estrelasemsaturno - Tumblr blog

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você apareceu de repente, que nem mágica. com a coragem de um cavalheiro me pediu a minha graça na frente dos meus pais. me entendeu, me consolou, me respeitou, chorou comigo, riu comigo, fez planos comigo, me deu valor, me presenteou, me segurou, me fez olhar pra o futuro no lugar do passado. você era um princípe, era mesmo. o príncipe sobre o qual a branca de neve cantou, o príncipe que minha família sempre quis pra mim. e eu voei nas alturas me sentindo amada assim, até cair na realidade; eu não posso viver um conto de fadas. você não falhou comigo um segundo, mas eu sabia que falharia com você a cada minuto. eu não sou uma princesa, e talvez nunca seja. a verdade é que eu ainda tô descobrindo quem eu sou, no momento talvez eu seja aquela vilã com um arco de redenção que nunca consegue o que sonhou, mas consegue algo melhor. e você merece uma princesa de verdade. espero que você tenha percebido que eu não era tão perfeita assim, todo mundo acha isso até sentir os efeitos do desastre natural dentro de mim.

acho que estar sozinha combina comigo.

- n.h.

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fica mais fácil com o tempo, melhora a cada dia. nenhum sofrimento dura pra sempre. sempre dizem essas coisas sobre corações partidos, e eu acredito que seja verdade. só que não pra você. não pra as coisas que a gente deveria ter vivido.

faz dois anos que eu sofri minha primeira morte por mil cortes, que eu tive que te deixar ir e chorei que nem um bebê no seu colo - e eu não parei de chorar desde então.

eu já escrevi textos, poemas e músicas sobre, já contei pra a psicóloga, o psiquiatra, todos os meus amigos, pessoas que eu só vi uma vez na vida e até os meus pais. eu já fiz desenhos, coreografias e se brincar um dia chego a bordar numa camisa, mas nada parece funcionar

porque em dez de dois sonhos meus, eu te vejo e tento fazer o que eu sempre quis, e em metade dos meus pensamentos, divagações, fantasias e devaneios, você aparece. eu me imagino voltando no tempo e refazendo tudo, outrora no futuro te pedindo pra tentar outra vez. em dias mais loucos chego a pensar que até no presente eu bateria na sua porta pra te beijar.

pra mim não acho que exista ainda sensação pior do que pensar no amor que eu deixei escapar, e sempre vai existir uma música nova que me faz sentir tudo de novo. por isso eu tenho quase que certeza de que eu nunca vou parar de te querer e de te amar, não importa que catástrofe ou metamorfose aconteça. eu posso até dizer que você tá diferente demais, mas a verdade é que eu me apaixonaria por qualquer versão sua. e agora que até o fio vermelho me diz que não é pra ser?

podia ser em outra vida, outro universo, nessa realidade, numa máquina do tempo, no acaso, no destino; eu só queria que alguma coisa, qualquer coisa, me permitisse te perguntar: quer descobrir o que existe do outro lado de um buraco negro comigo?

- n.h.

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hoje é um dia estranho. de primeira a gente nunca percebe, né? chega a ser cômico, a nossa ingenuidade a cada vez que abrimos os olhos e pensamos "nada demais vai acontecer".

eu só me dei conta quando, logo depois do almoço, senti que poderia comer o reboco das paredes de tanta fome. não cheguei a provar o reboco propriamente dito, mas belisquei e lanchei tantas vezes que perdi a conta.

isso não é fome, é tédio - pensei. vou ler aquele livro - pensei. vou assistir algum filme. pesquisar sobre algo. dançar mais. fazer uma coreografia só minha, escrever mais uma musica. não, não, espera. quero fazer outra coisa; e se eu faxinar a casa? aprender a costurar? não, que doido. preciso conversar com alguém — na verdade, deixa pra lá. quero mesmo é sair correndo no meio da rua, sem menos nem mais. sei lá porquê.

é louco pensar que a gente se acha livre até perceber que não, não podemos sair correndo no meio da rua só porque deu vontade. temos coisas pra fazer, responsabilidades e tudo o mais. o mundo que nós construimos me parece mais estranhamente surpreendente a cada dia, e penso que isso é bom. mas não sei com certeza. saber também me intriga.

eu sei muito sobre sociologia, filosofia, e tenho evidências de ser emocionalmente inteligente - mas às vezes eu não digo bom dia, boa noite, de nada, boa tarde e obrigada, e eu simplesmente não sei o porquê. eu sei que bebês e cachorrinhos me adoram, mas às vezes eu assusto alguns gatos e também não sei o porquê.

as pessoas olham muito pra mim quando saio na rua, - eu acho. pode ser meu cabelo? o jeito que ando? minhas roupas? meu rosto? ou será o fato de que eu gosto de andar no meio-fio? de repente, não tem nem ninguém olhando. às vezes eu sinto que não posso mais confiar em como eu lembro das coisas, e a sensação é de perda pura mesmo; parece que tô perdendo um amigo, um objeto importante, um ente querido. começo a sentir que estou caindo, porque talvez isso signifique que eventualmente, posso me perder de mim mesma. só que aí tem vezes em que eu me lembro de detalhes vívidos demais pra dizer que sou uma pessoa esquecida das idéias, ruim de memória.

às vezes eu gosto de pensar que eu sei de alguma coisa, pra dormir melhor á noite. mas toda manhã o sol me prova que não sei coisa alguma, e isso é bom. deixo aqui minha saudação às possibilidades de cada dia.

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então, deixa eu te contar sobre ele?

ele é que nem um diamante bruto, um rubi antes de ser lapidado. eu vejo a beleza de uma super nova dentro dele e no dia em que ele ver também, ele vai ser a explosão espacial mais bonita que existe.

quando ele sorri pra mim, uma flor desabrocha no meu coração.

quando ele chega, balões e confetes cintilantes enfeitam as minhas costelas.

tem um ímã nele que me faz querer que todo segundo com ele seja infinito, e quando a lorde disse "eu senti imãs derretendo, amor", ela tava falando da gente toda vez que a gente se olha.

beijar ele me parece instinto natural, tão automático e inevitável quanto respirar.

e ele me segura como a coisa mais preciosa do mundo, como se eu fosse mais única e rara do que neve no deserto.

quando tô com ele, eu sinto que eu posso ser mil coisas dentro de uma só; um anjo, um demônio, o inferno, o céu, uma deusa, um animal, uma moça bela e gentil como kore e ao mesmo tempo devastadora e irresistível como perséfone.

quando ele olha pra mim, eu vejo um espelho porque sei que é exatamente desse jeito que eu olho pra ele também.

eu só queria que ele quisesse estar aqui. que ele vivesse e amasse viver, que ele desejasse a vida tanto quanto ele me deseja. mas isso não é algo que eu possa fazer por ele, muito menos o convencer - ele me supera quando o assunto é ser teimoso.

o gosto, o cheiro e o toque dele são sem dúvidas um pedaço do céu na terra, mas eu iria para o inferno sem pensar duas vezes se fosse pra estar com ele pra sempre.

ele faz a morte de boba. ele me leva ao céu e me mostra todas as estrelas.

- n.h.

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I miss you

sinto sua falta, amor. sinto falta de dançar com você mais do que tudo.

eu ainda te vejo todo dia, mas eu sinto sua falta. sinto falta do que já passou: de encaixar meu rosto no seu pescoço enquanto você me abraçava mais forte, de sentar no seu colo e me sentir protegida de tudo. sinto falta de te roubar selinhos e dizer que não significava nada pra mim - mentindo bem na sua cara, e você também. sinto falta do meu coração acelerando toda vez que a gente entrelaçava os dedos e de sentir sua respiração bem de pertinho quando a gente encostava nossos rostos um no outro. sinto falta de te encarar de perto até você me pedir pra virar o rosto pra resistir à vontade de me beijar. de sentir a sua mão na minha coxa e respirar fundo juntando todas as forças em mim pra não jogar tudo pra o alto e te beijar bem ali. sinto falta da gente flertando e se encarando até uma de nós começar a rir, ou sorrir um sorriso que dizia o inefável. sinto falta daquele dia que você sussurrou no meu ouvido, me levantou e beijou meu pescoço, depois de eu ter te provocado o dia todo, e eu demorei pra admitir pra mim mesma que você me fez arrepiar mesmo eu não sendo do tipo que se arrepia. sinto falta de tudo isso, mesmo que me fizesse sofrer muito.

eu sinto falta, também, do que nunca aconteceu. descobri que isso era possível só depois de você.

sinto falta de te chamar de amor. de te beijar, de verdade, mais de uma vez. do gosto da sua boca. sinto falta do dia que eu decidi te escolher, te levei pra passear e a gente descobriu o que existia do outro lado de um buraco negro. sinto falta do seu anel no meu dedo, e do jeito que você me apresentava como sua namorada. de quando eu era sua, só sua, e suas mãos corriam pelo meu corpo como se você quisesse provar esse fato. sinto falta de dormir nos seus braços, depois de um beijo de boa noite. dos seus toques incendiando minha pele e minhas unhas marcando a sua. sinto falta de você beijando meu rosto coberto de lágrimas e me fazendo cócegas pra me distrair. de cantar enquanto você tocava aquela música do elvis que você fez ser ainda mais especial pra mim. de assistir documentários, filmes antigos, desenhos animados e vines com você, e de deitar no seu colo vendo você jogar qualquer video game que estivesse mais viciada no momento - normalmente pokémon fire red. sinto falta de dizer eu te amo com todos os significados pesando em todos os fonemas, e de ouvir o mesmo de volta na sua voz perfeita.

sinto falta de você, amor, como canta Lana Del Rey, como eu canto no silêncio da noite. e acho que você sente também.

- n.h.w.

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saudade

é o porta-retrato numa prateleira lilás no meu quarto com aquela foto de 2014.

é quando eu sinto o cheiro do perfume de quem tá a quilômetros de distância.

é o colar de corda preta com um pingente rosa quartzo na estante.

é a casa onde eu não lembro de ter entrado pela primeira vez de tão pequena que era na época.

é aquela semana de julho em que eu morei em outra casa.

é a rotina do trabalho de quem eu esperava chegar do trabalho pra poder ir dormir.

é o coração apertado que sai pelo meu portão todos os dias pra trabalhar.

é o cabelo grisalho de quem não tá mais aqui.

é o ano de 2016.

é ter grupos no celular cheios de mensagens com referências que só a gente entenderia.

é ter segunda casa no lugar em que eu passo meses sem ir.

é ter episódio novo daquela série que mudou minha vida.

é o sentimento que, em meio a tantos outros, abunda no meu coração

de segunda a sexta - com exceção dos sábados - e ás vezes domingo

toda segunda-feira e ocasionalmente sextas

todo santo dia,

alguns por meses

anos

outros pra sempre.

-n.h.

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sonhos que são realidade

ontem eu sonhei que um estupro acontecia. era escuro, tarde e frio. uma mulher cansada voltava para casa de táxi. alguns quilômetros antes de chegar, ele desvia o carro e para numa rua deserta. a mulher não sabe o que fazer - aquilo nunca havia acontecido com ela antes. naquele momento, eu era ela, e ela era eu. ela era loira e parecia ter uns trinta e poucos anos. ela era casada e tinha uma filhinha esperando em casa. éramos muito diferentes e até ali eu me sentia uma mera espectadora, assustada, mas distante. e a partir dali, por alguma razão, eu sentia tudo o que ela sentia. tudo mesmo. ela estava confusa e desesperada. ela tentava gritar mas não conseguia sequer respirar. ela pensava na filha e na família. ela sentia como se estivesse sendo submergida por um mar agitado e violento, sem ter a mínima ideia de como nadar ou manter a cabeça acima da água. ela só se debatia e tentava achar qualquer fôlego que a permitisse gritar por socorro em baixo d'água, mas algo a puxava com força pra mais e mais fundo. em certo ponto ela não conseguia mais controlar seus movimentos, estava sendo levada pela correnteza. não conseguia, muito menos, ver nada além de borrões e vultos nítidos o suficiente para lhe aterrorizarem por anos e anos. e aí o mar cuspiu ela pra fora, na areia gelada. ela saiu do carro e ele foi embora, sem mais nem menos. a situação envolvendo o mar agitado era meramente figurativa e metafórica, mas ela sentia como se o que tivesse acabado de acontecer a tivesse enxarcado da cabeça aos pés com vergonha, medo e agonia. e estava em suas roupas, seus sapatos, seus cabelos; sua alma. eu voltei a ser espectadora impotente enquanto a via chorar sentada no chão, sem forças pra se mover. ela passou muito tempo ali, não sei quanto. mas sei que, mais tarde, alguém que ela conhecia a encontrou e a levou pra casa. o sonho acabou ali, mas eu passei o dia todo pensando em como aquilo tinha sido horrível. e eu não conseguia parar de pensar em tudo aquilo nem por um segundo sequer. era sufocante.

hoje eu sonhei que andava por uma rua escura no meu caminho pra casa. não havia ninguém nas calçadas, nem algum veículo passando, e havia muito medo em mim. lembro de ver uma garota de cabelo cacheado e longo andando em outra rua calmamente, como se nada temesse, e desejei ter a coragem dela. na descida que levava ao portão da minha casa, havia uma praça muito pequena que não estava lá normalmente. dois homens e uma mulher estavam lá, conversando alto sobre algo ao lado de um veículo antigo estacionado. apertei o passo quando percebi que um dos homens, branco, alto e barbudo carregava uma arma. depois eu tive que correr quando percebi que os dois homens estavam brigando - bem, um deles estava. o que carregava a arma gritava no rosto do outro homem, que parecia tão assustado quanto eu. eu senti seu medo ao passar por ele, e quis, por um segundo, fazer algo para impedir o que aconteceria a seguir, mas meus instintos de sobrevivência foram mais fortes. eu consegui passar do portão de entrada, mas, antes que passasse pela grade do terraço, olhei pra trás e vi um homem ser morto. o homem assustado pelo qual eu havia passado. ele era negro e tinha seus quarenta e poucos anos. e eu o vi levar um tiro.pessoas saíram de suas casas para tentar ajudar. senti lágrimas escorrerem pelo meu rosto enquanto balançava a grade e gritava pra que minha mãe viesse abrir a fechadura. entre soluços eu tentava dizer que havia acabado de ver um homem morrer. eu não o conhecia, mas a dor era de perder alguém próximo. porque era. ele estava bem na frente da minha casa. ele morreu na rua pela qual eu passava todos os dias. entrei em casa sem entender porque meus pais não demonstravam reação. eles não estavam calmos ou felizes, mas pareciam estar evitando se comoverem ou sentirem qualquer medo. eu continuava repetindo, como se quisesse que eles entendessem a gravidade do acontecido. "eu vi um homem ser morto. eu vi um homem atirar em outro. eu vi um homem morrer, mãe."

comecei a sentir que aquilo não era algo que eu deveria estar falando tão alto. como se aquilo acontecesse com frequência e que, se eu me sentisse intimidada, alguém viria atrás de mim, dizendo que não era da minha conta. essa parte não fez sentido pra mim, mas parecia fazer para os meus pais.

percebi que não foram só sonhos. eu simplesmente vi algo que acontece todos os dias. mulheres são estupradas em todos os lugares, escuros e frios ou não. pessoas são assassinadas brutalmente em todos os lugares do mundo, a cada minuto que se passa. eu nunca vi nada disso de perto, mas acabei fazendo mais que isso. experienciei e senti um medo extremo, em sonhos - pesadelos - que são, sim, reais, pra muita gente.

tenho chorado dores que não são minhas, mas que me afetam. porque dói saber que é real.

-n.h.

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soulmate -

ou alma gêmea, mas só porque soulmate é mais bonito de falar -

escrevem sobre, cantam sobre

dizem que cada um tem a sua

tem uns que não acreditam

outros se perguntam o que, de verdade, é uma alma gêmea

na verdade é um conceito tão abstrato que chega a ser piegas

o tipo de coisa que só românticos incuráveis saem procurando

mas eu não posso fazer nada se eu acabei achando a minha, e, veja bem -

almas gêmeas não tem nada de gêmeas.

almas gêmeas não se parecem e não pensam nem sentem da mesma forma.

isso aí não existe.

nós não somos almas gêmeas

porque eu me encaixo perfeitamente dentro do seu abraço

ou porque nossos beijos são como fogos de artíficio

nem porque entendemos um ao outro nos momentos mais confusos

nem porque pensamos do mesmo jeito e temos opiniões que se completam

muito menos porque temos os mesmo gostos e desgostos

mas é porque

você ama organização, e eu sou uma bagunça

você planeja, pensa, repensa

eu sinto e sigo o impulso em cima da hora

você é "como vai ser"

eu sou "lá a gente vê"

você é "e se..."

eu sou "a gente dá um jeito"

você é melodia agitada, daquelas que se canta alto no chuveiro e se dança sozinho na sala

eu sou letra complexa, acompanhada de ritmo fluido, daquelas que embalam noites estreladas e manhãs chuvosas

você é passarinho que acorda junto com o sol, cantando feliz na luz da manhã

eu sou coruja dos olhos cheios de energia em plena noite

eu sou coração maleável, do choro fácil,

que se entrega às emoções sem pensar duas vezes e se deixa ser intensidade

você é coração da batida estável, resistente, que sente sem se descontrolar, sem quebrar, sem causar danos do lado de fora

você tem o seu tempo pra se ajustar, a sua hora certa e paciente

eu tenho a coragem do agora, faço do tempo meu mero espectador

você ás vezes pensa demais

eu às vezes sinto demais

e eu que sempre soube, meu bem -

tu é a cabeça e eu o coração

e o que importa

é que você arruma minha bagunça

eu te desorganizo um pouquinho

você me ensina a pensar um pouco mais antes de agir

eu te ensino a deixar o coração guiar de vez em quando

você me faz dançar e cantar alto

eu te faço parar pra ouvir as letras que precisam de atenção

eu te mantenho acordado mais um pouco pra ver as estrelas

você me lembra de não dormir tão tarde pra ver o sol do dia seguinte

eu amoleço seu coração e você contém o caos do meu

você me ensina a ter paciência

eu te ajudo a quebrar as barreiras com o tempo

a gente não se completa porque não somos metades,

somos inteiros extremos

que precisam um do outro

pra transbordar

e no final de tudo

eu te amo

você me ama

e isso faz com que a gente seja

"almas gêmeas"

- n.h.

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he

ele soa como uma chuva amena de verão,

e tem cheiro de uma floresta ao amanhecer;

eu olho pra ele e vejo uma pintura rara demais pra ser pendurada em paredes de museus.

dentro dos olhos dele existe uma galáxia em tons castanhos de onde eu posso enxergar claramente os anéis de saturno;

no abraço dele existe um céu com raios quentes de sol passando suavemente por entre as nuvens onde eu poderia passar uma eternidade;

no beijo dele existe um oceano calmo e paciente, verde-água-escuro, onde eu me afogo enquanto, ao mesmo tempo, consigo respirar perfeitamente;

a respiração dele soa como uma sinfonia que foi orquestrada perfeitamente pra os meus ouvidos;

ele tem gosto de kiwi, água de côco e sorvete de menta com chocolate, e é a melhor combinação que já provei;

ele é azul esverdeado e laranja-amarelo, da cor do nascer do sol -

- desculpe, qual era a pergunta mesmo?

- pedi pra descrever seu lugar favorito no mundo todo.

-n.h.

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guerra

acordar todo dia com uma razão é lutar e vencer a vontade de ficar na cama anestesiado.

levantar e ir até onde você precisa ir é lutar contra a sensação de que o caminho é longo demais pra continuar andando.

olhar no espelho é lutar contra todas as vozes que odeiam o que os seus olhos vêem.

completar tarefas é lutar contra o pensamento de que você não é bom em nada que faz.

dormir bem é lutar contra todo pensamento que te mantém acordado em agonia.

cuidar de alguém é lutar contra a sensação de que você machuca tudo que toca.

pedir ajuda é lutar contra a sensação de que você é um peso e tudo seria melhor sem você.

sorrir é lutar contra as lágrimas que imploram para escorrerem pelo seu rosto.

escrever é lutar contra os pensamentos que fazem sua mente ficar cansada.

viver é lutar contra apenas sobreviver.

continuar vivo é lutar contra desistir.

a vida é uma guerra e todo dia é uma batalha –

se você vence ou não, não é o que importa de verdade;

o que importa é que você sempre continue lutando.

-n.h.

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ar

amor de verdade não tira seu fôlego.

amor de verdade é o que vem quando você está implorando por ar e seus pulmões doem

e com um pequeno,

gentil toque

te liberta

e te faz respirar mais profundamente do que nunca

e cada momento em que você esteve esperando, sem ar

por esse amor

vale á pena -

amor de verdade te faz respirar de novo.

-n.h.

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não é amor se você passa noites e noites chorando.

não é amor se você não consegue se reconhecer mais.

não é amor se ele te faz se sentir insuficiente.

não é amor se ele te faz se sentir desconfortável na sua própria pele.

não é amor se tem obsessão (duas palavras que nunca darão certo juntas).

não é amor se você deixa de viver por você para viver única e exclusivamente para ele.

não é amor, pequena, se te faz ter vontade de sumir.

amor é quando a pessoa te aceita do jeito que tu é e acolhe cada caco, cada pedaço como se fosse a coisa mais preciosa do mundo. amor é quando a pessoa te ajuda a melhorar a cada dia e te entende pelo olhar, afinal a conexão de vocês já é coisa de alma. amor é quando tu sabe que pode ligar as 4h da manhã, mesmo sabendo que ele acorda às seis porque está com medo e ele é a única pessoa capaz de te fazer se sentir segura. amor é quando é cais em meio a furacão, quando é socorro em meio a um naufrágio, é refúgio em dias perigosos. pode haver dor em algum momento, pode haver lágrimas, pode haver dias em que seu cais acaba cedendo. mas se o abrigo se torna o perigo, tu sabe, pequena.

é hora de partir.

Ana Flávia Castro.

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tempo

essa semana eu pintei as minhas unhas da mesma cor dos seus olhos. eu não sei porque pensei nisso, muito menos o que eu deveria achar eu só sei que eu revisitei aquele lugar no finalzinho daquela lista longa aquela caixa cheia de duzentas e poucas memórias e pecinhas que eu tinha tanto medo de abrir e eu não posso dizer que meu medo era irracional porque eu abri a caixa e eu analisei cada pedacinho contido nela e doeu só um pouco, lá no fundo o tipo de dor de quando uma cicatriz começa a se formar não de uma ferida - porque a verdade é que eu decidi que essa dor não me machucaria mais muito tempo atrás e dizem que o tempo é que faz essas coisas o tempo cura e coloca tudo no lugar bem, eu digo que isso é besteira o tempo nunca fez nada por mim tempo é só o que vai passando enquanto eu me recupero me abraço, me cuido e me reconstruo pedacinho por pedacinho - mais de duzentos deles, agora. eu digo que o tempo é superestimado eu bato no peito e digo que não trabalhei todos os dias me convencendo de que estava melhor sem você afastando as lembranças negando as dúvidas e esmagando a saudade revisitando cada memória dolorosa até que nada doesse mais para no final dizer que "foi o tempo" não aceito e não admito que um mero conceito físico leve o crédito por tudo o que eu fiz pela minha vitória pelo meu momento pela fênix que renasceu das cinzas porque eu tenho levado um dia de cada vez mas não conto nenhum deles esperando que chegue o dia o milagroso dia em que eu não sinta mais nada. então eu vou continuar pintando minhas unhas da cor dos seus olhos e pensando "olha só, não é que é uma cor muito bonita" vou continuar mudando o significado de cada pedacinho daquela caixinha e sentindo a cicatriz se fechar de uma vez e o tempo que isso vai levar pouco me importa pode ser amanhã, ou pode muito bem ser mês que vem o que importa é que o tempo passou por mim enquanto eu tomava o controle de tudo nas mãos e era a minha própria curandeira eles dizem "só o tempo dirá" "espere só para ver" "com o tempo tudo se resolve" - não. com o tempo, não. eu vou resolver, eu vou dizer a palavra final porque esse tempo é meu. -n.h.

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o suficiente

o reflexo no espelho os números na conta as notas no boletim a arte no papel a satisfação em si mesmo as risadas dos amigos as palavras escritas os trabalhos, os esforços em toda a nossa vida, sempre haverá algo que não é o suficiente. pode ser o amor de alguém ou o nosso amor próprio pode ser a nossa vontade ou o reconhecimento alheio a arte que fazemos ou quem a aprecia os méritos que se alcançam ou a falta de celebração por eles a beleza que se tem ou a relatividade dela e o paradoxo se forma quando nunca conseguimos balancear tudo quando uma coisa vem ao custo de outra quando a beleza vem á custa dos nossos sorrisos os méritos altos á custa da nossa saúde mental a arte bem trabalhada á custa das noites de sono o bem estar de quem nós amamos á custa do nosso próprio bem o sucesso á custa da nossa vontade de viver, de continuar o amor de outro á custa de danos permanentes em nossos corações porque, veja bem, eu li que não se pode colocar vontades de outros na frente das suas e chamar tal ato de amar e tenho certeza de que também não se pode perder sua mente, alma e seu coração para conseguir algo mais e chamar de conquista por favor, por favor, por favor pare para pensar se vale á pena, se é o certo não pra os outros, pra você não é errado se amar primeiro não é errado cuidar de si mesmo não é errado querer estar bem antes de querer qualquer outra coisa por favor, por favor, por favor celebre suas pequenas vitórias e veja elas se tornarem magníficas mas também não deixe de florescer de crescer, de sonhar não sacrifique o seu direito de ser feliz nem sua cara amassada depois de um bom cochilo ou sua satisfação depois de comer seu prato favorito porque não vale á pena por favor, por favor, por favor me prometa que todos os dias, vai dizer pra si mesmo a verdade e apenas a verdade: que você é lindo; que você é importante; que você está fazendo a diferença; que você é inteligente; que você é um ser humano e que tudo bem errar; que você é forte; que tudo passa; que você merece ser amado; que você é amado; que você está tentando o seu melhor; que você, apesar de tudo que não é é o suficiente. -n.h.

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O céu á noite

é tão infinitamente enorme tão profundo tão cheio e vazio ao mesmo tempo de estrelas, da lua, do escuro. as constelações que eu procuro interligar com a minha visão limitada e a beleza que me deixa boquiaberta sem perceber as pequenas luzes que iluminam minha vida toda a lua para quem eu confesso os meus segredos a escuridão em que eu me perco e me acho de novo a sensação de ser pequena, tão pequena nesse vasto universo que faz o resto parecer ridículamente minúsculo que eu faço de tudo pra ver que eu noto cada detalhe que nunca vou esquecer e os olhos que me fitam de volta as mãos que estão sempre lá a cabeça que descansa no meu ombro a força pra me levantar são todos um céu cheio de estrelas á noite que eu não consigo alcançar as constelações no teu rosto brilham mais do que aquela que você me mostrou no céu tu é a imensidão da noite e eu sou só um observador de estrelas que não cansa de olhar -n.h.

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17 de Fevereiro

Foi diferente. Antes desse dia, a única definição de estar apaixonada que eu conhecia era um mar imenso, incrível e assustadoramente profundo no qual eu mergulhava de uma vez só, sentia o impacto da água no meu corpo e me deixava submergir por completo. Algo avassalador, desesperante, intenso, enorme. Mas não dessa vez.

Dessa vez eu estava na chuva. Os pingos gélidos caíam aos poucos do céu, devagar. O tipo de chuva em que se dança e se canta, que lava a alma. E eu consigo sentir a chuva aumentando gradativamente, as gotas começando a fazer barulho ao encontro do chão. E eu consigo prever uma chuva torrencial caindo mais tarde, enxarcando meus sapatos. O tipo de chuva da qual as pessoas correm, mas que eu gosto de sentir. O tipo calmo, etéreo, com cheiro de lar e sorriso completo. O fato de me apaixonar deixou de ser um choque e agora é uma sensação quente e reconfortante no peito.

Porque flores afundam no mar

Mas na chuva, crescem.

-n.h.