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˗ˏˋ 𓅰 a literatura lusófona 𓅰 ˎˊ˗
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Estudante universit��ria apaixonada pelas línguas e pela literatura.Junte-se a mim nesta nova aventura portuguesa!
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ensinosdariqueza · 9 months ago
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Curso de literatura lusófona: uma grande marca na literatura mundial
Como vimos, a literatura é uma arte tão vasta, abstrata e complexa como nenhuma outra. A arte da palavra tem tantas luzes, sombras e cinzentos para representar o que parece simples ou complexo de formas que funcionarão de maneira diferente para cada ser humano, mas que cumprirão o mesmo objetivo: a preservação e extensão duma obra que ficará para a história colectiva duma pequena aldeia ou de toda uma nação, para ensinar os valores mais primitivos ou educar toda uma nação de dores de guerra.
É por isso que exercícios como este, um portfólio de compilação sobre a história e análise da literatura lusófona num quadro global, funcionam para evidenciar como a história será sempre um exercício de retroação, tanto do pensamento como do trabalho coletivo. Assim, no final deste trabalho de pesquisa e compilação, poderemos fazer uma breve análise do contributo destas grandes obras para a evolução da literatura lusófona no âmbito da globalização.
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A estrutura deste portfólio, dividido em 16 partes: duas publicações para introdução e conclusão, quatro para contextualizar os diferentes movimentos literários mundiais e lusófonos, e dez para descrever, analisar e justificar cada obra que considerámos importante incluir neste trabalho de investigação, levou-nos a este ponto: quanto é que cada uma destas obras literárias contribuiu para a literatura que hoje conhecemos, será que se alimentaram mutuamente para conseguir tal feito e, mais importante, o que significam estas obras para o cidadão de hoje?
Para respondermos à primeira pergunta, precisamos de rever cada justificação para o nosso trabalho e encontraremos certos padrões que todas ou um grupo das dez obras cumprem. Por exemplo, o pioneirismo em termos de movimentos literários de obras como Iracema (1865), Os Lusíadas (1572), O Mandarim (1880) e Chiquinho (1947), que, neste caso, não só contribuem para o início de todo um movimento nos seus países, como também significa fazer parte dum dos clássicos em que futuros escritores se inspirarão para expressarem as suas ideias e, assim, criar novos estilos, temas e até outros movimentos literários.
Outro exemplo perfeito para esta questão pode ser a importância dos temas nas suas obras, pois não é apenas o génio e a criatividade com que empregam os elementos literários que conferem às obras um certo prestígio e relevância internacional. Assim, temos obras como A escrava Isaura (1875), Capitães da Areia (1937), Poemas (1961), O Livro do Desassossego (1992) e Terra Sonâmbula (1992), que, graças à sua temática de protesto social à custa de perseguições, censuras e até ameaças, ganharam um grande espaço nas escolas, universidades e referências culturais para a compreensão de toda uma sociedade e a sua história. Porque não se ganha apenas por escrever bem, mas por contar uma grande história, comovente e cativante, como cada uma destas obras.
Estes são grandes exemplos que nos ajudam a perceber o quanto uma obra pode contribuir não só para o presente, mas também para o futuro próximo e distante (incluindo nós, os criadores e leitores deste portfólio), para compreendermos a cultura, a história e, acima de tudo, o sentir da comunidade lusófona. Isto leva-nos a mostrar claramente como se pode responder à nossa segunda questão.
Graças aos temas adoptados por cada autor, bem como à experiência histórica e ao contexto social, podemos vislumbrar como cada um deles se inspirou em obras antecessoras. Por exemplo, no caso da literatura africana, os temas da representação social e do protesto eram extremamente comuns, o que não quer dizer que as obras fossem iguais entre si. Do mesmo modo, sabemos que autores clássicos como Gil Vicente e Luís Vaz de Camões se inspiraram em clássicos antigos para serem hoje conhecidos como o pai da língua portuguesa e o criador do teatro português, respetivamente.
E agora, finalmente, depois de termos analisado a importância nitidamente antiga de cada uma destas obras, é altura de oferecer uma perspetiva contemporânea sobre o seu conjunto. Por isso, é relevante destacar como cada uma dessas obras significou uma adaptação cinematográfica, uma leitura obrigatória no ensino secundário ou mesmo uma referência cultural para conhecer o passado histórico censurado dum povo.
Temos exemplos claros como A escrava Isaura (1875), que foi adaptada em inúmeras séries e filmes em diversas línguas; também o caso de Capitães da Areia (1937), que na época era uma obra extremamente censurada, mas que hoje é leitura obrigatória nas escolas para entender as cicatrizes de guerra da sociedade brasileira; e ainda mais, temos o caso de O Livro do Desassossego (1982), que apesar da sua estrutura pouco ortodoxa, hoje é uma leitura relevante tanto para a área literária quanto para a área psicológica do mundo, sendo uma referência para todos os leitores da era modernista.
As respostas a estas três questões mostram-nos uma clara inspiração e retroalimentação de obras que nem sequer caberiam num estudo como este devido à extensão já existente da literatura lusófona, mas que aqui, por serem as 10 obras selecionadas, podemos exemplificar.
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Por isso, um estudo de investigação como este portefólio foi uma questão de evidência para comparar como o passado nunca se separará do nosso presente. O nosso passado literário é, sem dúvida, uma resposta aos seus antepassados e uma inspiração para o nosso futuro. E, claro, uma aproximação a diferentes culturas, que, embora cada uma seja diferente, estão unidas por uma língua e pelo sentimento de querer ser visto e compreendido através da arte; que, hoje em dia, graças a personagens como o tradutor Fernando Pessoa, podemos compreender transformando todas as línguas numa ou em muitas outras, mas que transmitem a mesma coisa.
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ensinosdariqueza · 9 months ago
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A beleza em retrospetiva: Terra Sonâmbula de Mia Couto
Para encerrar a compilação das 10 obras mais importantes para a evolução da literatura lusófona no âmbito mundial, trazemos uma das obras mais actuais do século XX: Terra Sonâmbula de Mia Couto, como amostra, mais uma vez, do grande e diversificado talento do mundo literário lusófono.
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Nome da obra: Terra Sonâmbula.
Ano de publicação: 1992.
Autor: Mia Couto.
Origem: obra obra moçambicana.
Género literário: género narrativo.
Subgénero: romance de realismo mágico.
Temas:  guerra civil que assolou Moçambique entre 1977 e 1992; conflitos armados; racismo; busca pela identidade dos países colonizados; horrores e desgraças da guerra; cotidiano, os sonhos, a esperança e a luta pela sobrevivência; ruínas e os escombros deixados pela guerra.
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Autor: Mia Couto
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Antônio Emílio Leite Couto, Mia Couto como pseudónimo, é um escritor moçambicano nascido na cidade da Beira, em Moçambique, África, em 1955, filho do falecido escritor português Fernando Leite Couto. Além de escritor, é também jornalista e biólogo.
Atualmente, graças ao seu desempenho profissional como escritor, é galardoado com prémios de renome como o Prémio Camões 2013 e o Prémio FIL de Literatura 2024.
Sabe-se que iniciou a sua carreira literária aos 14 anos, o que o levou à publicação da sua primeira obra “Raízes de Orvalho” (um livro de poesia) em 1983. Posteriormente, em 1992, escreveu o seu primeiro romance “Terra Sonâmbula”, que foi classificado entre os 10 melhores romances de África e lhe valeu o Prémio Nacional de Ficção da Associação dos Escritores Moçambicanos. É, por isso, o escritor moçambicano mais conhecido e mais traduzido no estrangeiro.
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Terra Sonâmbula: Aspetos
Estrutura:
A obra está dividida em 11 capítulos:
"Primeiro Capítulo: A Estrada Morta (que inclui o “Primeiro caderno de Kindzu”: O Tempo em que o Mundo tinha a nossa idade)
Segundo Capítulo: As Letras do Sonho (que inclui o “Segundo caderno de Kindzu”: Uma Cova no Tecto do Mundo”)
Terceiro Capítulo: O Amargo Gosto da Maquela (que inclui o “Terceiro caderno de Kindzu”: Matimati, A Terra da Água)
Quarto Capítulo: A Lição de Siqueleto (que inclui o “Quarto caderno de Kindzu”: A Filha do Céu)
Quinto Capítulo: O Fazedor de Rios (que inclui o “Quinto caderno de Kindzu”: Juras, Promessas, Enganos)
Sexto Capítulo: As Idosas Profanadoras (que inclui o “Sexto caderno de Kindzu”: O Regresso a Matimati)
Sétimo Capítulo: Moços Sonhando Mulheres (que inclui o “Sétimo caderno de Kindzu”: Um Guia Embriagado)
Oitavo Capítulo: O Suspiro dos Comboios (que inclui o “Oitavo caderno de Kindzu”: Lembranças de Quintino)
Nono Capítulo: Miragens da Solidão (que inclui o “Nono caderno de Kindzu”: Apresentação de Virgínia)
Décimo Capítulo: A Doença do Pântano (que inclui o “Décimo caderno de Kindzu”: No Campo da Morte)
Décimo Primeiro Capítulo: Ondas Escrevendo Estórias (que inclui o “Último caderno de Kindzu”: As Páginas da Terra)". (Diana, Toda Matéria).
Contexto:
No contexto histórico, a obra é escrita no último período de guerra do país, que foi uma guerra civil pós-independência de 1977 a 1992, ano de publicação da obra.
No contexto histórico, a obra é escrita no último período de guerra do país, que foi uma guerra civil pós-independência de 1977 a 1992, ano de publicação da obra.
No que respeita ao contexto social, a obra procura representar as dores do pré, do durante e do pós-guerra na procura duma identidade nacional definitiva, bem como orgulhar o sentimento nacionalista e consolar as experiências individuais da guerra.
Personagens:
Muidinga: protagonista.
Tuahir: velho sábio que orienta Muidinga após a guerra.
Siqueleto: velho alto e sobrevivente duma comunidade.
Kindzu: menino falecido que redigiu o seu diário.
Taímo:  pai do Kindzu.
Junhito: irmão do Kindzu.
Farida: namorada do Kindzu.
Tia Euzinha: tia da Farida.
Dona Virgínia: mãe portuguesa de consideração da Farida.
Romão Pinto: pai português de consideração da Farida.
Gaspar: filho sumido da Farida e que foi gerado pelo abuso do seu pai adotivo: Romão.
Estêvão Jonas: administrador e casal da Carolinda.
Carolinda: mulher do administrador e que tem relações sexuais com Kindzu.
Assane: antigo secretário gestor da área de Matimati.
Quintino: guia de Kindzu.
Tempo:
O romance passa-se entre os anos da guerra civil de 1977-1992.
Espaço:
A peça passa-se em dois locais: num autocarro abandonado numa rua de Moçambique, bem como em vilas do país, como Matimati.
Resumo:
Muidinga é um garoto que padece de amnésia e busca aos seus pais, juntamente com o sábio Tuahir, enquanto fogem dos conflitos da guerra civil em Moçambique. Eles encontram um autocarro incendiado com um diário intitulado "Cadernos de Kindzu", onde o menino relata a sua vida, incluindo o sonambulismo e o alcoolismo do seu pai, a carência de recursos da sua família, a morte do pai, a sua relação com Farida e o começo da guerra.
A narrativa de Muidinga e Tuahir se entrelaça com o relato do diário, onde ambos descobrem corpos enterrados e são capturados por Siqueleto, um sobrevivente da aldeia. Após serem libertados, Tuahir informa a Muidinga que o seu passado foi removido por um feiticeiro para evitar aflições. Eles resolvem construir um barco para prosseguir a sua jornada pelo mar.
No último caderno de Kindzu, Muidinga encontra um menino segurando os cadernos, que se revela ser Gaspar, o filho de Farida. Muidinga percebe que ele mesmo é Gaspar, o garoto que tanto buscava. Dessa forma, a história se conclui que Muidinga é Gaspar, o menino que sofreu de amnésia.
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Terra Sonambula de Mia Couta é uma escolha muito significativa para este portfólio devido à sua proximidade com o tempo presente, ou seja, é uma obra que retrata muitos dos problemas actuais que ocorreram há apenas 40-30 anos. Trata-se, portanto, duma obra literária que pode representar de forma muito viva o presente da nossa sociedade, mesmo sem subestimar a qualidade mágica e fantástica da sua história.
Da mesma forma, a fantasia da sua narrativa confere-lhe uma qualidade de originalidade como nenhuma outra obra que represente o modernismo deste portfólio. Como resultado, funciona também como uma obra mais fácil de digerir do que muitas outras, sem deixar de lado o exercício da crítica reflexiva.
O conjunto destes elementos permite-nos obter uma obra literária completa, complexa e dinâmica, que representa o desenvolvimento atual da literatura na era do modernismo e do pós-modernismo. É, portanto, um exemplo claro e atual de como todos os movimentos literários se alimentaram mutuamente para nos trazerem obras como esta. Assim, Terra Sonâmbula fecha este percurso das 10 obras mais importantes que representam a evolução da literatura lusófona.
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Referências
Diana, D. (n.d.). Terra Sonâmbula. Toda Matéria. https://www.todamateria.com.br/terra-sonambula/
Frazão, D. (2021). Mia Couto. eBiografia. https://www.ebiografia.com/mia_couto/
Souza, W. (n.d.). Terra sonâmbula. Brasil Escola. https://brasilescola.uol.com.br/literatura/terra-sonambula.htm
Zambrini, A. (2023). Terra Sonâmbula | Resumo do Livro de Mia Couto. QueroBolsa. https://querobolsa.com.br/enem/literatura/terra-sonambula
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ensinosdariqueza · 9 months ago
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Literatura existencialista e psicológica do modernismo: O Livro do Desassossego de Bernardo Soares
Na era do modernismo, grandes mentes e personalidades operam num quadro que não parece limitar qualquer tipo de pensamento quando se escreve. Nesta ocasião, vamos explorar a escrita de Bernardo Soares, um dos heterónimos mais complexos de Fernando Pessoa, o mais importante poeta português da era modernista.
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Nome da obra: O Livro do Desassossego.
Ano de publicação: 1982.
Autor: Bernardo Soares (Fernando Pessoa).
Origem: obra portuguesa.
Género literário: género narrativo.
Subgénero: romance fragmentado.
Temas: angústia e genialidade do autor; relação entre a consciência e a perceção da vida; a vida interior; relação entre a fé, a esperança e a vida; relação entre a alma e a orquestra; relação entre o presente, o passado e o futuro.
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Autor: Bernardo Soares (Fernando Pessoa)
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Fernando António Nogueira Pessoa foi um escritor, tradutor, crítico político e literário, editor, jornalista, empresário e publicitário português, nascido em Lisboa em 1888 e falecido em Lisboa em 1935.
É conhecido no mundo literário pela sua qualidade multifacetada, pois tem um número incontável de heterónimos a que se atribui cada uma das suas obras. É também conhecido pela criação de revistas, como a Revista Orfeu, e editoras, como a Editora Olisipo, no mundo da literatura, que serviram como pioneiras da era moderna.
Nesta ocasião, vale a pena definir um dos seus heterónimos: Bernardo Soares, que é considerado um semi-heterónimo, uma vez que Fernando Pessoa se reflecte em si mesmo:
"Não sendo a personalidade a minha, é, não diferente da minha, mas uma simples mutilação dela. Sou eu menos o raciocínio e afetividade" (Pessoa, 1935).
Assim, sabe-se que Bernardo Soares existe a partir de 1914 e a sua escrita destaca-se por ser algo fragmentada, mas de forma periódica e memorial, sem manter uma rotina ou regime temporal para escrever de forma cronológica. Por isso, é-lhe atribuída a escrita fragmentada da obra O Livro do Desassossego (1982).
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O Livro do Desassossego: Aspetos
Estrutura:
Trata-se de um texto póstumo de Fernando Pessoa, no qual foram compilados textos encontrados por uma organização feita pelo próprio Pessoa. Alguns deles não tinham qualquer assinatura ou indicação da época ou de quem os escreveu, no entanto, muitos deles tinham a assinatura e a caligrafia do seu heterónimo; por isso, esses textos foram estudados e classificados para a publicação de O Livro do Desassossego.
Assim, a obra é composta por pelo menos 500 textos autobiográficos, reflexivos ou autocríticos duma realidade dura e complexa.
Contexto:
Quanto ao contexto histórico, sabe-se que se trata de uma obra póstuma do escritor, pelo que o seu contexto histórico não corresponde ao ano de publicação, mas à época em que estava a ser escrita, que vai do 25º aniversário do autor até à data da sua morte, deixando-a como uma obra inacabada. Assim, a história da sua redação vai de 1913 a 1935, quando Portugal atravessava a proclamação da primeira república e a subsequente ditadura de 1917, bem como a Primeira Guerra Mundial e o crescimento do fascismo-nazismo.
Quanto ao contexto literário, o romance insere-se no quadro da época do modernismo mundial e, no quadro português, situa-se na primeira fase do modernismo, conhecida como a fase da geração de Orpheu: isto de acordo com a época em que foi escrito. Agora, no caso da publicação, poderia ser enquadrado na fase do neorrealismo da era moderna.
Quanto ao contexto social, sabemos que a vida de Pessoa foi marcada por perdas e dores, que afetaram não só a sua escrita, mas também as histórias que fizeram parte da obra final. Além disso, o contexto de guerra em que viveu também o afetou.
Personagens:
Como se trata de uma escrita fragmentada, não existe uma narrativa linear com personagens específicas. No entanto, Pessoa criou muitos outros heterónimos e alterou nomes reais ao longo da escrita, para além de Bernardo Soares, para inclusão na obra final. Por exemplo, Vasques (que na vida real era conhecido como Patrão Moitinho D'Almeida) ou Moreira.
Tempo:
Mais uma vez, esta obra não é uma narrativa comum com uma estrutura definida, pelo que não tem um tempo na obra. No entanto, é possível fazer alusão à época em que foi escrita, que foi de 1913 a 1935.
Espaço:
No caso do espaço, não é evidente, uma vez que se trata de textos reflexivos sem qualquer alusão ao espaço ou ao ambiente em que foram escritos.
Resumo:
É difícil fazer um resumo desta obra, uma vez que tem a qualidade de não ter linearidade, ordem ou tempo, pois contém mesmo histórias inacabadas ou que, no estudo pré-publicação, foram reunidas de acordo com a conveniência do que foi encontrado. No entanto, é fundamental colocarmo-nos questões como: “quem sou eu?” ou “como posso explicar a realidade?”, para compreendermos o objetivo e a mensagem com que foi escrito.
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Como se vê, esta obra é um enigma e uma maravilha para a literatura portuguesa e mundial. Não só pela compreensão dum dos maiores escritores do mundo, mas também pela sua complexa e extraordinária estrutura na época em que foi escrita.
Por isso, destacamos a relevância da presença e da arte de Fernando Pessoa como figura artística e profissional do modernismo português, devido aos seus incríveis heterónimos, pensamentos e obra. Assim como, neste caso, a importância da obra O Livro do Desassossego, uma das primeiras obras reflexivas, críticas e auto-projectivas da primeira fase e geração do modernismo português.
Desta forma, este escritor e obra abriram caminho para uma escrita muito mais livre, complexa, não estereotipada, que acompanha verdadeira, psicológica e sentimentalmente a vida dum autor, o que lhe confere um carácter pioneiro entre muitas outras obras da época moderna.
Assim, justificamos a escolha desta obra e o seu contributo para a evolução da literatura lusófona em direção à literatura internacional.
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Referências
EGEAC, Site externo. (n.d.). Manual de instruções para a leitura. Casa Fernando Pessoa. https://www.casafernandopessoa.pt/pt/cfp/visita/exposicao-temporaria/jogo-do-desassossego/dentro-do-livro/manual-de-instrucoes-para-leitura?eID=#:~:text=O%20Livro%20do%20Desassossego%20é,desconexo%20lógico%20que%20o%20caracterizam.”
 Barbieri, F. (2019). Resenha: O livro do desassossego. Unicentro. https://www3.unicentro.br/petfisica/2019/09/02/resenha-de-o-livro-do-desassossego/
Fernandes, M. (n.d.). Fernando Pessoa. Toda Matéria. https://www.todamateria.com.br/fernando-pessoa/
Grandes Livros. (2019). “O Livro do Desassossego”, de Fernando Pessoa. RTP Ensina. https://ensina.rtp.pt/artigo/fernando-pessoa-2/
Porto Editora. (n.d.). Livro do Desassossego. Infopédia. https://www.infopedia.pt/artigos/$livro-do-desassossego
Porto Editora. (n.d.). Bernardo Soares. Infopédia. https://www.infopedia.pt/artigos/$bernardo-soares
Zenith, R. (n.d.). Livro do Desassossego. Modernismo, Arquivo virtual da Geração de Orpheu. https://modernismo.pt/index.php/l/livro-do-desassossego
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ensinosdariqueza · 9 months ago
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A arte na política: Poemas de Agostinho Neto
Problemas sociais, ajuda comunitária, dor e beleza através da poesia de protesto. Uma nova forma de expressão através da literatura africana.
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Nome da obra: Poemas.
Ano de publicação: 1961.
Autor: Agostinho Neto.
Origem: obra angolana.
Género literário: género lírico.
Subgénero: poesia.
Temas: colonização; migração e regresso às origens; abordagem estético-política do colonialismo; ideologia libertária; questões raciais geradas pelo tráfico de escravos; libertação “poética” do negro; direito a viver humanamente; renascimento cultural.
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Autor: Agostinho Neto
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Agostinho Neto foi o primeiro presidente de Angola, nascido em Icolo e Bengo, Angola, em 1922 e falecido em Moscovo, União Soviética, em 1979. Estudou medicina nas universidades de Coimbra e Lisboa.
No entanto, foi um político de longa data e serviu como presidente de Angola, onde alcançou a independência em 1975. Ao mesmo tempo, participava em conferências e eventos médicos e escrevia nos seus tempos livres.
No campo da literatura, ficou conhecido pelas suas obras líricas em prosa, sobretudo pela sua poesia de protesto, com obras como Quatro Poemas (1957), Sagrada Esperança (1974) e Quem é o inimigo… qual é o nosso objetivo? (1974), esta última de natureza política.
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Poemas: Aspetos
Estrutura:
Esta coleção de poemas está dividida em 16 poemas independentes. Também, a coleção como totalidade contém 48 páginas. Assim, os títulos destes poemas são:
Poesia africana.
Fogo e ritmo.
Mussunda amigo.
Kinaxixi.
Meia-noite na quitanda.
Caminho do mato.
Comboio africano.
Noite.
Confiança.
As terras sentidas.
O choro de África.
Criar.
Aspiração.
Certeza.
Sim em qualquer poema.
O caminho das estrelas.
Contexto:
Quanto ao contexto histórico, a obra foi escrita e publicada durante um período de guerra em Angola, quando se desenrolavam as guerras de libertação nacional e a guerra colonial portuguesa.
Relativamente ao contexto literário, esta obra foi escrita na era pré-independência da literatura africana, que também se insere na era modernista do mundo lusófono e do mundo.
No que respeita ao contexto social, a sociedade angolana encontrava-se num espaço problemático e difícil, estando o autor no meio de processos políticos para uma Angola livre.
Como se trata duma obra lírica poética, não pode ser esquematizada ou analisada com a mesma estrutura duma obra narrativa. No entanto, a sua grande diversidade é evidenciada nos 16 contos poéticos expressos nesta obra de compilação que envolve temas sobre uma Angola livre.
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Poemas é a obra que abre um novo género literário ao nosso portfólio, neste caso o género lírico e a poesia, como uma amostra da grande diversidade de géneros, temas, estilos e formas de expressão no mundo literário lusófono que este trabalho de estudo procura mostrar.
Destaca-se também a grande importância do seu autor, Agostinho Neto, para a nação a que foi dedicada e escrita, ao exprimir-se duma forma tão simbólica como é a poesia num espaço tão duro como são os tempos de guerra de um Estado.
Por isso, a escolha desta obra para este estudo deve-se sobretudo à força simbólica duma obra para um Estado e como ela pode determinar ou apoiar toda uma sociedade em tempos de solidão e guerras duma forma que mais ninguém pode: a arte da literatura.
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Referências
Livros Ultramar - Guerra Colonial. (2021). Angola & Literatura - ‘POEMAS’, de Agostinho Neto - Lisboa 2014 - Raro;. https://livrosultramarguerracolonial.blogspot.com/2021/01/3.html
Neto, A. (1961). Poemas. https://www.uccla.pt/sites/default/files/colectania_poemas_ag_neto.pdf
Rosas, F. (2017). História a História África - Angola 61: O Início do Fim, episódio 8. RTP Ensina. https://ensina.rtp.pt/artigo/angola-1961-o-inicio-do-fim/
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ensinosdariqueza · 9 months ago
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Primera novela africana: Chiquinho de Baltasar Lopes da Silva
Porque o mundo lusófono tem mais do que duas faces, mais do que duas nações e mais do que dois continentes. É tempo de explorar a literatura lusófona numa outra perspetiva!
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Nome da obra: Chiquinho.
Ano de publicação: 1947.
Autor: Baltasar Lopes da Silva.
Origem: obra cabo-verdiana (Cabo Verde, África).
Género literário: género narrativo.
Subgénero: romance de aprendizagem.
Temas: infância; adolescência; adultez; morte; mudança; luto; luta contra as dificuldades; injustiça.
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Autor: Baltasar Lopes da Silva
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Baltasar Lopes da Silva foi um advogado, filólogo, professor e escritor cabo-verdiano, nascido em 1907 na aldeia de Caleijão na ilha de São Nicolau, Cabo Verde, e falecido em 1989 em Cabo Verde.
Depois de concluir os estudos secundários, emigrou para Lisboa e iniciou os estudos universitários, onde se destacou como grande aluno. Após a conclusão dos estudos, regressou ao seu país para trabalhar como professor.
Durante o mesmo período, fez parte da fundação da revista Claridade, uma revista de contos, poemas e ensaios. Foi nesta altura da sua vida que começou a trabalhar como escritor e criou o primeiro romance cabo-verdiano “Chiquinho” (1947).
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Chiquinho: Aspetos
Estrutura:
A obra divide-se em três partes:
Infância: Aqui é descrita a infância da personagem Chiquinho, os seus primeiros passos, um ambiente familiar e acolhedor.
São Vicente: Chiquinho cresce e inicia os estudos secundários na ilha de São Vicente, toma também consciência da situação social em Cabo Verde, mas mantém-se esperançado.
As Águas: Chiquinho regressa a Cabo Verde para ser professor, mas encontra-se numa situação precária devido à fome e à falta de água na região. Decide emigrar para os Estados Unidos.
Contexto:
Quanto ao contexto histórico, a peça foi escrita em 1947, quando Cabo Verde era uma colónia de Portugal. Nessa altura, o país atravessava uma situação de fome que se arrastava desde 1940 e que matou mais de 30% da população. A situação foi causada pela falta de atenção do governo em relação à água potável e aos serviços de alimentação. Além disso, o país atravessava uma crise migratória.
Em termos de contexto literário, a obra situa-se no período pré-independência, correspondente aos movimentos literários africanos. Corresponde também à época do modernismo literário mundial.
Em termos de contexto social, a sociedade cabo-verdiana procurou exteriorizar os sentimentos anticoloniais em favor da expressão de um nacionalismo africano que pudesse mostrar a forte realidade que estavam a viver.
Personagens:
Chiquinho: narrador e protagonista do romance, representa o cabo verdiano médio da década de 1930.
Nhá Rosa Calita: senhora idosa que conta histórias e tradições.
Nuniha: primeiro amor do Chiquinho.
Andrezinho, Nonó, Humberto e Alcides: amigos e colegas de Chiquinho em São Vicente.
Tempo:
Passa-se na década de 1930.
Espaço:
Passa-se em São Nicolau, Caleijão e Mindelo (cidade de S. Vicente): todas localidades de Cabo Verde.
Resumo:
Chiquinho nasce em São Nicolau e relembra a sua infância, a construção da casa da família em Caleijão, a partida do pai para a América devido à seca de 1915, a responsabilidade da mãe na criação dos filhos, as aventuras com as irmãs e a influência do pai na comunidade. Recorda-se das histórias morais de Nha Rosa Calita, de Pitra Marguida e de Nhô Chic'Ana. Lembra-se de Toi Mulato e das histórias de epidemias que assolaram a ilha. Tio Joca, apesar das críticas, foi exemplo para Chiquinho nesta etapa. Concluídos os estudos em São Nicolau, parte para Mindelo, onde conhece Nuninha, o seu primeiro amor, e funda o Grémio Cultural. Enfrenta a crise económica centrada no Porto Grande e experiência o conflito social em São Nicolau. Ganhando o concurso de professor do posto, Chiquinho se dedica a um projeto social sobre a vida da ilha. Diante da seca, mulheres se revoltam contra a polícia. A fome leva à morte de amigos próximos de Chiquinho. Assim, incitado pelo tio Joca, decide emigrar para a América em busca de melhores oportunidades.
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Esta obra traz-nos uma nova perspetiva sobre a literatura lusófona, abre novos caminhos territoriais, bem como novos temas, movimentos literários e problemas sociais a que nos podemos ligar e exprimir através da arte escrita.
A escolha deste romance para este portefólio é também atribuída à sua qualidade histórica e inovadora como primeiro romance cabo-verdiano, o que lhe conferiu não só um lugar na literatura lusófona, mas também na literatura mundial, uma vez que foi traduzido em várias línguas, nomeadamente inglês, francês e espanhol.
Por isso, destaca-se como um romance que toca o coração e a mente de todos os que o lêem para nos ligar a uma realidade que não conhecemos, mas que podemos compreender através de Baltasar Lopes da Silva, o criador do primeiro romance cabo-verdiano.
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Referências
A Nação. (2014). Chiquinho e Baltasar: Marcos da literatura de Cabo Verde. A Nação: Portal Independiente de Cabo Verde. https://www.anacao.cv/noticia/2014/10/29/chiquinho-e-baltasar-marcos-da-literatura-de-cabo-verde/
Cuambe, A. (n.d.). Resenha de Chiquinho. PdfCoffee. https://pdfcoffee.com/resenha-de-chiquinho-pdf-free.html
Faria, L. (2013). Baltasar LOPES DA SILVA ®. BarrosBrito. https://www.barrosbrito.com/9429.html
Ricardo, W. (n.d.). A Obra Chiquinho. PdfCoffee. https://pdfcoffee.com/a-obra-chiquinho-pdf-free.html
UCCLA. (2017). Obra “Chiquinho” de Baltasar Lopes. União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa. https://www.uccla.pt/noticias/obra-chiquinho-de-baltasar-lopes
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ensinosdariqueza · 9 months ago
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Representação da infância na literatura: Capitães da Areia de Jorge Amado
Porque os problemas não são representados apenas pela complexidade, mas também pela simplicidade da infância. Nesta ocasião, exploramos um novo movimento literário sobre uma história crua da infância no Brasil.
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Nome da obra: Capitães da Areia.
Ano de publicação: 1937.
Autor: Jorge Amado.
Origem: obra brasileira.
Género literário: género narrativo.
Subgénero: romance moderno.
Temas: luta contra a fome e a discriminação; desigualdade social; violência; infância abandonada; vingança dos jovens excluídos pela sociedade; prática de justiça com as próprias mãos.
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Autor: Jorge Amado
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Jorge Leal Amado de Faria foi um escritor e político brasileiro, nascido em Itabuna, Brasil, em 1912 e falecido em Salvador da Bahia, Brasil, em 2001.
A sua escrita dividiu-se em duas fases: a primeira concentrou-se em mostrar uma dura realidade social brasileira através de críticas sociais, políticas e culturais ao governo ou a situações problemáticas vividas na época. A segunda foi uma escrita mais livre e criativa, explorando o lado sentimentalista, fantasioso e rom��ntico de Amado, consagrando um dos seus romances preferidos pelo público “Gabriela, cravo e canela” (1958).
Assim, afirma-se como um dos mais importantes escritores modernos da literatura brasileira a nível internacional.
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Capitães da Areia: Aspetos
Estrutura:
Este romance não se caracteriza por uma estrutura semelhante à de outros romances descritos neste portefólio, pelo que podemos perceber a forma como o género narrativo se foi alterando ao longo dos anos e dos movimentos literários.
Assim, a estrutura deste romance é composta da seguinte forma:
Primeira parte: “Sob a lua, num velho trapiche abandonado”.
Está composta de 11 capítulos:
O trapiche.
Noite dos Capitães da Areia.
Ponto das Pitangueiras.
As luzes do carrossel.
Docas.
Aventura de Ogum.
Deus sorri como um negrinho.
Família.
Manhã como um quadro.
Alastrim.
Destino.
Segunda parte: “Noite da Grande Paz, da Grande Paz dos teus olhos”.
Está composta de 8 capítulos:
Filha de Bexiguento.
Dora, Mãe.
Dora, Irmã e Noiva.
Reformatório.
Orfanato.
Noite de Grande Paz.
Dora, Esposa.
Como uma estrela de loira cabeleira.
Terceira parte: “Canção da Bahia, Canção da Liberdade”.
Também está composta de 8 capítulos:
Vocações.
Canção de amor da vitalina.
Na rabada de um trem.
Como um trapezista de circo.
Notícias de jornal.
Companheiros.
Os atabaques ressoam como clarins de guerra.
Uma Pátria e uma família.
(Diana, Toda Matéria).
Contexto:
No contexto histórico, o romance foi escrito e retratado no quadro histórico do Brasil entre 1930-1945, marcado pelo golpe de Estado dum dos políticos mais polémicos do país, Getúlio Vargas, e ao qual se atribui a proclamação do Estado Novo, uma ditadura que teve início em 1937 (o mesmo ano em que a obra foi publicada) e durou até 1945. Um período repleto de censura, opressão, desigualdade social e pobreza.
Quanto ao contexto literário, Capitães da Areia foi escrito no âmbito da segunda fase de consolidação do movimento literário modernista no Brasil, com especial enfoque na vertente regionalista do movimento.
Em relação ao contexto social, a obra foi censurada durante o governo de Getúlio Vargas, e o autor Jorge Amado foi preso; no entanto, a obra foi bem recebida ao longo dos anos.
Personagens:
Pedro Bala: líder do bando.
Professor João José: pertence ao bando, é a parte intelectual.
Padre José Pedro: pertence ao bando, é a parte religiosa.
Mãe de Santo: não pertence ao bando, mas por vezes aconselha-os.
Volta Seca: "se junta ao grupo de Lampião e torna-se cangaceiro. No entanto, foi capturado e condenado" (Diana, Toda Matéria).
João Grande: marinheiro do bando.
Sem Pernas: rapaz amargo que pertence ao bando e sofre duma doença física.
Pirulito: um dos membros mais problemáticos, torna-se então religioso.
Dora: a única mulher do bando, é a namorada do Pedro Bala.
Boa Vida: um dos membros mais problemáticos do bando.
Gato: um dos membros do bando mais festeiros, tem um romance com Dalva.
Dalva: uma prostituta e namorada de Gato, não pertence ao bando.
Almiro: membro do bando.
Barandão: pertence ao bando e o segundo líder despois de ser nomeado pelo Pedro Bala.
Ezequiel: líder de outro bando de meninos abandonados.
Querido de Deus: não pertence ao bando, mas é amigo deles e dá-lhes aulas de capoeira.
Tempo:
Passa-se num período de, pelo menos, 10 a 20 anos, na década de 1930.
Espaço:
A história se desenvolve no município de Salvador, Bahia, Brasil.
Resumo:
Um grupo de jovens, conhecidos como capitães da areia, vive na cidade portuária abandonada de Salvador e frequentemente se dedicam ao comércio ou ao roubo. Eles costumam caminhar pelo corredor da Vitória, liderados por Pedro Bala. Um dos membros do grupo, Dora, é uma figura-chave e também namorado do Pedro. Além disso, a rotina deles é andar pela cidade, muitas vezes atrofiando a população. Quando capturados, são mandados para o reformatório, uma área fechada para pequenas obras de infraestrutura. Depois, a cidade acaba por ser assassinada pela varíola, e alguns membros são capturados ou mortos. Por último, o autor apresenta o destino de cada um deles na parte final do livro.
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Este é o romance que inaugura a era modernista do nosso portfólio, não só pela sua qualidade inovadora de movimentos literários ao nos apresentar a segunda fase do modernismo (no caso, o Brasil), mas também pela sua grande habilidade e força em contar uma história tão complexa e dura quanto a realidade dum país expressa através da infância.
Facto que lhe confere mesmo o valor de ser uma das leituras obrigatórias ou essenciais nas escolas brasileiras e uma importante referência literária para quem aprende português, pelo que o seu valor, para além da popularidade, pode ser medido pela quebra de estereótipos e pela coragem de publicar um romance deste calibre.
Foi assim que este romance, apesar de ter tido uma má reputação devido à política da época em que foi publicado, conseguiu encontrar um lugar na literatura brasileira e internacional. Por isso, é considerado uma referência literária de transição entre épocas históricas e define muito bem a evolução para uma era avançada, protestante e tecnológica.
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Referências
Amado, J. (1937). Capitães de Areia. https://www.caesp.com.br/libwww/colegios/uploads/uploadsMateriais/02032021164046LIVRO%20CAPITAES%20DE%20AREIA.pdf
Diana, D. (n.d.). Capitães de Areia. Toda Matéria. https://www.todamateria.com.br/capitaes-de-areia/
Frazão, D. (n.d.). Jorge Amado. eBiografia. https://www.ebiografia.com/jorge_amado/
Souza, W. (n.d.). Capitães da areia. Brasil Escola. https://brasilescola.uol.com.br/literatura/capitaes-da-areia.htm
Moraes, J. (n.d.). Capitães da Areia - Romance expressa ideal político. UOL. https://educacao.uol.com.br/disciplinas/portugues/capitaes-da-areia-romance-expressa-ideal-politico.htm
Santos, P. (2024). Cultura Nova Fase. https://culturanf.com.br/desbravando-o-universo-dos-capitaes-da-areia/
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ensinosdariqueza · 9 months ago
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O realismo português: O Mandarim de Eça de Queirós
De volta a território português, mas agora a partir dum novo movimento literário, abordaremos um novo género e uma nova perspetiva da literatura!
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Nome da obra: O Mandarim.
Ano de publicação: 1880.
Autor: Eça de Queirós
Origem: obra portuguesa.
Género literário: género narrativo.
Subgénero: romance curto ou conto de fantasia.
Temas: a crítica social, o ensino moral, o servilismo, a hipocrisia social, a venalidade eclesiástica e a estupidez geral.
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Autor: Eça de Queirós
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José Maria de Eça de Queirós foi um político, advogado, académico, jornalista e escritor português, nascido na Póvoa do Varzim em 1845 e falecido em Paris em 1990.
Foi criado durante grande parte da sua infância pelos os seus avós, até se mudar para o Porto e iniciar a sua formação académica. Iniciou depois os estudos superiores como advogado e, mais tarde, exerceu profissionalmente a atividade de jornalista (a sua inspiração para escrever) e de político, viajando por várias partes do mundo.
No entanto, tornou-se também escritor profissional, sendo considerado o expoente máximo do movimento literário do realismo em Portugal, com obras como O Crime do Padre Amaro (1875), O Primo Basílio (1878) e Adão e Eva no paraíso (1897), entre muitas outras, que mostram a dura e crítica realidade dos portugueses do passado.
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O Mandarim: Aspetos
Estrutura:
A peça abre com um pequeno prólogo sob a forma duma narração sobre uma situação de dois amigos e começa imediatamente com a longa narração na primeira pessoa, dividida em 8 longos capítulos.
Contexto:
Em relação ao contexto histórico da obra, Portugal estava a expandir-se para os territórios de África e da Ásia, tendo em conta a iminente Conferência de Berlim.
No contexto literário, o romance foi escrito no auge do movimento literário do realismo, conhecido por retratar a realidade crua através do objetivismo.
Em relação ao contexto social, a sociedade portuguesa estava constantemente a sofrer novas alterações graças a mudanças políticas bipartidárias ou mudanças de reis.
Personagens:
Teodoro: protagonista, um escriba. É um burguês nacional, medíocre, frustrado e com baixos valores morais.
Ti Chin-Fu: O mandarim que Teodoro assassina.
O diabo: Instiga Teodoro a tocar o sino para herdar a propriedade do Mandarim.
Vladimira: esposa do General Camilloff e amante do Teodoro.
General Camilloff: representação do Império Russo na China.
Sá-Tó: intérprete de Teodoro durante a sua viagem à China.
Dona Augusta: proprietária da pensão onde Teodoro vivia antes de ficar rico.
Couceiro: outro hóspede de D. Augusta.
Cabritinha: outro hóspede de D. Augusta.
Veriskof: representação alemã na China, um homem culto e gordo, e companheiro intelectual de Teodoro na China.
Tempo:
A obra não tem um período de tempo definido, uma vez que se trata de um romance de fantasia.
Espaço:
Países como a China, a Rússia e a Alemanha são retratados na obra, no entanto, há um plano imaginário e fantástico que também conta como espaço para a obra.
Resumo:
Teodoro, um homem pobre e infeliz, descobre uma lenda enquanto lê numa noite desolada. Esta lenda dizia que, se lesse aquele texto específico a uma certa hora da noite, o Diabo apareceria para lhe propor um negócio que mataria um homem muito rico, longe, na China, a quem poderia suplantar e ficar com a sua riqueza e a sua vida.
Isto torna-se realidade, pois Teodoro lê a lenda e o Diabo aparece-lhe à frente com um sino, com o qual ele aceita e cumpre a sua tarefa de acordo com a lenda. Esta pequena ação leva-o a numerosas e tempestuosas aventuras por toda a Ásia.
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Depois duma aversão ao romantismo que procura idealizar aspectos da vida como o amor e o homem, a sociedade portuguesa, brasileira e mundial queria uma nova perspetiva que retratasse uma realidade que estava a ocorrer nos anos da era moderna de 1880 e cuja visibilidade objetiva e real não estava a ser representada.
Daí nasceu, especialmente, o realismo de Eça de Queirós, escritor pioneiro e revolucionário desse movimento em Portugal. Premiado pela sua forma brilhante de escrever e representar a realidade portuguesa através da ironia, do pessimismo e duma crítica verdadeiramente dura.
Todas as suas obras têm uma grande notoriedade e história que vale a pena contar, no entanto, a escolha deste título específico deve-se à grande representação do Bem e do Mal dos instintos mais primitivos do ser humano numa sociedade que favorece alguns e que parece andar mais depressa do que os menos favorecidos. Graças a este facto, este romance é considerado uma das melhores representações não só da sociedade portuguesa, mas também da sociedade lusófona e mundial, que foi capaz de passar por estes processos e dilemas sociais em tempos de pós-industrialização.
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Referências
Agr-tc.com. (n.d.). O Mandarim. Biblioteca Digital. https://www.agr-tc.pt/bibliotecadigital/aetc/index.php?page=13&id=98&db=
Diana, D. (n.d.). Eça de Queirós. Toda Matéria. https://www.todamateria.com.br/eca-de-queiros/
Queirós, E. (1880). O Mandarim. https://aeaveiro.pt/biblioteca/epubreader.php?data=374&db=
Magalhães, E. (2022). “O Mandarim”: a obra (quase) esquecida de Eça de Queirós. Comunidade Cultura e Arte. https://comunidadeculturaearte.com/o-mandarim-a-obra-quase-esquecida-de-eca-de-queiros/#google_vignette
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ensinosdariqueza · 9 months ago
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Literatura de representação social: A escrava Isaura de Bernardo Guimarães
Para continuarmos a explorar a literatura brasileira, vamos agora abordar uma vertente mais significativa: a literatura de representação social.
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Nome da obra: A escrava Isaura.
Ano de publicação: 1875.
Autor: Bernardo Guimarães.
Origem: obra brasileira.
Género literário: género narrativo.
Subgénero: romance regionalista.
Temas: abolicionismo, escravatura, romantismo e regionalismo.
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Autor: Bernardo Guimarães
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Bernardo Joaquim da Silva Guimarães foi um professor, jornalista e escritor de poemas e romances, que nasceu em 1825 e morreu em 1884, em Ouro Preto, Brasil.
Ao longo da sua vida académica e profissional, desenvolvendo-se como professor e escritor, adquiriu várias competências e comprometeu-se com o seu meio natural, caraterísticas que viriam a ser a sua marca pessoal na sua escrita. Assim, entre 1852 e 1881, escreveu várias obras como Cantos da solidão (1852) e Poesias (1865), até chegar à obra que o catapultaria para a fama, A escrava Isaura (1875). No entanto, a sua fama não parou por aí, mas foi preservada e ainda mais externada após a sua morte, sendo A escrava Isaura (1875) um dos romances mais famosos do Brasil, com várias adaptações e traduções.
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A escrava Isaura: Aspetos
Estrutura:
Tal como o romance Iracema, de José de Alencar, A escrava Isaura é também um romance do género narrativo. Por isso, também possui uma estrutura caraterística dessas obras: A escrava Isaura é composta por 22 capítulos ao longo da sua história.
Contexto:
Quanto ao contexto histórico, é semelhante ao de Iracema, de José de Alencar. No entanto, vale a pena dar alguns outros fatos, por exemplo, o Brasil estava sob o domínio imperial, mais especificamente no período do Segundo Reinado que durou de 1840 a 1889. Como se pode perceber, estavam quase no final da duração desse reinado, que foi pós-guerra (Guerra do Paraguai) e o país estava num contexto um tanto decadente para isso.
Quanto ao contexto literário, esta obra foi escrita na segunda geração do movimento literário do romantismo no Brasil, onde o egocentrismo e o pessimismo se destacavam graças ao período político e histórico que os brasileiros viviam na tentativa de abolição da escravatura.
Agora, no contexto social, como já foi dito, os brasileiros estavam bastante descontentes com a escravidão no país, e esse sentimento se refletiu na vida artística do país, especialmente na literatura.
Personagens:
Isaura: protagonista.
Álvaro: namorado da escrava Isaura.
Belchior: antagonista.
Leôncio: dono da escrava Isaura, antagonista principal.
Comendador Almeida: pai do Leôncio.
Ester: esposa do Comendador Almeida.
Geraldo: amigo do Álvaro.
Henrique: irmão da Malvina.
Juliana: mãe da escrava Isaura.
Malvina: esposa do Leôncio.
Miguel: pai da escrava Isaura.
Martinho: trabalhador duma taverna.
Rosa: outra escrava que odeia à Isaura.
Tempo:
A obra é ambientada nos primeiros anos do reinado de D. Pedro II, referindo-se, portanto, ao Segundo Reinado do Império Brasileiro, que durou de 1840 a 1889.
Espaço:
O romance tem duas localizações geográficas: o município de Campos dos Goytacazes, no Rio de Janeiro, e a cidade de Recife. Além disso, a história se passa numa fazenda do referido município.
Resumo:
Numa fazenda distante vivia o Comendador Almeida, que se apaixonou por uma escrava e dali nasceu a escrava Isaura, a quem seu dono não quis vender a liberdade e ali foi aprisionado para o futuro filho Leôncio. Mais tarde, Leôncio, o novo dono da casa após a morte do pai, e a sua mulher são donos de todas as terras e escravos e, portanto, também donos de Isaura, por quem Leôncio nutria um carinho especial. No entanto, ela estava reticente a estes tratos, ao ponto de ser castigada por Leôncio.
Mais tarde, Leôncio, o novo dono da casa após a morte do pai, e a sua mulher são donos de todas as terras e escravos e, portanto, também donos de Isaura, por quem Leôncio era particularmente afeiçoado. No entanto, ela estava reticente a esses tratos, a ponto de ser castigada por Leôncio e assediada por um dos empregados de Leôncio, o Sr. Belchior.
Isso gerou o desejo de fugir com o seu pai, Miguel, para a cidade de Recife, onde mudaram de identidade e viveram em paz por algum tempo; aqui ela conhece Álvaro, por quem logo se apaixona e o sentimento é recíproco. No entanto, um taberneiro, Martinho, descobre o segredo de Isaura e acusa-a às autoridades. Como resultado, Isaura é devolvida à propriedade de Leôncio. Aqui, Malvina, para se vingar, engendra um plano para que Isaura se case com Belchior e viva infeliz toda a sua vida.
No entanto, Álvaro descobre a tempo e, antes do casamento, chega à cidade e compra todas as propriedades do Sr. Leôncio, corre para o lado de Isaura e salva-a. Finalmente, ficam juntos e Isaura liberta-se da escravatura. Pelo contrário, quando Leôncio fica sem dinheiro e sem casa, decide suicidar-se.
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Apesar de ser visto como uma história totalmente romântica, é um texto que retrata de forma muito profunda essa luta social pela qual o Brasil passou na época imperial do Segundo Reinado. Uma luta que ficou marcada na alma histórica e social dos brasileiros e esse foi um romance que representou esse problema social.
Graças a isso, ganhou uma fama impressionante em todo o mundo, sendo um dos romances brasileiros mais adaptados para o cinema e a televisão, além de ser traduzido em muitas outras línguas.
Devido a esse elemento revolucionário e à sua representatividade social e cultural, foi uma das escolhas mais significativas para este portfólio.
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Referências
ABL. (n.d.). Biografia. Academia Brasileira de Letras. https://www.academia.org.br/academicos/bernardo-guimaraes/biografia
Fuks, R. (n.d.). A escrava Isaura, de Bernardo Guimarães. Cultural Genial. https://www.culturagenial.com/a-escrava-isaura-de-bernardo-guimaraes/
Guimarães, B. (1875). A escrava Isaura. https://objdigital.bn.br/objdigital2/acervo_digital/div_obrasraras/or43590/or43590.pdf
Neves, D. (n.d.). Brasil Império. Brasil Escola. https://brasilescola.uol.com.br/historiab/brasil-monarquia.htm#Segundo+Reinado
Souza, W. (n.d.). A escrava Isaura. Brasil Escola. https://brasilescola.uol.com.br/literatura/a-escrava-isaura.htm
Zambrini, A. (2022). A Escrava Isaura – Resumo. QueroBolsa. https://querobolsa.com.br/enem/literatura/a-escrava-isaura
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ensinosdariqueza · 9 months ago
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O originalidade brasileira: Iracema de José de Alencar
Para abranger mais lados do mundo lusófono, nesta oportunidade abordaremos uma obra brasileira, dando destaque a maior visibilidade da literatura lusófona além de Portugal.
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Nome da obra: Iracema.
Ano de publicação: 1865.
Autor: José de Alencar.
Origem: obra brasileira.
Género literário: género narrativo.
Subgénero: romance.
Temas: Indianismo; submissão; violência; colonização; amor; criação e origem dum povo; idealização da natureza e da mulher.
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Autor: José de Alencar
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José de Alencar foi um advogado, jornalista e escritor de romances e teatro, nascido em Messejana no Ceará, Brasil no ano de 1829 e falecido no Rio de Janeiro, Brasil, em 1877. Familiar de figuras como José Gonçalves dos Santos (comerciante), D. Bárbara de Alencar (heroína da revolução de 1817) e José Martiniano de Alencar (pai e senador).
A sua carreira como escritor começa trabalhando no Correio Mercantil, onde escreve críticas, resenhas e cartas para o jornal. Nesse ponto, era comum ver críticas dele sobre o estado da literatura brasileira, onde ele sustentava que o Brasil não deveria se identificar com o gênero épico como era frequente no classicismo da Idade Moderna, mas optou e defendeu o uso dum gênero mais livre como a narrativa fictícia.
Por isso, ele começa a publicar obras da sua autoria no ano de 1856 com "Cinco minutos", a sua primeira obra. Em seguida, em 1865, escreve uma das suas obras mais famosas e catalogada como o início do movimento literário do romantismo no Brasil, Iracema, sendo catalogado como "o patriarca da literatura brasileira".
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Iracema: Aspetos
Estrutura:
Pertencente ao gênero narrativo e subgênero do romance, caracteriza-se por ser um texto longo em prosa que é dividido em capítulos. Neste caso, este romance é composto por 33 capítulos.
Contexto:
Referindo-se ao contexto histórico, este foi um romance escrito na Era Nacional do Brasil, ou seja, uma era independentista onde o Brasil buscava a maior visibilização e reconhecimento do nacional em sua nação. Assim, se desenvolve nos anos pós-independência do ano 1822.
Por um lado, do contexto literário este romance foi escrito no final da primeira geração do romanticimo brasileiro. Assim, retrata demais as características do indianismo e a criação de um herói nacional pós-colonização dos europeus, em representação da criação duma forte identidade nacional.
Por outro lado, em relação ao contexto social, no ano em que foi publicada Iracema, 1865, a sociedade do país ainda estava superando o trauma da colonização europeia. Assim, pode ser visto na escrita de Alencar os temas que ele buscava refletir em pro da defesa dum pensamento e uma dor brasileira.
Personagens:
Iracema: protagonista do romance, mulher tabajara.
Martim: co-protagonista, representação da colonização portuguesa no Brasil, amigo da tribo potiguara e namorado de Iracema.
Caubi: irmão de Iracema.
Araquém: pai de Iracema e Caubi, pajé da tribo tabajara.
Andira: irmão de Araquém.
Irapuã: chefe dos guerreiros tabajaras, apaixonado pela Iracema.
Poti: melhor amigo e parceiro do Martim, herói dos guerreiros potiguaras.
Jacaúna: chefe dos guerreiros potiguaras.
Jandaia: ave amiga de Iracema, costuma dar-lhe conselhos e acompanhá-la.
Japi: cão de estimação do Martim.
Batuirité: avô de Poti e Jacaúna.
Moacir: filho da Iracema e Martim.
Tempo:
Iracema é ambientada no século XVII, entre os anos 1603-1611, no marco da descoberta e colonização do Brasil pelos portugueses.
Espaço:
A história se desenvolve ao longo de todo o litoral do Ceará.
Resumo:
Martim, um português amigo da tribo Potiguara, perde-se na mata do território da tribo Tabajara. Iracema o avista ao longe e sente uma leve ameaça ao desconhecido, por isso seu primeiro instinto é acertá-lo com uma flecha. No entanto, Martim não reage e Iracema entende que ele está apenas perdido e não tem a intenção de machucá-lo.
Assim, os dois seguem viagem até a tribo dela, onde ele conhece o pai, o irmão dela, o chefe da tribo e os guerreiros. Embora quase todos gostem dele, o chefe da tribo, Irapua, o odeia, pois estava apaixonado por Iracema. Mas Iracema deve permanecer virgem porque possui o vinho da Jurema, o segredo da tribo.
Os dois se instalam por um tempo na casa de Iracema (tempo em que ambos se apaixonam), até que surgem descontentamentos, guerras e problemas entre o chefe da tribo tabajara, Martim e os potiguaras. Como resultado, os dois fogem do local, enquanto uma guerra entre as tribos se inicia. Eles decidem que devem fugir para o lado do melhor amigo de Martim, Poti, para poderem viver a vida de amantes em paz.
No entanto, Iracema fica muitas vezes sozinha na sua nova casa, enquanto Martim e Poti vão caçar. Nesse meio tempo, Iracema engravida, mas, devido ao abandono do marido, dá à luz o filho e, alguns dias depois, quando Martim retorna, ela morre de desidratação e desnutrição; mas não sem antes dar o nome de Moacir (filho do sofrimento) ao filho, que é levado pelo pai quando este foge do Brasil para Portugal.
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Graças à originalidade e ao pioneirismo do gênero, bem como à genialidade e à criatividade de seu autor, José de Alencar, este romance ficou marcado na história do Brasil e do mundo como o primeiro romance a dar início ao romantismo brasileiro. Além disso, é um romance que retrata e critica reflexivamente os problemas pelos quais passava um Brasil antigo e o que isso significava para a sociedade da época e a atual.
Portanto, não é apenas um romance incrível que abre caminho para um pensamento crítico e reflexivo sobre o passado, mas também hipnotiza com a sua grande história, com personagens, ambientes, contexto e tempo tão complexos quanto a colonização do Brasil e a complexa relação entre europeus e colonizados na forma dum relacionamento amoroso.
Assim, o primeiro romance romântico do Brasil foi considerado uma obra importante para as mudanças e transições não só dos movimentos literários a nível nacional e internacional, mas também a nível de impacto na sociedade.
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Referências
ABL. (n.d.). Biografia. Academia Brasileira de Letras. https://www.academia.org.br/academicos/jose-de-alencar/biografia
Aidar, L. (n.d.). Livro Iracema, de José de Alencar. Cultura Genial. https://www.culturagenial.com/livro-iracema-de-jose-de-alencar/
Brandino, L. (n.d.). Iracema — José de Alencar. Brasil Escola. https://brasilescola.uol.com.br/literatura/iracema.htm#Contexto+histórico%C2%A0de%C2%A0Iracema
Diana, D. (n.d.). Iracema. Toda Matéria. https://www.todamateria.com.br/iracema/
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ensinosdariqueza · 9 months ago
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O pai da língua portuguesa: Luís Vaz de Camões e Os Lusíadas
Agora, chegamos ao segundo lugar na lista das 10 obras mais importantes da literatura lusófona. Nesta ocasião, abordaremos Os Lusíadas, de Luís Vaz de Camões.
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Nome da obra: Os Lusíadas.
Ano de publicação: 1572
Autor: Luís Vaz de Camões.
Origem: obra portuguesa.
Género literário: género narrativo.
Subgénero: epopeia.
Temas: história de Portugal; criação do herói nacional; inspiração nas obras clássicas; mitos; amor; exaltação do povo português.
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Autor: Luís Vaz de Camões
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Camoes foi um escritor, poeta e tradutor português. Não há dados exatos sobre a data do seu nascimento ou morte, mas se diz ambos os eventos ocorreram em Lisboa, Portugal, entre os anos 1524 e 1580.
Era um homem bastante culto, tendo estudado grande parte da sua vida nas universidades de Coimbra e depois de Lisboa, destacando-se na teologia e filosofia. Depois disso, entre os anos 1566-1572, Camoes estava no processo de escrita e publicação do seu grande poema épico Os Lusíadas, que se desenvolveu em inúmeras expedições marítimas, naugrafias e encarceramentos. No entanto, também tinha alguma relevância com a monarquia do seu tempo (D. João III, "o Piadoso" e D. Sebastião, "o Desejado"), por isso, também chegou a receber ajuda para poder voltar ao seu país e ser atribuído por suas obras.
No entanto, ele ainda ganhou o título de pai da língua portuguesa e seu grande reconhecimento após a sua morte. Assim, consagrou-se como o escritor mais importante do século XVI.
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Os Lusíadas: Aspetos
Estrutura:
A obra está dividida em quatro partes conhecidas como:
Preposição.
Invocação.
Dedicatória.
Narração.
Estas, por sua vez, estão divididas em 10 cantos e com uma estimativa de 110 estrofes por canto. Assim, o primeiro canto é composto pela preposição, invocação e dedicatória, que tratam da introdução à história e ao personagem principal (o herói), a inspiração do autor das ninfas e a dedicação ao rei D. Sebastião, respectivamente. Assim, o resto dos cantos tratam sobre a narração da peça.
Contexto:
Quanto ao contexto histórico, esta obra foi escrita entre os anos 1566-1572, pelo que, encontrava-se plasmada entre o tempo do reinado de D. Joao III e de D. Sebastião, nos quais se desenrolavam acontecimentos como: expansão do império marítimo português; Colonização do Brasil; centralização de poderes; conflito entre turcos e cristãos; batalha de Alcácer-Quibir, entre outros.
Quanto ao contexto literário, esta obra situa-se no renascimento trazido por Francisco Sá de Miranda da Itália para Portuga, iniciando o movimento literário chamado classicismo. Neste, apesar de ter clara inspiração no humanismo do renascimento, destacava-se a beleza, a idealização, a exaltação, a religiosidade, pelo que, os gêneros mais destacados de seu tempo eram a lírica e a epopeia.
No que diz respeito ao contexto social, Camoes foi fortemente inspirado em acontecimentos históricos muito posteriores à sua existência; no entanto, também se destacou por incluir o orgulho nacional português na sua obra prima, como a figura dum herói nacional.
Personagens:
Como obra épica, destacavam-se personagens reais e personagens mitológicos:
Personagens reais:
Vasco da Gama.
Pedro I de Portugal.
Ines de Castro.
Velho do Restelo (representação dos portugueses pessimistas de seu tempo).
Personagens mitológicos:
O Gigante Adamastor (mítico gigante).
Calíope (musa de poesia épica).
Lusus (deus mitológico).
Tágides (ninfa).
Tetis (nereida).
Tempo:
O poema épico retrata a viagem do explorador real Vasco da Gama, por isso, se passa dentro da obra entre os anos 1497-1498, quando Portugal iniciava a sua primeira exploração para a Índia.
Espaço:
O espaço da obra se desenvolve entre Lisboa, Portugal, os mares orientais, Moçambique, Mombaça e a Índia.
Resumo:
Uma embarcação é comandada pelo explorador Vasco da Gama com o objetivo de chegar à Índia, no entanto, no caminho encontra inúmeros obstáculos de rigor mitológico e bélico. Primeiro, eles ficam presos na ilha de Moçambique, onde acabam brigando com os mouros, até chegar à ilha de Mombaça, onde seu rei os recebe e fica atento às histórias de explorações e a monarquia de Portugal ao testemunho de Vasco da Gama.
Aqui, conta em grande detalhe a criação da monarquia em Portugal até aos seus dias, depois passa pelas suas aventuras até chegar lá e por fim, tomam rumo aos mares da Índia. Neste ponto, eles encontram deuses gregos como Lusus e críaturas gigantes míticas como O Gigante Adamastor. No entanto, eles conseguem superar essas lutas mitológicas e chegar ao seu destino: a Índia.
Chegam com festas e depois de passar um tempo, voltam para Portugal com espécies, relíquias e a inspiração de muitas ninfas daquele lugar.
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Assim, resulta numa obra emblemática para todo Portugal e o mundo, tanto pela sua natureza pioneira de movimento literário como pelo seu conteúdo histórico e mitológico que serviu de inspiração aos movimentos literários seguintes que iremos desenvolver. No entanto, esta obra também se inspira em clássicos, por isso, é um conjunto de tradições literárias que nunca deixará de ser um objeto de estudo relevante para os estudos literários internacionais.
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Referências
Biografia de Luís de Camões. (n.d.). EBiografia. https://www.ebiografia.com/luis_camoes/
Portuguese With Leo. (2021, junho 9). Luís de Camões e Os Lusíadas // Aprende português. YouTube. https://www.youtube.com/watch?v=DlqYHWggdsk
Os Lusíadas: resumo e análise da obra de Camões. (n.d.). Brasil Escola. https://brasilescola.uol.com.br/literatura/os-lusiadas-de-luis-de-camoes.htm
Veiga, E. (2022, março 11). BBC News Brasil. 'Os Lusíadas': a obra que 'fundou' a língua portuguesa há 450 anos. https://www.bbc.com/portuguese/geral-60711413
Os Lusíadas: Canto I. (n.d.). Oslusiadas.org. https://oslusiadas.org/i/
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ensinosdariqueza · 9 months ago
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O início da literatura: o Renascentismo de Gil Vicente e a sua obra Auto da Barca do Inferno
Como preâmbulo das publicações sobre as 10 obras mais importantes da literatura lusófona (segundo este portfólio) que vão desde a Idade Média até ao Modernismo, é pertinente esclarecer que as publicações serão orientadas por um esquema que ajudará a compreender e a digerir cada informação de cada obra lusófona, que será visível nesta publicação, bem como na introdução deste trabalho.
Neste caso, abordaremos a obra que abre esta lista: Auto da Barca do Inferno, de Gil Vicente.
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Nome da obra: Auto da Barca do Inferno.
Ano de publicação: 1517.
Autor: Gil Vicente.
Origem: obra portuguesa.
Género literário: género dramático, obra teatral.
Subgénero: género dramático de "auto".
Temas: sátira social; juízo final; valores morais e espirituais; dualidade de crenças e de pensamentos; simbologia; lenda de Caronte.
Depois de definirmos os conceitos básicos da obra, podemos continuar a aprofundar aspetos que ajudarão a compreender a importância da mesma.
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Autor: Gil Vicente
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Muitos aspectos da sua vida são de natureza presumida, pois não existem informações suficientemente verdadeiras sobre ele; no entanto, existem informações que podem ser verificadas graças às suas obras e ao impacto que teve na vida política e cultural de Portugal.
Assim, diz-se que nasceu em 1465, na cidade de Guimarães, Portugal, e morreu em 1536, em Évora, Portugal. Da mesma forma, alguns historiadores afirmam que estudou na Universidade de Salamanca, em Espanha, enquanto outros afirmam que não estudou em nenhuma universidade; contudo, foi um homem muito culto que chegou a falar mais de três línguas.
Como escritor, foi considerado o pai do teatro português, tendo sido o pioneiro da tradição teatral no país, chamada teatro vicentino. Foi também escritor, diretor e até ator de mais de 10 peças, ambientadas no contexto da Idade Média e do Renascimento português. Por esta razão, as suas peças foram consideradas uma poderosa representação da reflexão política, religiosa e cultural da sociedade portuguesa do seu tempo.
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Auto da Barca do Inferno: Aspetos
Nesta secção, desenvolveremos aspectos como a estrutura da peça, o contexto, as personagens, o tempo e o espaço, bem como um resumo da peça.
Estrutura:
Quanto à estrutura externa, ao contrário de muitas peças medievais e renascentistas, o Auto da Barca do Inferno não está dividido em atos, pois contém apenas um, e a peça divide-se posteriormente em cenas, que são contadas de cada vez que uma personagem participa.
No que diz respeito à estrutura interna da peça, esta contém uma série de acções (entre uma ou mais personagens) que se dividem em exposição, conflito e desenlace. Do mesmo modo, pode dizer-se que a peça se divide em três partes importantes: a chegada de pessoas recentemente falecidas; dois barcos na margem do rio com direção ao “além”; um leva ao “paraíso” e o outro ao “inferno”.
Da mesma forma, a peça contém monólogos, diálogos e discursos separados para o público e não para as personagens da peça.
Contexto:
Como já foi referido, esta obra nasceu no contexto histórico do período de transição entre a Idade Média e a Idade Moderna. Foi fruto do movimento literário do humanismo ou renascimento, que se caracterizou pela racionalidade, pelo cientificismo, pela exaltação e valorização do ser humano, bem como pelo antropocentrismo.
No contexto literário, a literatura da época baseava-se sobretudo na poesia, na prosa historiográfica, na crónica e no teatro. No caso de Gil Vicente, este enquadrava-se como teatro humanista/renascentista.
E, finalmente, no que respeita ao contexto social, Portugal foi fortemente influenciado pelas tradições políticas e sociais da Europa, pelo que a sua sociedade foi intimamente influenciada pelo feudalismo, pelo domínio da religião e pela estruturação social de classes. Assim, o teatro vicentino caracterizou-se por ser socialmente bastante crítico em relação a estas tradições.
Personagens:
Diabo: capitão do navio doInferno.
Anjo: capitão do navio do Céu.
Fidalgo: representa as classes sociais.
Onzeneiro: representa a ambição e a avareza.
Joane, o parvo: representa a inocência.
Sapateiro: representa a fraude e o roubo.
Frade: representa o engano religioso ou católico.
Brígida Vaz: representa a luxúria e a bruxaria.
Judeu: representa o ceticismo.
Corregedor e Procurador: representam a lei e o direito fraudulento.
Cavaleiros: representam a propagação do bem religioso.
Como se pode verificar, todas as personagens representam ou são a personificação de algum pecado capital ou mal ético e religioso, sendo que apenas algumas conseguem chegar ao céu. Assim, as personagens desta peça são uma clara representação duma crítica social e cultural de Portugal na Idade Média.
Tempo:
Não é especificado na obra, mas presume-se que se passa no mesmo ano em que foi escrita, 1517.
Espaço:
A peça passa-se num cenário fictício que se assemelha às margens dum rio. Este rio é conhecido como “o rio Letes, o rio da morte”, onde se encontram dois barcos que têm o destino do céu e do inferno.
Resumo:
Dois capitães de barco, o Anjo e o Diabo, vão receber nas margens do rio Letes, o rio da morte, diversas pessoas que acabaram de morrer. Aqui, eles fazem o julgamento da vida para decidir se devem ir para o céu ou para o inferno; no entanto, muitos deles não viveram uma vida honesta, alguns roubaram, alguns mentiram, alguns não encontraram a fé e alguns entregaram-se à devassidão, pelo que muitos deles irão para o inferno. No entanto, apesar disso, alguns tomaram a seu cargo viver uma vida simples e honesta, ou ajudar outros a acreditar no catolicismo, pelo que irão para o céu. No final da história, os anjos advertem-nos para vivermos uma vida boa e plena.
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Sendo uma das obras mais importantes de Gil Vicente, enquadrada no Renascentismo e Humanismo da Idade Média e pré-idade moderna, e pelo seu carácter crítico a nível social, político e cultural, tem uma enorme relevância para a sociedade portuguesa e mundial. Não só pela sua representação e crítica das dinâmicas e regras religiosas e sociais do seu tempo, mas também porque é atualmente ensinada como uma das mais significativas obras teatrais.
Além disso, a nível literário, Gil Vicente é uma das figuras mais emblemáticas do teatro, quer a nível internacional, quer a nível europeu e nacional. É, assim, o mais importante expoente do teatro medieval português no mundo.
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Referências
Diana, D. (n.d.). Auto da Barca do Inferno. Toda Matéria. https://www.todamateria.com.br/auto-da-barca-do-inferno/
Diana, D. (n.d.). Gil Vicente. Toda Matéria. https://www.todamateria.com.br/gil-vicente/
Vicente, G. (1517). Auto da Barca do Inferno.
Souza, W. (n.d.). Auto da Barca do Inferno. Brasil Escola. https://brasilescola.uol.com.br/literatura/auto-da-barca-do-inferno.htm
Souza, W. (n.d.). Gil Vicente. Brasil Escola. https://brasilescola.uol.com.br/literatura/gil-vicente.htm
Porto Editora. (n.d.). Auto da Barca do Inferno. Infopédia. https://www.infopedia.pt/artigos/$auto-da-barca-do-inferno?__cf_chl_tk=BNfPgggM_V98CSwcsLa7sDbkMSG8tHjeU4e80FRBgNw-1732686186-1.0.1.1-qqqa8tQ_SCobl7bNn.iDOKi7MBmN7btUBwofSzjn_B4
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ensinosdariqueza · 9 months ago
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Movimentos literários africanos: um enquadramento global
Depois de termos explorado os movimentos literários das nações irmãs lusófonas, resta agora estudar os movimentos da literatura africana. Esta é uma das literaturas mais ricas em termos de diversidade de temas e de formas de expressão artística. No entanto, não segue um modelo europeu de movimentos literários, nem segue um modelo de épocas históricas, pelo que é algo curioso a forma como dividem as fases artísticas do seu continente.
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Os africanos, tal como os brasileiros e os portugueses, dividiram os seus movimentos literários em etapas históricas, que responderam ao contexto político, social e cultural dos seus países. Foram elas: a era da colonização, a pré-independência e a pós-independência.
No entanto, foi só a partir do século XIX que a literatura africana começou a materializar-se como todas as outras, até então a sua literatura era predominantemente oral.
Depois dum pouco de contexto, começaremos com a era da colonização:
Era da colonização:
O continente africano é um vasto espaço que foi colonizado pelos europeus e, no âmbito deste acontecimento, desenvolveu-se a sua primeira época literária. Esta baseou-se e inspirou-se nos estilos, rimas e métricas dos europeus, bem como nos seus movimentos literários. Predominou uma linguagem formal que respondia às tensões políticas entre a Europa e África, a inspiração do classicismo e a preservação dos costumes africanos.
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Neste período, destacam-se autores como Caetano da Costa Alegre e José da Silva Maia Ferreira.
Pré-independência:
Após o árduo e complexo período de colonização, Africa atravessava um período pré-independência, em que a sua sociedade refletia através da arte os sentimentos diversos de tal acontecimento, destacando-se o carácter nacionalista, a valorização da identidade e cultura negras, o sentimento de anti-colonialismo, a crítica social e o vislumbre duma escrita mais moderna.
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Baltasar Lopes, Manuel Lopes e Orlando Mendes foram autores de destaque entre Cabo Verde e Moçambique.
Pós-independência:
Foi nesta altura que os africanos procuraram exprimir e explorar o orgulho na sua cultura através da exaltação e valorização das suas tradições ancestrais, da representação das suas várias línguas africanas (incluindo o português), do discurso político e social, bem como de questões sociais como o racismo e o feminismo.
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Mia Couto, Ondjaki e Ungulani Ba Ka Khosa são atualmente autores bem conhecidos.
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Depois de estudarmos as três literaturas que são objeto deste portfólio, podemos concluir e destacar com grande entusiasmo o percurso temporal de cada uma das nações lusófonas. Não se desenvolvem todas da mesma forma, nem partilham todas os mesmos estilos de escrita; este é um traço surpreendente da história e da cultura diferentes.
No entanto, também se reconhece a fraternidade que partilham devido a uma parte do seu passado e à língua que partilham, que agora os une como um mundo lusófono e se alimenta mutuamente para se tornar uma das culturas literárias mais cultas e ricas da arte.
Por esta razão, passamos agora a resumir e a analisar brevemente as 10 obras mais importantes do mundo lusófono. Vamos começar!
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Referências
Souza, W. Literatura africana. Brasil Escola. https://brasilescola.uol.com.br/literatura/literatura-africana.htm
Souza, W. Literatura africana. Portugués. https://www.portugues.com.br/literatura/literatura-africana.html
Souza, W. Literatura africana. Mundo Educação. https://mundoeducacao.uol.com.br/literatura/literatura-africana.htm
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ensinosdariqueza · 9 months ago
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Movimentos literários brasileiros: um enquadramento global
Reiteramos a importância de ver e compreender que, embora o mundo tenha uma história comum (como as eras históricas), cada país terá a sua própria história marcada pela sua cultura, crenças e formas de viver e de se exprimir. Portanto, esta publicação retratará o percurso histórico literário que o Estado do Brasil teve e poderemos perceber o quanto ele foi diferente do mundo e da sua nação irmã lusófona, Portugal.
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Tal como a divisão de Portugal, o Brasil divide os seus períodos literários de forma a englobar as mudanças políticas, económicas e culturais do seu país. Assim, essas épocas são divididas em Era Colonial, período de transição e Era Nacional.
Começamos então com a Era Colonial e as suas subdivisões ou movimentos literários:
Era Colonial:
Período compreendido entre 1500 e 1808, em que se produziram mudanças políticas, artísticas, sociais e culturais enquanto foram colónia de Portugal.
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Nesse período de grandes mudanças, o Brasil adotou três movimentos literários conhecidos como:
Quinhentismo (1500-1601):
Literatura conhecida por estar repleta de mensagens sobre a colonização europeia como uma nova terra colonizada. Além disso, destacam-se dois tipos de textos: os textos informativos e os textos jesuíticos; desta forma, as crónicas, as cartas e os contos eram de carácter informativo (era uma leitura histórica), enquanto os poemas e o teatro eram religiosos (era uma leitura pedagógica).
A obra de maior destaque é um relato histórico de um dos tripulantes da nau portuguesa que descobriu o Brasil, chamado Carta de Pero Vaz de Caminha.
2. Barroco (1601-1768):
Este período inicia-se com a publicação do poema Prosopopeia de Bento Teixeira e termina com a fundação da Arcádia Ultramarina. Além disso, destaca-se a arte exagerada com figuras literárias como o paradoxo e a antítese, bem como o uso do cultismo e do concetismo.
Assim, os maiores representantes lusófonos foram Gregório de Matos e Padre Antônio Viera.
3. Arcadismo (1768-1808):
No sítio das Minas Gerais, onde anteriormente foi construída a Arcádia Ultramarina, foi protagonista do movimento da Inconfidência (revolta contra o império português no Brasil); movimento que foi inspiração e marca de muitos autores nascidos no movimento literário do Arcadismo.
Portanto, o início desse movimento no Brasil é marcado pela publicação de “Obras Poéticas” de Cláudio Manuel da Costa em 1768, trazendo caraterísticas como a idealização da mulher, do amor e da cultura greco-latina. Além disso, destacam-se o antropocentrismo e o racionalismo.
Esse movimento tinha algumas caraterísticas que deveriam ser cumpridas no momento da escrita, como: “carpe diem (aproveitar o momento), inutilia truncat (abandonar ou inutilizar), locus amoenus (lugar agradável) e aurea mediocritas (mediocridade dourada)”.
Período de Transição (1808-1836):
Foi uma época morta e inerte para a literatura brasileira, não destacando nenhum estilo de escrita, autores ou caraterísticas. No entanto, serviu como um momento de transição entre épocas políticas e econômicas do país com a chegada da Missão Artística Francesa, em 1816, contratada por Dom João IV.
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Era Nacional:
Marcado pela independência do Brasil em 1822, começa com publicações repletas de simbolismo nacionalista, razão pela qual deve o seu nome a esta histórica publicação brasileira. Vai de 1836 até à atualidade.
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Esta época abrange desde o Romantismo até ao Pós-Modernismo:
Romantismo (1836-1881):
Movimento originalmente brasileiro, que pela primeira vez evidenciou o nacionalismo do país. Dividiu-se em três fases: a primeira buscou criar a figura do herói nacional por meio do indianismo; a segunda destacou o pessimismo e o egocentrismo pós-independência; e, por fim, a terceira focou a liberdade como tema principal da mudança nacional e histórica do Brasil.
Entre os autores de cada fase, destacam-se José de Alencar, Álvares de Azevedo e Castro Alves. No entanto, esse movimento terminou com a publicação de obras no estilo realista e naturalista de Machado de Assis e Aluísio de Azevedo.
2. Realismo e Naturalismo (1881-1882):
Ambos são movimentos criados no mesmo ano e com a mesma duração, no entanto, não partilharam temas e estilística.
Enquanto o realismo procurava exprimir objetividade e veracidade através duma linguagem objetiva, descritiva e pormenorizada, com temas sociais ou científicos, o naturalismo procurava o contrário, exprimindo a realidade mas a partir duma linguagem subjetiva e coloquial, cheia de erotismo e exagero.
No caso do realismo, destacam-se autores como Machado de Assis e Raul Pompeia. Pelo contrário, no naturalismo, temos autores como Adolfo Ferreira Caminha e Aluísio de Azevedo.
3. Parnasianismo (1882-1893):
É um movimento literário também paralelo ao realismo e ao naturalismo, no entanto, começou um ano mais tarde que estes e durou um pouco mais, além de ser bem diferenciado entre eles.
O seu foco, para além da realidade, era a forma da realidade e das coisas. Por isso, tinham o lema “arte pela arte”, que enfatizava a ordem e a perfeição da rima, da métrica, da versificação e da estrutura duma obra. Assim, a forma de expressão mais marcante do seu tempo foi o soneto.
4. Simbolismo (1893-início do século XX):
Lembrando o estilo do naturalismo, o simbolismo caracterizava-se pela subjetividade, além de conter muito misticismo e o uso da imaginação para procurar compreender a alma e a realidade do ser humano.
Destacam-se as obras Missal e Broquéis, de Cruz e Souza, e as obras poéticas de Alphonsus de Guimarães e Augusto dos Anjos.
5. Pré-Modernismo (1902-1922):
É considerada uma era de transição entre os movimentos mais antigos, como o simbolismo, e os movimentos mais recentes do século XX, como o modernismo.
Os manuscritos desta época tendem a conter temas políticos, sociais e culturais, a utilização da linguagem coloquial ainda persiste e inicia-se a rutura com o academicismo.
6. Modernismo (1922-1945):
É vista como a era do fim dos velhos costumes literários e o nascimento duma nova era nacional com novos costumes, estilos e temas. Como tal, destacou-se como um movimento inovador que questionava frequentemente as academias, privilegiava a linguagem coloquial e era muito crítico ao nível da análise.
Dividiu-se em três fases: a fase heróica, a fase de consolidação e a fase pós-moderna. Ao longo destas fases, destacam-se autores como Jorge Amado, Cecília Meireles, Guimarães Rosa e Mário de Andrade.
7. Pós-Modernismo (1945-atualidade):
Desde o início deste período, em 1945, o movimento pós-modernista continuou a sofrer numerosas alterações em todos os tipos de expressão artística. Assim, este movimento distingue-se pelo seu forte individualismo e liberdade de expressão.
O uso do verso livre e da prosa também é muito comum. Dessa forma, autores conhecidos nessa fase são Nélida Pinõn, Clarice Lispector, Haroldo de Campos e Millôr Fernandes.
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Referências
Diana, D. (n.d.). Literatura Brasileira. Toda Matéria. https://www.todamateria.com.br/origens-da-literatura-brasileira/
Souza, W. (n.d.). Escolas literárias. https://brasilescola.uol.com.br/literatura/escolas-literarias.htm#Escolas+literárias+brasileiras
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Movimentos literários portugueses: um enquadramento global
Embora o mundo tenha sido governado por crenças, ideais, processos históricos, económicos ou culturais semelhantes ou inter-relacionados, que criaram sistemas económicos e políticos, movimentos e expressões artísticas, bem como teorias científicas que ligaram as nações entre si, todos os países terão uma história diferente; ou seja, teremos sempre um passado que nos relaciona como uma sociedade global, no entanto, o desenvolvimento que cada país tem em relação a esse passado e ao seu próprio presente nunca será o do mundo inteiro. Por esta razão, esta publicação (e as próximas sobre o resto dos países lusófonos) terá como objetivo explicar brevemente como foram os movimentos literários em Portugal, de acordo com o quadro cronológico duma literatura mundial que já foi abordada anteriormente e que, sem dúvida, inspirou cada um dos movimentos e autores portugueses.
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Ao contrário das épocas históricas, que, em todo o caso, se encontram na história portuguesa como marco histórico mundial, a literatura portuguesa divide-se em eras e são apenas três; estas, por sua vez, dividem-se em sub-eras ou o que também conhecemos como movimentos literários.
Começaremos, pois, pela "Era Medieval":
Era Medieval (século XII e século XV):
Período compreendido entre 1101 e 1500; teve a sua primeira manifestação artística em 1140, com a formação do Estado Português. A partir dessa época, os primeiros escritores e trovadores foram João Soares de Paiva e Paio Soares de Taveirós, e o primeiro texto conhecido como literatura portuguesa foi A Cantiga da Ribeirinha de Taveirós.
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No entanto, nesta época, a literatura divide-se em dois movimentos literários conhecidos como:
Trovadorismo - Primeira Época (1189-1434):
Inicia-se com a publicação de A Cantiga da Ribeirinha, em 1189, por Paio Soares de Taiverós e culmina com a nomeação de Fernão Lopes para cronista da Torre do Tombo, tempo depois, em 1434.
As manifestações literárias dividiam-se em prosa, poesia e teatro. Por um lado, na poesia havia a poesia lírica (sobre o amor e a amizade) e a poesia satírica (sobre maldizer e o ódio), que por sua vez, se dividiam em novelas de cavalaria, hagiografias, cronicões e nobiliários; no entanto, na poesia havia também as alvas (sobre a separação dos amantes), as bailadas (sobre a dança) e as barcaloras (sobre o amor ao mar). Por outro lado, no teatro havia outros tipos de representações artísticas, como os mistérios, os milagres e as moralidades.
2. Humanismo - Segunda Época (1434-1527):
Considerado mais como um período de transição entre a época medieval e a época classicista com a nomeação de Fernão Lopes como cronista em 1418. Nesta altura, as cantigas foram abandonadas e, em função disso, foi criada a Poesia Palaciana, assim chamada por ser um tipo de texto escrito exclusivamente para os nobres palacianos, que abordava temas como os costumes da corte, a lírica, a heróica e a sátira.
Neste sentido, destaca-se a obra “Cancioneiro Geral” (1516) de Garcia Resende, responsável por esta compilação de quase 900 poemas palacianos. No entanto, neste período de transição, surgem também a prosa humanista de Fernão Lopes e o teatro de Gil Vicente.
Era Clássica (séculos XVI, XVII e XVIII):
Trata-se do período compreendido entre 1527 e 1825, abrangendo um grande número de acontecimentos históricos com um largo horizonte temporal, pelo que esta época engloba diferentes movimentos literários baseados no pensamento duma sociedade portuguesa em mudança.
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Esta era engloba três movimentos literários:
Classicismo (1527-1580):
Começa com a vinda do poeta e dramaturgo Francisco Sá de Miranda de Itália para Portugal, trazendo consigo o estilo renascentista aí nascido. Assim, este movimento literário foi marcado pela beleza, idealização, religiosidade, lirismo e epopeia.
Por essa razão, um dos maiores representantes do classicismo português é Luís Vaz de Camões, com seus poemas líricos e sua grande obra-prima, o poema épico Os Lusíadas (1572).
2. Seiscentismo ou Barroco (1580-1756):
Este movimento teve início com a morte de Luís Vaz de Camões em 1580, representando a morte do classicismo para toda a nação portuguesa. Desta forma, apresentava uma realidade complexa com conceitos como cultismo e concetismo, além de tratar de temas como a religião, o profano, os conflitos e os exageros.
Os autores de destaque desse período são Padre Antônio Vieira, com os seus sermões, e Antônio José da Silva, com o seu teatro.
3. Neoclassicismo ou Arcadismo (1756-1825):
Movimento fundado com a criação da Arcádia Lusitana em 1756, em Lisboa, capital de Portugal. Estabelecimento criado como uma nova escola literária onde os pensadores da época partilhavam sobre novos temas literários como o objetivismo, o racionalismo, a simplicidade, o uso de pseudónimos e a exaltação da natureza, representando-os através da poesia.
Destacam-se como autores deste movimento Correia Garção, Manuel du Bocage e António Dinis da Cruz e Silva.
Era Moderna (1825-atualidade):
A última e mais ampla época histórica de Portugal, que vai desde as revoluções, a proclamação da república e do Estado novo, as guerras liberais, as colónias e as penínsulas, a Revolução dos Cravos e, finalmente, a era da digitalização e da globalização até aos nossos dias.
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Por conseguinte, é a época mais difundida em termos de movimentos literários:
Romantismo (1825-1865)
Foi um movimento literário marcado pelas perdas e sofrimentos da Revolução Francesa e das Guerras Napoleónicas, pelo que os ideais e valores mais representados foram a subjetividade, o sofrimento, o nacionalismo e a idealização.
Dividiu-se ainda em três subfases: a) o nacionalismo (1825-1840), que se inicia com a publicação do poema Camões (1825) de Almeida Garret, dando início ao Romantismo em Portugal; b) a ultrarromântica (1840-1860), tendo Camilo Castelo Branco como o seu maior expoente; e, finalmente, c) a pré-realista (1860-1870), que trouxe novos valores que se opuseram e serviram de transição para outro movimento literário, como a perda do subjetivismo e da idealização para dar lugar à crítica social.
2. Realismo (1865-1890):
Criado pela disputa entre estudantes de Coimbra, conhecidos como Antero de Quental, Teófilo Braga e Vieira de Castro, e o escritor romântico Antônio Feliciano de Castilho. Como tal, este movimento era anti-romantista e defendia o cientificismo e o objetivismo através duma linguagem formal e desprovida de sentimentalismo.
Os principais expoentes desse movimento foram Eça de Queirós e Antero de Quental.
3. Naturalismo (1875-1890):
Partilha algumas caraterísticas com o realismo, como a perda da idealização e da subjetividade, a negação do romantismo e a utilização duma escrita objetiva. No entanto, as personagens e as narrativas deste movimento procuraram dar destaque a personagens marginalizadas, dando visão a uma determinada minoria da sociedade.
Escritores como Júlio Lourenço Pinto e Eça de Queirós são os representantes preferidos deste movimento literário.
4. Parnasianismo (1870-1890):
Inspirado no movimento literário global, este foi um movimento que viveu entre o realismo e o naturalismo, que procurava a perfeição da arte, a beleza e o amor, sem incluir críticas sociais ou problemáticas. Assim, os sonetos foram a expressão artística mais predominante e os artistas mais importantes foram João Penha, Cesário Verde e Gonçalves Crespo.
5. Simbolismo (1890-1915):
Foi um movimento de oposição a todos aqueles que se baseavam no objetivismo, no cientificismo e na racionalidade, dando assim ênfase à musicalidade, à subjetividade e à transcendência da poesia.
Destacam-se os poetas Eugénio de Castro, António Nobre e Camilo Pessanha.
6. Modernismo (1915 até os dias atuais):
À semelhança do Romantismo português, este movimento também se dividiu em três subfases, conhecidas como: a) geração de Orpheu (1915-1927) com a publicação da revista Orpheu e seus maiores expoentes foram Fernando Pessoa e Mário de Sá-Carneiro; b) geração da Presença (1927-1940) com a publicação da revista Presença e seus autores mais importantes foram Branquinho da Fonseca, João Gaspar Simões e José Régio; e, por fim, c) o neorrealismo, que conjugou a representação do cidadão marginalizado com a crítica social realista e teve início com a publicação de Gaibéus, de Alves Redol, onde também se inspiraram e se destacaram autores como José Saramago.
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Após um estudo dos diferentes tempos e épocas literárias em Portugal, tornou-se claro como estas divisões temporais e representações artísticas estão intimamente ligadas ao quadro mundial da literatura. Desta forma, coincidindo com a apresentação de movimentos como o Barroco, o Naturalismo ou o Modernismo.
Assim, e de acordo com estes dados, defende-se a ideia de que os países lusófonos partilham este passado mundial, e embora não o expressem da mesma forma, alimentam-se mutuamente para nos trazerem grandes obras e artistas.
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Referências
Diana, D. (n.d.). Arcadismo em Portugal. Toda Matéria. https://www.todamateria.com.br/arcadismo-em-portugal/
Diana, D. (n.d.). Barroco em Portugal. Toda Matéria. https://www.todamateria.com.br/barroco-em-portugal/
Diana, D. (n.d.). Literatura Portuguesa. Toda Matéria. https://www.todamateria.com.br/origens-da-literatura-portuguesa/
Diana, D. (n.d.). Poesia Palaciana. Toda Matéria. https://www.todamateria.com.br/poesia-palaciana/
Souza, W. (n.d.). Literatura portuguesa. Mundo Educação. https://mundoeducacao.uol.com.br/literatura/literatura-portuguesa.htm
Souza, W. (n.d.). Literatura Portuguesa. Português. https://www.portugues.com.br/literatura/literatura-portuguesa.html
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ensinosdariqueza · 9 months ago
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Movimentos literários mundiais: uma panorâmica do quadro global
O ser humano, embora partilhe caraterísticas com outros seres vivos (como a fala), destaca-se pela sua capacidade de raciocínio e criatividade. Estas foram capacidades que desenvolveram diversas actividades que evoluíram ao longo dos anos e uma delas foi a arte de escrever, mas não só escrever, mas criar histórias através da arte da palavra que expressam significado e sentimento. É assim que se conhece a literatura, que experimentou diferentes movimentos correspondentes a cada época e que procura expressar as diferentes correntes de pensamento dos grandes pensadores de cada etapa.
Por esta razão, esta publicação dará uma visão breve, mas muito explicativa, dos diferentes movimentos literários mundiais e dos estilos de escrita que desenvolveram para criar novos movimentos. Servirá, assim, de contexto para as nossas próximas publicações sobre os movimentos literários lusófonos e a inspiração e influência que tiveram nos internacionais.
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Idade Antiga (século VIII a. C. e século V d. C):
É de referir, embora não existam registos suficientes ao contrário dos outros movimentos literários, que o ser humano sempre se comunicou através da fala e da tradição, ou seja, sempre tivemos histórias que herdámos das nossas famílias. Assim, é na época da invenção da escrita e da narração oral de histórias, bem como da Antiguidade, que se conhece este fenómeno, desde o século VIII a. C. até ao século V d. C. Durante este período, foram escritos textos muito práticos, como ordenanças, promessas ou leis primitivas, bem como histórias épicas ou heróicas, como a Ilíada de Homero, conhecidas num movimento literário como o classicismo. No entanto, foram estes os antecedentes que deram início à primeira fase mais reconhecida e registada dos primórdios da literatura mundial: a Idade Média.
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A Idade Média (século V e XV):
Foi o período que decorreu entre 476, quando o Império Romano chegou ao Ocidente, e 1453, quando Constantinopla foi tomada. A sociedade era governada e dividida sob um sistema feudal que a separava em hierarquias baseadas no trabalho, na educação e na classe social, pelo que a literatura desta época era conhecida por ser acessível às classes mais altas. Era também uma sociedade muito religiosa, pelo que a Igreja era um grande poder político e educativo na Idade Média e, por isso, a sociedade acreditava no conceito de teocentrismo.
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Todos estes modelos de crenças, comportamentos, hábitos e estilos de vida criaram os seguintes movimentos literários:
Trovadorismo (1189-1418): Movimento literário com origem em França, Itália e Espanha no século XI. A sua forma de arte baseava-se nas cantigas e os artistas dividiam-se em trovadores (os criadores) e jograis (os cantores). As cantigas também se dividiam em líricas, baseadas sobretudo no sentimentalismo e no amor, e satíricas, inspiradas na crítica social e no ódio. Com base nestes dois modelos de inspiração, os textos nascentes do trovadorismo eram conhecidos como: as novelas de cavalaria (histórias em prosa sobre as façanhas dos cavaleiros); os cronicões (livros históricos cronológicos); as hagiografias (textos biográficos); e os nobiliários (textos sobre a árvore genealógica de uma família).
Renascimento ou Humanismo (1418-1527): Movimento literário de transição entre a Idade Média e a Idade Moderna, pelo que lhe são também atribuídos alguns anos do século XVI. Além disso, não só significou uma transição entre épocas devido ao tempo decorrido, mas também devido à mudança de ideais da sociedade: enquanto os medievais acreditavam no teocentrismo, os modernos e os classicistas acreditavam no antropocentrismo. Estas mudanças de ideais provocaram invenções nos géneros literários existentes, tendo sido acrescentados o ensaio e o romance. Assim, os géneros predominantes no seu conjunto eram o romance, a lírica, o drama e o ensaio. Foi também nesta altura que surgiram obras como A Divina Comédia (1320), que tiveram um grande impacto na nossa sociedade.
Idade Moderna (século XV-XVI e século XVIII):
Idade histórica que compreende pelo menos três séculos, foi uma das que mais mudanças sofreu, ainda que um pouco primitivas em comparação com as da idade contemporânea, em que se destacam a criação do Estado moderno, a separação do Estado da Igreja e o nascimento da revolução científica. Assim, começa com a tomada de Constantinopla em 1453 e termina com a Revolução Francesa em 1789. De igual modo, com o afastamento da religião, foi uma época de antropocentrismo e individualismo, com especial destaque para o nascimento do humanismo ou renascimento e da economia burguesa e científica.
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Uma época tão cheia de mudanças científicas, críticas, artísticas e políticas não podia deixar de suscitar movimentos literários como estes:
Renascimento ou Humanismo (final do século XV até começos do século XVI): Uma época de transição humana, política, económica e religiosa no mundo. É também considerada a época do esclarecimento do mundo, depois de ter passado pelo “obscurantismo”, para se centrar no individualismo e na exaltação do ser humano. Aqui, no início do século XVI, nasceram obras como O Príncipe (1532) de Maquiavel e Dom Quixote de La Mancha (1605) de Cervantes.
Barroco (século XVI até meados do século XVIII): Após o renascimento e as mudanças políticas tão drásticas, bem como o nascimento da burguesia, a sociedade ficou envolta numa tensão cultural e política, que se exprimiu através do exagero. Assim, este movimento literário caracterizou-se pela sua sobrecarga, detalhe, exuberância, jogo de palavras e ideias. Portanto, em contraste com o Renascimento, que era considerado uma arte delicada, o Barroco era considerado uma arte exagerada e dramática. Dessa forma, a literatura barroca era marcada pelo pessimismo, pelo dramatismo e pelo desespero, sendo a poesia, o romance e o teatro os maiores representantes desse movimento, com destaque para autores como Padre Antônio Vieira e Francisco de Quevedo.
Neoclassicismo (século XVIII): Conhecido como Novo Classicismo ou também como Arcadismo, foi um movimento literário que procurou regressar aos ideais clássicos e dar novamente um sentido de equilíbrio à arte, após o período exagerado do Barroco. Assim, este movimento procurava exprimir a perfeição da sociedade através da simplicidade, da racionalização e da exaltação da mulher e do amor, através duma linguagem muito simples mas sentimental. Além disso, os autores deste período utilizavam pseudónimos inspirados na mitologia greco-romana para escrever, na sua maioria, sonetos. Desta forma, destacam-se autores como José Basílio da Gama, Cláudio Manuel da Costa e Jean-Jacques Rousseau.
Idade Contemporânea (século XVIII-atualidade):
Começando com a Revolução Francesa em 1789, a revolução industrial, a colonização e a subsequente independência de muitas regiões da América, passando pela primeira (1914-1918) e segunda guerras mundiais (1939-1945) e até aos dias de hoje, com questões como o aquecimento global e a atual desigualdade de raças e classes. É uma época marcada pelo histórico, mas que assistiu a grandes acontecimentos, descobertas e descobertas políticas, económicas e culturais, o que levou a nossa sociedade a avançar todos os dias, mas sem esquecer o seu passado.
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Assim, uma época que tanto aprendeu e se inspirou no seu passado e que continua a evoluir ao longo dos anos, viu nascer movimentos literários como os seguintes:
Romantismo (final do século XVIII a meados do século XIX): Movimento literário nascido na Europa e conhecido por ser o primeiro a romper com os valores clássicos. Por isso, foi escrito com valores e ideais como o nacionalismo, o indianismo, o egocentrismo e a idealização. Da mesma forma, abandonaram a escrita sem rima e exaltaram a escrita em prosa, na qual se destacaram autores e obras como Johann Wolfgang von Goethe com Os sofrimentos do jovem Werther (1774) e José de Alencar com Iracema (1865).
Realismo (século XIX): Movimento literário nascido em França entre a segunda revolução industrial e a ascensão do capitalismo, em que a sociedade se opunha ao sentimentalismo desenfreado do Romantismo anterior e procurava fazer uma crítica social complexa das classes altas e burguesas. Por isso, a prosa destaca-se com contos, poesias e romances, retratando uma sociedade objetiva, científica e racional. São representantes desse estilo os seguintes autores: Machado de Assis, Eça de Queiróz e Guerra Junqueiro.
Naturalismo (século XIX): Novamente, um movimento literário nascido na França e intimamente ligado ao realismo ao destacar as invenções e teorias científicas da sua época, como o Evolucionismo de Charles Darwin. Assim, as suas obras destacam-se por serem romances e terem protagonistas ou narradores científicos, no entanto, as suas histórias não deixavam de criticar temas sociais como a sexualidade, a violência e a política. Da mesma forma, destacam-se autores como Émile Zola e Aluísio Azevedo.
Parnasianismo (século XIX): Movimento literário francês, que se destacou por embelezar e exaltar a arte, sem qualquer crítica social ou científica, por isso era o outro lado da moeda do realismo e naturalismo. Também se destacavam por escrever poesia (sonetos) e representar a estética, a beleza, a tristeza, entre outros sentimentos idealizados. Nasce com a publicação de O Parnaso Contemporâneo (1866) dos autores Théophile Gautier e Leconte de Lisl.
Simbolismo (séculos XIX e XX): O simbolismo literário nasceu na França e é inspirado nos valores do romantismo literário, por isso, a sua escrita destaca-se nos sonetos e trata temas como a mente humana, a loucura, o misticismo e a subjetividade através duma linguagem vaga e simples, mas sentimental. Os autores representantes do simbolismo são Charles Baudelaire, João da Cruz e Souza e Eugênio de Castro.
Pre-modernismo (século XX): Conhecido como um movimento literário de transição entre o simbolismo anterior e o próximo modernismo; por isso, foi um movimento envolvido no seu fundo literário, quase sem se considerar como um movimento individual. No entanto, neste destacou-se a representação e crítica da desigualdade social, a denúncia social e problemas na sociedade através de romances e poemas. Sendo representantes autores como Euclides da Cunha, Graça Aranha e Augusto dos Anjos.
Modernismo (século XX): Movimento fundamentalmente poético, foi conhecido por representar uma rebelião criativa que buscava ser narcisista e possuir uma linguagem culta, tanto para representar a aristocracia como comunidades minoritárias, como os indígenas. Surpreendentemente, os latino-americanos tiveram especial atenção nesta época da literatura com autores e obras como Azul (1888) de Rubén Darío e Os Sapos (1918) de Manuel Bandeira.
Pós-modernismo (séculos XX e XXI, atualidade): Movimento iniciado em um contexto histórico como a queda do muro de Berlim (1989) e da era da digitalização, bem como da transição entre um novo milênio. No início, os gêneros literários destacados eram prosa e poesia, entretanto, como este movimento se estende até nossos dias, não desmereceu que novas expressões artísticas escritas sejam o selo deste movimento literário. Além disso, esta época se destaca por um claro individualismo e libertinagem de novas ideias e estilos de escrita, bem como a perda parcial dos valores dos movimentos literários anteriores. Assim, destacam-se autores como Gianni Vattimo, Gabriela Mistral e Jean-François Lyotard.
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Referências bibliográficas
Aidar, L. (n.d.). Barroco. Toda Matéria. https://www.todamateria.com.br/barroco/
Aidar, L. (n.d.). Neoclassicismo: o que foi e suas características nas artes. Toda Matéria. https://www.todamateria.com.br/neoclassicismo/
Centamori, V. (2019). Do Trovadorismo ao Modernismo: resumo dos movimentos literários até o século 20. Revista Galileu. https://revistagalileu.globo.com/Vestibular-e-Enem/noticia/2019/10/do-trovadorismo-ao-modernismo-resumo-dos-movimentos-literarios-ate-o-seculo-20.html
Diana, D. (n.d.). Características do Arcadismo. Toda Matéria. https://www.todamateria.com.br/caracteristicas-do-arcadismo/
Diana, D. e Souza, T. (n.d.). Idade Moderna: entenda o que foi e um resumo dos principais acontecimentos. Toda Matéria. https://www.todamateria.com.br/idade-moderna/
Diana, D. (n.d.). Literatura Medieval. Toda Matéria. https://www.todamateria.com.br/literatura-medieval/
Diana, D. (n.d.). Movimentos literários. Toda Matéria. https://www.todamateria.com.br/movimentos-literarios/
Diana, D. e Fernandes, M. (n.d.). Poesia Barroca. Toda Matéria. https://www.todamateria.com.br/poesia-barroca/
Souza, W. (n.d.). Estilos de época. Mundo Educação. https://mundoeducacao.uol.com.br/literatura/estilos-epoca.htm
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ensinosdariqueza · 9 months ago
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O começo duma viagem literária
Olá a todos! O meu nome é Samira Pinto e sou estudante de Línguas Modernas na Universidade Central da Venezuela. Nesta ocasião, e para continuar com a dinâmica de recolha de informação em forma de portfólio, encontramo-nos a recolher informação sobre a literatura e como esta se desdobra em movimentos literários que criaram diferentes formas de arte escrita. No entanto, para além de fornecer informações sobre este tema, vamos centrar-nos na evolução da literatura lusófona, com especial atenção para 10 obras que representam essa evolução.
Desta forma, este portfólio servirá como uma viagem cronológica pelos vários movimentos literários internacionais, como a literatura lusófona se acoplou ou se adaptou a eles e como se manifestou a favor desses movimentos, quer através de movimentos próprios, quer de manuscritos que deles nasceram e reinventaram a arte nas suas nações. Assim, além de apresentarmos este enquadramento histórico, através de definições e imagens, apresentaremos também uma lista de dez obras brasileiras, portuguesas ou africanas.
Estas terão como base a sua importância cultural, histórica ou literária, de forma a estudar, analisar e refletir sobre o seu conteúdo e como este contribuiu para o posicionamento e reconhecimento da literatura lusófona no mundo atual.
Desta forma, apresentamos o índice para percorrer tanto a história da literatura como publicações muito completas, que vão desde a definição dos seus autores até à descrição de elementos como a estrutura, o tempo ou o espaço de cada uma das 10 obras que aqui apresentaremos. Desfrutem desta bela viagem literária!
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Índice
(Movimentos literários mundiais: uma panorâmica do quadro global): https://www.tumblr.com/ensinosdariqueza/766645201356963840/movimentos-literários-a-antiguidade
(Movimentos literários portugueses: um enquadramento global): https://www.tumblr.com/ensinosdariqueza/766645788789145600/outro-movimento
(Movimentos literários brasileiros: um enquadramento global): https://www.tumblr.com/ensinosdariqueza/766645797863522304/outro-movimento
(Movimentos literários africanos: um enquadramento global): https://www.tumblr.com/ensinosdariqueza/766645804512493568/outrooo
(O início da literatura: o Renascentismo de Gil Vicente e a sua obra Auto da Barca do Inferno): https://www.tumblr.com/ensinosdariqueza/766645812836040704/outroooo
(O pai da língua portuguesa: Luís Vaz de Camões e Os Lusíadas): https://www.tumblr.com/ensinosdariqueza/766645818950352896/outroooo
(O originalidade brasileira: Iracema de José de Alencar): https://www.tumblr.com/ensinosdariqueza/766645835087970304/7
(Literatura de representação social: A escrava Isaura de Bernardo Guimarães): https://www.tumblr.com/ensinosdariqueza/766645839458369536/8
(O realismo português: O Mandarim de Eça de Queirós): https://www.tumblr.com/ensinosdariqueza/766645844322680832/9
(Representação da infância na literatura: Capitães da Areia de Jorge Amado): https://www.tumblr.com/ensinosdariqueza/766645860928045056/10
(Primera novela africana: Chiquinho de Baltasar Lopes da Silva): https://www.tumblr.com/ensinosdariqueza/766645864262418432/11
(A arte na política: Poemas de Agostinho Neto): https://www.tumblr.com/ensinosdariqueza/766645868539559936/12
(Literatura existencialista e psicológica do modernismo: O Livro do Desassossego de Bernardo Soares): https://www.tumblr.com/ensinosdariqueza/767939376665739264/xd-xd
(A beleza em retrospetiva: Terra Sonâmbula de Mia Couto): https://www.tumblr.com/ensinosdariqueza/767939386293747712/xd
(Curso de literatura lusófona: uma grande marca na literatura mundial): https://www.tumblr.com/ensinosdariqueza/768045860896587776/xd
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