em-estado

[em-estado]

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a correnteza que me fez náufrago também me fez âncora

balanço entre poesias danço entre dias de escrever mil versos e não precisar guardar nenhum

faço onda maré de vontade às vezes invade e toma outras escapa e leva

qualquer vento mesmo contra navego

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será que já deu tempo do tempo ajeitar o nosso jeito de querer ser bem querer, será?

será que essa vontade de pra tua vontade voltar voltou aqui de vez, e é a vez de ser, será?

será que já está leve a levada do coração e o dela voltou a bater pro batuque do meu samba, será?

será que ainda faço falta e falta só querer despertar do aperto desse silêncio e calar esse bloqueio essa parede entre nós esse nó na garganta e cantar mais uma vez de novo tentar, conseguir ser teu e meu também, dessa vez, será?

será que há de ser, que há jeito de você aparecer reaparecer com vontade por vontade de fazer bem, será?

será de verdade quando a verdade sair desse pesadelo e sonho bom for pra de novo ser tudo o que se quiser ser, será.

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oi,

ter te visto ir embora assim, daquele jeito, pareceu ponto final no. meio de uma frase, e é assim que ainda alimento reticências,

ainda tenho um pouco de amor aqui por você, fica reservado, calado, de mansinho, dormindo, em espera, guardado para reemergências,

mas é amor de saudade, que paira na lembrança, teve sua vez mas agora só faz esperar, talvez a vida toda, ou só nas minhas essências,

paciência,

...

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esse domingo é um dia especial - talvez você mesma venha aqui buscar uma lembrança, mas meu presente era estar presente e não na lembrança; então estarei presente em mim, sem presentes pra você.

sabes que te desejava o mundo, mas meu mundo seguiu em frente quando me tirou da tua órbita; brilho por conta própria, sou meu próprio sistema solar e minhas astronaves estão em busca de contato com estrelas pra fazer órbitas harmônicas.

esse domingo celebrarei o amor que agora e sempre está aqui: o meu, a mim.

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desculpe a intensidade. eu não sei encontrar o mar e molhar apenas os pés.

--- anônimo

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das auto-gentilezas necessárias: tendo estado no caminho de ser feliz e, mesmo em dado meu melhor, ter perdido, pra quê recair ou ficar chateado?

perdi alguém que não me amava, mas ela perdeu alguém que a amava.

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talvez talvez eu esteja no meio do caminho entre partir e permanecer entre continuar e mudar entre cantar e desencantar entre te esperar e te esquecer.

pode ser pode ser que me situe atravessado meio já é meio já deu meio te quero meio nem queria meio à mercê meio á revelia meio ainda vale meio falou, valeu.

quem sabe quem sabe eu me coloque deslocado ora sonhando ora acordado ora tesão ora paciência ora intuição ora consciência ora recomeçando ora terminado.

vai ver vai ver eu já me veja em desalinho ou chega mais perto ou fico distante ou tenta algo novo ou faz diferente ou pensa de novo ou vira inteligente ou encosta do lado ou sigo adiante.

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eu quero beijar os teus lábios e os teus outros lábios, explorar

eu quero beijar a tua pele tanto e me absorver na tua carne da carne suar

eu quero beijar a tua boca e o teu meio te fazer corar e te buscar na alma e fazê-la física e química, biologia vitalizar

eu quero beijar e te tocar arriscar te transpassar te bagunçar e fazer se fazer gozar

eu quero beijar as tuas pernas dançarina, dançar entre as coxas no meio de tudo no centro do mundo do fundo com tudo te fazer irradiar.

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eu disse: quero me fazer teu abrigo você disse: quero que não fale mais comigo coração disse: não falarei, não quis te machucar.

família disse: pena que não deu amiga disse: dói mas vai sarar amigo disse: amou, por isso doeu livro disse: melhor se fazer andar colega disse: só volta o que se quer ser teu terapeuta disse: que custa uma mensagem mandar? cabeça disse: custa o ser sincero meu

coração disse: não quero uma resposta dela forçar minha cabeça já entendeu sinto confiança no andar que minha verdade ela não se esqueceu se quiser um capítulo novo e melhor começar ela sabe como consegue encontrar eu.

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talvez eu me sentisse ainda melhor em te mandar uma mensagem de paz, dizer que eu entendo teu medo e a minha falha

talvez fosse o que você quer ouvir um pedido de perdão, um armistício, dizer que eu entendo teu tempo e a nossa batalha

talvez descobrir que o tempo curou um tanto desse amar desajeitado, dizer que eu entendo o nosso defeito e a tua muralha

    mas talvez só descubra que era meu ego me pregando peças, jogando a toalha, querendo acabar o jogo quando a bola se demora e daí se demora? minha hora é outra e confio que se não quer falar agora, quando você quiser partilhar virá do coração. prefiro reciprocar, se vier do teu jeito uma mensagem que valha.

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felicidade triste descobrir que carrego mais amor do que aguenta quem eu queria que me levasse.

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um rio que passou em minha vida foi um navegar bom e breve, duas semanas intensas, correnteza leve, mas que não quis ir pro mar.

prazer em a conhecer, saber de novo de finais pacíficos, mesmo que não desaguem em oceanos, desejo-a vontade de encontrar o que ela sonha

sonhei essa noite com um rio claro e raso, atravessei a pé, descalço, sob um sol sorridente

agora eu vou procurar a minha maré - um barco longe da água nunca fez bom amarinheiro.

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mas por quê que é assim difícil de acreditar quando alguém se vê com uma coisa genuinamente boa?

eu sei o que ofereço, eu sei que o que eu ofereço é tudo que sou e sou tudo de bom

e nada mais me faz oferecer menos de mim.

pois é, de novo sigo em frente...

será que na analogia eu realmente me tornei metaforicamente areia demais pra esses caminhõezinhos?

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constatação: todo amor vale.

até mesmo o que não vê amor de volta. até mesmo a quem ainda não sabe amar. até mesmo o que duvida da própria capacidade. até mesmo a quem pediu a despedida. até mesmo o que se entregou pra nada.

não duvido mais que eu possa amar de novo esse tanto assim quanto já amei e tanto, tanto, tanto mais.

amar não é para quem é sortudo, que acha um coração no caminho e larga de mão quando complica; amar é para quem é forte.

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e de deixar o caminho me levar, apareceu alguém que tá me dando tanto carinho.

não sei se deixo o carinho me levar, é o que eu tanto quis com a que foi embora, mas agora tenho sonhos com ela se amando e me amando sem medo e sem reserva sem desculpa e sem receio sem demora e sem pressão me fazendo e querendo tanto bem como a que tá agora no meu caminho.

(às vezes sonhos atrasam. não quero mais sonhar, quero quem queira vir ser real.)

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no fundo no fundo, reconhecendo o esforço, a parte mais difícil de seguir na caminhada é sair por aí, correr o mundo, ganhar a vida,

mas mesmo no fundo sabendo que o compasso aponta pra uma porta que vai tar fechada, ainda querer voltar pra ver um sorriso,

e mesmo no fundo sabendo que o sorriso deveria surgir espontâneo da tua cara emburrada, ainda querer sorrir compartilhando uma canção,

e mesmo no fundo sabendo que não tem música que não vá doer um pouco no coração a toada, ainda querer acompanhar o coração em dança,

e mesmo no fundo sabendo que não tem dança que cure as dores de outra alma machucada, ainda querer ficar mais perto,

e ainda assim no fundo sabendo que a distância vai fazer clarear o que se quer levar na caminhada, ainda querer bem querer de volta,

e no fundo sabendo que todo aquele bem querer ainda assim não fez ela querer e se sentir amada, ainda querer dizer "oi, como você se sente"

e ainda que mesmo no fundo de tudo, sabendo que qualquer intuição, sonho, sentimento pode acabar em nada, ainda pensar em tentar.

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tempo é relativo, a relação, é relacionamento, é preciso, o amar?

tempo parece um século só que ontem aconteceu há tantos dois meses.

tempo eu que nem fumar posso te trago no peito, uma mina que me explorava profundo, mas devagar.

tempo ó, tempo rei aprendendo a só ser não estive mais só.

tempo não é espaço - viajar será possível mas saudade só faz me voltar.