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ESCRIVINHANDO
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Dicas de redação com o Prof.º Everton Vinha.
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escrivinhando-blog1 · 7 years ago
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A RESPOSTA ARGUMENTATIVA
“Porque sim” pode não ser resposta, mas com certeza é parte dela. Questionamentos são óbvias constantes na vida de qualquer ser humano que viva e ande por essas terras para cá do sistema solar. Na vida escolar, então, o struggle é diário. 
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Todas as disciplinas valem-se do sistema pergunta-resposta para avaliar o conhecimento do aluno. Por isso, você pode não ter notado, mas já produziu uma série de respostas argumentativas ao longo de seus anos de estudo. “Vai ser sim ou não” não é só um verso da cantora Anitta, mas o primeiro e último passo da produção de uma resposta argumentativa. 
A tipologia argumentativa compõe inúmeros gêneros. Dentre os do vestibular e PAS, estão as cartas (do leitor, de reclamação, de solicitação e aberta), o próprio artigo de opinião e a resposta argumentativa. Esses dois últimos, artigo e resposta, junto da dissertação causam uma confusão nos candidatos: qual a diferença de um e de outro? Não são todos gêneros de argumentação? Na verdade, não. Como vimos nas cartas, todas as quatro citadas são predominantemente argumentativas mas cada uma delas possui características estruturais e contextuais particulares. Com esses três gêneros não é diferente.
A resposta argumentativa, como o nome já sugere, é essencial e indispensavelmente produzida a partir de uma pergunta. Ela é uma argumentação, em defesa de uma opinião, para um questionamento produzido por outrem. O artigo, por sua vez, é um texto argumentativo e opinativo em defesa de uma tese e sobre um tema de um jornal ou revista. Por fim a dissertação (texto dissertativo-argumentativo) é uma produção que discorre e debate causas e consequências de uma temática socialmente relevante, via de regra à nível nacional (pensando na prova do ENEM). 
Além disso, cada gênero possui uma estrutura distinta. A resposta é uma produção bastante direta, enquanto o artigo apela para um estilo de linguagem mais persuasivo, quase literário, com metáforas, ironia, perguntas retóricas e uma liberdade criativa maior. Ao passo que a dissertação fica em uma posição intermediária: o estilo de linguagem é menos criativo, mas a extensão e a estrutura diferem-se da resposta argumentativa, por exemplo, com a presença de proposta de intervenção.
AS CONDIÇÕES DE PRODUÇÃO
A resposta argumentativa é um gênero que circula na esfera acadêmica, ou seja, que existe dentro de instituições de ensino. Isso quer dizer que, normalmente, esse gênero não circula nem é publicada; ele está restrito à sala de aula. Nas provas da UEM, no entanto, todos os comandos (como já explicado aqui) possuem uma parte que simula um contexto social, com condições fictícias para a produção da redação. Por isso, é comum que os comandos de resposta argumentativa nessas provas apresentem papel social (como estudante do Ensino Médio que se prepara para o vestibular ou como estudante na aula de sociologia) e suporte (redija uma resposta argumentativa para ser publicada no jornal da escola ou no mural do colégio).
Como sempre é frisado aqui, o comando é o seu senhor durante a prova. Se aparecer no comando e, principalmente, na pergunta, algum elemento das condições de produção, procure introduzir e articular esse elemento na sua resposta. Por exemplo, um comando como o seguinte:
Sua professora de sociologia convidou a sua turma a produzir uma resposta argumentativa após o debate do tema “órfãos de pais vivos”. Sendo assim, responta à pergunta: No papel de estudante, você acredita que a escola possui alguma parcela de responsabilidade na resolução do problema social conhecido como as famílias órfãs de pais vivos?
No caso de um comando assim, você deve articular seu papel de estudante à resposta, incorporando-o a sua argumentação. Como? Além de mencionar seu papel de estudante, deve apresentar argumentos que partam dessa posição, ou seja, argumentos do ponto de vista de um estudante. Agora, se a pergunta não apresentasse o papel social, se não houvesse a expressão “no papel de estudante”, marcar-se como aluno seria opcional.
Outro ponto importante é o contexto de produção. Você poderia, no caso do primeiro comando, citar na sua resposta que o tema foi debatido em sala durante a aula de sociologia, mas deveria fazer isso de maneira sintética, breve, jamais transformando o contexto de produção em uma contextualização inicial. Contextualização não faz parte da estrutura da resposta, como veremos a seguir.
ESTRUTURA DA RESPOSTA ARGUMENTATIVA
De fato, “porque sim” não é resposta”. Isso porque a resposta argumentativa precisa de uma resposta direta com retomada da pergunta (sabe quando a professora ou o professor te pedia para fazer “resposta completa” na prova?) mais argumento(s) mais finalização com retomada da sua resposta ou síntese dos seus argumentos. Outra possibilidade é você indicar no início, de maneira sucinta, quais serão seus argumentos. Veja os esquemas:
POSSIBILIDADE 1
Retomada da pergunta + resposta + argumento 1 + argumento 2 + retomada da resposta
POSSIBILIDADE 2
Retomada da pergunta + resposta + síntese dos argumentos + argumento 1 + argumento 2 + retomada da síntese dos argumentos
A estrutura do argumento você já sabe: tese + justificativa ou explicação + comprovação ou confirmação. A tese é a sua opinião, o “porque” do seu sim ou não na resposta. A justificativa é a explicação desse porque. A comprovação é o reforço da sua opinião, com uma comparação, com um exemplo real, com uma ilustração (exemplo fictício), com dados estatísticos, com dados científicos, com frases de especialistas, fatos históricos etc. Sempre, lembre-se, usando os textos de apoio mas indo além, trazendo informações que demonstrem que você tem conhecimento próprio.
VESTIBULAR UEM - VERÃO 2013
GÊNERO TEXTUAL 1 – RESPOSTA ARGUMENTATIVA 
Como vestibulando, redija, em até 15 linhas, uma resposta argumentativa à pergunta “Qual o segredo do vestibular: inteligência, esforço ou sorte?”. Você pode basear-se nas informações dos textos de apoio, mas não deve apresentar cópia deles.
O segredo para a aprovação no vestibular, em minha concepção (marca de opinião), estando eu nessa situação avaliativa (marca de papel social do comando), é a concatenação de fatores como inteligência, esforço e sorte, aliados a um bom preparo psicológico. A inteligência e o esforço são dois fatores que se complementam na medida em que o déficit de um deles é subsidiado pelo outro (Tese do Arg.1). Isso porque a inteligência é um fator não só biológico como social, sendo construída ao longo da nossa formação acadêmica enquanto indivíduos. Em casos onde há falha dessa formação, seja por fatores familiares ou socioeconômicos (lê-se a falaciosa meritocracia), o esforço do estudante é responsável por superar suas limitações e aproximá-lo da aprovação (Justificativa do Arg.1). Isso comprava-se com a variedade de casos de aprovação: estudantes de classe alta aprovados na primeira tentativa ou em inúmeras instituições, aquelas que conseguem a vaga após dez tentativas e ainda outros, que contra todos os empecilhos sociais e econômicos, chegam à universidade. (Comprovação do Arg. 1)
Não obstante, tendo o vestibulando preparado-se no que concerne ao domínio dos conteúdos, fatores externos ou alheios ao seu nível de conhecimento adquirido são sempre passíveis de interferência (Tese do Arg. 2) . Uma informação subestimada durante os estudos em detrimento de outra considerada mais relevante, um erro de preenchimento na prova, um acidente de trânsito no trajeto ou mesmo uma tragédia familiar em vésperas de prova (Comrpovação do Arg. 2) são circunstanciais, incertos como a vida tecelã imprevisível de Caio Fernando Abreu (Reforço na comprovação) e podem deixar-nos, candidatos, a mercê da sorte ou do seu próprio controle emocional (Justificativa do Arg. 2). Dessa forma, o segredo para o sucesso no vestibular está, sim, na inteligência e no esforço, mas também na capacidade do vestibulando de controlar a própria sorte e saber lidar psicologicamente com situação tão tensa (Retomada da pergunta e da resposta). 
A estrutura do exemplo é a da possibilidade 1: retomada da pergunta + resposta + argumento 1 + argumento 2 + retomada da resposta. O modelo retoma a pergunta do comando (obrigatório), mas não copiando, há certo nível de paráfrase - perceba o acréscimo de “para a aprovação no”. Em seguida, responde à pergunta, ampliando as possibilidades e acrescentando um quarto fator, o psicológico. Esse acréscimo de informação já conta pontos para a temático. 
No argumento 1, há a relação de fatores, indicada na tese, justificada e comprovada por meio de ilustração. No argumento 2, há também uma relação de fatores, indicados e justificados, comprovados com exemplos e uma citação literária. No encerramento, retoma-se a pergunta e a resposta de modo completo e parafraseado. Note que há 2 argumentos completos, portanto 2 parágrafos. O número de parágrafos da resposta varia de acordo com o número de argumentos: 1 argumento, resposta em um bloco só; 2 argumentos, resposta em dois blocos de texto. 
ESTILO DE LINGUAGEM
O estilo de linguagem da resposta argumentativa é direto, mas argumentativo. Há presença de marcas de opinião (em minha concepção), mecanismos coesivos e operadores argumentativos para relacionar as informações e construir os argumentos (em negrito) e marcas de primeira pessoa (minha, deixa-nos). Não há contextualização, divagações, contemplações, a linguagem é clara, objetiva, e o que faz com que o texto fique completo é o desenvolvimento pleno das três partes na construção do argumento. 
MEMOREX: A resposta argumentativa é um texto opinativo, cuja a finalidade é responder ao que foi solicitado, criando argumentos em defesa da opinião apresentada. Faz-se isso retomando a pergunta de maneira parafraseada, respondendo-a claramente, marcando o papel social (se explícito na pergunta) e argumentando com 1 ou, preferencialmente, 2 argumentos. Ao fim, retoma-se a resposta e a pergunta, novamente parafraseando. O número de parágrafos varia conforme os argumentos e a pessoa do discurso (1ª ou 3ª) varia conforme a pergunta: se houver elementos como “você” ou “na sua opinião”, redigir a resposta com marcas de 1ª pessoa. Caso não haja, há a possibilidade de desenvolvê-la sem essas marcas, mas é necessário não esquecer das marcas de opinião (é possível, é provável, sabe-se, acredita-se, perceber-se, nota-se, infelizmente, possivelmente, felizmente etc.).
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escrivinhando-blog1 · 7 years ago
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A CARTA ABERTA
Alerta de textão! Brincadeiras à parte, nosso famigerado textão, que vem vencendo as barreiras do Facebook - seu suporte primeiro - e adentrando as demais redes sociais, fica em algum lugar próximo e intermediário entre o artigo de opinião e essa modalidade de carta.
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Não, a carta aberta não é um gênero epistolar que vem fora do envelope. “Aberta” refere-se ao interlocutor da carta, mais especificamente, um público interlocutor. De todas as cinco cartas solicitadas (arrisco dizer de toda a maioria de outras cartas, inclusive as não solicitadas no vestibular) esse quinto e último gênero é o mais peculiar do grupo.
Das quatro cartas até aqui, três delas tinham finalidades opinativas, ou seja, exigiam que o produtor argumentasse em torno da temática - seja para defender ou expor sua posição ou então para convencer seu interlocutor de acatar sua solicitação. Assim também a carta aberta o faz, mas não mais para um interlocutor único: esse texto é produzido para ser distribuído em panfletos, publicado diretamente em uma página on-line ou divulgado de qualquer outra forma.
A “abertura” da carta indica que, apesar de poder ser dirigida a alguém único, essa também pode ser escrita para uma instituição (uma empresa, a câmara de vereadores, a prefeitura, uma ONG). Indiferente de a quem se dirija, a carta não será enviada no “privado”, particularmente, pelo contrário, essa será exposta ao maior número de leitores possíveis para tornar público o recorte temático. 
Outro diferencial é que a carta pode ser escrita em nome de um representante ou em nome de todo um coletivo: grupo pais e responsáveis, funcionários grevistas de um banco, grupo militante, partido político. Aqui, atenção: “escrever em nome de” e “assinar como um grupo” é diferente. Escrever em nome de algum grupo significa se identificar individualmente como representante (Joãozinho Maria Silva, em nome dos alunos do Colégio Múltipla Escolha). Assinar como um grupo significa identificar-se coletivamente (Nós, alunos do Múltipla Escolha). 
Um terceiro diferencial está na estrutura: essa é a única das cartas que não inicia com cabeçalho, saudação inicial e vocativo. Isso, novamente, porque mais do que informar algo a alguém, a finalidade desse gênero é tornar pública a questão debatida, ou seja, é destinada a um público específico ou geral. CUIDADO: Ainda trata-se de uma carta, por isso é preciso haver interlocução no corpo do texto (uso de pronomes de tratamento e marcas de 2ª pessoa, seja o tu ou você). A carta aberta inicia com título. Opcionalmente, a data pode vir após o corpo do texto, antes da assinatura. Não há despedida idem. 
AS CONDIÇÕES DE PRODUÇÃO
O que se escreve em uma carta aberta?
Os temas desse gênero são questões controversas, de ordem social, política, econômica. Essas questões, via de regra, afetam um grupo: moradores, trabalhadores, grupos políticos, sociais, étnicos e sexuais etc.
Quem se corresponde pela carta aberta?
O produtor da carta geralmente assina ou como representante do coletivo afetado pela questão ou em nome de todo o coletivo, correspondendo-se com um responsável, um outro grupo ou a população em geral. 
Por que alguém escreve uma carta aberta?
A finalidade dessa carta é tornar pública uma questão controversa, seja para esclarecer para a comunidade em geral a questão, seja para reivindicar melhorias, direitos ou providências.
Onde circula uma carta aberta?
O campo onde esse gênero circula é público, o que significa que ele pode vir de áreas específicas (comercial, política, social, econômica) que desejam tornar um tema de conhecimento público.
Onde se escreve uma carta aberta?
Como a finalidade é publicizar, a carta tende a ser publicada escrita ou oralizada em meios de comunicação (jornal, revista, telejornal, sites, blogs, redes sociais) ou então impressa em forma de panfletos e entregue aos transeuntes. 
ESTRUTURA DA CARTA ABERTA
VESTIBULAR UEM - VERÃO 2016
GÊNERO TEXTUAL 2 - CARTA ABERTA
Contexto de produção: Na sua escola, um projeto de caráter interdisciplinar reuniu seus professores de Filosofia, de Sociologia e de Língua Portuguesa. Na ocasião, houve uma importante abordagem temática sobre doação de órgãos, solidariedade e altruísmo. Foram apresentados depoimentos de duas famílias (a doadora e a receptora de órgãos) e um cartaz de campanha publicitária institucional de uma prefeitura (textos 1 e 2, respectivamente) incentivando esse tipo de doação. Movido(a) pelas discussões promovidas pelo projeto, você resolve divulgar na sua página pessoal de uma rede social uma carta, destinada a sua família, onde apresenta a sua decisão de ser ou não um(a) doador(a) de órgãos. 
Comando de produção: Considerando o contexto de produção acima, elabore uma CARTA ABERTA a ser divulgada em sua página pessoal de uma rede social, destinada aos seus familiares, onde você expresse seu desejo de ser ou não ser doador(a) de órgãos e as razões que o(a) motivaram a tomar tal decisão. Sua carta deve ter o mínimo de 10 e o máximo de 15 linhas. Assine como Lúcia ou Lúcio, sem mais complemento. 
Título, indicando ou papeis sociais ou o recorte temático
Carta aberta aos meus pais, familiares e a quem mais interessar
(ou)
Carta aberta acerca da minha condição de doador de órgãos
Corpo do texto, onde introduz a temática, argumenta em sua defesa e conclui reforçando/retomando-a
1. Introdução, marcando papeis sociais (interlocução), finalidade e temática (ponto de vista, recorte temático)
Quero tornar pública, a vocês familiares e amigos que venham a ler essa carta, a minha recente decisão de tornar-me doador de órgãos. Mais do que expressar abertamente minha escolha (formalidade para que essa seja respeitada postumamente), gostaria de incentivá-los a fazer o mesmo.
2. Desenvolvimento, em que explora a temática, dentro da finalidade e delimita-se um recorte temático a ela, podendo também apresentar solução quando se tratar de um problema a ser solucionado
Acredito que a maioria de vocês tenha acompanhado minha recuperação de um acidente de motocicleta recente. Esse acidente, sem vítimas fatais, ainda assim fez-me reavaliar hábitos antigos, de saúde e de comportamento. Vocês, meus pais, estiveram comigo e sabem como a vida e o nosso bem-estar é precioso. Poder proporcionar essa segurança da vida a quem necessita é um privilégio que a grande parte de nós detém e agora eu exerço.
Além de reavaliar a vida, desse pensamento de que ela continua, ciclicamente; que cada medula, cada célula dos meus órgãos irá viver naqueles a quem eu beneficiar e interpor-se entre eles e a morte antes iminente, acredito que nós todos podemos demonstrar amor ao próximo cuidando de nós mesmos e deles, mesmo quando não estivermos mais fisicamente presentes. Doar é esse ato de empatia que torna-nos humanos, que salva a vida dos que ficam - conhecidos, como conheço vocês, ou desconhecidos, como para quem conhece pessoas que são para eles o que vocês são para mim. 
3. Conclusão, retomando o recorte temático e a finalidade, sintetizando o texto e podendo propor solução
É nesse sentido que peço a sua compreensão, o seu suporte e o seu respeito à minha decisão de fazer da minha partida motivo de alegria e esperança. É também nesse sentido que os convido a conhecer essa causa nobre e aderi-la. 
Assinatura, conforme expresso no comando 
Lúcio
Carta aberta aos meus pais, familiares e a quem mais interessar
Quero tornar pública (finalidade), a vocês familiares e amigos (interlocução) que venham a ler essa carta, a minha recente decisão de tornar-me doador de órgãos (tema). Mais do que expressar abertamente minha escolha (formalidade para que essa seja respeitada postumamente) (finalidade do comando), gostaria de incentivá-los a fazer o mesmo (finalidade acrescentada pelo recorte temático).
Acredito que a maioria de vocês tenha acompanhado minha recuperação de um acidente de motocicleta recente. Esse acidente, sem vítimas fatais, ainda assim fez-me reavaliar hábitos antigos, de saúde e de comportamento. Vocês, meus pais (interlocução), estiveram comigo e sabem como a vida e o nosso bem-estar é precioso. Poder proporcionar essa segurança da vida a quem necessita é um privilégio que a grande parte de nós detém e agora eu exerço.
Além de reavaliar a vida, desse pensamento de que ela continua, ciclicamente; que cada medula, cada célula dos meus órgãos irá viver naqueles a quem eu beneficiar e interpor-se entre eles e a morte antes iminente, acredito que nós todos podemos demonstrar amor ao próximo cuidando de nós mesmos e deles, mesmo quando não estivermos mais fisicamente presentes. Doar é esse ato de empatia que torna-nos humanos, que salva a vida dos que ficam - conhecidos, como conheço vocês, ou desconhecidos, como para quem conhece pessoas que são para eles o que vocês são para mim (argumento 2, com apelo implícito para que sejam também doadores).
É nesse sentido que peço a sua compreensão, o seu suporte e o seu respeito à minha decisão de fazer da minha partida motivo de alegria e esperança (retomada da finalidade, temática e solicitação acrescida). É também nesse sentido que os convido a conhecer essa causa nobre e aderi-la (explicitação do apelo implícito) no argumento 2.
Lúcio 
Note que o produtor marca-se na primeira pessoa ao longo do texto, usando o pronome “eu” e verbos conjugados como “acredito”, “peço”, “convido”. Em contrapartida, as marcas de interlocução estabelecem o diálogo entre o eu e o tu/você que são os interlocutores. A linguagem é formal, apelativa emocionalmente marcando a opinião e a argumentação: defende sua decisão apelando ao sentimento de empatia dos leitores, ou seja, tenta convencê-los pela emoção. Isso porque a proposta de redação traz como texto de apoio relatos de doadores e receptores; se houvesse dados estatísticos ou textos científicos e informativos, a argumentação poderia ser mais objetiva.
ESTILO DE LINGUAGEM
A linguagem da carta segue a norma escrita e seu grau de formalidade (linguagem mais cotidiana ou mais rebuscada) depende dos interlocutores e de quem produz a carta. No exemplo, os interlocutores eram familiares, o que justificava uma linguagem menos formal. Apesar de não haver saudação inicial e final, as marcas de interlocução devem estar presentes no corpo do texto, assim como as marcas dos papeis sociais (quem escreve, para quem escreve). 
Cartas mais engajadas, com questões mais controversas como racismo, obras públicas inacabadas ou greves, tendem a ser mais formais e sua argumentação é mais objetiva, ou seja, está baseada em dados, informações, fatos concretos. Nesses casos, usar e abusar dos operadores argumentativos (isso porquê, é possível, mas, ainda assim, mesmo que etc.) e dos tipos de argumento (exemplo, ilustração, comparação, dado estatístico, contra-argumento, causas e consequências). 
MEMOREX: A carta aberta é um gênero epistolar argumentativo, cujo objetivo é tornar pública uma questão polêmica. É escrita por um sujeito ou por um grupo, destinada a uma figura ou outro grupo. Sua estrutura não possui cabeçalho nem as saudações inicial e final das outras cartas, mas deve haver interlocução no corpo do texto. Inicia-se com título, marcando ou o tema ou o(s) destinatário(s); em seguida, vem o corpo do texto, com introdução, marcando tema, finalidade  e interlocutores, desenvolvimento dos argumentos em defesa da sua posição e conclusão, podendo trazer solução ou simplesmente retomar sua posição, tema abordado e/ou finalidade; encerra-se assinando. 
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escrivinhando-blog1 · 7 years ago
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A CARTA DE SOLICITAÇÃO
A imagem é meramente ilustrativa: o gênero produzido e endereçado ostensivamente ao sr. Harry Potter, Armário sob a Escada, Rua do Alfeneiros, nº 4, Little Whinging, Surrey é uma carta de aceite, que pode ou não ser a resposta a uma carta de solicitação.
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Caso você seja fanático por Harry Potter, saiba que o gênero de hoje é o mesmo produzido pela jovem Petúnia ao Professor Dumbledore, pedindo uma vaga na Escola de Magia e e Bruxaria de Hogwarts: a carta de solicitação é o quarto dos cinco gêneros epistolares solicitados pela Universidade Estadual de Maringá.
A carta de solicitação, como o nome já antecipa, é o gênero cuja finalidade é solicitar, requerer, pedir algo a um interlocutor, argumentando em defesa do pedido realizado. Assim como a carta de reclamação, esse gênero circula em ambientes variados, dependendo também do papel social daquele a quem se solicita.
Nesse gênero, a interlocução e a finalidade devem estar muito bem marcados, pelas mesmas razões da carta de reclamação: a interlocução marca o diálogo, estabelece a interação e reforça o pedido, finalidade do gênero. Do mesmo modo, a argumentação deve ser bem clara e construída para convencer o seu leitor a atender o que é solicitado. 
Em contextos de vestibular, pode acontecer da carta ser produzida em uma situação incômoda ou em razão de um fato negativo. Nesse caso, o comando pode pedir ao candidato que, além de solicitar, reclame ao seu interlocutor acerca disso. Sendo assim, deve-se atender ao comando mas mantendo a finalidade de solicitar como o foco principal da sua produção. 
AS CONDIÇÕES DE PRODUÇÃO
O que se escreve em uma carta de solicitação?
O tema dese gênero varia de acordo com a solicitação: uma reforma no condomínio, um projeto de lei, um pedido a um estabelecimento comercial etc.
Quem se corresponde pela carta de solicitação?
O produtor, aquele que solicita, irá interagir com aquele interlocutor com o poder de atender aquilo que está sendo requerido. 
Por que alguém escreve uma carta de solicitação?
A finalidade é solicitar, argumentando em defesa do seu pedido a fim de convencer o leitor de atendê-lo.
Onde circula uma carta de solicitação?
O campo varia conforme o tema e o interlocutor, podendo pertencer ao domínio comercial, político, jornalístico, dentre outros.
Onde se escreve uma carta de solicitação?
O gênero pode ser produzido em papel de carta, em mídias digitais ou, no caso do vestibular, na folha de rascunho e versão final da prova de redação.
ESTRUTURA DA CARTA DE SOLICITAÇÃO 
VESTIBULAR DE INVERNO - UEM 2015
GÊNERO TEXTUAL 1 – CARTA DE SOLICITAÇÃO 
Redija uma CARTA DE SOLICITAÇÃO, em até 15 linhas, ao vereador de sua cidade, Sr. Eugênio da Câmara, solicitando a proposição de um projeto de lei que crie programas de descarte e de reciclagem de lixo eletrônico. Você deverá assinar sua carta usando apenas (sem mais complemento) o nome Cidadão ou Cidadã.
Cabeçalho, indicando local e data
Maringá, 08 de Março de 2017
Saudação inicial e vocativo, adequados ao e marcando o papel social do interlocutor
Prezado vereador, sr. Eugênio da Câmara
Corpo do texto
1. Contextualização, marcando contexto de produção, seu papel social, a finalidade e o tema
Acredito que esteja ciente do problema que nosso município enfrenta quanto ao lixo eletrônico produzido por nós todos, incluindo o senhor e eu, cidadãos. Assumindo para mim essa responsabilidade, gostaria de solicitar ao senhor que considerasse a proposição de projetos para sanar esse problema. 
2. Desenvolvimento da temática, argumentando e propondo ações específicas
Não é de hoje que o cuidado com os resíduos urbanos gera discussão em nossa cidade, mas agora a questão é ainda mais específica. Os produtos eletrônicos são descartados inclusive quando funcionam e são substituídos por novos modelos, o que é preocupante. Se uma sacola plástica já leva centenas de anos para se decompor, imagine um aparelho celular jogado na mata ciliar de um dos nossos muitos córregos, vereador.
Uma solução mais imediata seria conscientizar os maringaenses para que realizem doações de aparelhos obsoletos. A prefeitura, por exemplo, poderia organizar bazares como aquele do Lar Escola. Outra solução, essa mais complexa, seria a criação de postos de recolhimento além de fechamento de contrato com empresas que façam o reaproveitamento ou o descarte desses materiais. 
3. Encerramento, reforçando a solicitação e marcando expectativa para a resposta
O fato é que a necessidade é gritante. Espero que o senhor, como representante público de nossas mazelas, considere o meu pedido e que esse se reflita em ações da prefeitura para lidar com essa problemática.
Despedida, adequada ao tom da carta e ao interlocutor
Aguardando uma resposta,
Assinatura, conforme indicado no comando
Cidadão
Maringá, 08 de Março de 2017
Prezado vereador, sr. Eugênio da Câmara
Acredito que esteja (marca de interlocução) ciente do problema que nosso município enfrenta quanto ao lixo eletrônico (tema) produzido por nós todos, incluindo o senhor e eu, cidadãos (marca do papel social do produtor). Assumindo para mim essa responsabilidade, gostaria de solicitar ao senhor (finalidade e interlocução) que considerasse a proposição de projetos para sanar esse problema. Não é de hoje que o cuidado com os resíduos urbanos geram discussão em nossa cidade, mas agora a questão é ainda mais específica. Os produtos eletrônicos são descartados inclusive quando funcionam e são substituídos por novos modelos, o que é preocupante. Se uma sacola plástica já leva centenas de anos para se decompor, imagine um aparelho celular jogado na mata ciliar de um dos nossos muitos córregos, vereador (interlocução).
Uma solução mais imediata seria conscientizar os maringaenses para que realizem doações de aparelhos obsoletos. A prefeitura, por exemplo, poderia organizar bazares como aquele do Lar Escola. Outra solução, essa mais complexa, seria a criação de postos de recolhimento além de fechamento de contrato com empresas que façam o reaproveitamento ou o descarte desses materiais, revertendo em trabalho e retorno do investimento aos cofres públicos. O fato é que a necessidade é gritante. Espero que o senhor (interlocução), como representante público de nossas mazelas (apelo ao papel social como forma de convencimento), considere o meu pedido e que esse se reflita em ações da prefeitura para lidar com essa problemática.
Aguardando uma resposta,
Cidadão
Perceba que a interlocução e a finalidade ficaram bem marcadas. O papel social do leitor não apenas foi explicitado no texto como também serviu de argumento, de apelo para reforçar o atendimento à solicitação. Note também que o primeiro parágrafo é predominantemente argumentativo (lixo já é um problema, eletrônicos descartados mesmo funcionando, material altamente agressivo ao meio-ambiente), defendendo a solicitação e o segundo, expositivo, propondo soluções varadas a curto e médio prazo para todos os pontos do problema levantados na carta (novo uso a produtos ainda em funcionamento, recolhimento do lixo, destinação do lixo). Não só isso, acrescenta-se dois benefícios extras: trabalho e retorno financeiro.
ESTILO DE LINGUAGEM
A linguagem adota um tom e formas linguísticas mais formais, mas ainda assim com um vocabulário condizente com o papel social de cidadão comum. Há marcas de 1ª e 2ª pessoa, estabelecendo o diálogo (interlocução), além de marcas referentes à finalidade e elementos argumentativos “não é de hoje”, “inclusive”, “se... imagine”, “gritante”, denotando opinião.
MEMOREX: Gênero epistolar, a carta de solicitação argumenta em defesa de um pedido. Além das marcas de interlocução, o porquê deve ser atendido o pedido (argumentação) e como (sugestões) são dois pontos importantes. Possui a estrutura regular da carta, com cabeçalho, saudação inicial e vocativo, corpo do texto com contextualização, desenvolvimento do tema e encerramento marcando espera por resposta e providências, despedida adequada ao teor da carta e assinatura conforme indicado no comando. 
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escrivinhando-blog1 · 7 years ago
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A CARTA DE RECLAMAÇÃO
O que você faz quando algum produto apresenta problemas ou está descontente com algum serviço? Provavelmente corre ao Twitter, envia uma mensagem inbox na página da empresa ou faz uma ligação para o SAC. Isso tudo depois, é claro, de soltar alguns impropérios na sua timeline ou no Reclame Aqui.
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Em casos extremos, como uma empresa desatualizada, um apocalipse zumbi ou uma prova de Vestibular, você pode demonstrar sua insatisfação apropriadamente produzindo uma carta de reclamação, terceiro gênero epistolar da série dessa semana. 
A carta de reclamação é um gênero destinado a expressar a insatisfação de um produtor perante um serviço, produto ou situação. Seja um aparelho quebrado, um problema de linha de fabricação de um carro ou uma questão de ordem pública, tudo isso pode ser mote para escrita desse texto. É uma opção mais oficial, caso queira contatar um político ou uma empresa multinacional.
A interlocução, marca presente nas cartas, faz-se também necessária aqui. Além dela, é preciso deixar bastante clara sua insatisfação, argumentando em defesa do seu ponto de vista, mas com o cuidado de não ofender ou valer-se de um vocabulário chulo. Insatisfação não é desprezo nem ódio e muito menos vingança. Nada de ameaças de morte, viu? Expor a questão publicamente ou “tomar providências legais” já são aceitáveis.
Outro ponto a ser atentado é para a confusão entre a carta de reclamação e a carta de solicitação. Embora possa-se fazer uma solicitação na carta de reclamação e vice-versa, deve-se manter o foco principal na finalidade de cada gênero: se a carta é de reclamação, a maior extensão do seu texto deve ser argumentando em defesa da sua insatisfação.
AS CONDIÇÕES DE PRODUÇÃO
O que se escreve em uma carta de reclamação?
O tema dese gênero varia de acordo com o motivo da insatisfação. 
Quem se corresponde pela carta de reclamação? 
O produtor, sujeito insatisfeito, irá interagir com o prestador de serviço, empresa responsável ou qualquer que seja o interlocutor com responsabilidade pela situação e poder de resolvê-la.
Por que alguém escreve uma carta de reclamação?
A finalidade é argumentar, declarando sua insatisfação e exigindo providências. 
Onde circula uma carta de reclamação?
O campo varia conforme a situação que gerou a insatisfação, podendo pertencer ao domínio comercial, político ou  jornalístico.
Onde se escreve uma carta de reclamação?
O gênero pode ser produzido em papel de carta, em mídias digitais ou, no caso do vestibular, na folha de rascunho e versão final da prova de redação.
ESTRUTURA DA CARTA DE RECLAMAÇÃO
VESTIBULAR DE VERÃO - UEM 2009
GÊNERO TEXTUAL 2 – CARTA DE RECLAMAÇÃO 
Como leitor da revista Saúde, escreva uma carta ao editor, Sr. Silva, com até 15 linhas, reclamando sobre a falta de apresentação de receitas cujos temperos substituam o sal na alimentação humana. Assine a carta apenas com o nome Leitor.
Cabeçalho, indicando local e data
Maringá, 07 de Março de 2017
Saudação inicial e vocativo, adequados ao e marcando o papel social do interlocutor
Caro Sr. Editor,
Corpo do texto
1. Contextualização, marcando contexto de produção, seu papel social, a finalidade e o tema
Entristece-me, enquanto leitor assíduo da revista na qual o senhor é responsável pela produção de conteúdo, que uma publicação destinada a tratar dos cuidados com a saúde não apresente uma única matéria com sugestões de receitas para hipertensos ou qualquer um que queira substituir o sal em sua alimentação.
2. Desenvolvimento da temática, frisando insatisfação e argumentando
Já li diversas receitas aqui acerca de produtos orgânicos, redução do consumo de gorduras vegetais, mas nada sobre esse vilão ocultado pela indústria alimentícia.
Considerando a porcentagem crescente de sobrepeso (inclusive infantil), do consumo desenfreado por fast-food e como esses fatores, aliados à quantidade exagerada de sal e sódio, prejudicam a saúde, vejo-me no direito de reclamar a sua pessoa que considere esse conteúdo em sua revista.
3. Encerramento, marcando possíveis medidas a serem tomadas
Especialistas já apontam como a preparação de mistura de temperos caseiros ajudam a reduzir e a até substituir esse alvo antagonista. Sugiro, sr. Silva, que procure incorporar essas pequenas receitas na próxima edição da revista, sobretudo se preza pela assiduidade e pela saúde de seus leitores.
Despedida, adequada ao tom da carta e ao interlocutor
Respeitosamente,
Assinatura, conforme indicado no comando
Leitor
Maringá, 07 de Março de 2017
Caro Sr. Editor,
Entristece-me (marca de insatisfação/finalidade), enquanto leitor (papel social) assíduo da revista na qual o senhor (interlocução) é responsável pela produção de conteúdo, que uma publicação destinada a tratar dos cuidados com a saúde não apresente uma única matéria com sugestões de receitas para hipertensos ou qualquer um que queira substituir o sal em sua alimentação (tema). Já li diversas receitas aqui acerca de produtos orgânicos, redução do consumo de gorduras vegetais, mas nada sobre esse vilão ocultado pela indústria alimentícia.
Considerando a porcentagem crescente de sobrepeso (inclusive infantil), do consumo desenfreado por fast-food e como esses fatores, aliados à quantidade exagerada de sal e sódio, prejudicam a saúde, vejo-me no direito de reclamar (reforço da insatisfação/finalidade) a sua pessoa (interlocução) que considere esse conteúdo em sua (interlocução) revista. Especialistas já apontam como a preparação de mistura de temperos caseiros ajudam a reduzir e a até substituir esse alvo antagonista. Sugiro, sr. Silva, (interlocução) que procure incorporar essas pequenas receitas na próxima edição da revista, sobretudo se preza pela assiduidade e pela saúde de seus leitores.
Respeitosamente,
Leitor
Note que, nesse caso, o domínio da carta é o jornalístico, uma vez que será destinada ao editor de uma revista. A finalidade, reclamar da ausência de receitas, implica em sugerir que essas receitas sejam publicadas, o que pode confundir caso o candidato foque na solicitação em vez de na reclamação.
Como o leitor espera ter seu desejo atendido, note que não há ameaças, apenas sugestão no encerramento, e a despedida é, literalmente, respeitosa, sem ofender ou denegrir a imagem do interlocutor. Sempre que espera-se medidas ou soluções é preciso ter isso em mente. 
Os argumentos levantados começam logo no contexto (leitor assíduo, hipertenso, o teor da revista, a presença de receitas sobre outras questões, vilão da indústria alimentícia) e continua no segundo parágrafo (está relacionado a outros problemas graves de saúde além da hipertensão, seria um conteúdo de interesse dos leitores, é uma obrigação da revista tendo em vista seu princípio de cuidar da saúde).
ESTILO DE LINGUAGEM
A linguagem adota um tom e formas mais formais, mas ainda assim com um vocabulário condizente com o papel social de leitor comum. Há marcas de 1ª e 2ª pessoa, estabelecendo o diálogo (interlocução), além de marcas referentes à finalidade: palavras que indiquem reclamação, descontentamento, insatisfação, decepção, desapontamento, negatividade. 
MEMOREX: Gênero epistolar, a carta de reclamação demonstra a insatisfação perante uma situação. Além das marcas de interlocução, o descontentamento deve estar muito bem marcado, sendo o foco do texto por meio da argumentação. Possui a estrutura regular da carta, com cabeçalho, saudação inicial e vocativo, corpo do texto com contextualização, desenvolvimento do tema e encerramento marcando sugestões e espera por providências, despedida adequada ao teor da carta e assinatura conforme indicado no comando. 
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escrivinhando-blog1 · 8 years ago
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A CARTA DO LEITOR
“Venho por meio desta”. Quantas vezes você usou essa expressão na vida? Poucas, imagino. Se perguntar em quantas postagens do Facebook você já comentou, por outro lado, acredito que não faça ideia de quantos foram, opinando sobre alguma publicação.
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Com as facilidades da Era Digital, posicionar-se sobre algum conteúdo da mídia virou mais uma ação corriqueira, imediata e acessível. Em questão de segundos, palavras como a do comentarista Rubens Edwald Filho, na transmissão do Oscar no último domingo (4), são respondidas, refutadas, criticadas ou viram piada nas redes sociais da emissora de TV. Você não sabe, mas pode encontrar meios para escrever sua carta do leitor tomando como exemplo essas situações.
A carta do leitor é um gênero do domínio jornalístico. Em outros tempos, quando o jornal e as revistas eram a fonte principal de notícias, informações e entretenimento inclusive, os leitores tinham como canal de comunicação a caixa postal dessas publicações. Ainda hoje, dentre aqueles que ainda mantêm o hábito de assinar versões digitais de mídias antes impressas, essas cartas existem na sua versão on-line: o assinante envia sua opinião sobre determinado texto lido e essa sua “carta” é publicada em uma seção especial do jornal ou da revista.
Para aqueles que não mantém esse hábito, pensem na carta do leitor como um comentário: você se depara com uma postagem do G1 no Facebook sobre a Reforma Trabalhista, atentados na Síria ou mesmo sobre a rotina do Big Brother Brasil. Após ler atentamente ao texto, decide deixar uma opinião nos comentários ou mesmo ao compartilhar a publicação. Essa mesma motivação deve ser adotada ao produzir sua carta do leitor. 
Por ser um texto de caráter opinativo, o gênero carta do leitor deve estar focado na argumentação, sem esquecer da interlocução (diálogo geralmente com o editor do jornal ou revista) e das marcas do contexto (quem é, sobre qual texto do jornal ou revista vai comentar, por que decidiu escrever). Na hora de escrever esse gênero, lembre-se de que ele não é tão informal quanto uma carta pessoal, mas a linguagem deve estar adequada ao interlocutor e ao seu papel social: uma carta do leitor de um jornal da escola é diferente daquela enviada a uma revista de circulação nacional, por exemplo. 
AS CONDIÇÕES DE PRODUÇÃO
O que se escreve em uma carta do leitor?
O tema de uma carta do leitor é o mesmo de uma publicação motivadora: você lê um texto, no jornal ou revista, e decide escrever à equipe, opinando sobre o tema e sobre a maneira como ele foi abordado. 
Quem se corresponde pela carta do leitor?
O produtor desse gênero assume o papel social de leitor, dirigindo-se ou à redação, no geral, ou (mais comum) ao editor daquele veículo de imprensa. Mas sempre cuidado, pois, às vezes, há mais de um papel social no comando. Por exemplo: 
“Como mãe e leitora, escreva ao editor do jornal X (...)”;
“Como aluno e leitor assíduo, preparando-se para o vestibular, escreva (...)”; 
“No papel de morador do bairro Y e leitor, escreva (...)”.
Por que alguém escreve uma carta do leitor?
O objetivo, finalidade ou motivação da escrita desse gênero é opinar sobre a publicação e a postura ali apresentada. Pode criticar, parabenizar, solicitar, agradecer etc. Novamente, tenha atenção para o que está sendo solicitado no comando. 
Onde circula uma carta do leitor?
O domínio social desse gênero, como antecipado, é o jornalístico. As cartas são enviadas e recebidas de modo privado, mas o próprio jornal ou revista se encarrega de selecionar os textos e publicá-los. 
Onde se escreve uma carta do leitor?
O suporte para esse gênero é o papel de carta e também as plataformas digitais: e-mail, página da própria mídia de interação com cliente ou seção de comentários da publicação. No caso do vestibular e PAS, folha de rascunho e folha da versão definitiva, em até 15 linhas. 
ESTRUTURA DA CARTA DO LEITOR
Veja a seguir o comando de redação da prova do PAS-2, de 2016, da UEM:
Contexto de produção: Após a leitura do texto “Pelos seus olhos eu vejo”, publicado na revista Vida Simples, você se lembra de uma ocasião em que pôde exercer a capacidade de se colocar no lugar do outro (TEMA), quando algum(a) colega de escola solicitou sua ajuda em uma situação, e, por isso, você resolve escrever para a revista a fim de testemunhar como a empatia motivou você a agir com solidariedade (FINALIDADE), relatando o que foi capaz de compreender na situação que esse(a) colega lhe apresentou. 
Comando de produção: A partir do contexto de produção acima apresentado, redija uma CARTA DO LEITOR destinada a Ana Holanda, editora da revista Vida Simples (INTERLOCUTOR), por meio da qual você relate uma situação em que algum(a) colega de escola tenha solicitado sua ajuda (FINALIDADE), dizendo para quê foi essa ajuda (1), explicando o que o(a) levou a ajudá-lo(a) (2) e, por fim, testemunhando ter agido com empatia ao ter compreendido os sentimentos vividos por esse(a) colega (3). Não dê nome ao(à) colega para manter a privacidade dele(a). Você deverá assinar a carta como “Leitor” ou “Leitora”. Seu texto deverá ter o mínimo de 10 e o máximo de 15 linhas. 
Perceba que há uma finalidade bem marcada para essa carta do leitor, mas com 3 itens obrigatórios: indicar qual foi a ajuda, o porquê de ter ajudado e testemunhar como isso revelou uma postura empática. 
Cabeçalho, indicando local e data
Maringá, 6 de Março de 2017
Saudação inicial e chamamento, preferencialmente indicando papel social do interlocutor 
Prezada editora Ana Holanda,
Corpo do texto
1. Contextualização, em que marca seu papel social, a publicação que leu, comenta sobre ela e determina a finalidade da sua carta
Ler sobre empatia na revista de sua edição, Vida Simples, mais especificamente na publicação “Pelos seus olhos eu vejo”, fez-me refletir sobre como esse sentimento revela-se nas ações mais simples. Além de parabenizá-la por trazer à tona essa discussão, senti que deveria compartilhar uma situação dessa natureza que se deu comigo.
2. Desenvolvimento do tema, cumprindo à finalidade solicitada pelo comando
Não muito tempo atrás, quando uma de minhas colegas de classe enfrentou uma situação familiar de divórcio bastante complicada, afetando seu emocional e seu desempenho escolar, ela me procurou. Queria ajuda para estudarmos juntas para as provas trimestrais, o que não foi nenhum problema para mim: sabia que ela só faltara às aulas por conta das audiências de guarda.
Enquanto estudávamos, pegava-me pensando em como aquilo deveria ser difícil para ela e como sentiria-me caso se passasse comigo. Foi somente após a leitura do artigo que associei essa ação ao sentimento de empatia, o que fez com que eu me desse conta do impacto não só de nossas ações mas também de nosso olhar para e na vida do outro. 
3. Encerramento, marcando expectativa quanto ao tema ou ao meio de comunicação
Espero não ser a única a ter sido tocada por essa publicação e que temas dessa natureza voltem a ser aprovados pela sua edição, Holanda.
Despedida, em concordância com o teor do seu texto (à favor ou contra), com o nível de proximidade com o interlocutor e respeitando a posição hierárquica que ele ocupa (presidente, vereador, diretor, editor etc.)
Atenciosamente
Assinatura, conforme especificado no comando
Leitora
Leitora
Maringá, 6 de Março de 2017
Prezada editora Ana Holanda,
Ler sobre empatia na revista de sua edição, Vida Simples, na publicação “Pelos seus olhos eu vejo”, fez-me refletir sobre como esse sentimento revela-se nas ações mais simples. Além de parabenizá-la por trazer à tona essa discussão, senti que deveria compartilhar uma situação dessa natureza que se deu comigo. Não muito tempo atrás, quando uma de minhas colegas de classe enfrentou uma situação familiar de divórcio bastante complicada ¹, afetando seu emocional e seu desempenho escolar², ela me procurou. Queria ajuda para estudarmos juntas para as provas trimestrais¹, o que não foi nenhum problema para mim: sabia que ela só faltara às aulas por conta das audiências de guarda².
Enquanto estudávamos, pegava-me pensando em como aquilo deveria ser difícil para ela e como sentiria-me caso se passasse comigo. Foi somente após a leitura do artigo que associei essa ação ao sentimento de empatia, o que fez com que eu me desse conta do impacto não só de nossas ações mas também de nosso olhar para e na vida do outro³. Espero não ser a única a ter sido tocada por essa publicação e que temas dessa natureza voltem a ser aprovados pela sua edição, Holanda.
Atenciosamente
Leitora
Note que o papel social do produtor não foi explicitado, ou seja, não foi indicado diretamente. Ele está subentendido ao referir-se a “uma das colegas de classe”. Os três itens do comando foram apontados: em que situação ajudou ¹, o que motivou² e como relacionou isso à empatia³. Além disso, os aspectos da carta (interlocução e opinião) foram mantidos na contextualização e no encerramento. 
ESTILO DE LINGUAGEM
Menos informal do que a carta pessoal, a carta do leitor não exige linguagem rebuscada, uma vez que seu papel de produtor é principalmente o de leitor comum. Em caso extraordinários de interlocutores em uma posição mais elevada, o estilo deve se adequar a esse contexto. Outras marcas linguísticas são o uso de 1ª e 2ª Pessoa, marcas de opinião (“não só... mas também”, “espero”, “voltem”) e, em razão do comando, marcas do discurso relatado (pretéritos e marcas temporais como “não muito tempo atrás”, “provas trimestrais”). Em casos de comandos que não exijam relatar uma situação como finalidade, evite trechos longos dessa tipologia narrativa. 
MEMOREX: Gênero opinativo do domínio jornalístico, a carta do leitor é uma resposta a uma publicação de jornal ou revista, em que o produtor (leitor desses veículos de comunicação) opina sobre o tema e a abordagem. Possui os elementos tradicionais da carta (cabeçalho, saudação inicial e vocativo, despedida e assinatura) e, no corpo do texto, deve fazer referência ao texto lido, ao local de publicação, ao papel social do produtor e do interlocutor, indicar finalidade, discutir o tema e concluir com expectativa. 
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escrivinhando-blog1 · 8 years ago
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GÊNEROS EPISTOLARES: A CARTA PESSOAL
Até a década de 1970, a humanidade nunca ouvira falar em e-mail. Celular? Os primeiros aparelhos celulares (notem, não smartphones) deram as caras somente na década de 1990. Existia até então algum meio de comunicação que suprisse as necessidades de interação e troca de informações entre pessoas distantes? Elementar, meus caros: os gêneros epistolares faziam as vezes  do grupo de WhatsApp da família.
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Seja para correspondência entre indivíduos a longas distâncias um do outro, seja para dar ares mais oficiais a uma solicitação, reclamação ou informação, as cartas foram essenciais na história da humanidade. Amantes, oficiais, discípulos, filósofos ou mesmo os sujeitos do cotidiano valeram-se das cartas para os seus fins. O projeto Correio IMS reúne uma coleção de cartas trocadas entre personalidades brasileiras. A Carta de Pero Vaz de Caminha e a obra Cartas Chilenas são só outros dois exemplos dos gêneros epistolares na nossa literatura. Hoje começa uma série de cinco publicações com as cinco cartas solicitadas na lista de gêneros da Universidade Estadual de Maringá (UEM), a começar por ela, a carta pessoal. 
A carta pessoal é tida como um gênero “fácil”, o que leva os candidatos a subestimarem as características peculiares desse gênero ou a confundir com uma das outras quatro cartas. Esse tipo de carta é aquele utilizado antigamente para a correspondência entre pessoas com temas cotidianos, os mesmos temas que hoje podemos abordar em uma simples, breve e instantânea mensagem de texto pelos aplicativos e redes sociais. Era comum que as pessoas trocassem cartas tratando de assuntos familiares, expondo sua intimidade ou mesmo de forma apaixonada com seus amados e amadas. 
Imagine-se nessa situação: sem internet, apenas com papel e caneta para entrar em contato com, por exemplo, um primo distante e muito querido, uma amiga em viagem ou a pessoa que conheceu nas férias e mora em outro estado. O foco da carta está na relação com a outra pessoa, nos laços afetivos, na intimidade, enfim, na interpessoalidade. 
Outro ponto importante e geral sobre esse gênero é que era de costuma uma sequência de cartas trocadas, como em uma conversa. Assim, cada carta é uma resposta a anterior, retomando assuntos mencionados, fazendo questionamentos, propondo novos assuntos, pedindo por informações e por retorno etc.
AS CONDIÇÕES DE PRODUÇÃO
O que se escreve em uma carta pessoal?
Como dito, os temas das cartas pessoais são cotidianos, aqueles que discutimos em conversas informais. 
Quem se corresponde pela carta pessoal?
A carta pessoal costuma ser trocada entre sujeitos com certo grau de afetividade: amigos, familiares, amantes, conhecidos de trabalho etc. O diálogo, a relação interpessoal na carta deve ser bem marcada, retomando temas como se tivessem sido debatidos em outras cartas, fazendo perguntas, mencionando nome, apelido ou posição social, usando expressões como “O que acha?”, “Não é mesmo?”, “Ah, antes que eu me esqueça” etc.
No vestibular já ocorreu a solicitação de carta entre os papeis sociais de professor e aluno. Nesse caso, é preciso saber dosar a informalidade e a intimidade conforme a relação estabelecida no comando entre o suposto produtor e o suposto receptor. 
Por que alguém escreve uma carta pessoal?
O objetivo ou finalidade da escrita de uma carta pessoal é variada: pode ser narrar ou expor uma situação, fazer um convite, relatar um fato, enfim varia de acordo com o comando. 
Em 2010, a prova de redação do PAS-1 da UEM, teve o seguinte comando:
GÊNERO TEXTUAL 2 – CARTA PESSOAL 
Você tem um amigo com quem costuma trocar correspondência. Neste momento, para se comunicar com ele, você terá que escrever uma carta que, ao considerar o amigo como leitor, torna-se uma carta pessoal. Nesse gênero textual, os assuntos são comuns e relacionados ao dia a dia de vocês. Escreva, pois, uma carta pessoal, com no máximo 15 linhas, considerando a situação em que você: 
a) quer ter um animal de estimação; 
b) expõe as razões pelas quais deseja esse animal; 
c) pedirá ao amigo que o auxilie a escolher e adquirir esse animal. 
Observação: para não identificar a sua prova, assine a carta com o nome AMIGO.
Note que há 3 finalidades para essa carta: a primeira, expor seu desejo por um animal de estimação; a segunda, expor as razões para esse desejo; a terceira, pedir a ajuda do amigo. Deve-se ficar atento ao comando de todos os gêneros para os objetivos ali colocados; esses devem ser atendidos. 
Onde circula uma carta pessoal?
A carta pessoal circula no domínio cotidiano das relações sociais e humanas, ou seja, é um gênero produzido no dia-a-dia. 
Onde se escreve uma carta pessoal?
Geralmente produzida em papel de carta ou folha de papel qualquer, no caso do vestibular a carta deve ser escrita na folha da versão final de redação em até 15 linhas.
A ESTRUTURA DA CARTA
Cabeçalho, com indicação de local e data
 Maringá, 05 de Março de 2017
Saudação inicial e vocativo 
Querido amigo, tudo bem? 
Corpo do texto
1. Contextualização, com situação que levou a escrever, menção a outra correspondência, perguntas e respostas etc.
Espero que esteja. Eu estou bem, um pouco gripado, mas nada muito grave, fique tranquilo. Tudo certo com os seus pais? Os meus estão um pouco estressados: pedi para eles um labrador, acredita nisso?
2. Desenvolvimento do tema
Estava vendo uma postagem na internet sobre a raça e eles são incríveis: brincalhões, alegres, espertos, só meio bagunceiros. Você sabe que eu sempre quis ter um cachorro e, agora que nos mudamos, acho que temos espaço suficiente para um desse porte. Já pensei até no nome, mas é surpresa, te conto quando nos virmos.
Meus pais, por outro lado, não gostaram muito da ideia no começo. Minha mãe principalmente, mas meu pai conversou com ela, explicou que eu estou sentindo a falta de um amigo (quem mandou você ir embora, não é?) e que conhece um canil que não explora os animais. 
3. Fecho ou pré-encerramento, onde encaminha-se para o encerramento da carta, projeta-se expectativas e faz-se convites ou perguntas que necessitam de repostas e servem de mote para a carta do interlocutor.
Estamos planejando ir no próximo fim de semana até lá. Consegue pedir para a sua mãe trazê-lo aqui em casa? Seria legal se você fosse comigo. Agora tenho de ir, tarefas sem fim para fazer!
Despedida, adequada ao interlocutor (com afeto, carinhosamente, respeitosamente)
Aguardo sua próxima carta (com um “sim” para o meu convite),
Assinatura de acordo com o comando
Amigo
Maringá, 05 de Março de 2017
Querido amigo, tudo bem?
Espero que esteja. Eu estou bem, um pouco gripado, mas nada muito grave, fique tranquilo. Os seus pais voltaram de viagem? Os meus estão um pouco estressados: pedi para eles um labrador, acredita nisso? Estava vendo uma postagem na internet sobre a raça e eles são incríveis: brincalhões, alegres, espertos, só meio bagunceiros. Você sabe que eu sempre quis ter um cachorro e, agora que nos mudamos, acho que temos espaço suficiente para um desse porte. Já pensei até no nome, mas é surpresa, te conto quando nos virmos.
Meus pais, por outro lado, não gostaram muito da ideia no começo. Minha mãe principalmente, mas meu pai conversou com ela, explicou que eu estou sentindo a falta de um amigo (quem mandou você ir embora, não é?) e que conhece um canil que não explora os animais. Estamos planejando ir no próximo fim de semana até lá. Consegue pedir para a sua mãe trazê-lo aqui em casa? Seria legal se você fosse comigo. Agora tenho de ir, tarefas sem fim para fazer!
Aguardo sua próxima carta (com um “sim” para o meu convite),
Amigo
ESTILO DE LINGUAGEM
A carta pessoal, por ser um gênero do cotidiano, adota uma linguagem mais informal - mas dentro da norma culta. Informalidade quer dizer que não há expressões como de tratamento como “excelentíssimo” e “caríssimo”, não há uso de vocabulário muito especializado ou rebuscado. 
Além da linguagem informal, perceba que há a interlocução, o diálogo marcado pelo uso da 1ª Pessoa (Eu) e da 2ª Pessoa do discurso (nesse caso, você em vez do tu). Outras marcas desse diálogo com o leitor são as perguntas no corpo do texto, que reforçam essa interação entre quem escreve e quem lê.
Um terceiro ponto é pensar que as cartas são uma resposta a outra, por isso é interessante acrescentar informações que façam menção a uma carta ou situação anterior, como no exemplo: Os seus pais voltaram de viagem? Essa informação causa a impressão de que o assunto foi discutido em outra troca de cartas. 
MEMOREX: A carta pessoal é um gênero do cotidiano pelo qual as pessoas interagem, contando sobre a sua vida, fazendo pedidos e outras finalidades do comando. Os envolvidos são pessoas próximas e, tanto a interação quanto a afetividade devem ficar muito bem marcadas no texto: perguntas; marcas de segunda pessoa (tu, você, verbos conjugados); menção a outras cartas (Como mencionou, Lembra-se do que te disse?, Parecia meio triste na outra carta); expressões de surpresa (Acredita?), alegria (Oba!), tristeza (Ah, que pena!), expectativa (Espero que, tomara que, quem sabe). Sua estrutura possui:
1. Cabeçalho;
2. Saudação e vocativo; 
3. Corpo do texto (contextualizar a carta, desenvolver o tema e encaminhar para o encerramento); 
4. Despedida; 
5. Assinatura (de acordo com o comando).
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escrivinhando-blog1 · 8 years ago
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POR DENTRO DA PROVA DE REDAÇÃO DA UEM
O Vestibular e o Programa de Avaliação Seriada (PAS), da Universidade Estadual de Maringá (UEM), atraem candidatos de todo o país. Na última edição do vestibular da instituição, 12% dos inscritos vieram de estados como São Paulo, Mato Grosso e Santa Catarina.
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Os colégios e cursinhos da região se adequaram ao sistema das provas da universidade, inclusive a de redação, mas cada universidade possui seu próprio processo de avaliação. A UEM trabalha com o sistema de gêneros textuais, solicitando em cada prova de vestibular 2 gêneros dos 10 listados no programa. Já no PAS, cada uma das duas primeiras etapas cobra, respectivamente, 2 produções dos 5 e 7 gêneros listados. 
Os dez gêneros listados pela UEM são os seguintes:
1. Artigo de opinião 2. Carta aberta 3. Carta do leitor 4. Carta de reclamação 5. Carta de solicitação 6. Relato (em 1ª ou 3ª pessoa) 7. Resposta argumentativa 8. Resposta interpretativa 9. Resumo (de texto único ou de coletânea) 10. Texto instrucional
Percebe-se que os gêneros variam conforme a sua esfera (ou domínio) social: há gêneros da esfera jornalística (artigo de opinião, relato,  carta do leitor), outros da esfera cotidiana (carta aberta, carta de reclamação, carta de solicitação) e ainda aqueles da esfera acadêmica (resposta argumentativa e resumo). 
No PAS 1ª ETAPA, os 5 gêneros listados são a carta pessoal, o relato, o resumo, a resposta argumentativa  e o texto instrucional. Já na ETAPA 2, acresce-se as cartas aberta e de reclamação à lista dos 5 gêneros da ETAPA 1. Por fim, a ETAPA 3 lista todos os 10 gêneros do Vestibular.
A prova de redação é aplicada no segundo dia (de três), junto das provas de Língua Portuguesa, Literatura e Língua Estrangeira. São disponibilizados textos de apoio ao candidato, referentes à temática a ser desenvolvida na redação, seguido de dois comandos, um para cada gênero. Os comandos possuem um contexto (onde são dadas informações que simulam uma situação em que o candidato deve-se imaginar ao escrever seu texto) e as orientações diretas (com recorte temático, gênero e demais informações).
O candidato tem de 10 à 15 linhas para produzir seu texto. Há a folha de rascunho para cada um e também uma folha definitiva idêntica, entregue pelos fiscais de sala junto do gabarito, para que o aluno passe a limpo a sua produção. A versão final deve ser escrita à caneta azul-escuro ou preta. Cada texto tem um valor máximo de 60 pontos, somando 120. A nota mínima a ser atingida é 24 pontos de 120, somando-se as notas dos dois textos. 
Os critérios de avaliação se dividem em dois: quanto a forma e quanto ao conteúdo do texto. Essa avaliação é feita por uma banca de especialistas, em que todos os avaliadores seguem uma tabela única para cada gênero.  No conteúdo do texto, avalia-se o tema, o modo como o candidato aborda o tema proposto, a partir dos textos de apoio e além deles, bem como a exauribilidade temática (clique aqui para saber mais); avalia-se também as condições de produção, ou seja, se o estudante atende ao contexto proposto no comando e o incorpora na escrita do texto.
Na forma do texto, avalia-se se o candidato desenvolveu a estrutura do gênero (clique aqui para saber mais) e se utilizou corretamente mecanismos de coesão e de coerência (clique aqui para saber mais); também é avaliado o desempenho linguístico, que se trata uso da língua culta (ortografia, pontuação, construção de períodos, parágrafos, regência, concordância etc.).
Os critérios para ZERAR uma redação e desclassificar um candidato (além de nota inferior a 24 pontos), são os seguintes:
1. Não produzir o gênero textual solicitado;
2. Fugir à temática proposta;
3. Apresentar desestruturação do gênero textual, caracterizada por mistura de gêneros (desconhecimento da forma);
4. Apresentar alguma marca ou identificação: número de inscrição, nome do candidato, letra(s) inicial(is) de nome e/ou de sobrenome, qualquer forma de assinatura, códigos ou quaisquer palavras ou marcas (inclusive as de corretivo líquido) que permitam a sua identificação;
5. Emprego de nome e/ou de sobrenome fictício SE NÃO SOLICITADO ou DIFERENTE do disponível no comando;
6. Desenvolver o texto com letra ilegível, em forma de desenho, com códigos alheios à língua portuguesa escrita, com espaçamento excessivo entre letras, palavras, linhas, parágrafos e margens;
7. Apresentar falhas no desempenho linguístico em diversos níveis;
8. Escrever a Versão Definitiva a lápis ou a tinta em cor diferente de azul-escuro ou preta;
9. Não apresentar seu texto na folha Versão Definitiva ou entregá-la em branco.
Fique atento e leia com cuidado o comando. Muitas informações ali são importantes para a produção do seu texto. Desatenção pode levar à fuga ao tema, à confusão de gêneros, ao não atendimento das condições de produção ou ao emprego de nomes não solicitados, configurando identificação do candidato. Outra dica é produzir o texto logo no início da prova, sem cópias e com informações extras (além das disponíveis nos textos de apoio). Depois de responder às questões objetivas das provas de Língua Portuguesa, Literatura e Língua Estrangeira, revisar o seu texto e não esquecer de passá-lo à limpo, em caneta de tinta azul-escuro ou preta.
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escrivinhando-blog1 · 8 years ago
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TECENDO O TEXTO: COESÃO E COERÊNCIA
“Um galo sozinho não tece uma manhã: ele precisará sempre de outros galos. De um que apanhe esse grito que ele e o lance a outro; de um outro galo que apanhe o grito de um galo antes e o lance a outro; e de outros galos que com muitos outros galos se cruzem os fios de sol de seus gritos de galo, para que a manhã, desde uma teia tênue, se vá tecendo, entre todos os galos.”
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Esse trecho do poema Tecendo a manhã, de João Cabral de Melo Neto, diz muito. É o famigerado “entendedores entenderão”. É também uma ótima forma de exemplificar como alguns estudiosos entendem o texto: como uma tessitura, uma malha composta pelo algodão das palavras e o fio das frases. Nessa brincadeira de tecelão das palavras, a coesão e a coerência são duas ferramentes indispensáveis para quem se aventura pelo tear das letras.
Já me viu mencionar aqui que uma forma de pensar o texto é um quebra-cabeça. Outra metáfora muito utilizada é o da escrita como tessitura e do texto como obra de esse ato de entrelaçar os fios. Isso acontece porque um texto não é apenas um amontoado de palavras e frases, ele possui começo, meio e fim, todos entrelaçados e organizados de forma coesa e coerente. 
A princípio, o texto parte da escolha de palavras, sua colocação em frases e sua organização em parágrafos. O parágrafo é um bloco de texto construído a partir de uma ideia central. É comum, principalmente na literatura, vermos parágrafos compostos de uma única frase, isso porque essa única frase é a ideia central, núcleo ou principal. A partir de uma ideia central, podemos desenvolver ideias secundárias que a complementem ou façam referência a ela.
Não se deve confundir ideia central com uma frase. É possível, sim, reduzir a ideia nuclear do parágrafo a uma única frase, mas isso não significa que esta estará explícita no texto. Por exemplo, a ideia central do primeiro parágrafo desse texto é a concepção da escrita como tessitura. No segundo parágrafo, a ideia central gira em torno da noção de organização do texto. Por fim, no terceiro parágrafo, a ideia central é justamente explicar como funciona a paragrafação.
Eu sei, falar é fácil, mas uma boa dica para começar a escrever é pensar nas ideias principais de cada parágrafo. Em uma introdução, deve-se apresentar o tema e as ideias que seu texto irá tratar de forma resumida, essa é a ideia principal do parágrafo introdutório. Em uma resposta argumentativa, a ideia principal é o argumento defendido, por isso aconselha-se a produzir sua resposta em 1 parágrafo ou 2, dependendo do número de argumentos que levantará, 1 ou 2. 
E como organizar as frases no parágrafo? Ou os parágrafos no texto? Como eu disse, cade parágrafo corresponde a uma ideia principal. Para que seu texto seja bem escrito e bem organizado, ele precisa de coesão e coerência. 
A coesão diz respeito as relações entre as frases dentro do seu parágrafo e do seu texto em geral. Ela tem a ver com a organização da linguagem. Um texto coeso é o que conhecemos como “texto bem escrito”: não há repetição de palavras e os conectores estão bem empregados. Por conectores, entenda as palavras que ligam e organizam frases, estabelecendo relação entre elas. Exemplo:
No último dia 12, segunda-feira de carnaval, o jovem Lucas Almeida abordou um grupo de amigos que curtia o bloco "Bleque", em Vitória (ES), e pediu para tirar uma selfie com eles. A foto foi tirada e ele sumiu em meio à multidão.
Fonte
Nesse trecho, veja que há a menção ao “jovem Lucas Almeida” e ao “grupo de amigos”. Na primeira menção, é exatamente assim que são colocados no texto, porém, quando o autor vai se referir novamente a essas pessoas, ele utiliza o pronome “ele”, no singular, para mencionar Lucas e “eles”, no plural, para mencionar o grupo de amigos. Um dos pontos para seu texto ser coeso é evitar repetições - de nomes, palavras, locais, instituições, enfim, usar formas diferentes para se referir a mesma pessoa ou objeto. Para isso, pode usar pronomes pessoais (eu, tu, ele, nós, vós, eles), pronomes demonstrativos (esse, essa, aquele, aquela), sobrenome, sinônimos e apostos (expressão que explica alguma característica da pessoa).
Deve evitar também a repetição de conectivos como preposições (de, por, com, a etc.), conjunções (e, mas, logo, pois, porque, ou etc.) e operadores argumentativos (mas, contudo, ainda assim, mesmo que etc.). Não só não deve repeti-los, como também deve saber empregá-los no seu texto, sem excesso, sem repetições, utilizando cada um de acordo com a sua função.
Perceba que no trecho são usados os conectores: em (no=em+o) para indicar “quando aconteceu”; de para indicar que “tipo” de segundo-feira era; o pronome relativo que fazendo referência ao grupo de amigos e explicando quem eram e o que faziam; novamente o em para indicar local; e para somar as ideias (abordou os amigos e pediu uma foto); com para indicar companhia; e para indicar novamente soma de ideias; a (à=a+a) para complementar a expressão “em meio” (Em meio a que? À multidão).
Além de coeso, esse trecho é também coerente. Perceba que a ideia de cada oração está relacionada com a outra, retomando ideias; são ações que podem e acontecem no mundo real; elas não se contradizem (uma não nega nem desmente a outra); seguem uma ordem, progridem. A coerência é a relação entre as ideias do texto, os sentidos. Existem quatro regras para um texto ser coerente:
1. No texto coerente, as ideias mantém relação através da retomada. Em um artigo de opinião, por exemplo, sua tese inicial, sua opinião, deve ser retomada como forma de concluir o seu texto. Isso não significa repetir, ao longo do texto, as mesmas ideias. É como construir pontes dentro do texto, como aquela expressão “uma coisa leva a outra”.
2. No texto coerente, as ideias expressas devem ser verossímeis. Se forem ideias do mundo real, essas ideias devem fazer sentido no mundo real. Por exemplo, se está escrevendo um texto instrucional sobre o descarte do lixo, não pode propor que esse seja mandado para o espaço, pois essa é uma ideia que ainda não é possível. Se forem ideias em um mundo imaginário, como em contos de fada ou romances fantásticos, aquilo que coloca ali deve fazer sentido dentro daquele mundo criado. Você não vê e nem veria astronautas na série Game of Thrones, não faria sentido, não seria verossímil. 
3. No texto coerente, as ideias não se contradizem. As informações contidas no seu texto não devem negar umas as outras. Se em um parágrafo de seu relato você diz que foi para a casa direto da escola, no outro não pode dizer que encontrou com um amigo depois da escola no shopping. É contraditório. Eu textos argumentativos isso acontece muito: defende uma opinião no início do texto e depois, uma completamente oposta. 
4. No texto coerente, as ideias progridem. O texto não pode andar em círculos, o famoso “encher linguiça”. Repetir a mesma ideia, usando outras palavras, não faz com que seu texto progrida e isso compromete a coerência. Na notícia isso fica claro: incia-se dando informações objetivas sobre o fato (o que, quem, quando) e depois desenvolve-se o fato com informações complementares explicativas (como e por que). 
Resumindo no mui amigo memorex: o texto deve ser organizado, desde as palavras até os parágrafos. O parágrafo é formado de ideia central + ideais complementares. A cada nova ideia central, um novo parágrafo. É preciso que a ideia central e as complementares estejam interligadas de forma coesa, usando os conectores com sabedoria, sem excesso, sem repetições. É necessário também que as ideias centrais e complementares dos parágrafos estejam relacionadas com coerência, ou seja, sem contradição, com progressão, com relação entre si e que façam sentido no mundo. 
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escrivinhando-blog1 · 8 years ago
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AS TIPOLOGIAS TEXTUAIS
Enquanto os gêneros textuais (ou discursivos) são as unidades, os modelos que utilizamos para comunicar e para interagirmos com o outro através da linguagem, as tipologias são as sequências linguísticas que, combinadas entre si em um contexto, dentro de determinada estrutura, compõem esses gêneros.
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Pense novamente em um quebra-cabeça: juntamos as peças até formar uma imagem maior. Cada peça tem seu próprio fragmento de imagem, mas por si só não são uma imagem clara. As tipologias são assim (ou quase todas elas). Os autores divergem sobre quantas e quais são, mas é mais comum encontrar cinco delas: a narração, a descrição, a exposição, a injunção e a argumentação. Mas e a dissertação? 
A dissertação é um problema de classificação. Há quem a defina como argumentação, outros como a exposição, além é claro do gênero textual próprio conhecido como dissertação (solicitado em concursos, por exemplo, ou como trabalho final da especialização de mestrado). Para ficar mais claro, tratemos da dissertação como um gênero textual: possui um contexto de produção, uma estrutura própria e um estilo. Dissertar é “falar sobre”. É encontrada tanto argumentativa (onde predomina a tipologia da argumentação) quanto expositiva (onde predomina a tipologia da exposição). No ENEM, por exemplo, solicita-se um texto dissertativo-argumentativo, gênero do qual trataremos futuramente.
Sobre as tipologias enquanto sequências linguísticas, consideremos as cinco citadas logo no início, a começar pela narração. Uma sequência narrativa conta uma história com foco nas ações que se desenrolaram. Os gêneros predominantemente narrativos como romance, conto, crônica, fábula e conto de fadas são compostos sobretudo por essa tipologia, em que, para se contar a história, situa-se onde ela aconteceu, com quem e em que período de tempo.
Certa noite, ao voltar a casa, muito embriagado, de uma de minhas andanças pela cidade, tive a impressão de que o gato evitava a minha presença. Apanhei-o, e ele, assustado ante a minha violência, me feriu a mão, levemente, com os dentes. Uma fúria demoníaca apoderou-se, instantaneamente, de mim. Já não sabia mais o que estava fazendo. Dir-se-ia que, súbito, minha alma abandonara o corpo, e uma perversidade mais do que diabólica, causada pela genebra, fez vibrar todas as fibras de meu ser. Tirei do bolso um canivete, abri-o, agarrei o pobre animal pela garganta e, friamente, arranquei de sua órbita um dos olhos!
(Trecho do conto O Gato Preto, de Edgar Allan Poe)
A descrição é aquela sequência que elenca características de algo ou alguém, descrevendo-o objetivamente (sem apelo aos sentimentos) ou subjetivamente (sofre a interferência da percepção de quem descreve, com apelo aos sentimentos e sensações que esse algo ou alguém provoca). “Azul” é uma característica objetiva do céu tal qual o enxergamos, enquanto que “bonito” é uma característica subjetiva, pois depende da nossa avaliação, percepção, sensação diante do céu. 
Este último era um animal extraordinariamente grande e belo, todo negro e de espantosa sagacidade. Ao referir-se à sua inteligência, minha mulher, que, no íntimo de seu coração, era um tanto supersticiosa, fazia freqüentes alusões à antiga crença popular de que todos os gatos pretos são feiticeiras disfarçadas. Não que ela se referisse seriamente a isso: menciono o fato apenas porque aconteceu lembrar-me disso neste momento.
(Trecho do conto O Gato Preto, de Edgar Allan Poe)
Perceba que os dois trechos do conto de Edgar Allan Poe, apesar de serem cada qual centrado ora na narração, ora na descrição, são permeados por divagações do narrador e por sua apreciação das situações com subjetividade. Inclusive, no segundo trecho, narração e descrição se misturam. Dificilmente encontrará, nos gêneros em circulação, parágrafos constituídas por uma única tipologia. Sequência linguística não significa, necessariamente, um parágrafo completo. 
A exposição pode confundir-se com a descrição ou narração, por isso cuidado: o texto descritivo elenca características de algo ou alguém, já o texto expositivo apresenta fatos e informações sobre uma situação, objeto, fato ou sujeito. Quando pensar em descrição, associe-a aos traços, características físicas e psicológicas. Já com a exposição, lembre-se de uma notícia ou reportagem, onde expõem-se informações sobre um fato ocorrido. Outra distinção é que a exposição é objetiva, enquanto a descrição pode ser tanto objetiva, quanto subjetiva. Apresentar um fato não é o mesmo que contar uma história (narração).
A Indonésia emitiu, nesta segunda-feira (19), alertas de voo ao redor do vulcão Mount Sinabung, depois da emissão de uma enorme nuvem de cinzas, sua maior erupção neste ano.O alerta emitido foi o vermelho, o mais alto da escala, e autoridades indonésias afirmam que a nuvem de cinzas atingiu 7.276 metros. (Fonte)
A injunção é aquela sequência linguística composta por verbos que ordenam, instruem, orientam ou ensinam. Um manual de instruções, um tutorial do YouTube, as orientações do GPS ou um um informativo sobre medidas em caso de incêndio são todos gêneros que valem-se dessa sequência. A sua maior marca são os verbos no imperativo (faça, compre, ande, vire) ou na forma infinitiva (fazer, comprar, andar, virar). Outro exemplo clássico é a seção “Modo de Preparado” das receitas de bolo.
A argumentação, por fim, é aquela tipologia utilizada em gêneros para opinar e convencer. Na sequência argumentativa, apresenta-se argumentos em defesa ou oposição a um ponto de vista, marcada pelo uso dos operadores argumentativos (porém, contudo, mas, entretanto, ainda assim, de qualquer forma, mesmo que, logo, não só... mas também...) e também o que chamamos de modalizadores.
Modalizar o discurso nada mais é do que marcar aquilo que diz com opinião. Se eu digo “A Terra é redonda”, estou afirmando isso. Se, por outro lado, digo “Acredito que a Terra seja redonda” ou então “É indiscutível que a Terra seja redonda”, estou marcando uma opinião acerca dessa afirmação. No segundo caso, deixo claro que essa é uma opinião por meio do verbo conjugado na Primeira Pessoa do Singular (Acredito). Já no terceiro caso, a forma “é indiscutível” demonstra opinião de forma mais discreta e sutil: afirma-se não só que a Terra é redonda, mas que também acredita-se não haver possibilidade para dúvidas. Poderia-se dizer também “é provável”/”provavelmente” ou “é possível”/”possivelmente” que se estaria expressando outra opinião a respeito.
Patricia Hill Collins, intelectual estadunidense, afirma que o local em que as mulheres negras ocupam dentro do movimento feminista é o de “forasteira de dentro”. Por estar e ao mesmo tempo não estar, entende esse lugar como um espaço de fronteira ocupado por grupos com poder desigual, pois, ao mesmo tempo que essas mulheres estão dentro de algumas instituições, não são tratadas como iguais.
(Trecho do artigo Estrangeira no próprio país, de Djamila Ribeiro. Fonte.)
Outra marca dessa tipologia, relacionada aos argumentos, é a busca por comprovações para a opinião que se apresenta. Isso é, muitas das vezes, feito através de citações a outros cientistas, intelectuais figuras renomadas, no que se chama de “argumento de autoridade”. A argumentação difere-se da exposição justamente por essas marcas de opinião - operadores, modalização, argumentos construídos - em que se defende ou apresenta um olhar, e não um fato. 
MEMOREX: narrar é contar uma história, foco nas ações; descrever é apontar características, foco nos traços de algo ou alguém; expor é apresentar um fato ou situação; injunção é ordem, instrução, orientação; argumentar é opinar, defender um ponto de vista, falar de algo a partir de um olhar, um viés, uma perspectiva subjetiva, pessoal. Pegando um assunto como o “mar”, podemos: narrar uma história em que ele é o personagem principal (mito); descrever como é esverdeado ou azul, quente ou frio, salgado, profundo, misterioso, perigoso, tentador; expor as informações científicas sobre a vida marinha; instruir banhistas em praias para terem cuidado; argumentar sobre como essa beleza natural não difere as pessoas segundo a classe e que todos devem ter a oportunidade de conhecê-la, por exemplo, ou as razões pelas quais preferimos banhos de piscina ou de água doce. 
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escrivinhando-blog1 · 8 years ago
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PLANEJE: CINCO PASSOS PARA PLANEJAR SUA PRODUÇÃO
Escrever não pode ser apenas uma tarefa mecânica ou intuitiva. É preciso entender quais são as características do gênero que irá produzir e planejar seu texto. Pense no texto como um quebra-cabeça ou uma figura de lego que você deve unir determinadas peças, de determinadas formas para montá-lo. 
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Um bom caminho é pensar nessas características como uma ficha a ser preenchida e ir anotando cada um dos elementos que seu texto terá: quem será o produtor? Como vou organizar meu texto: em dois ou três parágrafos? Terá título? Devo argumentar ou descrever? E por aí em diante. Para isso, no entanto, é preciso conhecer as características do gênero. Escrivinhar pode parecer árduo e o planejamento, difícil mas, com a prática, o planejamento passa a ser automático, o que facilita a escrita. 
Para ilustrar cada um dos nossos 5 passos, segue a proposta de redação do Vestibular de Inverno DE 2015 da Universidade Estadual de Maringá (UEM):
REDAÇÃO  Os textos 1 e 2 desta Prova de Redação abordam a temática do descarte e da reciclagem do lixo eletrônico. Tendo-os como apoio, redija os gêneros textuais solicitados. (Acesse os textos de apoio aqui.)
GÊNERO TEXTUAL 1 – CARTA DE SOLICITAÇÃO Redija uma CARTA DE SOLICITAÇÃO, em até 15 linhas, ao vereador de sua cidade, Sr. Eugênio da Câmara, solicitando a proposição de um projeto de lei que crie programas de descarte e de reciclagem de lixo eletrônico. Você deverá assinar sua carta usando apenas (sem mais complemento) o nome Cidadão ou Cidadã.     
Passo 1 - Identifique o que é solicitado
Já tratamos aqui da leitura do comando e da prova. Antes ou mesmo durante essa leitura, identifique o que está sendo solicitado (gênero) e as informações que a prova de redação lhe fornece (condições de produção). Você pode destacar esses elementos durante a leitura e depois listá-los: qual o gênero deve produzir, sobre qual enfoque temático e simulando que situação (no caso de provas como a da UEM que possuem, no comando, indicações de papel social, finalidade e esfera de circulação). Por exemplo:
Assunto: Lixo eletrônico;
Tema: Descarte e reciclagem do lixo eletrônico;
Recorte temático: Projeto de lei para a criação de programas de descarte e reciclagem do lixo eletrônico da sua cidade;
Gênero: carta de solicitação;
Suporte: folha da versão final  da redação com em até 15 linhas;
Papel social do produtor: cidadão, como indicado pelo uso do termo “sua cidade” e também pela assinatura designada no comando;
Papel social do interlocutor: vereador de sua cidade, Sr. Eugênio da Câmara;
Finalidade: realizar uma solicitação acerca da temática;
Esfera de circulação: política, em razão do seu destinatário ser uma figura pública e política.
Passo 2 - Elenque as características do gênero a ser produzido
Uma vez que identificou quais são as orientações para a sua produção, tente relembrar e anotar o máximo de características sobre o gênero solicitado, especialmente da estrutura composicional e do estilo linguístico. Uma sugestão é que as anotações sejam feitas nas margens da folha de rascunho para que estejam visíveis durante todo o planejamento e escrita do texto. Pode, por exemplo, fazer uma lista dessas características e ir dando "check" em cada elemento conforme for desenvolvendo o seu texto. O importante aqui é que você esteja consciente do que irá produzir e não corra o risco de misturar os gêneros. Isso acontece com bastante frequência.
A carta de solicitação, por exemplo, inicia-se com um cabeçalho, seguida pela saudação ao seu destinatário e o chamamento, que é como vai tratá-lo (p.ex. Vossa Senhoria ou Senhor Vereador). Em seguido, marca-se o tema, a finalidade (ou seja, a solicitação que se deseja fazer) e inicia-se a argumentar em torno dessa solicitação. Para concluir, expressa-se qual medida espera ser tomada, despede-se do destinatário adequadamente e assina-se. Sobre o estilo, a carta deve manter um tom mais formal em razão do seu interlocutor exercer um papel político importante e deve-se utilizar principalmente da argumentação para realizar a sua solicitação. Outro ponto importante é manter um diálogo com o seu interlocutor ao longo de todo o texto, marcado pela retomada do seu papel social e de sua figura no decorrer da carta.
Passo 3 - Reúna informações temáticas
Um terceiro passo interessante no seu planejamento é aproveitar as informações disponíveis para o seu texto. No caso de um resumo, todas as informações principais do texto de apoio deverão ser identificadas e organizadas. No caso dos demais gêneros, busque selecionar aquelas que podem ser incorporadas ao seu texto, que podem servir de ponto de partida para a sua escrita ou te ajudar a construir um argumento. O tema é um ponto importante da sua redação e o conteúdo da sua produção merece atenção. Gênero não é só estrutura!
No caso da proposta que tomamos de exemplo, seu recorte temático exige que você apresente informações concretas que justifiquem a solicitação de um projeto de lei. Pode apresentar dados sobre a porcentagem de lixo que poderia ser reciclada, informações sobre o impacto da reciclagem no meio-ambiente e na vida das pessoas envolvidas, propor soluções individuais de conscientização para a separação de lixo, argumentar no retorno que esse projeto poderia dar financeira e socialmente à prefeitura, enfim. Para te ajudar, pode fazer citações (não mais que 3 linhas ao todo) dos textos de apoio que sirvam para confirmar seus argumentos. 
Passo 4 - Esboce a estrutura do gênero
De todas as características doa gêneros, a estrutura parece ser aquela que recebe maior atenção, tanto no processo de ensino, quanto durante a correção/avaliação. De fato, ela é um ponto essencial na caracterização dos textos. Por isso, faça um "mapa estrutural" do gênero que irá produzir. O importante aqui é que você esboce o gênero a partir de sua estrutura, para que você a reconheça e a respeite ao rascunhar o seu texto. Para cada gênero, um mapa estrutural diferente. Mapear essa estrutura além de elencar as características é bom para que você visualize o gênero e não se esqueça de nenhum elemento. 
Cabeçalho
Saudação inicial + chamamento
Parágrafo 1, marcar tema, finalidade, seu papel social e o do seu interlocutor (caso não tenha marcado no início) e iniciar a solicitação.
Parágrafo 2, desenvolver sua argumentação, retomando o interlocutor e estabelecendo o diálogo com ele ao longo da carta, concluindo com suas expectativas para as ações que ele irá tomar.
Saudação final,
Assinatura.
Passo 5 - Monte um rascunho
Identificou qual o gênero solicitado e quais as condições estabelecidas? Elencou suas características? Reuniu informações temáticas? Esboçou um mapa da estrutura? Comece a rascunhar seu texto levando em conta todos esses passos. Acrescente informações ou retire quando necessário para se manter dentro do recorte/enfoque temático, adeque sua linguagem ao contexto de produção no comando (Qual o ligar social que você está ocupando para escrever? Para quem escreve? Onde será publicado?) e ao estilo do gênero (É escrito em primeira pessoa? Em terceira? Uso de verbos no imperativo? Figuras de linguagem?) e sempre retome as anotações anteriores quando precisar. Lembre-se: o texto não é um produto, é um processo.
Segue um exemplo de uma produção que poderia ser produzida no contexto da proposta apresentada no início:
REDAÇÃO Os textos 1 e 2 desta Prova de Redação abordam a temática do descarte e da reciclagem do lixo eletrônico. Tendo-os como apoio, redija os gêneros textuais solicitados. (Acesse os textos de apoio aqui.)
Maringá, 15 de Fevereiro de 2017
Prezado Senhor Vereador,
Escrevo ao senhor, caro Sr. Eugênio da Câmara, no papel de cidadão, a fim de, encarecidamente, solicitar que considere propor em nossa câmara de vereadores algum projeto de lei para solucionar o problema do descarte e de reciclagem de lixo eletrônico em nossa cidade. Sabemos que a indústria oferta-nos produtos cuja obsolência, seja ela programa, seja ela percebida, é cada vez mais precoce, aumentando ano a ano o lixo eletrônico que produzimos. Lixo esse que acaba indo para lugares inapropriados, como nosso aterro ou pior, ruas e terrenos vazios. Fazer esse descarte corretamente, por meio de pontos espalhados de recebimento pela cidade, por exemplo, é um dos passos para diminuirmos o impacto que esses detritos causa no meio-ambiente.
 Acho pertinente também que o senhor considere a possibilidade de procurar empresas que façam a reciclagem desse lixo e, caso não haja, quem sabe até tentar trazê-las para nosso município. O senhor há de concordar que, para uma cidade como a nossa, conhecida pela sua qualidade de vida e pela sua arborização, essa atitude só melhoraria sua imagem e a vida dos cidadãos que aqui residem. Espero que o senhor considere atentamente minha proposta e que eu ouça os efeitos dessa carta nas futuras sessões de nossa câmara.
Atenciosamente, 
Cidadão
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escrivinhando-blog1 · 8 years ago
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ASSUNTO, TEMA E ENFOQUE: SAIBA A DIFERENÇA
“Tema isso”, “tema aquilo”, usamos o termo de forma abrangente, sem nos preocuparmos com a distinção entre assunto e enfoque ou recorte. A verdade é que não é tudo a mesma coisa e confundi-los pode causar sérios problemas na sua redação.
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Alguma vez já ouviu a expressão “fuga ao tema” ou então “abordagem genérica do tema”? Não são raras redações zeradas em provas por motivo de fuga total ao tema solicitado. Muito menos, o desconto em razão de uma abordagem muito genérica, vaga, geral. A distinção entre assunto, tema e enfoque ou recorte temático é costumeiramente entendida como uma pirâmide invertida ou como campos um dentro do outro: trata-se do afunilamento, da especificação de determinado assunto.
O assunto é a base da pirâmide invertida ou o campo maior, mais amplo, que pode ser resumido em um único vocábulo. Água, fome, pobreza, guerra, paz, política são assuntos sobre o qual podemos tratar das mais variadas formas. O assunto é genérico, há uma infinidade de coisas que podemos falar sobre a água: de uma perspectiva mais ambiental, a poluição; sob um olhar mais social, o desperdício; adotando uma postura política, sobre a crise hídrica de que sofrem alguns países. Quando especificamos um pouco esse assunto - poluição, desperdício, falta d’água - temos o tema.
Tema é o primeiro recorte que se faz no assunto, especificando-o. Esse é, geralmente, o nível solicitado nos comandos de provas de redação. É uma situação ou quadro particular de determinado assunto: do assunto água, podemos tratar dos temas poluição, desperdício, falta, tratamento, consumo; do assunto pobreza, podemos apontar a pobreza material das classes baixas, o empobrecimento cultural, a relação entre a fome e a pobreza; sobre as guerras, podemos abordar algum conflito entre nações (Guerras Mundias, Guerra Fria, Guerra do Vietnã) ou conflitos nacionais (Guerra Civil Norte-Americana ou o conflito da Guerrilha do Araguaia, no Brasil).
O enfoque temático ou recorte temático é o ponto mais singular e particularizado de um assunto. Se o tema vem expresso no comando, o recorte temático deve ser abordado pelo aluno/candidato em seu texto. Por exemplo, se o tema for diversidade religiosa no Brasil, o produtor da redação deverá escolher um enfoque para esse tema de acordo com o gênero. Se for um texto dissertativo-argumentativo, poderá trazer pontos positivos e negativos ou causas da grande diversidade de religiões e as consequências dela para a sociedade. Se o gênero for texto instrucional, poderá trazer instruções para promover o respeito a essa diversidade em algum ambiente específico (em casa, na escola, dentro do próprio espaço de práticas religiosas). 
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O trabalho com os gêneros levou a um abandono do assunto como ponto de partida para a produção textual, afinal, o tema é o elemento constituinte das condições de produção dos gêneros. O recorte temático, por sua vez, trata da postura do produtor diante desse tema, de que forma ele particulariza, posiciona-se, defende, debate, expõe ou argumenta sobre. Essa postura deve levar em conta algo conhecido como exauribilidade temática. Exaurir significa gastar, usar, esgotar algo. Exauribilidade temática é, portanto, o esgotamento do tema.
Isso não significa que em seu texto deverá dizer tudo o que há a ser dito sobre determinado tema, pelo contrário. Exaurir o tema é fazer com que seu texto tenha um recorte, um enfoque, uma direção. Não basta sair escrevendo tudo o que sabe sobre um tema; é preciso haver uma relação direta entre as informações que traz para o texto, que deixem claro qual a mensagem que quer transmitir a ponto de que sua produção aparente estar completa, logo, pareça ter exaurido o tema dentro daquele enfoque. 
Imagine que fará um convite a um amigo para uma festa. Não um convite formal, mas apenas enviará uma mensagem a ele pelo celular. O gênero convite exige uma série de informações sobre o tema (não qualquer festa, mas a festa específica a que deseja ir) para que seu amigo possa compreender o convite, é necessário que você exaura esse tema para que haja a interação e ele possa responder a você. Do contrário, deverá complementar sua mensagem a partir do que ficar de fora: “Quando vai ser?”, “A que horas começa?”, “Qual o valor da entrada?” e assim por diante.
A exauribilidade depende do gênero também, é claro. Um texto científico como um artigo exige mais concisão de que uma tese de mestrado sobre o mesmo tema. Sua resposta argumentativa no vestibular não vai exaurir a temática da “influência dos pais na escolha profissional dos filhos” tal qual a tese de doutorado de um especialista da área de administração. Da mesma forma, o especialista em administração e o especialista em psicologia irão tratar do mesmo tema sob enfoques diferentes. O que se espera de você enquanto aluno e candidato é que não haja “pontas soltas” em seu texto, que esse não seja genérico (aborde apenas o assunto) ou que você não fuja ao tema proposto.
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escrivinhando-blog1 · 8 years ago
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OS GÊNEROS TEXTUAIS
Quantos gêneros discursivos (escritos ou orais) você consumiu hoje? Quantos você produziu? Quando se fala em "texto", costumamos achar que o único lugar em que produzimos é na sala de aula, quando a professora ou o professor de Língua Portuguesa solicita uma redação. Não nos damos conta de que a todo momento e a cada dia estamos cercados por uma infinidade de gêneros, lendo e produzindo.
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O gênero é aquela estrutura complexa de que já falamos, caracterizada pelas suas condições de produção, sua estrutura composicional e seu estilo linguístico. Eles são unidades, "tipos de enunciado", que nós utilizamos para interagir com os outros em sociedade. Se você precisa descrever seu perfil a um empregador, você irá produzir um currículo. Se pretende dissertar a um público sobre um tema, você irá produzir uma palestra. Se precisa expor a uma companhia telefônica os problemas de sua conexão de internet, você fará uma ligação ao SAC da empresa. Produzir textos - escritos ou não - é uma necessidade constante. 
Notem que ora uso o termo gênero textual, ora gênero discursivo. Há diferenças entre autores que justificam isso. Para facilitar, fiquemos com a terminologia gênero textual. Os gêneros, como também já foi apontado aqui, são caracterizados por serem produzidos em um contexto, seguindo determinada estrutura e com um estilo de linguagem próprio. Quando circulam na sociedade, essas características não são rígidas, invioláveis, perfeitas. Uma notícia pode variar em suas características de acordo com o suporte (local de publicação), por exemplo. 
Se os gêneros são passíveis de variar, como identificar suas características para produzi-lo? A definição das características de cada gênero a fim de ensinar como produzi-los acontece através de pesquisas, que reúnem o que é mais recorrente e constroem um modelo. Isso não impede que nós possamos, ao ler um texto, identificar as características específicas dele. Para o fazê-lo, é preciso entender quais são essas características comuns a todos os gêneros.
1. O CONTEXTO DE PRODUÇÃO
Como os gêneros circulam na sociedade, eles estão inseridos dentro de um contexto em que são produzidos e consumidos. É importante reconhecer esse contexto e pensar nele na hora de produzir o seu texto. Quando circula em sociedade, todo gênero possui:
I. Conteúdo temático. São os temas possíveis de serem abordados por aquele gênero. Uma receita culinária, via de regra, não vai tratar de outro tema que não esteja relacionado a preparação de um alimento. Uma notícia, por sua vez, costuma abordar situações factuais do dia-a-dia de uma comunidade. O conteúdo temático é aquilo de que fala ou pode falar o gênero.
II. Finalidade. Esse elemento envolve o motivo para a produção de determinado gênero e o objetivo que se espera alcançar. Conseguir uma vaga de emprego, apresentar seus conhecimentos sobre um tema, corrigir um problema na sua internet, ensinar a preparar um alimento. A finalidade é o porquê de produzir o gênero.
III. Papel social dos interlocutores. Cada um de nós exerce diversos papeis ou posições na sociedade. Filho, mãe, professor, aluno, advogada, militante, política. Os interlocutores são aqueles sujeitos envolvidos no processo de produção e consumo de um gênero. Todo gênero tem um alguém que produz - o locutor - e um ou vários "alguém" para quem produz - interlocutor. Esses sujeitos são definidos pelo seu papel social. Quando produzo um currículo, exerço o papel social de candidato a uma vaga, enquanto o meu interlocutor está no papel de empregador. O papel social dos interlocutores não se trata da pessoa física, mas sim da função dela na sociedade que fica evidente naquele gênero.
IV. Suporte. Todo gênero é produzido materialmente de alguma forma. Escrito em folha de caderno (anotações), publicado on-line ou impresso no jornal (artigo de opinião), redigido em folha sulfite (ata). O suporte é a materialidade, o lugar físico onde esse gênero é produzido. Mas cuidado: tanto um currículo quanto uma reportagem podem ser produzidos no papel. Não basta dizer qual é o material em que está o gênero, deve-se ampliar esse olhar para o todo: um jornal, uma revista, um caderno, um livro, um panfleto, uma etiqueta, um outdoor. 
V. Esfera (ou domínio) de circulação. O gênero, com seu tema, seu produtor e seus leitores, redigido em um suporte, circula socialmente. A sociedade está dividida em campos: você vai a escola (esfera escolar), frequenta o shopping (esfera comercial), pode ir a algum templo religioso (esfera religiosa), assiste a um jornal (esfera jornalística). A esfera ou domínio social onde o gênero circula é importante para defini-lo. Os temas que você debate na escola não são os mesmos que debate, por exemplo, durante um culto. As pessoas com quem interage no shopping não são as mesmas com as quais interage em casa. Cada esfera ou domínio possui seus próprios gêneros.  
A ESTRUTURA COMPOSICIONAL 
Os gêneros estão todos estruturados e organizados textualmente, cada um com os seus elementos particulares. Título? Data? Introdução? Múltiplos parágrafos? Versos e estrofes?Menção ao interlocutor? Diálogo? Citação? Discurso direto? Imagens? Dados estatísticos? Trecho relatado? Conclusão? Proposta de solução? Retomadas? Despedida? Assinatura? Identificar que elementos fazem parte do gênero é identificar sua estrutura composicional.
Conseguir identificar esses elementos em um gênero desconhecido é uma tarefa um pouco difícil e, no caso dos gêneros mais complexos, exige conhecimento mais aprofundado sobre leitura e escrita. No caso dos gêneros do dia-a-dia, que nós produzimos sem perceber, aprendemos essa estrutura inconscientemente. Como estudante e candidato, basta 1. ter em mente que existe essa estrutura que compõe todo e cada gênero e 2. saber qual é a estrutura específica do gênero que irá produzir. 
O ESTILO LINGUÍSTICO
Todos nós usamos roupas, cada qual com o seu estilo - mesmo que nosso estilo não seja fashion ou consciente. Assim são os gêneros. Todo gênero textual é construído pela linguagem, mas cada um deles possui um estilo diferente de utilizá-la. Isso envolve: o grau de formalidade; a grau de adequação a forma de linguagem escrita; a classe de palavras predominante; os recursos linguísticos utilizados, como figuras de linguagem e de palavras; os elementos coesivos característicos e por aí segue. 
Identificar o estilo de linguagem em um gênero desconhecido também é uma tarefa para especialistas, mas alguns elementos são fáceis de perceber. Uma notícia e um poema parnasiano possuem estilos diferentes: aquela tem linguagem mais objetiva, direta, sem muitos floreios; esse é carregado de inversões, rimas, subjetividade, metalinguagem. A diferença porém não se dá somente entre textos literários e textos não literários. O estilo de uma mensagem no WhatsApp é curta, direta, cheia de abreviações e sem a necessidade de obedecer a gramaticalidade da linguagem escrita. Uma mensagem de felicitação no Facebook, por outro lado, apesar de ainda ser descontraída e informal, tende a ser mais extensa, subjetiva e com uma certa atenção para o uso da forma escrita da língua. 
MEMOREX: Todo gênero circula em sociedade e possui traços quanto ao 1. seu contexto de produção; 2. sua estrutura composicional; 3. seu estilo linguístico. Os elementos do contexto de produção são: i. conteúdo temático (sobre o que escrever); ii. finalidade (por que escrever); iii. papel social dos interlocutores (quem escreve e para quem escreve); iv. suporte (onde é escrito/publicado); v. esfera ou domínio social de circulação (em que campo da sociedade circula).
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escrivinhando-blog1 · 8 years ago
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LEIA: SETE DICAS DE LEITURA QUE AJUDAM NA REDAÇÃO
Parece óbvio, mas a maioria esquece: ler é fundamental! A leitura ajuda a ampliar vocabulário, a adquirir conhecimentos variados sobre diferentes temas e a se familiarizar com a linguagem escrita. Você com certeza já ouviu isso por aí, mas alguém te ensinou a por em prática? 
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Aqui seguem 7 dicas práticas de leitura para você seguir na sua rotina diária, durante os estudos e na hora da prova. 
1. Leia fontes variadas
É importante ler para se manter informado. A maioria dos concursos cobra temas universais que foram debatidos ao longo do ano. Mas não basta ler bastante, é preciso também variar as fontes sobre um mesmo fato, para ter contato com diferentes pontos de vista, ainda mais quando estamos falando de temas sociais ou políticos. O jornalismo nos ensina: não existe fatos e sim versões. Cada fonte noticia, informa e debate um mesmo tema de forma completamente diferente e é preciso estar preparado para assumir posicionamentos que nem sempre correspondem a nossa opinião.
2. Seja um leitor desconfiado
Algum professor já te pediu para fazer perguntas ao texto? "Texto, texto meu...". Na verdade, trata-se de ser um leitor/ouvinte/espectador que não aceita tudo que lhe chega como verdades absolutas. Preste atenção às entrelinhas, às motivações por trás dos "discursos" das pessoas. Ironia e sarcasmo são dois exemplos daquilo que parece A, mas quer dizer B. Desconfie. O mesmo vale para textos literários, carregados de figuras de linguagem e linguagem conotativa. Fazer perguntas ao texto é fazer perguntas a si mesmo, como por exemplo: - O que essa palavra ou expressão pode significar? - Quais os sentidos diferentes e possíveis para esse trecho? - O produtor desse texto tem algum posicionamento diante do que está falando? - Qual é a posição dele? - Essa posição é clara e aberta ou está implícita, camuflada, turva? Um bom leitor deve ser consciente, crítico, saber ler e refletir sobre a sua leitura. Para isso, só há uma receita: PRÁTICA!
2. Leia textos - escritos ou não
Quando falamos na leitura de textos, pensamos logo nos gêneros escritos: notícias, artigos científicos, livros didáticos, reportagens, apostilas. Ler, porém, vai muito além das palavras. Lemos imagens, expressões faciais, comportamentos, obras de arte... o mundo a nossa volta está constantemente sendo lido por nós. Fique atento a todas essas fontes de leitura e esteja apto a ler (e compreender) os mais variados gêneros. Provas como o Enem costumam apresentar dados estatísticos, charges, imagens de campanhas publicitárias além de textos escritos como material de apoio aos candidatos. Esteja preparado!
3. Leia o comando
Releia o comando. Então, leia novamente. Mais uma vez, só para garantir. Cada prova possui uma estrutura distinta e requer do candidato compreensão total do que está sendo cobrado naquela situação específica. Alguns comandos são mais diretos e objetivos que outros, algo que pode ser considerado positivo ou negativo. Comandos objetivos dão mais liberdade para que você se expresse, mas abrem mais abertura para erros. Comandos como os da UEM, que trazem vários direcionamentos ao candidato, deixam mais claro o que está sendo exigido e auxiliam você no planejamento do seu texto. Procure conhecer a estrutura do comando de cada prova e leia-o atentamente antes de planejar sua redação!
5. Leia os textos de apoio
Tão importantes quanto o comando são os textos de apoio. Eles estão ali por um motivo óbvio: fornecer uma base de informações sobre o tema da prova. Sabendo como lê-los, eles podem ser de grande ajuda, ainda mais quando você sabe pouco a respeito da temática. O vestibular da UEM, por exemplo, já cobrou dos candidatos a escrita sobre rios voadores, tema pouco discutido na grande mídia, tendo os textos de apoio contribuído em muito para as redações dos candidatos. Leia os textos de apoio e selecione informações relevantes, que podem ser incorporadas à sua produção. Mas fique atento: nada de cópias nem de ficar preso apenas às informações fornecidas.
6. Leia textos literários - assim como outras artes
Literatura, como toda forma de arte (erudita ou popular), é fundamental para a formação dos sujeitos. Provavelmente você deve ver os textos literários como os melhores exemplos de "boa escrita", mas essa dica não trata disso. A literatura é uma expressão artística por meio da palavra, portanto, tende a usar o texto de forma criativa, repleto de figuras de linguagem e de palavras, como metáforas, metonímias, hipérboles, rimas etc. Ler, compreender e interpretar um texto literário exige muito de nós, o que 1. exercita nossa capacidade enquanto leitores e 2. nos coloca diante de usos diferentes e variados da escrita, que podem vir a ser úteis no processo de produção de um texto. Outras expressões artísticas também devem estar presentes no nosso dia-a-dia de leitor, junto da literatura, para ampliar nosso repertório cultural - seja visando aplicá-lo à escrita ou não.
7. Leia toda a prova antes de começar a escrever
Essa dica serve não apenas para a facção da redação, mas para a realização da prova como um todo. Sabe aquela questão que você fica em dúvida na resposta e, quando desiste e pula para a próxima questão, pimba, a questão seguinte lhe ajuda a resolver a anterior? Ler toda a prova - do comando de redação até as últimas questões - é essencial. No geral, facilita na escolha daquelas questões as quais você tem maior segurança para responder, evitando perder tempo e esforço. Afinal, a frustração de não conseguir responder uma questão pode te levar a se confundir na resposta daquelas que você tinha certeza. Já sobre a redação, questões de outras áreas da ciência podem trazer informações interessantes para o seu texto, como uma citação a servir de argumento de autoridade, por exemplo.
MEMOREX: Acostumados como estamos com as redes sociais, ler textos científicos e informativos permite que você tenha contato com a linguagem formal, mas cuidado, é preciso selecionar bem as fontes. Em dia de prova, fazer a leitura do textos de apoio e do comando atentamente é essencial. Muitas informações que estão ali vão ajudar na hora de planejar o seu texto. No dia-a-dia, não se esquecer de que leitura não diz respeito apenas às palavras, mas a todo o mundo que nos cerca, de uma placa de trânsito a um anúncio publicitário, de um revirar de olhos a uma obra de arte - inclusive, a literatura.
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escrivinhando-blog1 · 8 years ago
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TIPOLOGIA OU GÊNERO? O PRIMEIRO PASSO PARA COMEÇAR A ESCREVER
Imagine esta situação: você está na quinta série e sua professora de Língua Portuguesa coloca no quadro "OS ELEMENTOS DA NARRATIVA". Todo mundo já passou por essa experiência. Mas a qual narrativa ela se referia? Um conto? Uma crônica? Um romance?
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Uma das principais confusões que se faz é entre tipologia textual e gênero textual. No Brasil, o ensino de Língua Portuguesa está focado nos gêneros desde 1997, tanto que a maioria das provas de vestibular pelo país cobra dos candidatos a escrita desses. Ainda assim, algumas instituições ainda solicitam a produção de tipologias. Por isso é importante saber - de uma vez por todas - a diferença entre tipologia e gênero.
A tipologia ou tipo  textual é o que chamamos de "sequência linguística". Em outras palavras, você produz uma sequência de palavras e frases com características em comum, como uma classe de palavras predominante, por exemplo. As tipologias são variadas, mas as principais são:
a narração;
a dissertação (ou exposição);
a argumentação;
a descrição;
a injunção (instrução ou ordenação).
Por serem sequências linguísticas, as características da tipologia estão restritas à língua, às palavras e aos sentidos delas no texto. A narração, por exemplo, é a sequência linguística que conta uma história e o ato de contar uma história exige que utilizemos, sobretudo, os verbos. Usamos a narração em textos escritos, como um romance ou um conto de fadas, mas também em textos orais, como em uma conversa onde narramos nosso fim de semana a um colega.
Seja em um romance, seja em uma conversa, quando vamos contar uma história, não nos limitamos apenas aos fatos, correto? Costumamos descrever os personagens e o espaço ao mesmo tempo em que narramos as ações. Assim, utilizamos outra tipologia, a descritiva, que consiste em apresentar quais são as características de determinado elemento, caracterizada pelo uso de adjetivos. A combinação dessas duas tipologias é que constrói a história que estamos contando.
O gênero textual é uma estrutura complexa, com uma série de características específicas como o estilo de linguagem, elementos estruturais e condições em que geralmente essas estruturas são produzidas. Tudo aquilo que dizemos ou escrevemos na sociedade é feito a partir de um gênero: quando enviamos a alguém um e-mail, trata-se de um gênero; um bate-papo com amigos é um gênero; até mesmo um comentário em uma publicação de Facebook é um gênero!
Os gêneros são infinitos, eles surgem de acordo com a nossa necessidade de interagir com o outro utilizando a linguagem. Existem aqueles gêneros cotidianos, que não precisamos estudar para conseguir produzi-los, como um bate-papo, uma conversa pelo WhatsApp, uma entrevista de emprego, um comentário no Facebook. Outros são mais complexos, como os literários (o poema, o romance, a crônica), os jornalísticos (notícia, reportagem, artigo de opinião), os jurídicos (projeto de lei, constituição, norma jurídica), os religiosos (oração, sermão).
Todo gênero atende às seguintes características:
Contexto de produção;
Estrutura composicional;
Estilo linguístico.
O contexto de produção são os elementos sociais que definem os gêneros. Quem produz, para quem produz, com que finalidade, onde é produzido, em que lugar da sociedade circula e quais os temas possíveis de serem abordados naquele gênero. Esse contexto varia de gênero para gênero e é muito importante para a sua produção.
A estrutura composicional  diz respeito a organização textual ou linguística do gênero. Lembra-se das tipologias? É aqui que elas entram. Você pode descrever um objeto agora mesmo, mas essa descrição terá que finalidade? Para quem será produzida? Onde ela circulará? Por outro lado, se você optar por produzir um cardápio, saberemos que você estará ligado ao meio culinário, descrevendo pratos para clientes, com o objetivo de informá-los sobre o que será servido em determinado estabelecimento. 
As tipologias textuais compõem a estrutura do gênero! Um conto de fadas, por exemplo, deve ter sequências narrativas e descritivas. Mas não só isso: sua extensão é muito menor do que um romance e seus personagens são fantásticos. Esses elementos, junto das tipologias, determinam a estrutura do gênero, como ele será construído e organizado e cada gênero requer o domínio de certas tipologias.
O estilo linguístico trata das características linguísticas do texto e também está ligado às tipologias. O nível de formalidade que você utiliza ao enviar uma mensagem pelo direct do Instagram é a mesma que um político usa para discursar em um comício? As escolhas de palavras que o político faz é a mesma que as utilizada pelo poeta? Cada situação, cada contexto, portanto, cada gênero exige um estilo de linguagem próprio e diferenciado.
MEMOREX:  Os tipos textuais são trechos com características linguísticas específicas mas descontextualizadas. Quando combinamos essas sequências linguísticas, dentro de um contexto de produção, organizadas em uma estrutura e com um estilo particular de linguagem, estamos produzindo um gênero. As tipologias variam entre 5 a 9, de acordo com os estudiosos, enquanto os gêneros são infinitos: eles surgem, transformam-se (como a carta inspirou o e-mail, como o diário inspirou o blog, como o blog inspirou os canais de youtubers) e, em alguns casos, podem até desaparecer - ou você ainda manda telegrama?
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