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inveja dos que não sentem
Sinto inveja. Sinto inveja de quem consegue viver sem pensar que nada disso faz sentido. Nada do que fazemos e construímos tem algum sentido. Invejo quem não questiona a vida. Invejo quem não pensa sobre isso.
Não sei dizer ao certo em qual momento comecei a me questionar sobre tudo. Me pergunto o que aconteceu para eu começar a ser assim.
Saudade de um tempo que nunca mais irá voltar.
A verdadeira tristeza é me olhar no espelho e ver que agora sou adulto, e que todas as minhas decisões me trouxeram até o momento em que estou.
Todas as minhas ações tiveram, sim, consequências — tanto para mim quanto para pessoas que eram próximas de mim.
Um ódio genuíno de mim mesmo vem crescendo. A vontade de querer entender o que acontece comigo. O ódio de não conseguir mudar. A angústia de não conseguir agir. A tristeza de não conseguir terminar nenhum projeto que eu começo.
E, por fim, a depressão de ser eu mesmo.
De ter que lidar comigo todos os dias. De me olhar no espelho e ver o que me tornei — e que provavelmente só vou decair mais e mais em um abismo no qual estarei fundo demais para conseguir subir de volta.
A sensação de saber que sempre vai ser assim.
E, no fim, volto à inveja que tenho das pessoas que não são assim.
Talvez a pior das invejas seja aquela que você sente de si mesmo. De quando tudo fazia sentido. De quando você era apenas uma criança. De quando eu era, de fato, feliz.
29/06/2025 – 19:56
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