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1 ano e 3 meses
Minha maior ansiedade é sobre dinheiro.
Talvez por isso que seja tão difícil escrever sobre isso.
Eu cresci numa família pobre. Moramos de favor com minha bisavó durante a infância porque não podíamos nos manter sozinhos. Era num bairro bom, num lugar com pessoas que tinham uma realidade muito diferente da minha.
Estudei num colégio muito bom da minha cidade. Com bolsa integral por conta da baixa renda, diga-se de passagem. Convivi a vida toda chocada com a realidade dos meus amigos - mesada, livros novos, celular do momento, viagens, idas semanais ao salão, ao cinema, às compras, à restaurantes. Toda vez que a escola tinha um projeto que precisava de dinheiro, eu já suava frio.
Quando minha bisavó morreu, fomos expulsos da casa por uma das filhas - irmã da minha avó - e não tínhamos lugar pra onde ir. Acho que eu sempre tive mais consciência que meus irmãos que dinheiro era um problema constante na nossa família. Eu postergava qualquer necessidade pessoal pra evitar pedir dinheiro aos meus pais. Faço isso até hoje.
As coisas melhoraram. Meus pais vivem em casa própria, que eles conseguiram construir com ajuda de muita gente e muito trabalho. Nunca faltou nada do que era necessário. Eles nem sempre foram bons em esconder as preocupações financeiras, mas na situação deles eu provavelmente faria o mesmo.
Quando passei na universidade pública, que pra mim sempre foi a única opção para a realidade do meu curso, eu dei um suspiro de alívio. "Finalmente. Eu não vou mais ser esse estorvo. Eu vou conseguir ajudá-los."
Depois que eu entrei na faculdade percebi que existe um abismo entre entrar no curso e conseguir um trabalho. Minha faculdade é em outro município - uma capital, com um elevado custo de vida. Eles pagam meu aluguel, minha feira. Eu viajo duas vezes por ano pra vê-los, porque não temos dinheiro pra mais passagens e eu não posso me dar ao luxo de gastar R$500,00 pra ver minha família em um final de semana. Eu ainda sofro pra pagar o transporte para os estágios. Quando meus amigos me chamam pra sair, eu automaticamente penso só nos gastos.
As pessoas dizem que é porque eu sou de capricórnio. Simplificando uma vida de privações que eu tenho consciência desde a infância.
1 ano ainda me separa da minha formatura. Provavelmente 1 ano e 3 meses até meu primeiro salário. Se não fosse pela pandemia, eu já estaria formada, me sustentando e quem sabe ajudando meus irmãos a não se sentirem como eu me sinto todos os dias.
Eu não vou ter formatura - um desejo que eu tinha desde a escola, mas que é fútil comparado a todas as dificuldades que estamos passando. Presente. Mas sinceramente, eu queria ter direito a futilidades. Há 26 anos eu procuro pelo caminho mais prático e mais barato. Eu quero um celular bom pra tirar fotos, eu quero um carro, eu quero viajar. Eu quero comprar algo porque eu quero, não porque eu preciso.
Todos os dias eu sinto que eu deixo de sentir e viver as experiências porque estou sempre preocupada com dinheiro.
1 ano, provavelmente 1 ano e 3 meses, pra ver se isso muda alguma coisa.
Espero que sim.
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I listened to one of OH’s OSTs Early bird and this image came to mind. I just want them to be happy :’(
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sienna, baby i’m so sorry
edit: i forgot to credit the bg is by PB :’(
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“I’m ready to do a lot more than dance.”
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alright this took way too long lol
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Could you maybe draw Bryce Lahela? I'd basically die.
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give me love
Foi quando ela percebeu que, talvez, não fosse tão cética quanto imaginava.
Ela não só queria mais. Ela esperava por mais, com a certeza infantil de que acabaria encontrando afinal de contas. Em alguns dias ela tentava se convencer de que não fazia diferença, mas a verdade é que ninguém gosta do descaso. Ela queria as brigas. As brigas realmente apaixonadas, e não porque um dos dois não se importava o suficiente, mas as brigas que aconteciam justamente porque os dois estavam sempre tão intensos em relação um ao outro.
Ela queria as surpresas. Para os outros, dizia que odiava qualquer coisa que a pegasse desprevenida (ela até lia o final de livros antes de começá-los pelo início), mas a verdade é que ela tinha sonhos com aquelas pequenos imprevistos que tantas outras garotas deveriam ter - um beijo que não era esperado, um presente no meio do dia, uma ligação no meio da madrugada, porque ele não conseguia dormir sem escutar sua voz, ou ainda que ele aparecesse no final do dia em sua porta, após um dia terrivelmente cinzento.
Ela queria as conversas sem fim, daquelas quando alguém descobria um novo livro e não se cansava de falar dele. Ela queria ouvir, e queria ser ouvida. Ela queria todos os beijos que pudessem dar, e não queria ser capaz de se conter em qualquer fosse o lugar. Ela queria nunca se cansar do sexo, e que ele nunca ficasse monótono. Ela queria rir, histericamente, como nunca havia rido antes. Ela queria estar com o seu melhor amigo, e não se sentir estúpida pelas coisas que dizia. Ela queria ser o suficiente para alguém. E queria que alguém fosse o seu suficiente.
E talvez aquilo fosse demais. Esse era o motivo pelo qual ela havia permanecido descrente por tanto tempo. Ela sempre se contentou com menos, porque o perfeito parecia muito impossível.
Entretanto, naquele momento, aquilo era muito pouco. Era quase nada. Era nada comparado ao que queria. E ela notou que preferiria passar seus dias procurando o impossível ao ter que ficar mais um segundo fingindo estar satisfeita com o nada.
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our minds are troubled by the emptiness
E então, houve dor.
Uma dor sutil e familiar, que aos poucos se alastrava em seu peito. Suportável, mas torturante. Ela conhecia o ciúme muito intimamente para negá-lo para si, mas ainda sim, foi uma surpresa descobri-lo por perto. Ela se lembrava de ter prometido que ele seria feliz, e nada mais justo que os últimos anos separados tivessem cumprido aquele juramento. E ela se lembrava de prometer ser apenas feliz quando aquilo acontecesse… Mas, por aqueles segundos que duraram dias, a felicidade pareceu-lhe tão distante quanto jamais estivera.
Não fazia o menor sentido.
Até que fez. A razão a atingiu gradativamente, como uma onda que marcha de forma paciente em seu caminho às areias da praia.
Ela o magoara porque procurava por algo. Porque conhecia muito profundamente cada um dos seus vazios, e queria alguém que pudesse preenchê-los, e parecia apenas injusto que os dois se contentassem com menos que deveria. Ela queria que os dois fossem felizes, e já sabia, naquele tempo, que não conseguiriam se estivessem juntos. Faltava alguma coisa, e mesmo quando não faltava, algo estava errado.
Ela o magoara porque procurava por algo, e dois anos depois não estava nem perto de encontrar. Mas ele encontrou, mesmo sem estar procurando.
Dali provinha a dor, ela finalmente entendeu.
Não porque ele estava feliz. Apenas porque ela não estava. Apenas porque ela já se sentia tão vazia, há tempo demais, que não conseguia nem se lembrar do que sentia falta.
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