fabianavgds - Tumblr blog

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Por quanto tempo você aguenta essa dor?

Hoje, faz um ano que eu perdi uma das pessoas que eu mais amava na minha vida e até hoje, eu não consegui me recuperar dessa grande dor. Foi tudo tão rápido! Em menos de 24h ela foi internada e morreu. Até hoje eu sinto como se ela tivesse sido roubada de nós, até hoje, eu espero ela retornar do trabalho, mesmo racionalmente sabendo que isso jamais acontecerá. Tem dias que são mais "fáceis" aguentar essa dor, mas tem dias que a dor vem com tanto peso e força que me derruba, como hoje. Por isso, comecei esse texto com esse questionamento, acho que a grande questão que rodeia as pessoas enlutadas é exatamente essa, por quanto tempo eu consigo suportar essa dor? Há pessoas que não suportam e desistem de viver, há outras, como eu, que não possuem essa grande coragem e simplesmente seguem a vida. Durante esse tempo, eu aprendi que há pessoas que nos dão vontade de viver/continuar e que são essenciais pra nossa existência e sem elas, a vida perde a alegria e o sabor. Definitivamente, precisamos descobrir quem são essas pessoas, porque perdê-las pode nos fazer querer desistir de viver. Minha tia "Diléia" com toda certeza era essa pessoa na minha vida, ela preenchia a minha vida de tanta alegria, palavrões, risadas altas, afeto, amor e carinho. Ela nunca foi uma pessoa silenciosa e quando ela chegava do trabalho, todos nós que moramos nesse quintal sabíamos que ela havia chegado, porque ela preenchia esse quintal com a sua alta voz. Talvez, por isso, o seu silêncio hoje é tão estridente e escandaloso, não há quem entre aqui ou quem nos veja que não diga: a Ediléia morreu. É tão claro e manifesto que você não está mais aqui e isso é o que mais me dói, o fato de você ter ido sem ao menos me dar a chance de dizer "adeus". Acho que só descobrimos de fato o espaço que cada pessoa ocupa em nossa coração quando as perdemos, eu não tinha dimensão do que a sua perda causaria na minha vida. Na real, desde o dia 07.05.2023, eu tô sobrevivendo e carregando essa tristeza do tamanho do monte Everest e que tem um peso tão grande que não sou capaz de dimensionar. O fato é que tem dias que ela pesa tanto que não consigo fazer nada a não ser chorar o dia todo e rever as fotos que tenho sua, a fim de tentar te manter vida, pelo menos em minha memória. Respondendo a pergunta que dá título a esse texto, eu não sei por quanto tempo conseguirei suportar tamanha dor. Eu só sei que parece que há uma ampulheta em cima de mim e que a areia que há dentro dela está quase descendo por completo.

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nOtAs SoBrE o VáZiO .................................................... VIVER (C.D.A) Mas era apenas isso, era isso, mais nada? Era só a batida numa porta fechada? E ninguém respondendo, nenhum gesto de abrir: era, sem fechadura, uma chave perdida? Isso, ou menos que isso uma noção de porta, o projecto de abri-la sem haver outro lado? O projecto de escuta à procura de som? O responder que oferta o dom de uma recusa? Como viver o mundo em termos de esperança? E que palavra é essa que a vida não alcança? ............................................... Decido começar esse texto com um poema escrito por Carlos Drummond de Andrade, na minha opinião, o maior poeta brasileiro. O meu questionamento sobre o vazio emerge desse poema ou se concretiza nele. Será que é só isso? Será que a esperança sempre será inalcançável? Será que a vida é um ensaio para um espetáculo que nunca acontecerá? E quando as cortinas são fechadas e as luzes se apagam? Continuamos em frente ou desistimos? Por que constantemente dizemos coisas como desistir não é uma opção, mas desistimos com frequência das coisas/pessoas? Quanto à mim, desisti de muitas coisas. Desisti de tentar preencher um vazio que eu jamais consigo preencher. Desisti, talvez, de mim mesma. Desisti de muitas pessoas e não sei se elas valem tanto a pena assim. Eu desisti, por que desistiram de mim em muitos momentos. Disseram-me que no meu coração havia um vazio do tamanho de Deus e eu fui atrás dEle da forma que eu podia. Orei, li a bíblia inteira por 4 vezes por dia, jejuei, fui aos cultos e dentro das minhas imperfeições busquei viver piedosamente. Entretanto, esse vazio continua aqui do mesmo tamanho e eu me apavoro ao pensar que, talvez, ele tenha até aumentado de tamanho. Mentiram pra mim, o meu vazio é maior que Deus e eu acredito em um Deus tão grandioso e poderoso. O meu vazio é grande demais para que eu possa suportá-lo. E isso é assustador! Tenho medo, tenho medo da vida ser apenas isso, porque se o for, eu não serei capaz de aguentá-lo. E o louco disso tudo é que a minha vida pode ser tão demasiadamente pesada pra mim que a ideia de lidar comigo mesma me faz querer por um fim nisso tudo, um fim no vazio. Perdi muitas coisas no último ano, como a vontade de fazer coisas que antes me davam prazer e, agora, já não fazem mais sentido. Talvez, esse vazio já tenha crescido tanto e ocupado um espaço tão grande dentro de mim que roubou o sentido da minha existência. Eu sou vazia, vazia demais.

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Eu nunca pensei, nunca pensei que choraria sempre que visse alguma foto sua ou que ouvir o seu nome me causaria tanta dor. Mas, agora, é assim. E todas as vezes em que escuto o seu nome, uma tristeza enorme invade o meu peito. Eu tô triste, tia. Eu tô triste, porque eu não te tenho mais aqui do meu lado. Mas, eu tô mais triste ainda por que minha vó e o meu vô não te tem mais aqui. Você não tem noção do que a dor da sua partida causou à eles. Depois que você se foi, o meu avô foi parar no hospital com pressão alta umas 4x. Bom, a minha avó perdeu aquela alegria que ela tinha e quase sempre eu a vejo sentada na cadeirinha dela, com um olhar distante e triste. E o Richard e a Gabrielle? eles estão destruídos, você era tudo o que eles tinham.

Você sabe que eu a Gabrielle nunca fomos muito próximas, parece que sempre existiu uma barreira entre nós a qual eu nunca consegui quebrar. Por isso, eu tento pelo menos fazer alguma coisa pelo Richard, quem eu tenho mais proximidade, tenho até perdoado algumas coisas dele e relevado muita coisa por você. Nós estamos cuidando do "seu bebê" pode ficar tranquila.

Tá todo mundo assim, devastado. A sua partida nos devastou completamente. E, agora, o Natal e o Ano novo estão chegando e nós só conseguimos lembrar de você. Eu não posso mensurar o quão difícil será viver esse dia. Eu te amo tanto, eu sinto tanto a sua falta. Você não morreu pra mim, você tá viva na minha memória. Eu não sei se a vida é como aquele filme "a vida é festa", mas se for, pode ter certeza que você nunca morrerá. Nós sempre falamos de você e eu vou contar aos meus filhos quem você foi, quem você é pra mim. Pra mim, você é imortal.

Todos os dias da minha vida tenho mãos certeza de que a dor da saudade é a pior dor do mundo.

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Eu não entendo a morte. Na real, eu acho ninguém a entende. Talvez, ela não queria ser entendida, porque ela não costuma nos dar muitas explicações. Como é que podemos ver uma pessoa agora e depois, de repente, ela vai embora sem sequer se despedir? A morte é irracional, não a como entendê-la. Talvez, ela não queria ser compreendida, morte não é para ser entendida, é para ser aceita. Há todo um mistério em torno da morte e por causa disso alguns pensam que existe alguma coisa além dela. Será que existe um purgatório? Será que iremos encarnar em outro corpo? Será que existe um lugar para onde os maus e bons vão? Será que isso não seria uma forma de querermos alguma justiça nessa vida tão injusta? Bom, eu não tenho essas respostas. A única coisa que sei é que não há como aceitar a morte. O luto, talvez, seja um dos sentimentos mais cruéis que existe. O luto não é linear. O luto, às vezes, pode parecer um ciclo sem fim, podemos ficar um mês inteiro sem chorar pelos nossos mortos, mas, chorar quase todos os dias nos próximos. Sentimentos são completos e a parte que não nos contam sobre o luto é que ele não passa. E é no luto que aprendemos que o tempo não cura tudo, essa talvez seja uma das maiores mentiras que existem. Eu não sei quem inventou isso, mas eu juro que minha vontade é dar um murro nessa pessoa. O tempo não cura, e, talvez, não seja o propósito dele. Temos a mania de romantizar as coisas, uma mania que vem lá da Idade Média. O tempo, no caso do luto, abre as feridas por que percebemos que o tempo vai passando e parece que a morte se torna mais real. E ela se torna mais real nos momentos em que você queria contar sobre uma notícia boa para quem se foi e percebe que a pessoa não está mais ali ou quando "do nada" você se dar conta que ela não está mais no mesmo plano que você. É, amigos, o luto e o vazio que ele deixa é doloroso demais. Acredito que o vazio que o luto deixa é proporcional ao tamanho que a pessoa ocupa na sua vida, a pessoa que perdi era gigante para mim. Ela era o meu sol ( quem assistiu "Grey's Anatomy" entendeu), mas não era o meu sol como o Derick era para Meredith, ela não queria ofuscar ninguém. Ela deixava todo mundo brilhar e brilhava como uma estrela, ela iluminava nossas vidas de uma forma tão grande que depois que ela partiu estamos num blecaute. De repente, ficou tudo tão escuro, os dias perderam a cor, o céu ficou nublado e o silêncio que costumava ser preenchido pelas suas risadas, hoje, é tão alto que chega a ser ensurdecedor. E esse silêncio gritante me anuncia a sua partida, por isso, tento de todas as formas preencher esse silêncio, a fim de não ouvir que você partiu. Quem sabe assim o tempo pode voltar e você voltar junto com ele. Queria ouvir sua voz outra vez, conversar com você sobre algumas coisas que tem acontecido e abraçar você. Entretando, isso que não consigo entender me impede e eu a odeio com todas as minhas forças. Talvez, não seja para entender, mas para aceitar. Mas como posso aceitar isso?

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ontem eu fui na tua casa

e tava tudo exatamente do mesmo jeito

talvez, você gostaria de saber disso:

- tia, tá tudo arrumadinho, não tem louça na pia, o chão tá limpo...

o sofá tava lá

aquele sofá que sentávamos para conversar

onde demos boa risadas

aquele muro que fica entre a cozinha e a sala tá lá ainda

embora, você não estava lá

eu juro que te vi, ontem, naquele sofá

você tava ali fazendo cachorro-quente pra gente

como fazia nas festas

o aniversário do Richard é mês que vem

volta pra fazer a festa dele.

ontem, eu fui na tua casa

e tá tudo do mesmo jeito

mas, eu juro que tudo mudou

mudou por que eu não ouço mais a tua risada

invadir o quintal, invadir as nossas casas

tudo mudou por que você não estava lá

e não tá tudo bem

porque você não tá aqui

e nem avisou que não voltaria

tô chateada com você

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A última dança

Eu não imaginava

eu não pensava

que seria a nossa última dança

você não acompanha mais os meus passos

você não acompanha mais os meus pés

perdemos o ritmo

você não teve paciência

foi antes mesmo da música acabar

agora, eu danço sozinha

descobri que só gostava de dançar por que era com você

descobri que só gostava de viver por que era com você

e

você se foi

e eu não sei mais como dançar

e eu não sei mais como viver

a verdade é que nunca estamos preparados para ouvir que quem amamos se foi

num domingo

do nada

de repente

ouvi a notícia que você se foi

e eu fui junto

e eu até hoje tô tentando

tentando ressignificar essa dança

a dança da vida

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EU NÃO TINHA este rosto de hoje

assim calmo, assim triste, assim magro

nem estes olhos tão vazios,

que nem se mostra.

Eu não tinha estas mãos sem força,

tão paradas e frias e mortas;

eu não tinha este coração

que nem se mostra.

Eu não dei por esta mudança,

tão simples, tão certa, tão fácil:

- Em que espelho ficou perdida

a minha face?

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NOTAS SOBRE O LUTO:

Bom, desejo começar esse texto de uma forma diferente da qual as pessoas, em suma, costumam escrever. Gostaria de iniciar me desculpando, porque, talvez, esse texto possa parecer um pouco confuso. Todavia, não é por causa de problemas de coesão e coerência, mas devido ao momento de confusão mental que tenho vivido. Por favor, tenha paciência! Eu acabei de perder uma das pessoas que mais amo e amei nessa vida, a minha tia. Então, entenda a confusão do texto como uma questão de estética.

Usei o verbo "amar" no presente do indicativo primeiro, porque é assim que me sinto. Acho que nunca iremos parar de amar às pessoas que de fato tocaram a nossa vida de alguma forma talvez, só talvez, por isso a despedida seja tão difícil. O amor não vai embora, esse sentimento tão grande e profundo tá super aqui ainda. Assim que a perdi tomei uma decisão: não vou mais amar ninguém e nunca mais me entregarei tanto para alguém assim. A conclusão que eu tirei de tudo isso é que quando amamos muito à alguém quando essa pessoa se vai não sobra nada de nós. O "nada" pode ter sido um grande exagero da minha parte, mas é inevitável não se perder um pouco quando perdemos alguém. Definitivamente, eu não sou a mesma Fabiana que eu era há 5 meses. Lembro de algumas vezes que me olhei no espelho e pensei: "o meu olhar não era assim. Será que algum diz irei voltar a ser quem eu era?".

EU NÃO TINHA este rosto de hoje

assim calmo, assim triste, assim magro

nem estes olhos tão vazios,

que nem se mostra.

Eu não tinha estas mãos sem força,

tão paradas e frias e mortas;

eu não tinha este coração

que nem se mostra.

Eu não dei por esta mudança,

tão simples, tão certa, tão fácil:

- Em que espelho ficou perdida

a minha face?

Minha vida é sempre rodeada de poesia e lembro de ler esse poema e me reconhecer nele por diversas vezes. Quando eu perdi a minha tia, me perdi também. E confesso que até hoje tô tentando me encontrar, talvez, seja uma tentativa idiota, afinal, a vida vai acontecendo e nós mudamos mesmo é natural. Acho que o encanto da vida é proporcional à nossa idade e quanto mais envelhecemos, mais perdemos o encanto por ela. Tava lendo esses dias o livro "A Paixão segundo G.H" da Clarice Lispector e uma frase me chamou a atenção "viver não é coragem, saber que se vive é a coragem". Tenho sentido e percebido isso, viver é difícil e se torna cada vez mais difícil quando perdemos quem amamos. A vida perdeu o seu encanto quando a Ediléia partiu.

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"Quem rejeita a repreensão de Deus, rejeita a sua paternidade e o seu amor."

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Somos tão frágeis. Frágeis a ponto de sermos destruídos por palavras. 

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"Ela ia sorrir. Estava demorando um pouco porém, ia sorrir."

Clarisse Lispector ( A imitação da Rosa )

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“Você quer um conselho? Não pense demais, isso enlouquece qualquer um.”

— Kelvy Rodrigues. 

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As tuas dores, menina, não podem ser maiores do que a tua esperança.

Laureane Antunes   (via combaterei)