
- Isso mesmo! Qual o nome de vocês? - a professora perguntou.
- Jake - era esse o nome do garoto de preto.
- Katherine - disse ela meio envergonhada e sem jeito por toda aquela situação. Ela não fez nada de errado não é? Mas se culpava mesmo assim, nunca seria sua intenção humilhar ninguém e nem passar por cima das outras pessoas, ela só pensava que poderia ter feito algo de errado pra ele pela expressão grossa que ela recebeu do mesmo.
Ela seguiu a aula em pensamentos, não sabia onde estava e nem o que estava acontecendo ao seu redor, apenas pensava no acontecimento recente e como pouca coisa em tão pouco tempo tinha mudado de felicidade pra um caos que criava dentro de si. O primeiro intervalo começou, Kathe se deslocou para a pré sala e sentou nas cadeiras do meio, sentiu a presença de alguém se aproximando dela e sentando na cadeira ao seu lado e torceu para não ser ele.
- O que tá achando da aula? Eu particularmente estou amando - disse Maciel ao lado.
- Maciel? Eu achei que não estava na sala - disse surpresa e sentiu um alívio.
- Eu cheguei há um tempo depois, estava perto de você mas não quis te chamar para não atrapalhar a aula, inclusive acho que estava amando de tão focada que você estava - sorriu se posicionando melhor em sua cadeira.
- Na realidade nem tanto, me senti incomodada... eu sei que não somos tão próximos, mas eu meio que senti que o olhar daquele garoto foi bem grosseiro... - Maciel cortou sua fala e direcionou um olhar rápido para o final da pré sala. Kathe olhou diretamente para os lugares atrás dela, e percebeu a presença do Jake há cadeira de distância.
Ela congelou, Jake com certeza tinha escutado tudo, não tinha como não escutar, certo? O silêncio permaneceu entre Maciel e Kathe, não conseguia trocar uma palavra com ele pela grande vergonha passada naquele momento. O sinal tocou e assim o intervalo terminou, ela resolveu esperar até que todas as pessoas entrassem na sala para não dar de cara diretamente com ele e assim o fez.
Após entrar em sua sala a professora deu ordens para se reunir em grupo para fazer uma atividade dinâmica, mas que não valeria ponto seria apenas para as pessoas se conhecessem melhor e conversassem entre si. Kathe se juntou a um grupo de meninas que estava ao seu lado e começaram a fazer as divisões das tarefas.
- Posso fazer o relato sou boa nisso - uma menina a minha frente se voluntariou.
- Eu posso ficar com a medição dos batimentos, já fiz isso algumas vezes - Kathe falou determinada e todas concordaram. A atividade era baseada em medir os batimentos cardíacos de uma pessoa que estaria num estágio de sono leve, e relacionar com a pressão arterial do indivíduo acordado.
No momento que discutiam, Jake havia saído do outro lado da sala e passado ali por perto. Kathe não pôde deixar de escutar os comentários da meninas sobre ele e tentou não se manifestar.
- Ele é tão diferente, bem misterioso e bonito, será que namora? - uma delas questionou.
- Não duvido que tenha namorada. -
- Ele pode se bonito mas é um pouco grosso - Kathe afirmou e todas olharam pra ela e apenas ignoraram sua fala. Ela sabia que sua opinião não importava, por que ainda insistia em dá-la?
- Pessoal para a dinâmica fica melhor as pessoas que vão fazer a checagem dos batimentos, devem fazer com a cobaia de outro grupo - a professora disse e Kathe apenas seguiu em seus pensamentos e o quão estava mal por aquela situação.
- O grupo de vocês já trocou com alguém? - um garoto do grupo ao lado perguntou ao nosso.
- Não, podemos fazer com vocês? - a garota do grupo perguntou e assim já obtivemos a troca entre os grupos. Kathe em seus pensamentos se levantou e olhou para o grupo do tal garoto que fez a pergunta, se deparando com o Jake como integrante do grupo, será que poderia piorar? O nervosismo tomava conta dela e não poderia deixar de fazer aquela pergunta tão pertinente em sua cabeça.
- Quem será a cobaia do grupo de vocês? - não excitou e apenas aguardou a reposta. Observou Jake a encantando da mesma maneira e ele apenas levantou a mão. Não poderia ser tanta coincidência?? Ela iria examinar o Jake, como isso poderia piorar a cada minuto? Estava em completo caos mas só queria fazer o que deveria ser feito e ir pra casa logo após. - Tudo bem... podemos ir para o local? - ainda receosa perguntou e ele assentiu.
O lugar ainda era na sala de aula porém um pouco afastado, mas nada seria comparado ao quanto ela estava desconfortável com toda a situação, ele se deitou em uma maca improvisada, Kathe sentou ao seu lado, esperando até seu estágio de sono chegar, aguardou cerca de 10 minutos e resolveu começar a sua avaliação, seu corpo todo tremia, não sabia como reagir, muito menos tocar nele mas teria que fazê-lo.
Ela apoiou uma das mãos dele na sua e seus dois dedos da outra mão no pulso dele, no mesmo momento ele apertou sua mão e ela olhou diretamente para ele com medo de estar fazendo algo de errado. Os olhos deles se encontraram e mais uma vez ela presenciou o olhar penetrante dele, porém mais de perto e isso fez ela se perder em pensamentos, como alguém poderia ter um olhar tão chamativo daquela forma, e tão... feroz?
Ela não sabia mas era ali...
Aquele olhar... faria tudo nela mudar.
19A57
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dream-of-akm · 3 years
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ONE - End
Naquele exato momento ela percebeu tudo, havia tido um dejà vu e estava sentindo tudo ao seu redor da maneira mais intensa possível. Ela sorriu para ele recebendo um sorriso mais radiante em troca. Mas como ele sabia de tudo aquilo? Ainda tinha várias perguntas em sua cabeça, era por isso que havia tido atitudes diferentes acerca de “K”?
- Estou tão feliz pelo seu retorno, agora tudo faz sentido, não sei explicar o que aconteceu agora - ele continua com seu sorriso doce e amável esperando uma resposta de “A”.
- Como você sabia? - ainda em pensamentos ela pergunta aguardando uma resposta.
- Podemos andar por aí? Quero que tudo seja do jeito certo, no caminho te contarei - “A” apenas consente afim de saber o que ocorreu, ela já estava ali, não é? Não custava nada, só deveria seguir ele, ela sentia que deveria.
Ambos saíram andando pelas ruas, conversaram sobre várias coisas aleatórias, afinal eles nunca haviam tido esse tipo de troca antes, compartilharam seus gostos até mesmo suas manias, era nítido o como aquilo fluía tão bem, e os dois se sentiam únicos e abraçados um pelo outro apesar de seus corpos estarem apenas próximos.
Não havia se passado muito tempo até estarem descendo uma rua e se depararem com um lindo mar azul, o sol aparecia de forma discreta, mas era o necessário para aquecer seus corpos vindos de uma madrugada fria e chuvosa.
“A” ao chegar no local não excitou e demostrou um sorriso tímido e se sentando na areia, ele fez o mesmo. Parados, em silêncio, apreciavam o imenso horizonte a sua frente e as ondas do mar, em poucos minutos “K” quebrou o silêncio.
- Você lembra do dia 17/05/2015? - perguntou olhando para ela.
- Como eu não lembraria? Era meu aniversário - respondeu “A”, por que ele fez uma pergunta tão óbvia?
- Eu lembro desse dia como se fosse hoje, não se lembra de nada especial? - era essa resposta que ele aguardava.
- Não muito... se for algo relacionado a você, lembro-me de ter te dado um pedaço de bolo, mas o que isso tem de errado? - ainda parecia confusa.
- Isso foi a coisa mais certa pra mim naquele dia... - fez uma pausa e suspirou - É meio complicado falar sobre isso, foi um dos piores dias da minha vida e aquilo teve um significado enorme pra mim - olhou nos olhos dela e prosseguiu - Minha avó faleceu nesse dia, não aguentaria ficar em casa com meus familiares e ver toda aquela tristeza, quando cheguei ao colégio não me conformei em ver suas amigas comemorando seu aniversário, “um bolo? pra que? o que tem pra comemorar hoje?” eu pensei - ele havia parado de falar, suas lágrimas caiam e “A” não conseguia controlar as suas também.
- Se não quiser, não precisa contar, eu não sabia o quão difícil estava sendo aquele dia pra você - disse ao segurar uma das mãos dele.
- Eu preciso disso “A” - mais um suspiro - Não demorou muito, e você sabe o que aconteceu, “A” veio ao meu encontro e me perguntou se estava tudo bem, não havia nenhum motivo aparente para aquela pergunta, nós nunca tínhamos nos falado antes daquela maneira. Eu apenas falei um “sim”, e ela me deu um pedaço de bolo que estava em sua mão, não tinha motivo para recusar apesar de estar mal com toda a situação, me pegou de suspensa e acho que ela nem sabe o quanto eu me senti bem depois daquele momento. É muito ruim julgar todas as pessoas sem pensar, você não sabia o que tinha acontecido comigo, e eu te julguei pela minha dor. - depois de todo o relato ele a abraçou e fez isso por um bom tempo, apenas no silencio.
- Mas e hoje? Como você sabia? - “A” era curiosa? Talvez um pouco.
- Essa é a parte mais louca, eu não sei se você vai acreditar... mas eu tive um sonho - um sonho? como assim? ela imediatamente sorriu.
- Acredite, sou a pessoa que mais entende você nesse momento -
- Eu não me admiro você me entender depois de hoje, mas o sonho foi exatamente tudo isso, tudo que se passou e estou vivendo agora, esse dia, esse momento, só havia uma coisa que eu não sabia... -
- Não sabia sobre...? - ela ergueu as sobrancelhas ainda confusa aguardando sua fala.
- No começo foi muito estranho, parecia estar vivendo de novo até perceber que no final da noite teria algo a fazer, me encontrar com a pessoa que tinha encontrado, não sabia quem seria, só lembrava de uma coisa... era 5:17 da manhã. Me perguntei várias vezes como acharia a pessoa por apenas um horário, até lembrar da minha avó, e consequentemente... você -
Essa é uma das coisas que o destino faz acontecer, não existe motivo certo para duas pessoa criarem uma ligação, mas a melhor parte é saber como elas incrivelmente se interligam através de suas conexões pessoais. Eles perceberam a importância de tudo aquilo e como as vezes as coisas podem ser inexplicáveis de todas as formas possíveis, e tudo aquilo foi feito para ser aproveitado cada segundo, foi uma ligação que nunca imaginaram ter um com o outro, mas tudo pode mudar certo? Momentos assim são mais comuns do que pensamos, e nos faz questionar e pensar se já tivemos dias assim. Pessoas vem e vão, e todas elas possuem histórias, umas com mais propósitos que outras, mas ainda assim, não deixam de ser histórias, e jamais nenhuma delas precisa ou deve ser apagada.
“ Ta, mas e o final? ”
“ O final? ”
Apenas o destino pode responder...
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dream-of-akm · 3 years
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ONE
Esses são momentos dos quais eu quero lembrar..
As coisas são previsíveis, e nesse dia elas comprovaram o quanto isso é real de certa forma. Acontecimentos após certas desavenças e quebras, possui uma linha tênue em seu caminho, dando início ao autoconhecimento, inspirações e até recomeços inesperados.
“Título dramático”: O dia no qual “A” percebeu determinados sentimentos - em um dia chuvoso preparou-se para ir dormir, seu quarto parecia mais uma mordomia única devido sua bagunça habitual, mas ela não se importava muito com aquilo, debruçava em pensamentos mesmo tentando manter-se ocupada, ao se deitar e se passar horas e horas no decorrer da madrugada, ainda acordada devido a insônia, recebeu uma mensagem de alguém no qual não tinha costume.
Em meio a mensagem recém chegada, escutava um toque correspondente a uma chamada recebida pelo mesmo ser. Após não entender absolutamente nada, apenas atendeu se perguntando sobre tudo, receosa, porém curiosa do possível acontecimento atual. Ao deslizar um dos dedos a fim de aceitá-lá, não sabia muito bem o motivo mas seu corpo inteiro tremia, na sua cabeça algo programado iria acontecer, naquele dia tudo se resolveria de um jeito certo.
- A essa hora? O que há com você? Não nos falamos a muito tempo - a adrenalina subia, “A” não entendia o motivo mas aquilo fazia parte de tudo.
- Eu esperava uma recepção melhor - “K” falou um pouco cabisbaixo do outro lado da linha, fazia meses, talvez anos desde da última conversa, nem recordava de sua voz a qual diferia as de suas recordações.
- Deveria te dizer... nossa quanto tempo?! não tem noção de horário? Está tarde, madrugada para ser mais exata - não entendia o motivo a ser tão fria e de ter criado essa intimidade toda, ela nem sequer existia.
- “A”, espero no final te fazer entender o motivo disso tudo isso - suspira e dar uma risada nervosa mas determinado a continuar seu “plano” - Não sei exatamente como começar, mas sigo meu coração e sinto confiança em tudo dito por ele -
- O que você quer dizer? Eu não estou te entendendo - ela parecia não saber de nada, porém sentia que algo viria.
- Você acreditaria em mim? -
- Me diga um motivo para acreditar - “A” parecia de terminar a jogar o tipo de jogo que ele jogava.
- Eu não posso te dizer, mas você saberá ao final - demonstrou confiança e assim prosseguiu - Estou em frente à sua casa agora tenho algo para te mostrar - ele estava na casa dela? “A” tremia mais do que nunca e não sabia o fazer, poderia ela sair de sua casa de madrugada e acordar seu pais? O que eles pensariam dela se a vissem fazendo isso no meio da noite?
“K” só poderia estar louco, “A” se perguntava o motivo pelo qual ter atendido a ligação de cara, foi por mero impulso ou força de sua própria intuição, acreditava nela fortemente, sempre acreditou, estaria tendo algo errado dessa vez? Passou cerca de três minutos engasgada, sentia a rejeição vindo mas ela não saia, será a intuição mais uma vez dizendo “nunca estás errada”?. “K” não se pronunciava, apenas esperava.
- Estou saindo - disse rapidamente desligando a ligação logo em seguida. A chuva havia cessado, era a típica noite no qual todas as pessoas desejam em suas vidas, fria, aconchegante e cheia de sensações boas apesar de incertas. O vento frio pairava no local, “A” criou coragem e finalmente abriu suas portas e saiu para fora.
Em meio a iluminação não tão boa, ela de longe o observava antes de ir ao seu encontro. Ele usava um moletom cinza e uma calça despojada preta com listas brancas na lateral, o rosto esboçava felicidade sendo contida, “é ele não mudou nada”, “A” pensou. O curioso era ver o que carregava em suas mãos, um guarda-chuva aberto mesmo a chuva já tendo cessado.
“A” se aproxima dele, e ele a abraça o mais rápido possível como se estivesse desesperado por isso, ou ela fosse fugir para algum lugar. Era caloroso, sentia calor, muito calor, mas teria... amor? Os corpos se separam e ela se pergunta porque o garoto no qual ela não falava a tempos está fazendo isso? Olha nos olhos dele e vê reflexos genuínos de tanta verdade, e felicidade.
- Eu vou apenas te mostrar algo, apenas uma coisa, espero muito que você entenda tudo, e que seja você “A” - “K” sem excitar, ainda com uma das suas mãos ocupadas com o guardar-chuva, retirou com a outra mão o celular do bolso, apenas o ligou, olhou para ele, e sorriu, olhou para “A” com o sorriso mais sincero do mundo e os olhos cheios de verdade, e mostrou o celular para ela.
5:17 A.M.
e foi ali que tudo fez sentido.
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