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eclipse
eu sorri quando, entre lua e sol, tu disseste ser eclipse.
refleti. fez sentido. beleza vi.
lua é parte tua, sol também. lua, contemplável, sol, inflamável.
eclipse é tua defesa: com a beleza da tua lua, ocultas os raios do teu sol. apaixonam-se por uma estranha.
mas esse evento logo acaba e, sem demora, o desconforto solar novamente afasta quem somente a tua lua amou.
não me basta somente tua lua, pois ela é apenas parte, e te quero por inteira.
quando teu calor aparentar ser insuportável, a brisa suave do primeiro amor nos trará consolo. e a cada sol do meio-dia, mais conhecida minha tu te tornarás.
nesses dias, lembre-me que o sol se põe, e que podem haver noites sem luar, mas que a beleza de todas as tuas luas justificará a espera.
quero amar-te por todas as tuas fases. mesmo o nascer do sol já não representará medo, e sim possibilidades de recomeço.
em ocasião futura, quando fores eclipse, contemplar-te-ei em teu equilíbrio. seguramente.
mas saiba que, em teus distintos astros, amar-te-ei. somente assim poderei assegurar-te que tu és vista por mim.
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amor anti-protocooperação
avistei um pássaro, folgando em cima de uma capivara. e parecia haver satisfação de ambas as partes.
uma relação ecológica, de protocoperação.
enquanto a ave devora os carrapatos da capivara, esta se alivia, liberta-se dos parasitas.
ambos se beneficiam, sem obrigação. e permanecem livres, independentes.
despedem-se, ao final.
pensando nisso, acho que o amor é anti-protocooperação.
esse mutualismo facultativo não me desce pela goela. não como uma metáfora para o amor.
falo do amor verdadeiro, não do moderno, líquido.
a protocooperação é momentaneamente harmônica, e mutuamente benéfica. não há compromisso entre dois seres independentes. também não há dor. e aí, o adeus.
já o amor verdadeiro é uma experiência santa, divina. nada machuca mais, nada é mais belo, no entanto. tudo suporta. torna dois seres dependentes, como uma só carne. um milagre que abunda graça, que não tem fim.
tu dizes que somos de espécies diferentes. talvez seja verdade. mas se quer me amar, que seja um amor anti-protocooperação, que vem da fonte de água viva, do primeiro amor.
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regra dos três dias
propondo-se a amenizar minha ansiedade, uma amiga citou o que chamou de a "regra dos 3 dias".
admito não ter entendido muito bem, mas soou familiar.
enquanto não chega o terceiro dia, a angústia é sombra. persegue-me.
ocupo meu tempo com ofícios. distrações desprovidas de qualquer prazer.
as pílulas não aceleram o tempo. esperar é a única opção.
já não sei pelo que espero, mas espero.
por entre as trevas não se enxergam esperanças, apesar das promessas.
a fé é o último pilar. sempre foi, deveras, o único sustentáculo seguro.
assim ela se manifesta: ao terceiro dia, ressurge a luz do mundo.
confesso. esses meus olhos carregam uma certa cegueira.
mesmo assim, outro tipo de visão me guia, outrora desconhecida.
tal como o paradoxo sacro: "é preciso morrer para viver". faz-se necessária a cegueira para enxergar.
a luz que cega é a luz que guia.
tropeçando em pedras, sigo. contudo persevero na direção certa.
meu rumo está predestinado. e 3 dias podem ser uma vida.
não é?
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trinta e três vírgula três três três... por cento
"eu realmente não estou 100% ainda para esse relacionamento" uma confissão franca, o primeiro passo.
"eu preciso que você esteja 100% para esse relacionamento" uma exigência quimérica, a primeira falha.
relacionamento, uma interface, pressupõe cooperação. equilíbrio.
se 100% é o que ofereço, esqueçamos dos nossos planos. brindemos ao efêmero hedonismo.
se 50% é o que te dou, enganamo-nos com o equilíbrio equivocado. aguardemos o belo e trágico fim.
33,333...% é o que posso te entregar, a (minha) terça parte. a decisão. tudo o que tenho, com todas as máculas.
"um cordão de três dobras não se rompe com facilidade" a cura está na jornada. não estaremos sós.
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sobre o fogo
fogo é energia que aquece, que queima.
é conforto no inverno, é tortura no verão.
é manifestação do espírito, é destino da condenação.
a beleza das faíscas nos encantam, as queimaduras das chamas nos apartam.
tudo está no fogo, fogo está em tudo. tudo é fogo, fogo é tudo.
é decisão. é purificação. é sacrifício.
é calmaria. é consolo. é recomeço.
o fogo permanece, imóvel e dinâmico. ambíguo.
tu decidirás o limiar, se te bastará admirar as chamas de longe ou se te aproximarás e serás consumido pelo incêndio.
esse poema é sobre o amor.
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