Tumgik
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Truly
I guess that it was nice to feel something reciprocal for a while And you may never do it again with me But I will always try to still smile Kind ironic, don't you think? My strength just grows Everytime I break down Because nobody
Actually
Knows
I wish you the best Really I guess I'm just a little confused Because I wish you could said you wanted me But not just to be used I wish you the best Truly I honest really do I'm just sorry you didn't think that we could have been what's best for you But hey, it's okay, right? It's have to be okay My soulmate just sighed in relief Because we love each other so much But our time is only brief
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Escolhas
Eu escolhi lavar e guardar pra usar com você no dia do meu aniversário o melhor lençol que eu tenho, que inclusive eu comprei da cor rosa por saber que você gosta. Agora ele vai ficar só no guarda roupa.
Eu escolhi cuidadosamente os ingredientes da janta que quis preparar pra você, porque queria poder partilhar dessa refeição saboreando algo que tivesse dentro da sua dieta, sem você se culpar por sair da quantidade de calorias previstas pro dia.
Assim como escolhi te enviar um chá no dia que completou um ano da morte do seu pai, sabendo que você e sua mãe estavam tristes e cansados, e ao menos um chazinho poderia trazer um doce pra aquela noite amarga pra vocês.
Eu escolhi te ver na sexta porque no dia seguinte nenhum de nós trabalhávamos e poderíamos apenas aproveitar a companhia um do outro, sem no próximo dia ter que obrigatoriamente socializar ou pensar.
Eu escolhi passar horas tentando arrumar o rádio do meu carro pra fazermos uma pequena viagem de uma hora para outra cidade, com você me fazendo um favor, porque queria que ao menos você pudesse apreciar boas músicas que gosta enquanto fica de passageiro comigo.
Eu escolhi te dar o livro que você queria de presente, sem comemoração nenhuma, porque sabia que você estava indeciso sobre comprar ele ou um tênis, e eu queria que você pudesse ter os dois.
Eu escolhi guardar bons filmes pra ver com você, no cinema ou em casa, porque são artes tão bonitas de serem apreciadas, que estando na sua companhia elas se tornam ainda melhores.
Eu escolhi te levar metade do lanche que eu queria comer, que é meu favorito e eu sei que é o seu também, porque eu preferiria muito mais comer do seu lado, mas pra não atrapalhar seu sábado, só te entreguei com uma coca zero pra você apreciar comigo mesmo que a distância.
Essas foram algumas das pequenas coisas que eu fiz nessas últimas duas semanas. E eu poderia ainda passar um bom tempo elencando várias outras que eu escolhi fazer pensando em você, para te fazer bem, para te agradar. E eu não peço nada em troca disso. Faço por amor, e faria tudo de novo.
Mas olhando pra mim agora, a única coisa que eu estive querendo, sem nenhuma pressa, é que você me escolhesse. Mesmo que fosse daqui um tempo, mesmo que fosse pra depois. Mas que eu pudesse ser possibilidade dessa ardente escolha. Que eu pudesse continuar a escolher todas essas pequenas coisas, planejando bons momentos e vivências pra nós, sem me sentir uma boba por eu ter sim escolhido você.
[Bárbara Brito - 12 de março de 2023]
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I hope that this time
I hope that you choose you I hope that when people leave you don’t take it personally I hope you accept that not everyone is meant to stay And I know thats is hard, I get that Especially when it feels like people leave back to back But I genuinely hope that you pick you That you recognize your worthy of love and belonging That you make difference That you are impportant That you are wonderful and deserving of all the good things And I hope you know that in picking yourself you’re giving an opportunity to so many other people to pick you too Who deserve you and what you are willing to give Promisse you will at least try it And for ending I hope that I did that too.
This time I want to choose me I hope I choose myself All my life I’ve always been the one who’s available for someone I’ve always been the one who listens someone Who always becomes a shoulder to cry on Someone who never fails to be there for other people But I tend to forget to be there for myself To take care of myself like I take care those that matters to me To be empatic with me the same way that I'm with others And to love myself With the same beautiful and sweet love that I have for love averyone So… This time I'm gonna try again Bravelly and strongly trying to choose myself
[12 de março de 2023]
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Se ou se
Dores são extremamente singulares e não comparáveis. Algumas pessoas dizem que é doloroso demais esperar por alguém, valorizando o que se sente. Outros dizem que é mais doloroso esquecer o sentimento que se tem por alguém. Ambos os caminhos são regados de incertezas, paciência e sem nenhuma garantia. Mas a pior dor às vezes parece vir quando você não sabe se espera ou se esquece.
[Bárbara Brito - 12 de março de 2023]
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Um papel com um pedaço do amor
Você me faz sorrir com muita facilidade, sorrisos que eu tenho adorado dar. E eu, alguém que sei que costumo me esforçar pra alegrar o outro mesmo quando sofro, manifestar o riso frouxo que você me proporciona, é tão bom. E é uma risada sincera, não preciso nem sequer fingir que achei engraçado só pra você não ficar sem graça. 
Eu sinto que consigo ser eu mesma, mesmo repleta de demônios, de medos, de caos. Já me senti assim em outros momentos, eu sei, mas quando a gente se sente bem em um lugar, sempre da vontade de ficar. 
Não é como se fosse sua responsabilidade acolher cada caco trincado que eu tenho, porque não é. Todos temos nossos pedaços toscos, lascados, quebrados, fodidos, moídos. Algumas das pontas afiadas desses meus vidros te cortaram também. Mas eu consigo existir e te mostrar a minha existência vulnerável, frágil, mais livre. 
É aquela vulnerabilidade de me permitir ser tocada, amada, protegida. De imitar um esquilo e depois sequer entender porque fiz isso, mas só rir com você. 
A vontade de te contar de cada pequeno detalhe da minha rotina, das minhas experiências, não porque espero aprovação ou acolhimento sempre, mas porque quero que você esteja comigo nos passos da vida. Partilhar mesmo, sabe? Partilhar a vida boa com você. E a vida não tão boa também. Como andar pelas ruas da Europa falando groselhas, refletindo sobre a vida e apreciando cada pequena paisagem ao redor.
Pequenas identificações tão livres puderam ser libertas em mim também, descobrindo como eu me vejo daqui uns anos e o que espero disso. Aquelas tais luizinhas que foram acendendo, e até clarearam um caminho que eu não via como possível ou não sabia se queria, agora olho e fico impressionada com como eu quero entrar nessa estradinha. E seria uma bela caminhada estar lá com você. 
A espontaneidade que tenho em cada momento, seja de dor ou de prazer, de sentir que existe espaço que me cabe e me quer. Como você esticar os braços e falar: deita no meu peito. Como acordar de manhã e querer te beijar, por mais que eu odeio o sabor de boca matinal. Como ouvir você dizer que adora essa minha cara, que sou linda, que foi ótimo estar comigo. 
E não é precisar, necessitar. Eu consigo seguir sem tudo isso. A vida vai parecer meio triste no começo, mas eventualmente volta. Eventualmente começa outro ciclo. Só que eu não quero, porque seria abrir mão desse sentimento gostoso de existência significativa, e isso é algo que eu quero viver mais.
É extremamente significante ter acesso a todas essas memórias no real, na vida sendo realidade mesmo. E o medo misturado com decepção de não poder mais experimentar o gosto desse sonho, é pesado.
E é por isso que eu pego esses papéis todos amassados que te entreguei e que você me devolveu, e guardo. Na esperança de que talvez eu possa te oferecer eles de novo daqui um tempo. Ou que você me peça pra entregar, me dando um seu também.  
Expecto que na hora de dormir nossas camas possam estar preenchidas por nossos corpos, juntos. Porque diferente dos últimos amores que parecia perda de tempo investido ter permanecido no "talvez um dia", com você parece ser o maior dos desperdícios não estar do seu lado pra dividir meu tempo dessa vida tão breve. 
Como é bom estar com você. E por isso talvez minha escolha seja tentar sustentar o peso e a dor de por hora só lembrar dos tantos bons afetos que tivemos, e manter as possibilidades de existirem como são hoje, pra quem sabe amanhã ainda caber de você receber ou me dar um papelzinho amassado te/se convidando pra entrar nesse lugar do campo do meu peito que tem plantada uma grande flor de você. 
Não tenho como garantir que eu ainda esteja aqui, e não é nada sobre pressa, mas se der, nesse momento, não se apaixone por ninguém além de mim, não agora. Prova desse meu afeto só mais um pouquinho. Ele ainda tá aqui. 
[Bárbara Brito - 17 de setembro de 2022, reeditado em 20 de novembro de 2022]
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A maior brincadeira de todas
Inicio esse texto com memórias de quando tinha mais ou menos dez anos, que morava no fundo da casa da minha avó, na parte de cima. Havia um muro nessa parte da casa, que dava acesso a rua e do outro lado para o quintal da casa de uma prima. Eu e minha família sempre chamamos esse lugar de mureta. Eu adorava ficar lá e olhar para fora, olhar pro mundo além da minha casinha.
Houveram vários momentos em que eu queria brincar lá embaixo na rua ou na casa da tal prima, mas eu não era convidada, principalmente quando os outros amigos dela estavam lá. Era constante meu sentimento de abandono, menosvalia, não importância e rejeição. Era como se eu não existisse. Me recordo de espiar por entre os pilares da mureta para ver quem deles estava brincando, cogitando a hipótese de se eles se lembrariam de mim e me chamariam para ir lá também, ou se eu desceria e me autoconvidaria para a diversão
- - - -
Fechei os olhos por um instante, voltei no tempo e fui até a mureta. Me observei sentada na rua, encostada no muro que dava acesso ao portão da casa da minha prima, tristinha, esperando alguém sair para brincar. Mas agora que eu estava ali, ninguém estava disponível para sair, e quem brincava estava do lado de dentro da casa, e não haviam me convidado para entrar. 
Me olhei um pouco e senti coragem pela pequena Bárbara ter descido e arriscado tentar brincar, ao invés de só ficar lá em cima esperando e desejando. De lá de cima me chamei:
- Bárbara! 
A pequena eu mirou os olhos para cima, e com o semblante triste, me viu e nada falou. 
- Que bom que você desceu para tentar brincar, mas acho que agora tá na hora de você subir pra descansar um pouquinho. Amanhã você tenta de novo. 
- MAS EU QUERIA BRINCAR AGORA!!! - retruquei brava e frustrada. 
- Eu sei como queria, eu bem sei como você quer… mas não dá para você ficar aí parada esperando que alguém saia e brinque com você nesse momento exato que você quer. 
Aqueles olhos tristes que eu me olhavam permaneceram, e se misturaram com raiva e frustração.
- Você já tentou chamar alguém pra ver se eles saem? 
- CHAMAR PRA QUE? PRA ME SENTIR UMA BESTA IMPLORANDO PRA BRINCAREM COMIGO?
- Hoje já aprendemos que às vezes a melhor forma de demonstrarmos o que queremos, é falando. Na pior das hipóteses, alguém vai aparecer e vai te agradecer pelo convite, mas vai negar porque neste momento não quer brincar. E tá tudo bem. Não é uma rejeição e uma recusa à você, pequena, é só que não queriam nessa hora. Às vezes a única coisa que podemos fazer é descer para brincar e ter esperança de que alguém queira brincar com você naquele momento também. 
- Eu vou subir… - eu disse perdendo toda a raiva no olhar, e aceitando que não iria brincar de novo naquele dia. 
Eu sabia muito bem o caminho que eu faria até chegar lá em cima, me esperei em frente do portãozinho, porque também sabia que aquele coraçãozinho precisava de um amparo. Não é fácil não brincar tanto quanto gostaria, tanto quanto se tem vontade e energia.
Eu cheguei, com os olhos todos marejados e tristes. Estendi meus braços para mim mesma, e me vim até mim. Enquanto chorava, me abracei e disse dando um beijo em minha cabeça: 
- Outro dia você tenta de novo. Mas tenha um pouco de paciência também viu. Não estamos correndo contra o tempo. Pode não ser as pessoas que você quer nesse momento que vão te chamar para brincar, mas eventualmente alguém vai, várias pessoas irão. Eventualmente vão ver como é legal estar com você, e você não precisará sempre só esperar que te chamem. 
- Às vezes brincar sozinha é cansativo demais. - Suspirei.
- Eu sei… nós sabemos. Você ainda vai se sentir livre e tranquila para brincar. Descansa pequena.
Depois de um banho quente, a pequena Bárbara deitou no sofá da sala com nossos pais, assistiu a novela clichê que sempre víamos, comeu a deliciosa comida da nossa mãe, recebeu os beijos e carinhos do pai, da mãe e da vó, e foi dormir. Depois que eu deitei, espiei um pouco, fui sorrateira até meu antigo quarto, dei um beijo em minha testa e sai. 
Naquele momento dormindo, eu não sabia ainda, mas hoje sei como é preciso carinho comigo, porque só eu sei o que já sofri para chegar onde cheguei. 
- - - -
Meu terapeuta com sua bela percepção, me propôs tal metáfora para reflexão: talvez amar seja estar na mureta e ver outros embaixo brincando a brincadeira que eu queria também. Não sei se querem brincar comigo, mas eu tenho escolhas a fazer: permanecer na mureta vendo os outros brincarem e desejando estar lá também, ou descer e arriscar que alguém pode querer brincar comigo. É uma grande aposta.
E no fim, se apaixonar deve ser como imaginar que aquela rua fosse um parque aquático. Difícil ir brincar nesse lugar sem se molhar. Ou mergulha-se de vez, torce para não se afogar, para não cansar tanto no caminho nadando e para ser uma aventura divertida; ou apenas aprecia os outros nadando e espera o dia que tiver coragem de pular também.
[Bárbara, 22 de agosto de 2022]
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Disposição
Na lousa é escrito mensagens a se lembrar. Amar é pras pessoas dispostas. Não, não é sobre amor. Muda.
Se apaixonar é pras pessoas dispostas. Não, não é sobre paixão. Muda.
Sentir é pras pessoas dispostas. Não, não é sobre sentimentos. Muda.
Se relacionar é pras pessoas dispostas. Não, não é sobre relações. Muda.
Depois de muito sentir, pensar e surtar, hoje lá está:
Viver é pras pessoas dispostas. Agora acho que foi. Tudo isso é a vida.
Logo em baixo: Não foi reciproco.
O que eu estou ainda disposta?
[Bárbara Brito - 13 de maio 2022]
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Mesmo caminho, outros olhares
Quando iniciei meu emprego atual há cerca de um ano atrás, aprendi um único caminho mais rápido, prático e acessível pra chegar até o trabalho, e esse trajeto o fiz de bicicleta até semana passada. Dias quentes, dias frios, dias chuvosos, não importava. Estava eu as 7 horas da manha saindo de casa com minha magrela, pedalando caminho a labuta.
Teve recentemente um dia chuvoso, que ainda por cima era um daqueles dias que eu não queria acordar, muito menos sair da minha cama. Mas fui seguir minha rotina desestimulante de sempre, e o caos foi pior que o imaginado. Coloquei até uma roupinha que me achava bonita pra ver se dava uma alegrada, mas foi tudo em vão. Esperei a chuva acalmar enquanto ainda estava dentro do horário, e com uma leve garoa, segui meu caminho. Passo na frente de um cemitério que tem como hospedes permanentes dois doguinhos, que nunca sequer ligaram pra minha existência. Mas naquele dia, eles resolveram me perseguir na bicicleta.
Chuva. Dias ruins. Bicicleta. Eu sem capa de chuva. Cachorros me perseguindo. Lama por toda a minha roupa. Desgosto.
Lembro que pensei que sofrimento minha condição de existir nesse momento. E foi a primeira vez que eu me senti triste por ir de bicicleta. Me arrependi, pensei: porra, porque não fui a pé com guarda chuva? Mas ai já era tarde. Já tava molhada e cheia de lama na calça, camiseta e tênis. Pelo menos cheguei no horário. Nos dias seguintes a esse ocorrido, eu pensei se teria outro caminho que eu pudesse fazer quando os cachorros estivessem lá, pra evitar ser perseguida. Olhei no maps, pesquisei, pedi opiniões. Mas infelizmente o melhor trajeto era aquele. Os demais me tiraria muito da rota e me levaria a gastar muito mais tempo do que gasto fazendo isso. Assumi o risco da possível perseguição diária.
Semana passada quando voltei pra cá depois de um final de semana cheio de emoções - em sua grande maioria, boas emoções - o pneu traseiro da minha bicicleta pareceu entupido. Tentei por mais de meia hora resolver o problema, não consegui. Atrasei 45 minutos pra chegar no trabalho por conta disso. Fui a pé. Passei a semana indo andando com preguiça de levar a bicicleta pra arrumar - que diga-se de passagem, o lugar é perto de casa. Chegou no final de semana, quando eu teria tempo pra levar a bicicleta lá, continuei desestimulada a sair pra me preocupar com isso. Sabia da consequência: seguir tendo que gastar o dobro do tempo pra chegar no trabalho e cansar mais por ter que ir caminhando. Aceitei.
Essa semana, sigo indo andando. Hoje quando voltava do trabalho uma hora depois que o normal, pra pagar horas negativas que tenho, em um calor de 32°C eu comecei a notar que existiam coisas nesse caminho que eu nunca havia reparado, ou dado atenção.
Tem um casal de senhores, que durante a semana anterior e essa, eu os tenho encontrado sentados na porta da sua casa, em uma cadeira confortável em baixo de sua árvore. Eu passo e digo: boa tarde. Eles respondem educadamente.
Descobri que tem uma horta!!! Vendem várias verduras fresquinhas e a um preço bem baratinho.
Tem também uma casa a venda, que eu pensei que se tivesse dinheiro, eu compraria uma casa daquela pra mim ou pros meus pais. Que lugar charmoso.
Vi até que tem um moço bonito que mora umas casas antes da hortinha.
Cheguei no meu recanto de refúgio pensando: como pode eu ter feito esse caminho por um ano e nunca ter visto nada disso?
Sexta passada na terapia, meu terapeuta encerrou a sessão declamando pra mim o seguinte poema, chamado Autobiografia em cinco capítulos:
1. Ando pela rua. Há um buraco fundo na calçada. Eu caio... Estou perdido... sem esperança. Não é culpa minha. Leva uma eternidade para encontrar a saída.
2. Ando pela mesma rua. Há um buraco fundo na calçada. Mas finjo não vê-lo. Caio nele de novo. Não posso acreditar que estou no mesmo lugar. Mas não é culpa minha. Ainda assim leva um tempão para sair.
3. Ando pela mesma rua. Há um buraco fundo na calçada. Vejo que ele ali está Ainda assim caio... é um hábito. Meus olhos se abrem. Sei onde estou. É minha culpa. Saio imediatamente.
4. Ando pela mesma rua. Há um buraco fundo na calçada. Dou a volta.
5. Ando por outra rua.
Eu não consigo mudar o caminho que eu faço agora, tenho uma direção específica a seguir, eu sei qual é - pelo menos pra isso. Mesmo eu não querendo ir pra lá, tenho precisado seguir esse caminho, ao menos por mais um pouco de tempo. Mas não troquei de rua, troquei a mira dos meus olhos. E talvez isso também seja suficiente às vezes.
O que mais eu posso estar não vendo no meu dia a dia, que passa despercebido por tanta pressa, por tanta confusão, por tanta indecisão?
Espero que eu saiba utilizar minha visão periférica e minha capacidade de enxergar pra ver o mundo que vai além de só o caminho sofrido e diário que faço pra sobreviver.
[Bárbara Brito - 29 de março de 2022]
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Ao vazio que temo e que me habita
"Querido Vazio,
Na primeira vez que eu te encontrei eu ainda nem sabia amarrar meu cadarço. Num dia eu tava comendo bolinho de chuva no colo da minha vó, no outro ela tava numa caixa rodeada de flores e pessoas chorando. É uma daquelas lembranças que não passam por nada. Eu lembro de olhar pra cima e perguntar pra minha mãe: Mãe, porque a vó tá numa caixa de vidro?
Minha mãe não disse nada, me olhou, abraçou, e até hoje eu nunca vi ela chorar tanto. Naquele dia, ela passou numa doceria e comprou uma caixa enorme de tortuguitas pra mim e fez questão de que eu comesse no caminho.
Hoje, em retrospecto, eu acho que minha mãe chorou e me encheu de doces porque ela não sabia como responder a minha pergunta. Minha vó mal tinha 60 anos, era uma pessoa doce, gentil, cheia de vida. Num dia ela tava sorrindo, no outro o oclinhos que ela usava pra ler a bíblia tava jogado no sofá e ninguém sabia o que fazer com ele. Não tinha porque a Dona Joana estar numa caixa de vidro. E na ausência de um motivo, um bom motivo, a mente humana tem dificuldade de aceitar.
Diante da adversidade, o nosso cérebro precisa de um motivo, de um porque, e quanto mais faz sentido, mais a gente se acalma, ainda que a nossa situação não mude.
Querido vazio,
eu costumava colocar a culpa em você. Eu olhava no espelho, sentia sua presença e podia jurar que você tava sorrindo. Que outro motivo alguém teria pra assistir as minhas tragédias se não pra rir da minha cara?
Os dias viraram uma piada sem graça. Eu deixei de ser o protagonista, a vida se tornou um comercial de margarina e tudo o que eu queria era trocar de canal. Os dias viraram uma piada sem graça, tipo estar em uma foto que você não pediu pra estar e ter que sorrir.
Eu só queria que parasse.
Eu olhava no espelho e via um fantasma cético, ele já não acreditava em nada. Nem no presente, nem no futuro, nem em si mesmo. A existência perdeu o sentido, eu queria que você me explicasse porque, mas você nunca dizia nada. Hoje eu entendo seu silencio: o vazio nunca traz respostas, o vazio é a pergunta.
Querido Vazio,
eu aprendi um truque novo. Eu descobri que não adianta tentar te preencher, não é completude o que você quer, porque aí você deixaria de ser vazio, e ninguém gosta de deixar de ser o que é. O que você quer é um pouco de atenção. Toda vez que você aparece, eu te imagino numa bicicletinha rosa bem ridícula, com uma cestinha na frente. Aí eu pego um ‘porque’ embrulho num saco de pão e te entrego.
As vezes é bem simples: porque a vida vale a pena? Oras, porque o narizinho da minha gata é rosa. E tcharam, e como num passe de mágica você sobe na sua bicicletinha ridícula e vai embora. Nem sempre é tão fácil, as vezes você não fica satisfeito com as minhas respostas. E quando é assim, eu preciso tirar um tempo pra analisar melhor suas questões silenciosas, afinal, convenhamos, você não merece ser ignorado, nós não somos inimigos. Muito pelo contrário, você é a parte de mim que se importa.
Eu desconfio do fundo do meu coração que por trás do seu lençol de silencio não existe um abismo esperando pra ser preenchido, e sim uma criança confusa, que faz pergunta levemente estúpidas num enterro: porque a vó tá numa caixa de vidro?
Quando minha mãe não soube lidar com você, ela podia ter te ignorado, se irritado, mas não, a gente deu sorte. Ela te abraçou, encheu de beijos, e desse solo gentil regado com lágrimas nasceu uma árvore cheia de galhos. Porque o abraço é quente. Porque tartarugas de chocolates são geniais. Porque coisas ruins acontecem com pessoas boas. E nada pode mudar isso. A única coisa que pode mudar é a mente.
Dentro de toda cabeça por mais quebra e caótica que seja, existe uma máquina de escrever novos porquês.
Querido Vazio,
A ausência do furo dá sentido à roda; a ausência da porta dá sentido à casa; a ausência entre os acordes dá sentido ao ritmo. A absência é um mal necessário, e o silêncio tem muito a dizer. Pra quem duvida, é só parar na beira de um rio, e ouvir.
Querido, maldito, infinito Vazio:
Depois de muito chorar, depois de muito sofrer, hoje sou eu que procuro você. "
[Ludo Viajante]
Preciso acolher meus silêncios pra conseguir me ouvir.
Talvez só hoje verdadeiramente te entendi.
Bem-vindo.
[Bárbara Brito, 23/02/2022]
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Sentindo
Durmo muito bem quando do lado oposto da cama tem um certo alguém; nem importa muito onde, desde que seja com ele. Me sinto segura, acarinhada; posso dormir do jeito que eu quiser. Mas nem sempre tenho desejado pegar no sono ali.
Acordo a noite toda preocupada com a forma como estou dormindo ao lado de outro alguém, me sinto insegura e vulnerável a julgamentos ruins, por mais confortável que a cama também seja e por mais que eu tenho desejado dormir nesse lugar - que nem é lugar físico - várias noites.
-
No quarto quente, me incomoda as janelas fechadas e o calor armazenado. Peço constantemente pra abrir. Insisto e reforço.
No outro, suporto o ar abafado porque quero ficar. Nem me esforço demais pra pedir pra abrir, pra não incomodar. Eu sustento isso pra poder estar lá.
-
Hoje consegue me falar mais abertamente o que sente, o que pensa, o que planeja. Não esconde tanto mais suas percepções. No máximo me pede pra esperar pra conversar depois sobre isso. Me informa das suas ausências pra evitar meu mal estar.
Seu silêncio me ensurdece; às vezes quero gritar, pra tentar ver se meu eco ressoa e eu ouço algo que não o nada; ou se faz ele gritar comigo também. Pouco fala sobre, pouco expõe. Some por períodos, como um dia outro também o fez.
-
Interessante como ainda assim, quero ambos os lugares, ambos os papéis, ambos. Mas tem sido difícil demais sustentar tamanhas polaridades.
Eu mesma grito pra mim:
O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO?
...
Meu silêncio agora me angustia.
[Bárbara, 18 de janeiro de 2022]
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Amar é preci(o)so
Conversava com um amigo sobre o amor, sobre amar.
Até então, carregava comigo sobre esse tema a compreensão de que pode-se gostar, ou amar alguém; e que isso seria uma evolução, a depender da quantidade e intensidade do afeto envolvido. O amor chegaria como uma promoção do sentimento de gostar.
Pensava que talvez não fizesse sentido pra mim a ideia de ser possível amar muito ou amar pouco alguém, pois a partir da mudança do que se sente naquela relação, a resposta ficava óbvia: Ama-se ou gosta desse ser. Apesar das diversas defesas internas que temos, é possível saber quando se ama alguém, não é?! - perguntei a mim mesma isso também.
Olhar pra possibilidade de amar pouco alguém me soa triste. Talvez pelo contraste que isso parece dar com a palavra pouco, pensando que muito seria o especial, e o pouco seria o que sobrou, o não suficiente.
Nessa ideia, falamos de uma escala de zero a dez, em que até oito seria gostar, o nove seria o amar pouco, e o dez o amar muito. Na onde zero é a ausência desse sentimento e o dez é sua maior intensidade, o nove é uma classificação altíssima. É amar também, só que em alguma forma menor que o dez. O contraste olhando dessa forma, parece menor, mas ainda incomodo pra mim. Discorremos mais.
Não parecia coerente pensar que o amor diminuiria e aumentaria de uma forma que fosse possível classificar meus amores. Sei lá. Se é amor, é amor, oras.
Em um determinado momento da discussão, em que incluímos paixão na conversa, falei: “(...) conforme o amor vai aumentando (...)". Antes mesmo que eu pudesse terminar a frase, ele sorriu, me olhou e disse: “viu o que você falou? Vai aumentando…”
Quando percebi as palavras que usei e a forma como movimentava minha mão fazendo uma onda pra cima, comecei a questionar ainda mais o que eu estava pensando até aqui.
Diga-se de passagem, que o sorriso bobo dele ao observar minha expressão me contradizendo comigo mesma, com certeza contribui pra conversa, tornando ainda mais prazeroso estar ali. Conversas simples e tão ricas se manifestam assim.
Falamos também sobre o amor apenas conseguir perdurar e viver em solo fértil. Do nosso ponto de vista, no lugar em que não houvesse reciprocidade nesse sentimento, mesmo nas suas mais variadas formas de se manifestar, o amor não conseguiria morar por muito tempo.
Pensamos em situações que pudessem ser exceção a esse movimento, como por exemplo, sobre aqueles que fingem amar alguém, e mentindo sustentam um sentimento no outro que em si próprio não existe. Ali pareceria existir um terreno propício para o amor morar por parte do enganado, que por mais que soubesse inconscientemente a falsidade do sentimento ainda se manteria ali, nutrindo. Por quanto tempo será que sustentamos fingir amar alguém?
Outra situação seria quando na relação, uma pessoa deixa de amar a outra. Parece doloroso demais nutrir um amor por muito mais tempo, quando o solo secou de um lado.
E quando as formas do amor são diferentes, como no amor romântico x amor amigável. Qual seria a linha que cuida desse sentimento de duas pessoas que se amam, mas de formas distintas? É como ter que mudar o tipo de plantação, observando que algum dos terrenos não comporta uma planta diferenciada.
Meu maior questionamento enquanto conversávamos era, o que seria o amar muito alguém? Quando e como sabemos que agora amamos muito ou pouco alguém?
Nosso objetivo nesse diálogo nunca foi convencer um ao outro sobre os nossos pontos de vista, apenas pensar, falar, partilhar, refletir, e mais importante, passar tempo junto. Hoje fazem quatro dias que conversamos sobre isso, e eu me intriguei com a temática. Pensei mais sobre ela.
Acho que uma das coisas que me ajuda a diferenciar o gostar de alguém pra amar, é que no momento em que amo, seja um familiar, um parceiro romântico, ou um amigo, esse sujeito existe presente em mim, enquanto outros passeiam mas não moram, não criaram ainda raízes.
Olho pro amor como um belo jardim. Uma plantinha do outro que enquanto o sentimento é o gostar, passa com seu bom aroma me encantando e até me fazendo desejar sentir mais o seu cheiro. Ela também aproveita o passeio e desfruta dos caminhos que eu posso oferecer. E o movimento acontece com ele também, em que minhas flores passeiam pelo outro ser.
De tanto que transita, de tanto que eu a quero mais turistando em mim, de tanto que ela vem e eu vou, que ela se demora a ir embora, agora é possível criar raízes. A partir daí, é amor. Agora essa plantinha mora em mim. Talvez os terrenos sejam férteis e acolhedores por muito anos, talvez algum solo se danifique. Agora me questiono, que talvez as raízes também se fortaleçam ou enfraqueçam.
Amor é para pessoas dispostas, para campos abertos a plantações. O espaço pode estar disponível para receber as folhas, mas se não tiver disposta a permitir que se plante, e a plantar também, não vai.
Fomos também pensando: necessariamente ao amar, vamos sofrer?
Ele disse: eu acho que não deveria e nem precisaria, mas infelizmente é assim. - E nisso, apenas concordo com ele.
Disse meu psicólogo, Guilherme Aguiar, em um texto muito sensível que produziu:
“Não se sai com os pés limpos de um ringue de amoras. Quando você não se permite sentir e deixar-se transformar pelo sofrimento, você está tornando-se cada vez mais opaco aos seus afetos. Cada vez mais real e mecânico, incolor, desbotado e insuficiente.”
Agora reforço o título desse texto. Amar é preci(o)so. E essa é a única certeza que carreguei.
E então passo a concordar com o ponto de vista dele, de que é possível sim amar muito alguém. Como isso se manifesta em nossa racionalidade, não sei e nem sei se saberei.
Essa afirmação pode ser reforçada de uma forma muito mais simples do que imaginava: comigo olhando pra ele mesmo. Ao estar ao meu lado na vida, em uma conversa tão gostosa como essa, e em tantos outros momentos que já tivemos juntos, justifica demais o espaço dez do campo em que ele tem planado suas flores em mim.
[Bárbara, 18 de janeiro de 2022]
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Às viagens da vida
Me pego sempre pensando em como viajar é bom, em como eu gosto de viajar. Viajo muito mais nas minhas ideias e pensamentos do que na realidade. Talvez por falta de dinheiro - isso infelizmente é um fator limitante importante. Mas o desejo de sair conhecendo o mundo ainda vive dentro de mim.
Tiveram três viagens até aqui que talvez foram as mais tristes que eu já fiz. A primeira, a ida pra Cafelândia em 2010 quando minha avó faleceu. A segunda, a ida novamente pra Cafelândia em 2016 quando meu avô faleceu. E a terceira, a ida pra São Carlos em 2019 quando a cachorrinha da nossa família faleceu.
Das demais, viajar pra mim sempre foi motivo de entusiasmo.
Que eu me lembre, as primeiras viagens que fiz foi pra Cafelândia, terra natal do meu pai, e morada dos meus avós paternos e tio. Desde pequenininha fazíamos essa viagem em família. Lembro que eu, na inocência de uma criança que desconhece a imensidão do mundo, dizia pras pessoas que eram próximas a mim que as luzes vermelhas iam pra Cafelândia, e as luzes brancas iam pra São Carlos. Poucas pessoas sabem dessa história.
Acho tão linda essa minha memória. Eu criei essa ideia porque na ida pra lá, o que eu via indo pra lá eram as luzes vermelhas traseiras dos carros na estrada, e o que eu via na pista contrária, voltando pro sentido em que eu havia saído, eram os faróis brancos dos carros no lado oposto. Naquela época o meu mundo era esses dois lugares.
Conforme fui crescendo, tive o privilégio de poder viajar pra outros lugares também. Conheci praias lindíssimas, que inclusive, eu amo praias. Conheci pessoas maravilhosas, partilhei experiências sensacionais, vivi coisas indescritíveis. Pude até ir pro Uruguai, que doideira. Esse foi o destino mais longe que eu já fui até hoje. A filha da doméstica e do porteiro tem viajado tanto que até fez uma viagem internacional. O proletariado ainda vence às vezes. Me inspirei com as histórias de viagens dos meus amigos que moraram em Londres, na França, no Canadá, na Alemanha; me inspirei também com os sonhos deles.
Quando morei em Marília, tive que aprender a perder o medo de estrada (um traumazinho pelo acidente de carro que sofri com minha família em 2002), e principalmente o medo de viajar com estranhos, porque se eu queria voltar pra ver minha família com frequência, eu tinha que pegar caronas com desconhecidos.
Essa prática também seguiu agora que moro em Limeira, e ainda as caronas ficaram uma aventura ainda mais intensa, porque viajo com minha cachorrinha Gaia.
Nessas caronas todas, eu pude conhecer gente de tudo quanto é tipo, jeito, pensamento. Essas caronas também são viagens pra mim, não só porque me transportam de um lugar para o outro, mas porque me fazem conhecer outras pessoas, conversar, descobrir, sair, chegar.
Tem tantos tópicos no meio desse tema que eu ainda quero poder escrever sobre, mas o foco desse texto aqui, é sobre a viagem que eu fiz no último final de semana.
Depois de quase 2 anos fazem apenas o trajeto de viagem de onde eu morava, pra minha cidade natal - covid feelings - , eu tinha agendado uma viagem pra Cafelândia, na formatura de graduação da minha prima.
Na primeira parte do trajeto, senti aquele medinho de ansiedade de como seria o final de semana, e por alguns instantes até esquecia que ainda estávamos em uma pandemia. Na estrada, nem senti tanto medo da chuva forte. Foi tão bom chegar na casa do meu tio e sentir o cheirinho da casa dos meus avós (pela dama da noite que tanto tinha lá e que meu tio replantou na casa dele), rever meus primeiros, me animar pra formatura, me sentir querida e acolhida. Foi um ótimo final de semana que se encerrou com uma surpresa tão boa quanto.
Na volta pra casa, peguei outra carona. Um casal muito simpático que saia de Lins e ia para Campinas. Nesse trajeto, eu fiz uma parte com eles. Em Bauru pegaríamos outra pessoa, que até entrar no carro, eu não sabia quem era. Conforme fomos viajando, Thiago me disse que junto conosco embarcaria Dona Mariana, uma senhora de 80 anos, que iria pra casa do filho em Campinas.
A primeira coisa que pensei: nossa! Que senhorinha mais jovem! E eu nunca conheci uma Mariana idosa. Mariana me lembra a minha amiga Mariana, que hoje tem a minha idade.
Me lembrei das outras senhorinhas jovens que eu já conheci na vida, contei histórias do meu vô, que pra mim também foi um senhorzinho jovem, e estava curiosa pra conhecer Dona Mariana.
Quando ela entrou no carro, eu só conseguia pensar em como não parecia que ela tinha 80 anos. Minha referência de 80+ hoje em dia é minha avó materna, que aos 86 enfrenta várias questões de saúde que a debilitaram bastante. E ver uma senhora com 6 anos a menos, tão ativa, tão moderna, utilizando redes sociais, mostrando fotos no celular de seus filhos, dos netos, dos bisnetos, viajando com aplicativos de carona, me aquece o coração e me inspira a pensar que eu gostaria de poder envelhecer assim, jovem.
Uma viagem de 2 horas e meia passou tão rápido que nem vi. Com o destino em que eu desembarcaria chegando, Dona Mariana contou que ela tem um livro! Isso foi o ápice do entusiasmo pra mim. Ela ganhou de presente de 80 anos um livro publicado pelos filhos sobre a história de sua vida. Disse que foi entrevistada e o escritor organizou sua história.
Tanto eu quanto Thiago e Raquel, sua namorada, dissemos que queríamos ler seu livro. Mais tarde, para nossa alegria, a neta de Dona Mariana nos encaminhou o ebook do livro pra que pudéssemos ler.
Em tempos que faltam luz pra iluminar o caminho, estar aberta pras viagens que a vida me proporciona acredito que tem sido um dos meus faróis.
Nem sempre a viagem é tão boa, às vezes não quero fazer, não quero ir pro destino, estou cansada desse lugar. Às vezes posso tentar melhor aceitar, com menos dor, que o caminho dessa viagem não vai ser tão prazeroso, mas que ele pode ser curto, que eu posso mudar a direção que vou. Nem sempre vou poder escolher o caminho que mais quero, mas posso escolher o que vou fazer enquanto viajo, enquanto caminho.
Quem sabe assim, sendo doce e gentil com as estradas que pego, eu recebo um carinho gostoso da vida Quem sabe no final da minha estrada, eu me sinto bem por ter andado o que andei, e recebo um tchau, “foi um prazer viajar com você” e uma benção como recebi de Dona Mariana.
Lerei o livro dela com muito carinho. Nesse momento me sinto até entusiasmada pelas novas viagens e novos caminhos de 2022, pelo tempo passando e a vida acontecendo. Acho que era essa a esperança que me faltava pra iniciar o novo ano.
Obrigada Dona Mariana.
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Já disse Maria Rita, na música mais lembrada pela novela Senhora do Destino:
"E assim, chegar e partir São só dois lados Da mesma viagem O trem que chega É o mesmo trem da partida A hora do encontro É também de despedida A plataforma dessa estação É a vida desse meu lugar"
[Bárbara Brito - 22 de dezembro de 2021]
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A Montanha e o Mar
Eu, que nem gosto dessas ideias, nesse momento digo que parece coisa do tal destino - Que bizarro.
Até me arriscaria dizer opostos complementares. Mas não na ideia de completude perfeita, essa não existe.
As montanhas e as marés foram feitas para se tocarem. Em algum momento do caminho, elas sempre se cruzam.
Gosto de pensar em encaixes. Quando ambos se envolvem de uma forma que naquele momento cabe, assenta. Talvez depois de um tempo, o formato mude, e o encaixe não mais aconteça. Talvez a água bata forte demais nas pedras e outro formato apareça. Talvez a pedra dura demais não se mova e a água mude o fluxo. Talvez a água parada demais crie lodo nas pedras. Talvez habitando juntas se adaptem às mudanças e permaneçam ali.
Por isso parece essa coisa tão mágica. Apesar dos tantos talvezes.
Por mais modificada, complicada e confusa fique a relação entre a montanha e o mar, eles não deixam de se habitarem. A água não vai secar ou a montanha despedaçar de repente, a não ser que algo muito catastrófico aconteça.
Eles vão continuar, assim como suas marcas um no outro, enquanto existirem, elas existirão. Essas marcas também influenciam outros seres ao redor, que sem querer, fizeram parte desse encontro natural. O inseto que ali morava, a flor que nasceu, o local que o sol ilumina, as raízes que cresceram.
Em algum contorno da vida, os caminhos cruzaram e seguiram, permaneceram. Mas na verdade, o que me surpreende é que nesse ponto de vista, você é o mar, e eu a montanha, só que o oposto parece mais condizente a nós, não acha?
Eu sou a água fluída, deslizante, e você a montanha aguardando seu momento de certeza, de perfeição. Mas no final, somos tudo, e tudo o que temos são apenas as experiência da vida nesses momentos.
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Te sinto me tocar primeiramente na base. Questiono minha conduta, me balanceio com tuas ondas, que me colocam a olhar o que eu perco ao me desestabilizar. Seguro firme o quanto posso, mas seus suaves chacoalhos foram intensos demais em mim. De dentro pra fora, as coisas começam a sair, suavemente. Acolho teus toques, e faço espaços de moradas.
A depender da construção que fazemos, os espaços se tornam mais aconchegantes ou mais hostis. Não fui eu, Montanha, sozinha, que abri espaço em mim e acolheu tua água, do Mar, e fez uma lagoa calma e tranquila. Assim como também, não fui eu que criei lugares pontiagudos em minhas extremidades, e ondas mais fortes foram batendo. Também não foi só um de nós que amornou demais o caminho e nos confundiu sobre o que acontecia ali. Fomos nós dois. Todas as conformações fomos nós.
É estranho como você é o mar, mas também é a montanha. E é estranho também, como eu, sendo a montanha, também sou o mar.
Preciso admitir que que gosto das suas ondas mais fortes, também da lagoa tranquila, e mesmo a água parada, que me angustia, também me cativa. Você também deve gostar da minha insistência em não ir a nenhum lugar longe demais daqui, de abrir espaço, de se aconchegar em mim. Ambos gostamos, não é mesmo?! e é por isso que estamos aqui.
Até quando se sustentará essa conexão, é uma das respostas que não se tem, e nem se terá.
Por hora, sei que ainda me permito adentrar novos caminhos e espaços por aqui, e aguardo o momento em que você depois de subir até perto do topo, solte e salte como uma cachoeira, pronto pra experienciar a loucura que é se conectar assim com alguém.
Não se encante em outro canto Se aqui comigo você já fez morada
[Bárbara Brito, 02 de dezembro de 2021]
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A noite III
Eu olho para os prédios na frente e penso: será que alguém ali junto comigo em outro lugar, no silencio e no escuro da noite, vai pra varanda, olha pro céu, e contempla a beleza da noite?
Será que alguém, como eu já olhei pra outros e pensei mesmo, olha pra mim e pensa: quem será aquela moça?
Será que alguém já me viu sentada no canto na almofada pensando na vida?
Será que em algum desses lugares silenciosos tem alguém também escrevendo um texto?
Possivelmente a resposta para todas essas indagações sejam sim. Eu só não as vejo.
Talvez sejam esses períodos natalinos de final do ano, que nós brasileiros sobre sobrecarregados com a música da Simone: Então é natal, e o que você fez? Mas parece que a vida toda toma um rumo mais reflexivo de o que eu estou fazendo enquanto estou aqui? o que estou fazendo desse tempo que me é dado e que a qualquer momento pode acabar?
Eu gosto de pensar que em alguns minutos, horas, dias, eu tirei pra observar e sentir a beleza da vida. De olhar pra essas estrelas brilhando, mesmo possivelmente mortas, apreciar o seu brilho que eu ainda vejo. De sentir a Lua, e sentir o vento gelado que toca minha pele e me faz lembrar que eu estou viva. De olhar a luz do prédio que acabou de acender com alguém que entra no cômodo da sua casa durante a madrugada e que segue sua vida sem saber que eu existo. De ouvir a ambulância indo para algum lugar resgatar alguém.
E de saber que estamos todos aqui. Vivos. Alguns encerrando suas jornadas, outros chegando. Mas no final, todo mundo existindo, das melhores formas que podem e conseguem existir.
Mas é isso Noite. Você me faz sentir que eu sou única no meio de um monte, e pequena em uma imensidão, mas que eu ter uma vida, que me sentir viva, em um momento que sinto a falta da vida, tem sido o que me mantém.
Tem horas que meu coração faz esse silêncio noturno. Tem horas que tudo barulha. Eu te escuto noite.
[Bárbara Brito, 21/11/2021]
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A noite II
O tudo é coisa demais. Eu tento perceber, me atentar, enxergar o que eu posso, mas a verdade é que eu não conseguirei ver tudo, não conseguirei entender tudo. Notei também, que depois que se olha pra algo, a percepção muda completamente. Aquilo morará em algum lugar em você.
Eu moro nessa casa há pelo menos 8 meses, e a varanda com certeza é um dos meus cômodos preferidos. Sempre vou ali para apreciar a vista, para pensar na vida. Na esquerda dela tem várias casas e uma colina, que no topo pisca uma possível torre de sinal. Mesmo depois de todos esses meses e incontáveis apreciações dessa paisagem, eu nunca havia reparado que logo abaixo dessa colina, há uma estrada em que carros passam ali, e de noite eles com seus faróis iluminam a base dessa pequena montanha.
Eu nunca tinha olhado e reparado isso, até o dia em que um amigo estava aqui, e ele disse pra olhar pra lá. “Olha um carro passando ali”. – Ele disse. E eu já embriagada na noite, não consegui ver. Só fui conseguir ver de verdade no outro dia, quando com a luz do Sol e sóbria eu olhei pra lá e entendi qual estrada que ele falava. Agora, toda vez que eu venho nessa mesma varanda, que eu sozinha já vinha há meses, eu olho pra esquerda e não consigo deixar de mirar meus olhos na estrada, e de consequentemente, lembrar dele.
As vezes a gente deixa de olhar algumas coisas e depois que vê não consegue desver mais.
A paisagem pode mudar, se eventualmente sua torre for tirada de lá, uma nova casa for construída, uma árvore crescer. Mas isso não anula que lá eu já vi uma colina com uma torre, e carros por uma estrada com faróis acesos.
Talvez seja o mesmo com sentimentos. Depois que eu identifico que existe algo ali, ele não vai deixar de existir simplesmente porque eu não o quero mais. Ele vai continuar ali, ele existiu. Ele agora só poderia mudar. Mas não vai ser des-sentido.
Vejo que posso escolher para onde eu quero olhar, o que faço enquanto olho, e o que faço com o que vejo.
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[Bárbara Brito, 21/11/2021]
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A noite I
Eu acho lindo como a noite é silenciosa e como seu silencio hora me amedronta, hora me aconchega. Da varanda da minha casa eu olho pro céu e apesar do brilho artificial das luzes humanas e tecnológicas, ele continua lindo, principalmente nas noites em que não há nuvens, e é possível ver os pequenos pingos das estrelas. E quando a Lua desfila no céu, tudo fica ainda mais brilhante, claro. A luz que reflete dela é tão intensa, me sinto energizada.
E é lindo como esse silencio brilhoso e talvez controverso me traz tantas sensações. É incrível como trocando a direção dos olhos, ao olhar pro céu e ver a noite toda estrelada e imaginar quão grande é o universo e quantas coisas tem que a gente não tem conhecimento nenhum, e depois olhar pra baixo e ver essas luzes artificiais das casas e dos prédios, e ter de pensar exatamente o mesmo, pois essa é uma grande realidade.
Quantas pessoas e quantas coisas que não tenho conhecimento. Na verdade, a falta de conhecimento é o que perpassa toda a vida. A gente busca sempre mais, conhecer mais, entender mais, controlar mais, só que no fundo ainda tem muito que a gente não vai saber. Eu não vou saber a resposta de muitas perguntas.
Mas ainda assim, esse silêncio é tão calmo, é tão aconchegante. Pensar que enquanto escrevo e falo esse texto nessa madrugada, eu sussurro, porque é isso que a noite pede de mim hoje. Um sussurro, baixo, calmo. Só um sussurro. Um respiro de vida.
Na calada de uma noite qualquer.
[Bárbara Brito, 21/11/2021]
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Dos amores que não conseguem ser vividos
Uma série que demorei engatar a ver, e quando comecei, em menos de 24 horas assisti todos os episódios, e agora penso que vem a etapa de elaborar suas cutucadas nas feridas que ela me fez.
Se alguém chegou até a leitura desse texto, alerto que ele contém spoilers sobre a série Fleabag.
Para contextualizar a reflexão, vou registrar um pouco sobre a história. A primeira temporada da série me deixou pensando que a vida pode sempre desgraçar de várias maneiras diferentes. Comecei vendo para rir, e terminei tão desanimada quanto a protagonista.
Já na segunda temporada, desde o começo a personagem principal (que vou chamar de Fleabag, porque durante toda a série, seu nome não é revelado) nos mostra que vai falar sobre o amor, e que, no contexto dela, o amor é horrível. É nessa ideia que começa esta minha reflexão.
Vemos no decorrer dessa temporada, a personagem se apaixonar por um padre – Hot Priest, como é chamado por ela -, que começou a ser incluído na família por ele ser o celebrante escolhido para casar o pai de Fleabag e a madrasta dela. Claro que eu sabia desde o começo que a relação entre ela, uma mulher com tantas perdas e traumas não cuidados, e um padre católico, estava condenada antes mesmo de começar. Mas eu, como boa sonhadora e confiante do amor que sou, shipei o casal. Ambos pareciam perfeitos e ao mesmo tempo errados um para o outro, e a questão religiosa é apenas a parte do problema que fica visível para nós, existem tantas outras camadas ali que os impediriam de ficarem juntos.
Além de outras cenas bastante conceituais dos dois personagens (como o primeiro beijo deles em um confessionário), na noite véspera do casamento do pai de Fleabag, ela e o padre transam e passam a noite juntos. No dia do casamento, o padre em sua homilia fala sobre o amor, e o seu discurso bate em um lugar bastante sensível, mas acredito que ao mesmo tempo que parece cruel, é verdadeiro, e todos nós já pensamos isso em algum momento de nossas vidas, mas nem sempre temos coragem de dizer que concordamos.
Acho incrível o que vocês estão fazendo… Sério. Desculpe. Caralho. Desculpe, não dormi muito noite passada. É muito difícil pensar em algo original para dizer sobre o amor, mas eu tentei. O amor é horrível. Horrível. É doloroso. É assustador. Faz com que você duvide de si mesmo, julgue você mesmo. Ele te afasta das outras pessoas na sua vida. Ele te torna egoísta, te faz assustador, te deixa obcecado com o seu cabelo, te faz cruel, te faz dizer e fazer coisas que você nunca pensou que faria. É tudo o que qualquer um de nós quer, e é um inferno quando finalmente conseguimos. Então não é de se admirar que seja algo que não queiramos fazer sozinhos. Eu fui ensinado que, se nascemos já com amor, então o ponto da vida é escolher o lugar certo para colocá-lo. As pessoas falam muito sobre isso, sobre “parecer certo”, que “quando parece certo é fácil”. Mas não tenho certeza se isso é verdade. É preciso força para saber o que é certo. E o amor não é algo que pessoas fracas fazem. Ser romântico é preciso ter muita esperança. Eu acho que o que eles querem dizer é: quando você encontra alguém que você ama, se parece com ter esperança.
Amar é tanta coisa. E dentre delas, acho que podemos adicionar esse conceito também, de que é horrível. E junto com essa ideia que pode ser considerada mais pesada, amar é também desejo de vingança, como disse a psicanalista Ana Suy. Aquela coisa que a gente sente que fica tão angustiado a ponto de desejar que o outro sinta isso também.
No final do episódio, que também são os minutos finais da série, o Hot Priest e Fleabag vão até um ponto de ônibus, e têm o diálogo que mais me emocionou em toda a produção. Em uma despedida tão afetuosa, se olhando. Com toques das mãos e dos corações, eles dizem:
- Vai ser Deus, não vai? - Sim. - Caramba… Caramba. O pior é… Eu te amo pra caralho. Eu te amo. Não… Vamos deixar isso no ar por um segundo, flutuando… Eu te amo. - Vai passar. … - O ônibus não vai magicamente passar. - Acho que vou andando. - Te vejo no domingo? - Estou brincando. Você está proibida de ir para minha igreja. Eu te amo também.
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Nos é vendido que o amor move montanhas, o amor tudo salvará. Mas no real, na vida que acontece no dia a dia, só amar não é o suficiente para pessoas permanecerem juntas, o amor não é tão incondicional assim. Sempre há condições, e as mais importantes dizem respeito aos limites, aos desejos e as possibilidades do quanto nós e os outros podemos e queremos nos dispor a amar, a sentir e vivenciar esse sentimento. Amar é para pessoas dispostas.
Amar no final parece aquele “deus me livre, mas quem me dera”. É como o padre disse, o gostinho da esperança, mas que dói ao esperar o que não se sabe se vem. Apesar disso, é tudo o que temos, e é como o ditado popular, a última que morre, assim como o amor.
Sempre estamos amando algo, alguém. Faz parte de quem somos. E amar não é difícil, pelo contrário, é fácil. O que dificulta são quando os limites se chocam. Ao esperar de alguém um amor que o outro não consegue me dar, ali cai a grande dor dos amores.
Desejaria eu, poder dizer que não estive nesse lugar.
Mas é arriscando que se aprende a amar. E eu, sempre o A risquei .
[Bárbara, 14/11/2021]
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