Meu nome é Guilherme Candido, tenho 21 anos, sou estudante de Cinema na Academia Internacional de Cinema (Formado em técnico em montagem pelo Instituto Criar de TV, Cinema e Novas Mídias e em Comunicação Visual pelo Centro Paula Souza). Já atuei como diretor, montador, roteirista e diretor de arte em alguns curta-metragens. Meu último trabalho é intitulado de Translúcidos.
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Giu, <3
Oi mics, tudo bem? Espero que você esteja fantástica e que você tenha gostado do pequeno presente que está agora em suas mãos. Eu vou falar rapidinho o motivo de ter escolhido mandarem fazer um açucareiro pra você, vamos ver se vou conseguir haha primeiro, queria te dizer que estou escrevendo o que estou te dizendo agora em uma aba de texto do Tumblr porque eu acho que nossa amizade tem esse quê de contemporâneo, onde a gente vai e volta no passado, descobre que o futuro era algo que a gente já estava pisando antes de saber e que é regada pelo aqui & agora. Se o Orkut ainda existisse eu estaria escrevendo isso aqui no seu perfil, em uma caixinha de depoimento, esperando ansiosamente pra saber se a Giuks iria aceitar meu depoimento ou não ~ porque você sempre foi muito criteriosa com essas coisas. Ah, sim, o presente! Bom, acho que o principal motivo é que se eu não tivesse olhando para aquela prateleira no Shopping Internacional de Guarulhos enquanto esperava o meu pai validar o ticket de carro dele - e depois feito ele entrar lá na livraria e comprar o livro que eu queria, mesmo já tendo validado o ticket de carro - minha vida teria tomado um outro rumo, né? Eu gosto de pensar que a gente teria se esbarrado no show da Kate Nash ou na Livraria Cultura e virado amigos do mesmo jeito, mas foi assim que aconteceu, preto no branco, pá pum, viramos melhores amigos. E eu sempre esqueço o ano exato, você sabe, mas parece que você sempre esteve ali, alguns anos mais outros menos, mas a gente sempre soube o que o outro estava passando e nossa amizade sempre serviu de farol para os dias mais difíceis. E eu acho que conforme nós fomos devorando os livros e tentando entender ou dar significado para aquele específico açucareiro, a gente foi entendendo que o mais importante sempre foi a busca e a vontade de acompanhar; os Baudelaire, os acontecimentos da vida, a gente. E sim, eu sei que eu tomei liberdade poética de escrever algo dentro dele que não tinha no original, mas é porque eu acredito muito que essa frase também tem muito a ver com a nossa amizade, uma vez que nós somos esse lugar seguro um pro outro, onde a gente tá ali cheio de códigos, sentimentos e piadas internas que até se a gente tentar contar pros outros, eles talvez até entendam, mas eles nunca vão entender entender mesmo - e isso torna tudo muito especial. Eu também te dei isso porque eu sei que você nunca vai ficar parada em lugar nenhum e achei que seria um desafio pra você levar isso pra cima e pra baixo, quase como se tivesse me colocando na sua mochila. Aí você coloca dentro dele o que você achar melhor: açúcar, um cogumelo mortal, raíz forte ou um pedacinho de mim. Obrigado por existir e por me mostrar que eu não tenho somente que destinar meu amor por namorados ou por familiares, que meu amor pode e deve ser dividido por todo mundo que aceitar me dar amor de volta ou que estiver precisando muito de atenção. Que os mistérios do açucareiro representem os mistérios da vida e os mistérios da gente continuar amigo e se amando por todos esses tempos, os mistérios de alguém virtual ter se tornado minha irmã. Junto com o presente vem aí a mais nova playlist dessa amizade, intitulada Bodas de Ruivas, por nós sermos as mesmas pessoas com cabelos diferentes mas às vezes também sermos as mesmas pessoas com cabelos iguais. Te fiz mais essa porque sei que você é uma das únicas pessoas que sabe olhar para as coisas que eu faço e decifrar os códigos, ler debaixo das folhas, sentir para além do que tá ali. Espero que você goste e que ela possa estar contigo quando eu não puder estar, apesar de sempre ter um pedacinho de mim dentro do seu coração - ou desse açucareiro. Te amo e obrigado demais por tudo, que venham novos 10, 20, 30 anos!
ps: se você levantar para me abraçar depois de receber o presente e derrubar ele no chão e ele se espatifar todo, estamos, finalmente, quites.
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Hoje eu não fui ao cinema
Estou envelhecendo. Não estou velho, não é este o meu ponto: mas estou andando em direção ao esquecimento com passos de bebê. Digo, eu busco o reconhecimento, busco a voz, busco o sorriso, busco o abraço e busco o Amor, mas nunca tive como saber da eficiência de tais buscas. Eu quero fazer arte, quero respirar/ouvir/enxergar/degustar/ser Arte. Eu o quero e muito. Mas ainda não desenvolvi maneira ou método eficientes, ou pelo menos não me julgo apto a tal. Ali ouço uma música escrita por Cazuza e cantada na voz de Ney Matogrosso com um vestido de couro, lá Paris Texas mesclado com a vida, obra e mentiras de Leonilson. E fico lisonjeado de conseguir me comover e de entender de alguma forma o que me é tão aos poucos mostrado. A vida corre por entre os dedos. Me emociono com a ideia de um mundo ideal ficcionário e me deixo levar pela dor dos outros - dor essa que muitas vezes não compreendo, mas de alguma forma abraço. A carência às vezes é absurda. Esses dias estava andando no ônibus e, sem bateria no celular, senti saudades. Procurei nos borrões da vidraça esvair a mente e a saudade se fez sono. E eu dormi. É engraçado isso dos números, dos sabores, da minha vontade pelo desconhecido com afeto e não com tesão. Não me entenda mal, eu não sou um cara ingrato, eu não sou um cara de muitos impulsos, mas eu sou um cara de muitos pensamentos (e os mesmos o são em sua grande maioria livres). Não é como se tivesse beijado muitas bocas mas tenho certeza que pelo menos um dente de cada uma delas eu levei comigo. O feeling se faz timming. E minha juventude aos poucos foi se tornando pasta de couro, camisas floridas, cabelo sem gel... Eu ando, caminho, vou pra cá, volto pra lá, só que agora sem muito o que entender. Fiz um filme, escrevo às vezes e em outras horas pinto. Engraçado como o desejo faz da gente rato e de como nos caça, de como brinca, de como ri da nossa cara sem emitir simples barulho. Se uma hora penso no sexo, não o imagino sem ternura - veja bem, aqui não excluo fetichismos, mas enfatizo que as trocas existem e é delas que vem minha fala. Depois de realizar uma obra, ela se perpetua na boca e mente d`outros e daí a origem à biografia. Se o sucesso virar fórmula e o medo virar certeza, do que resta migrar? Quando o mar vira banho, é hora de colocar os barcos do pensamento no cais; e descansar. A cor precisa circular, se misturar e formar passos de dança. Com um ritmo torto e experiente - mas com muitíssimo ainda à se aprender; eu saio da porta da minha casa em direção às horas cantarolando Waltz (Better Than Fine) da Fiona Apple por aí. Compro um sorvete grande no Sesc com cobertura de mel e granola (sem a granola), ando pelas ruas do Bom Retiro e procuro roupas novas para dar vida às minhas novas personas. “Fico triste quando você não aparece pela tarde” e percebo dentre a areia que cai dos meus olhos para a água dos meus pés (que): eu estou envelhecendo.
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The last time I remember it was gone
Faz mais de três meses que não escrevo ou uso qualquer outro tipo de comunicação não fotográfica para me expressar, acostumado com os fast-foods literários, minha vida tem sido editada com cortes rápidos, sem muito espaço para o pensar. Acho que um dos motivos principais de meu(s) blog(s) sempre serem um pouco azuis - palavra que aqui uso para descrever um sentimento de melancolia - é o do escape. Eu geralmente não escrevo quando estou feliz porque quando o estou, não tenho tempo de fazê-lo, não tenho muito tempo de contemplar. Uso minhas palavras como desabafo para atrair tanto abraços quanto para soltar pesos onde geralmente sinto dor - abaixo do peito, em cima do estômago. É uma dor-esponja, onde eu “consigo” sugar as energias agitadas de algum lugar e/ou pessoa em prol de um melhoramento no espaço/ambiente. Me disseram que mexer com plantas resolve, que tomar banho libera essas energias que nem sempre quero para mim e que conversar é o melhor remédio, mas como não quero perturbar ninguém com minhas dores imaginárias - ou não consigo fazer com que ninguém me ajude neste específico requisito -, escrevo, não pra você nem pra ninguém; só escrevo. Não ligo muito para erros ou para parágrafos, desenvolvi com o tempo uma maneira tão não linear de pensar e agir que não me faz muito sentido escrever em partes, as coisas vem e eu simplesmente as ecoo, como em uma caverna. O que me lembra do original conto da caverna e me faz indagar se tais sentimentos estão prontos para conhecer e identificar o que outrem era somente sombra, se eles querem continuar leves ou se querem se tornar pesados. Para ser sincero a maior indagação da minha vida vem desse pensamento: a insustentável leveza do ser. Se olho para uma cor e simplesmente a sinto, sou feliz; mas se quero saber o porquê de a mesma me fazer sentir de tal maneira e não de outra, sou preocupado. Ah, a memória, um brinde a ela! Penso que ela é mais importante até que o ar - eu e minha mania de exageros. Conversando com uma amiga uma vez, percebemos que o que torna as relações difíceis de esquecimento, são os planos que ambos fizeram juntos e que com o a interrupção do lasso são incapazes de se materializarem. O que sou eu sem minhas ambições e passado? Nesta semana vi dois filmes no cinema, um sobre as memórias e sentimentos de uma criança em fase de desenvolvimento (Divertida Mente) e outro sobre uma consagrada cientista que se descobre com uma doença de Alzheimer em nível precoce e se vê perdendo sua identidade e lembranças (Para Sempre Alice). Ambos filmes mostram que o tempo é contínuo e de que absorvemos tudo o que nos é mostrado, seja de forma direta ou indireta. O que vemos, comemos, assistimos, ouvimos, cheiramos (...) é o que somos. E se perdemos isso, o que nos resta? O aprimoramento ou o esquecimento. Me encontro hoje cansado demais para entender mudanças de comportamento e para abrigar ilusões que me deixam alto, alto e alto para depois me soltarem em plena queda livre. Isso (ou issos) sempre será um desabafo em forma de conclusão que na real não tem conclusão alguma; se eu ao menos revisasse o que digo ou desse uma pausa para escrever, quem sabe isso poderia servir de autoajuda para alguém além de mim, mas de novo, este não é o propósito deste blog, mas sempre tem um ou outro que vem comentar comigo sobre o que escrevi e de certa forma me dar conselhos ou pedir outros em assuntos em comum. A tentativa do ato muitas vezes é mais importante que o ato em si só. A solidão nunca foi tão melhor que a rejeição. No meu corpo onde nebulosas e sereias se encontram, eu preciso encontrar sempre desculpas e motivos para ir contra meus impulsos mas existem aqueles dois dias no mês em que o espaço entre os cotovelos e os lados da barriga se encontram frios demais e gritam por mais dois compridos e gélidos braços para acoplar. Nestes dias, em que assistimos nossa criança perambular pelo quarto, em que a gata te lambe com uma lingua áspera, nesses dias em que um pedido de socorro é negado, em que o medo lhe faz de casa. Nesses dias, nesses dias... O que fazer nesses dias? Como expulsar a raiva e abrir espaço para o diálogo? Eu e meu copo de cerveja não sabemos, mas estamos buscando uma resposta.
Enquanto isso, busco na arte e nas palavras e dores de outros, quem (ou o quê) eu sou.
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brainstorm #3
Guilherme decidiu que ele mesmo compraria as flores. Me apropriando de sentimentos fictícios e não conseguindo diferenciar protagonistas de antagonistas, sempre pensei ter controle de mim mesmo perante os olhos dos outros, sempre acreditei ter o dom de misturar isto com aquilo, fazer uma massa, recheá-la com as coisas mais tristes e aquece-la com todos os braços que me cercam, fazendo o fogo com um abraço. Hoje, quase onze horas da noite, sozinho e sem comida, me sinto traído, não por amores passados ou por novas paixões mas sim por mim mesmo. Andei tanto dentro desse buraco que é minha cabeça que agora não consigo mais diferenciar a porta de saída da de entrada - se é que existem duas portas. Li em um livro que a leveza é bela mas insignificante e que o peso nos transporta para mais perto do centro da terra, nos fazendo entrar em contato com as dores e segredos do mundo. Uma valsa gostosa me faz querer dançar e desajeitado, eu vou. Agora sou Laura Palmer em direção a seu fim, perdendo meus anjos e meus amigos, pedindo que o fogo ande ao meu lado e que as corujas me observem. Vou em festas, danço a ritmos que não me interessavam anteontem e fumo o que me derem. Fico nostálgico por coisas que não vivi e com inveja de quem pisa no piso que outrora fora meu chão. Agora, de vestido azul escuro adentro à neblina lá fora e vou aos poucos me tornando a mesma. Chove e eu viro água. Eu choro e eu viro presente. Nunca soube diferenciar filtros de esponjas e acredito que por isso desenvolvi um jeito de pensar não linear que me obriga a cuspir tudo que penso com um pouco de poesia, de drama. Me tornei o drama por opção e não consigo mais não o ser, mesmo não sabendo ou compreendendo por completo o que quero, quem sou e para onde vou. Nunca, em toda minha vida, estive tão submerso de mim mesmo. Me coloco num sachê, fervo a água e me dissolvo em vermelho, uma colher de açúcar e um pouco de leite gelado; e me bebo. O gosto é amargo e a sensação é gozada, como ver um filme colorido em uma TV que só transmite imagens em P&B. Dou risada quando o protagonista escorrega em alguma coisa e cai de costas no chão, a câmera foca em sua cara e ele, envergonhado, sorri. Pinto sua cara de azul e canto alguma música que a Anna Karina cantou em O Demônio das Onze Horas. Me sinto esperto por conhecer coisas que me fazem forte e irritado por não ter tido cultura popular o suficiente para não ter argumentos necessários para deixar que amigos mais próximos zombem de mim. Recorto algumas mulheres de revistas antigas, escrevo FEMINISMO NÃO É O CONTRÁRIO DE MACHISMO em letras de diferentes famílias e acho graça, compreendendo o preconceito no mundo mas não o aceitando. Jogo a pedra para não acertar no Inferno, pulo as casas de um pé só e, cansado, sento no chão de giz observando minhas infância. Não sabendo diferenciar se o sentimento aconteceu ou se o inventei, sorrio, me cubro e vou dormir. O Amanhã me espera com novas dúvidas coloridas e novos cheiros de outras vidas.
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Assim falou, Dino Buzzati
Hoje à noite tive o imenso prazer de contemplar uma peça que foi por um ano pensada, ensaiada e produzida por duas amigas que fazem ELCV comigo, chamada "Assim falou, Dino Buzzati". Primeiramente queria dizer que Dino Buzzati é um cara incrível, literatura fantástica de primeira. A peça foi um mix de alguns textos de dramaturgia que nunca tinham sido traduzidos até então para o portugês, entre eles As Janelas, Os Pontos e Striptease. Foi bárbaro, eu amei mesmo, uma visão extremamente sádica e divertida de como é a vida e de como é a interação com as pessoas que, por sinal, ficavam por conta de nossa imaginação durante a peça, já que as cenas eram feitas por somente uma pessoa por vez, com exceção d'As Janelas. Incrível! tanto o texto quanto a desenvoltura de minhas amigas e do resto dos atores. Mas o que venho aqui compartilhar é sobre o final da peça, que acaba com todos os atores cantando uma canção baseada em um poema do Drummond acompanhados de um violão e de outro instrumento cujo nome me escapa (seria clarineta?). Era uma canção muito bonita, falando sobre o vazio da vida; creio eu. Acontece que como o teatro era pequeno, dava para observar e abraçar com o olhar todos os atores que estavam naquele momento me dando adeus e foi ai que meu olhar se encontrou com o olhar do moço que estava tocando o violão, também amigo meu da Escola, chamado Nick. Que fique bem claro que aqui não expresso nenhum sentimento romântico, pois foi uma coisa muito diferente disso: foi um olhar de pura emoção, de gratidão. Existem coisas que acontecem conosco que não conseguimos realmente explicar para os outros porque são coisas únicas e só nossas, eu, por exemplo não faço ideia se esse olhar significou para ele o que significou para mim, mas não me importo, realmente; foi como um transe de agradecimento pelo encerramento daquele ciclo que era o final da peça, com algumas lágrimas nos olhos que eu retribui com um sorriso sem mexer os lábios. Não chorei e senti uma grande sensação no coração quando ambos quebramos a linha linear que nos ligava para olhar para outras pessoas e fiquei em paz. Novamente, não existe nenhuma tensão sexual ou amorosa aqui e sim, algo espiritual, um laço feito e quebrado em menos de cinco segundos que quando durava, não tinha tempo. Sai do teatro agradecido por ter visto algo de tamanha qualidade e por perceber que existem muitas coisas que dão um puta de um trabalho de serem realizadas mas que, quando o são, nos deixam bobos de tão felizes. Parabéns meninxs pela maravilhosa peça! que vocês consigam fazê-la ir para o Sesc e encantar outras pessoas assim como me encantou. Merda!
Para mais informações: sobre a peça Assim Falou Dino Buzzati, sobre a Cia Quimeras.
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Sobre os monstros e o homem
Existe algo de muito interessante no movimento das sombras e nas formas que o mesmo as causa. Como é interessante a passagem do tempo sobre o corpo, de todas as figuras que são cuspidas pela luz. Há uma semana eu estava deitado no gélido chão do meu quarto olhando para todos os monstros que entravam pelo janela e passavam pelo teto.
- Oi - disse um dos monstros e sumiu.
"Oi," pensei eu, sendo contemplado por uma enorme sensação de vazio.
Com um pouco de dor, comecei a colocar o estofado do colchão dentro de mim, pra ver se assim ficaria melhor. Fiquei quente e foi ótimo - mas também fiquei pesado. Com um pouco de dificuldade, levantei e, fixando o olhar em fotos no mural, me perguntei por onde andariam todos aqueles personagens do meu livro. É triste como tantas pessoas passam por nós e de como nós achamos que as conhecemos e da rapidez que elas nos mostram o quão errados sempre fomos em acreditar em tal mentira. Ao mesmo tempo, me pego pensando como realmente conhecer alguém. Na minha cabeça tudo é equivalente a dar um arranjo de flores para quem se ama; existem certas flores que vão fazer a pessoa espirrar e outras que vão fazê-la sorrir. Parece simples, mas não é; são tantas cores, tantos cheiros e a mistura de tudo isso tem que dar em algo apresentável, se não é lixo.
Sempre me pego pensando nesse um amigo em específico que pensava conhecer, de todas as vezes que ele veio até minha casa e de todos os jogos que jogamos e dos assuntos que discorremos. Ele sumiu tão rápido quanto água em meus dedos. Gozado tudo isso, toda essa efemeridade. Como você pode estar jogando cartas de Yu-Gi-Oh! com uma pessoa e no outro momento ela simplesmente estar falando que você é o tipo de homossexual que ela mais odeia? Mais engraçado que isso foi como eu me senti no direito de contar pra todos coisas que ele, no momento azul, me contara e que eu, como amigo ou não-amigo, não tinha o direito de jogar aos sete mares - mas joguei. A raiva é algo inacreditável, tanto quanto o abandono. Que direitos tenho eu sobre um laço que segura duas pessoas? Quem sou eu para sangrá-lo...
Agora, com dor no peito lembro de meus relacionamentos e de como eu era feliz em tê-los, porém cego. De como acreditei que a culpa era do outro lado quando ninguém era realmente culpado de nada. As pessoas mudam - quem não muda é porque morreu. O tempo gira e transforma o preto das sombras em carrossel. Errado era eu de pensar que a dor dos outros faria o meu balanço parar. Ele parou, mas foi porque eu quis. Agora posso vê-lo voltar lentamente a criar movimento, a criar cor.
Dentro do box do banheiro, com o chuveiro ligado, com água me enchi; me enchi porque não costurei direito as partes que separavam o estofamento da minha pele, deixando a água se misturar com meu sangue. Fiquei tão pesado que não consigo mais levantar do chão, as cores que pintavam meus tecidos estão todas brancas e se deteriorando. Já faz uma semana que estou esperando alguém vir desligar a água - ou a mesma acabar. Quão cruel é o final de uma história sobre a emancipação do coração que acaba carente de alguém.
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