Tumgik
felipeamaral530 · 3 years
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PROJETO LIVRO
MISSÃO: Escreva algo que você iria gostar de ler. Faça rir, faça valer a pena.
CAPITULO 1 - GARBI
Gárbi estava sentado na base de uma grande árvore no topo da colina, sentindo o vento frio de outono no rosto, que insistia em jogar seus cabelos nos olhos. Gostava daqueles dias, em que o céu era sempre limpo. Parece que o grande pintor que costumava pincelar o céu havia perdido seus pinceis. Seu irmão havia lhe dito isso em um dia como aquele, quando costumavam sair para caçar juntos.
No horizonte a grande muralha da cidade parecia pequena, subitamente brotando em meio as arvores. Hoje foi um dia de sorte. pensou enquanto olhava uma bela maçã rajada de vermelho e laranja. Mais cedo enquanto atravessava a feira da cidade, dois garotos pelo jeito mais famintos que ele tentaram roubar algumas frutas. Na confusão uma caixa de maças se estatelou no chão fazendo frutas voarem para todos os lados, e uma delas rolou e parou ao lado do seu pé.
_ Bem, hora de recomeçar.
Guarda a maçã para depois. Se levanta, amarra sua pequena trouxa nas costas com um certo esforço, pois os farrapos que vestia eram tão finos que mal davam para espantar o frio, deixando seu corpo todo rígido.
Pega seu arco, e desce por uma pequena trilha. Algum dia ela já fora uma movimentada estrada por onde passava uma rota de comercio. Escutou um velho se vangloriando uma vez, "No meu tempo essas estradas fervilhavam de gente indo e vindo, e não tinha um sequer que não soubesse do quão famosos eram os tecidos de Fiorir". Logo em seguida se espatifou no chão, um pouco pela bebedeira, e o outro pouco pelo pontapé dado pelo dono da venda de verduras, que parecia não querer ouvir historia alguma de quem parecia não ter moedas para comprar as mercadorias.
Agora a velha estrada havia quase sumido engolida pelas arvores. Olha para cima, os galhos se entrelaçavam formando um grande túnel. Caminhava com cuidado pelo espesso tapete de folhas amareladas que cobriam o chão, pois pisar de qualquer jeito espantaria qualquer possibilidade de caça.
Um pequeno vulto passa saltitando perto de um grande arbusto. Garbi pega o arco e posiciona a flecha e caminha lentamente. Que sorte a minha, parece bem grande - pensou. E mal havia começado a explorar e já encontrara algo. Ao se aproximar pode ver melhor, uma lebre marrom com grandes orelhas caídas. Inspira e puxa a flecha tencionando a corda ate a bochecha. Mira, solta o ar devagar para a respiração não influenciar na pontaria. Acompanha os pequenos saltos dela, e como que por acaso deixa as penas da flecha deslizar pelos dedos. O disparo foi como um susto. Acertei, mal posso esperar para sentir o seu cheirinho enquanto assa! Pensa, dando um pequeno sorriso, como que parabenizasse a si mesmo.
Prende seu arco as costas e caminha até ela. A lebre esta caída entre as folhas. Se agacha e a pega, a pelagem era bem macia.
_Sinto muito por isso, se soubesse a fome que eu estou, acho que daria um descontinho. - Agarrou a haste e puxou acabando com a agonia do pobre animal. O sangue respingou em seu rosto e escorreu em suas mãos deixando-as pegajosas.
Garbi se preparava para pegar a faca e limpar a lebre... Onde foi que eu deixei... "Crec", foi interrompido por um estralo vindo atrás de si, seguido por um rosnado grave. Naquela hora seu coração deu um salto no peito, vira se lentamente... Olhos brilhantes encararam os seus. Porcaria, uma matilha... O líder estava a frente com as presas arreganhadas, ele mal conseguia se mexer, paralisado pelo medo. No fundo de sua mente ressoavam as palavras do pai: Você é um inútil! Porque não pode ser como seu irmão!? Pare de sonhar acordado e pegue esse rastelo! O lobo cinzento se aproxima...
Como que acordado de um pesadelo, se deu conta de que era tudo ou nada. Preciso fugir... Recua dando um passo para trás sentindo as penas tremerem. A fera salta e por sorte no mesmo instante Garbi tropeça e cai se desviando dos dentes do animal. A lebre! Joga a contra os lobos, que se distraíram atraídos pelo sangue . Garbi se levanta dando um salto para longe, e dispara tentando correr o mais depressa que consegue. Atrás de si consegue ouvir os lobos brigando para ver quem ficará com o prêmio. E agora!? Para onde vou? Eles logo virão atrás de mim... Ofegante sai de súbito em uma clareira.
Avista na outra margem uma árvore grande, sem pensar duas vezes corre em sua direção. Meio tropeçando da um salto e agarra um galho, seus pés deslizam na casca grossa da arvore, algo arranha sua perna. Já estão aqui! - Pensa desesperado. Com muito esforço suspende seu corpo para cima escalando até se sentir seguro. Abaixo os lobos o encaram silenciosos como se quisessem dizer: Você deu sorte desta vez Garbi. Ele encara os lobos serio. Abre a boca e mostra a língua.
_Ganhei seus feiosos! Fui mais esperto! Sente uma vontade inexplicável de rir. Perdi a lebre mas ainda tenho minha maçã. "ROONC", a barriga ronca respondendo a lembrança. Aí está você! - Sorrindo e com a boca cheia d'água, deu uma enorme mordida na fruta. Naquele momento pareceu ser a maçã mais gostosa que já comera.
Já começava a entardecer, e a floresta parecia ter se tornado um pouco sombria, com suas enormes arvores, fazendo sombras ainda maiores. Aves levantaram voo grasnando acima das arvores. Os lobos correm assustados, então algo surge rasgando o céu, iluminando por um instante a floresta até então quase totalmente escura.
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Garbe se sente tonto. A dor veio subitamente junto a um sussurro em sua mente, "Me ajude". Apenas deu tempo de levar a mão ao rosto antes de tudo escurecer. Quando acorda percebe que já havia escurecido a horas, levantou confuso. Uma grande lua se projetava no céu entre as arvores. Tentou achar o sentido da estrada mas via apenas as siluetas dos troncos negros. Atrás de si veio um longo uivo que arrepiou seu corpo inteiro. Se virando em um salto, deparou com um imenso lobo negro em meio a escuridão. Andou para trás sentindo o coração disparar, pisou em falso e caiu. Viu a figura negra se fundindo a escuridão, sumindo como se fosse folhas sopradas pelo vento.
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A grande muralha se projetava a sua frente com a luz das tochas dos guardas passeando no topo em sua ronda.
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O velho deitado na cama de palha era calvo, com apenas alguns fiapos de cabelo no topo da cabeça. Sua pele era muito manchada devido a uma vida inteira trabalhando exposto ao sol. Seu corpo estava tomado por uma magreza incomum, e seus músculos pareciam secar e murchar cada dia mais.
_Preciso lhe contar algo... - O velho é interrompido por um acesso de tosse. _Guardei isso... Durante anos eu tive de levar comigo esse segredo... - Com as mãos tremulas entrega um objeto estranho para Garbi. _Não tenho muito tempo para explicar... -Tosse novamente, desta vez cuspindo um pouco de sangue. _Você viu o sinal no céu, e a profecia dizia que viriam tempos terríveis, mas o protetor desta chave encontraria um meio de deter o mal e salvar a todos.
_Não posso vô. Não sou capaz de realizar tal tarefa. - Garbi sussurra sentindo os olhos lacrimejarem. _Por favor não me deixe sozinho em meio a tudo isso...
O velho apenas fica olhando com um olhar cinzento, suspira profundamente. Abre a boca como se quisesse dizer algo, então para. Algo em seu semblante fez Garbe ter certeza de que ele havia partido.
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Garbi viu algo caindo do céu, pode sentir a floresta estremecer com o impacto. Ao longe podia se ver um brilho amarelo forte em meio as arvores. Curioso correu para ver do que se tratava aquilo.
Quando chegou perto viu que todas as arvores a sua volta haviam se tornado secas, e uma imensa cratera tinha se formado onde ainda brilhava o objeto incandescente. Desceu escorregando pela terra remexida, por algum motivo não se sentiu intimidado a ver de que se tratava.
Por mais brilhante que aquela pedra amarela pudesse ser, não havia calor ali. Se abaixou para olhar de perto, como que atraído por seu brilho levou a mão e tocou... Tudo a sua volta girou. Algo ecoou em sua cabeça. Como saber se tudo não passa de um sonho? Como saber se é real ou não? Mas e se nunca acordarmos...
Garbi sentiu como se pudesse ver tudo, seu corpo estava caído, no chão segurando a pedra. Mas ele não estava lá, parecia flutuar acima da floresta. O céu não era mais o que costumava ver todas as noites, grandes astros se moviam lentamente, como luas enormes e vermelhas mas não eram luas, anéis giravam a sua volta. O tempo parecia correr e estrelas nasciam e morriam, com o passar das eras. Outras esferas surgiam no horizonte, se movendo e aos poucos pareciam se alinhar. Então algo o assustou, uma estrela surgiu no centro de tudo brilhando e crescendo, mas estava enganado, ela se movia muito rápido em sua direção e era enorme, maior que tudo que já havia visto em sua vida. Sentiu frio e um medo cresceu dentro de si, parecia ser o fim de tudo. A estrela engolia o céu todo em fogo, tudo ficou claro demais para se ver... Então acordou.
_ Ei garoto!? Você esta bem?_ Um homem estava abaixado ao seu lado, segurando um grande machado. _ O que esta fazendo aqui sozinho, tão longe da cidade no meio da noite?!_ Pegou na mão de Garbi e o pós em pé como se ele não pesasse nada. Ainda se sentia atordoado. Olhou para a outra mão ainda sentindo o frio da pedra. O estranho ficou olhando para ele confuso ao ver o brilho amarelo se apagando.
_Me chamam de Brock, e você como o chamam?
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No caminho de volta, Garbi esta se perguntando o que era aquilo que acabara de encontrar. Escuta o barulho de cascos que se aproximam, um cavalo negro a toda velocidade surge virando a curva da estrada com os cascos derrapando devido a velocidade. Em cima o cavaleiro também veste negro.
Garbi da um salto para o lado, faltando pouco para ser atropelado pelo cavaleiro desenfreado. Olha para traz ofendido pela falta de senso do outro por nem ao menos tentar desviar. O cavaleiro segue meio torto, parece balançar... Pende para a esquerda lentamente entre os galopes do cavalo e vai para o chão. Caiu virando varias cambalhotas, depois disso não se move mais. O cavalo como que sentindo a falta do dono vai diminuindo, e passa a andar parando para comer um arbusto a beira da trilha.
_Ei você aí!? Podia ter me matado sabia! Não sei para que tanta pressa... Caminha na direção do estranho meio enrolado na própria capa. Não sabia porque mas talvez devesse ajudar. Bem, de qualquer forma não acho que ele queria me matar de verdade.
_Você esta bem, estranho? - O estranho parecia não reagir, então Garbi se agacha pega no ombro e vira para ver o rosto. Para sua surpresa do capuz pende uma mecha de cabelo, então percebeu que não se tratava de um cavaleiro e sim de uma garota. Tinha a pele clara contrastando com seu cabelo liso negro. Ela abre os olhos e... São os olhos castanhos claros mais lindos que ja vi.
_Eu me chamo Garbi, é um prazer conhece la. - Deu um sorriso discreto, meio sem jeito.
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Sentado a beira da fogueira, se mantinham aquecidos. Ela como que escolhendo as notas por acaso dedilhava uma suave melodia em sua harpa.
_Lá no céu aparece a brilhar, essa estrela de esperança.
Em meio a tudo meu destino apontar...
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Pendurado a algum tempo, não aguentava mais segurar. Suas mãos escorregavam do galho. Muito mais a baixo de si o rio corria agitado.
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_Como assim ela se foi?
_Isso mesmo ela levantou mais cedo, disse adeus e partiu.
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Naquela noite Garbi dormiu tranquilo. Sonhou um sonho estranho mas foi o melhor sonho que já tivera. Eu estava correndo por uma estrada... Meus pés ficaram leves, cada passo ficando mais comprido que o outro. E quando me dei conta meus pés não tocavam mais o chão. Então percebi que nem precisava correr eu estava voando. Voando acima de toda a cidade, e era lindo ver o sol nascendo no horizontes. Os passaros voavam ao meu lado saindo da floresta.
CAPITULO 2 - VALÉRIE
Podia sentir o frio através da capa, as costas bem rente a parede do edifício, sua mão esquerda roçando a pedra áspera da parede, o objeto dourado se encontrava bem preso em sua outra mão. Precisava controlar a respiração ofegante... O som de metais tinindo denunciava a chegada deles. Ainda estão atrás de mim!
Uma fileira de guardas foi passando pela ruela logo abaixo, apressados em marcha acelerada. Merda uma olhada para cima e estarei perdida! A luz das tochas que empunhavam refletia no brilho das armaduras.
_Rápido! Vamos! Ela deve ter vindo por aqui! - Valerie não tinha mais forças para fugir, nem sabe como conseguiu escalar até ali mesmo se sentindo tão exausta. Se esconder era a única opção. Seu coração gelou ao perder o equilíbrio, mas no ultimo momento conseguiu firmar o pé na estreita viga que sustentava o segundo andar do edificio, voltando a bater as costas com força contra a parede.
Não sabia dizer o que dera errado. Como consegui fazer aquilo? Tudo pareceu congelar...
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Levou as mãos a frente dos olhos, perdendo o equilíbrio subitamente cegada pelo imenso risco de fogo atravessando o céu da cidade.
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Estava de tocaia esperando o novo cliente aparecer. Apesar de uma grande lua cheia amarela iluminar a noite, o beco onde estava, era escuro o suficiente para não ser notada.
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Sentia a ansiedade tomando conta de si. O ritmo cardíaco acelerado, a respiração descontrolada. Essa será a ultima vez que faço isso! Sempre dizia a si mesma mas nunca conseguia cumprir. Valerie fecha os olhos esfregando os dedos na mão. Era uma mania que tinha, toda vez que se sentia assim. Respirou fundo, mais uma vez, e outra. Tudo bem, vai dar certo! Só preciso ser rápida!
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Seus olhos estavam turvos, cheios de lagrimas que insistiam em não rolar, seguradas pela raiva. A vontade era de gritar, mas não podia naquele momento, obrigando ela sentir o nó que se formara na garganta. Essa é a ultima vez que vou ver ele. Fechou a mão em um punho com toda sua força. Juro que vou me vingar! Juro por você e pela mamãe, que vou me vingar de cada um deles!
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Valerie esta em um roubo junto com seu pai. Algo da errado e ambos estão correndo tentando fugir, ao ficarem encurralados ele se deixa ser pego para que ela possa fugir.
Ela corre até os estábulos. Esta procurando INVERNO. Salta para cima do seu cavalo negro e sai galopando a toda velocidade, na esperança de consegui resgatar o pai.
Era tarde demais os guardas estavam a sua espera, vendo que não podia fazer mais nada ela tenta fugir.
Ferida ela consegue passar pelos portões da cidade em direção a floresta.
Então desmaia.
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Sua mãe a esperava sentada na poltrona de veludo, com o olhar atento e severo acompanhando cada movimento de Valéri. Ela estava descabelada e voltava para casa, depois de um dia todo de liberdade.
_Não posso acreditar Valéri, que depois de tudo você ainda se comporte desta maneira.- Apesar de não se importar, as criticas constantes e aquele olhar tinham o poder de minar qualquer entusiasmo.
_O que posso fazer mãe eu sou assim, não suporto mais passar o dia presa naquela loja com papai...
_Claro que não!- Interrompeu a mulher impaciente. _ Em vez disso prefere estar por aí, trepada naquele cavalo imundo! Quando vai aprender a se comportar como uma dama e...
_Para que mamãe?!- Desta vez Valéri não teve paciência para ouvir até o final. _Para ficar esperando até que papai arranje um casamento?! Sara pode ser assim toda certinha, desculpe mas eu não sou assim!
Subiu as escadas correndo, sem dar tempo para mais criticas. No caminho encontrou Lida.
_Por favor Lida, prepare a água para mim. e encha a banheira. Estou precisando de um banho.
_Claro senhorita Valeri, pode deixar.- A mulher morena era quase da família, trabalhava para seus pais muito antes de Valeri nascer. Saiu prontamente para executar a tarefa.
Valeri suspirou. Só assim para mim ter um pouco de sossego!
CAPITULO 3 - BROCK
Brock voltava para casa depois de um dia cheio. Exausto devido ao intenso trabalho braçal. Seus músculos estavam doloridos e suas mãos calejadas pelo cabo do machado. Ele passou pelo portão portão da velha cerca rodeava sua casa e seu armazém. Soltou a alça que prendia o saco de lenha nas costas, e essa caiu com um baque surdo no chaõ.
Caminhou até a porta de sua casa, estendendo a mão para o trinco... A porta se abre e diante de si esta sua esposa, com seus longos cabelos castanhos amarrados em um coque frouxo. Ambos se olham com olhares que buscavam algo que já estava perdido. Brock não sabia dizer em que momento aviam se tornado tão distantes.
Atrás dela surge um garotinho... Por um momento o coração de brock se iluminou, se agachou para ficar da altura do menino.
_Ei seu sapeca, venha cá da um abraço em seu velho pai. Seus braços passaram em volta do menino de forma protetora. _Vou sentir saudades. Bagunçou o cabelo do garoto.
_Gisele... Por favor fique...
_Talvez não tenha sido nós e sim o resto... Essa não é a vida que eu sonhava levar, mas você pode visitar Pitte quando quiser na casa dos meus pais... Minha charete chegou. Sinto muito mas temos que ir.
Ela pegou as ma
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Não Sabia onde tinha errado, e o mais frustrante era pensar em quanto tinha tentado. Brock chegou ate a base do velho tronco cortado. Pegou seu machado e começou a partir as toras. Suas mãos vibravam com o impacto, e novos calos se formavam. Elas doíam terrivelmente, mas perto da angustia que sentia era quase nada.
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Brock ainda usava o anel que representava tudo que um dia amara. Agora era apenas um símbolo de lembranças, tão boas e ao mesmo tempo dolorosas. A culpa impregnava seus pensamentos, sempre que olhava para aquele objeto dourado meio fosco, que um dia fora brilhante com o sol. - Maldição preciso beber alguma coisa. Brock abre a porta da taverna sem muito esforço, o lugar cheira a carne e fumaça. Os músicos retomam a melodia animada, alguns fregueses desviam o olhar, outros o olham de cara feia. _"Esse ai é um assassino" sussurram.
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Brock sai da estalagem caindo de costas, estilhaçando a caneca de cerveja no chão.
_ E não apareça mais aqui seu bêbado encrenqueiro. Falou o cozinheiro diante da porta. Um homem grande como um barril.
Se levanta limpando o sangue da boca com as costas da mão.
_ Quero ver quem vai me impedir
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Seus olhos já tinham se acostumado com o escuro, e o cheiro de urina que aquelas celas tinham. Na cadeia onde se encontrava dava para ver apenas vultos, de vez em quando via se o brilho da tocha de algum guarda, refletindo nas barras de ferro que o trancava.
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Algo úmido passa em seu rosto, mais uma vez, e outra. Desperta ao sentir a bochecha molhada. Humm o que aconteceu? Onde estou? Baforadas de ar quente sopram seus ouvidos... Abre os olhos meio cego pela claridade, e percebe que esta deitado no chão.
_Então é você o motivo de eu estar sendo acordado com tanta insistência... - Diante do seu rosto esta seu fiel cão com suas grandes orelhas caídas. Ele dá uma grande lambida em todo rosto, fazendo Brock rir. _Chega. Chega. Você venceu danado, já vou me levantar.
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A garota seguia logo atrás de Brock, encolhida toda envolta em peles. Ele movia a passos lentos, abrindo caminho por entre a neve. O rapaz desacordado embrulhado no trenó. No que eu fui me meter... Brock pensou. Tudo aquilo parecia ser suicídio, mas ele precisava daquelas moedas. Mas agora não tem por que voltar atrás.
O vento ali era cortante fazendo amortecer todas as extremidades do corpo. Ali em meio as montanhas era tudo ou nada. Ali mais do que nunca aqueles que queriam se manter vivos tinham de se agarrar a vida com toda vontade.
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Os dois rapaze estavam no beco. Um segurando os braços da moça enquanto o outro ria tentando rasgar a parte da frente do seu vestido.
_Esta gostando disso sua puta?! Eu vi como ficou com medo quando nos viu... Agora ninguém poderá atrapalhar... - A garota gritava e esperneava, mas seus pedidos de socorro eram abafados pelo barulho da cidade.
Brock não teria notado se não fosse pelo cãozinho que desatou a latir sem parar e correu até naquela direção. Aonde ele esta indo?...
O cãozinho pulou e mordeu o calcanhar do que lutava com o vestido, fazendo o soltar um berro.
_AH vira lata sarnento!!- Falou o magricela com os dentes cerrados, virou se e deu um chute com tanta força que jogou o cãozinho longe.
Brock sente o corpo todo esquentar. Sem pensar duas vezes corre até os dois alcança o primeiro dando um murro no meio da pança. O magricela arranca um punhal da cinta. A moça dispara a correr soluçando para longe da confusão.
_São tipos como vocês dois que me fazem ter nojo desse maldito lugar!
_Pode deixar comigo Flin, eu vou fura-lo como um porco!- Disparou rápido, correndo na direção de Brock. Ele era rápido desferindo vários golpes buscando acertar a garganta. Brock se esquivou mas mesmo assim um pequeno arranhão começou a sangrar em sua bochecha. Ao fundo o gorducho se levantava pronto para contratacar.
Brock girou nos calcanhares agarrou o grandalhão pelos ombros dando uma joelhada no meio das pernas fazendo o miserável berrar. Enquanto ele se dobrava com as mão no meio das perna, viu o magrelo vindo pra cima dele de novo. Brock deu um salto para o lado desviando, agarrou o pela nuca segurando firme nos cabelos sujos, pressionado a cara contra os tijolos da parede cheia de musgo.
_Então você disse que ia fazer o que!?- Brock falou cerrando as mandíbulas. Começou a socar bem nas costelas uma, duas, três... Já não estava contando, cada soco o fazia ter mais raiva. Socou seguido cada vez com mais força até escutar as costelas estralando ao quebrar.
_Por favor não!!!- Choramingou o cuspindo sangue e deixando a faca cair. _Eu emploroo!!!.
_Isso é pela garota!- Segurou a cara do magrelo com força contra a parede e arrastou indo até o gorducho. _E isso e pelo Tobi!- Deu um murro no meio cara, soltando ele no chão.
O gorducho ainda estava meio encolhi, Bock deu um chute fazendo o joelho virar ao contrario, fazendo ele cair berrando.
_Cala esse maldita boca seu pulguento!! Brock tomou impuso e desferiu outro chute desta vez bem no meio da boca fazendo os lábios racharem junto com os dentes quebrados.
Tobi veio até ele mancando mas mesmo assim, sem perder a alegria abanando o rabo sem parar.
_Vem aqui seu danado, podiam ter te matado sabia!?-Na extremidade oposta do beco três guardas apareceram. Brock pegou Tobi no colo e começou a correr na direção oposta indo para a rua principal esbarrando na multidão.
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O dia havia começado ótimo. Desde que sua mulher saiu de casa passou a ter péssimos hábitos. Mal abria os olhos, com a cabeça ainda zonza da noite anterior, e a primeira coisa que notava era aquele vazio tomando conta de tudo. Por vários dias acordava e saia a procura de qualquer coisa que o fizesse esquecer de tudo, pois já estava cansado de tudo, casado de como a vida era.
Mas o dia de hoje estava sendo diferente, passou pela garrafa de bebida que de uma simples distração havia se tornado uma necessidade diária. Afiou o machado e seguiu para a floresta, e ali sentindo o cansaço do esforço de cada golpe sentiu orgulho de si mesmo, pois pela primeira vez em dias não havia escolhido a opção mais fácil. E isso era ótimo, era o que um homem devia sempre fazer.
CAPITULO 4 - GARBI
Garbi mal sentia as pernas, após a longa caminhada. Estava prestes a achar que nunca chegariam...
_Ei olhem lá! Aquele telhado de telhas laranjas, é como o do templo que vi em meus sonhos.
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Ao entrar no templo, sentiu algo familiar. Os monges meditavam, e um sentimento de paz e quietude reinava sobre o lugar.
Caminhou em frente, com Brock e Valeri seguindo logo atrás. Todos estavam muito quietos naquele dia. Chegando ao centro estava um velho sentado.
_O que buscam aqui, tão longe de casa? Antes que me perguntem, não posso oferecer nada do que já tenha em seus corações. _ O velho se levantou lentamente e se virou para eles, seus olhos embaçados e fixos no horizonte.
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_ Para se alcançar a paz interior é preciso saber se desligar do mundo exterior. Com os olhos fechados, a respiração deve ditar o ritmo para a mente, enquanto notamos nossos sentidos. _ O velho monge falava calmamente observando cada movimento deles.
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_ Esses sete princípios devem reger os seus espíritos. Primeiro: Nunca tome uma escolha por ser mais FÁCIL. Segundo: Esteja presentes no AGORA. Terceiro: Em todas as dificuldades busque em si mesmo a SOLUÇÃO e nunca faça dos outro a sua volta um problema. Quarto: Sejam mais que suas emoções, RESPIREM e tomem a ação correta. Quinto: Saibam quando é preciso PARAR para se recuperarem e recomeçar. Sexto: Façam o dia ser BOM, independente das circunstâncias. Sétimo: Seja GRATO, por tudo que se tem, e por quem você é.
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Por mais seguro que acreditasse estar, ainda havia uma dúvida se realmente estariam a salvos ali. Deitado na cama abraçado junto a ela, esses pensamentos lhe tiraram o sono. Vindo de fora ouviu passos adentrando a casa. Ele já sabia o que era e o que queria. A porta do quarto se abriu lentamente revelando a figura de uma mulher pálida, seus cabelos e olhos negros brilhando mesmo na escuridão. Em um surto de medo recorreu a fé, pensando que os amuletos os protegeriam...
_Pai nosso que... Estais nós céus, santificado seja o vosso nome...
Um sorrisos perverso se formou nos lábios dela. E completou:
_Venha ao teu Reino e seja feita a tua vontade!
Ele olhou para o lado é sua esposa parecia não perceber nada, dormindo profundamente.
A mulher estranha já estava perto, muito perto. Antes que ele padece gritar ela já estava com as presas em seu pescoço, sufocando o com a agonia...
Então acordou gritando.
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A velha retornou à casa. Por mais que quisesse a todo custo fugir dali a saída parecia sempre estar em outro lugar.
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O gato saiu correndo com os pelos eriçados. Sussurros encheram a penumbra do lugar, atrás a cortina se agitou colando à parede deixando a mostra a silhueta de algo que momentos atrás não estava lá. Sentiu o coração martelar no peito. A porta se fecha com um estrondo, tomando lugar ao grito que ficou preso na garganta.
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De tempos em tempos ela descia, da grande arvore da vida. Não eescolhia ninguem, todos a culpavam mas mal sabiam que segos escolhiam se próprio caminho que na verdade já era traçado a morte. Apenas o que tornou tudo cruel, foi quando aos seus olhos se permitiu ver. A quele ciclo nunca tinha fim. As pessoas estavam presas aos seus destinos mas porque escolhiam e ele era a morte. O ciclo se repetia.
Ela que não escolhia, subia a grande arvore. E no dia seguinte descia sem escolher ninguem. E descobria que para sua surpresa haviam outros tantos ou os mesmos já nunca sabia se aquilo era a primeira vez. Mas os que mais a evitavam eram os que haviam subido na grande arvore ao seu encontro. Quanto mais queriam fugir mal sabiam que ela nunca esta em baixo nas raises por que sempre descia e subia.
Tamanho foi o seu sofrimento quando lhe foi permitido vela em seu plano calma e imparcial. Porem não era isso que fazia doer, era a visão daqueles cegos que iam ao seu encontro querendo fugir tudo lhes eram tirado, e a suposta vida que ela levava era aquelas pessoas cegas que na anscia por por fugir dela estavam correndo ao seu encotro. Quando chegavam ate ela rasgavam suas peles e pra tirar do proprio interior aquilo que era precioso e brilhate, suas vida e davam a ela nesse momento conseguiam ver também mas aí já não podiam fazer nada, tudo se repetia apenas caiam as cascas vazias. Ela volta a subir porem não sentia nada nem se cansava, era aquilo que sempre fizera.
Ele viu a arvore e suas raizes enrolavam fixas no mundo todo formando inumeros caminhos, essa era a arvore da vida. E aquela que descia do seu topo a morte.
Aquela visão da cegueira das pessoas lhe troce dor, por que buscavam com tanta ansia encontra la se tudo o que queriam era viver.
Então acordou e as lagrimas lhe vieram aos olhos porque não sabia como lhe fora permitido ver aquilo que ninguém mais via. Apenas não compreenderá o porque.
A visão era um dom e um fardo pois a ele mesmo podia entender, mas lhe permitia ver o sofrimento dos outros e isso doia.
#
Sonhei com você.
Acordei e estava longe.
Não porque queria, mais estava.
E isso doía.
Mas ninguém via.
Tamanha saudade.
Enquanto você ia.
Caminhando na multidão.
Todos alegres sem ver o que se passava no coração.
#
Sabe aqueles dias? Aqueles dias onde você acorda sem motivo algum para levantar. A vida parece ter te dado um empurrão e tudo deu errado. É quase impossível não se sentir mal. O que fazer nesses dias? Onde o sol parece não ter brilho, e tudo é cinzento. Como conversar sobre algo sem falar? Como fazer certo sem errar? Como estar bem com quem não deseja estar bem?
#
Na dia a dia da vida, parece que estou sempre atrasado.
Sempre correndo, sem tempo para nada.
Aí vem o
# G
Ao chegar na entrada, de longe viu o clarão que se estendia na area onde havia de ser seu lar. O campo estava negro já queimado e seu avô estava de joelhos na frente da velha casa com um olhar distante.
_O que será de nós agora? Falou sem ao menos levantar a cabeça.
Garbi sempre fora descrente nunca se emportou em ser devoto a Igreja. Mas o avô era diferente, sua vida inteira passara tentando viver como deveria ser o certo. Se Deus existe e tem controle sobre tudo... Por que permite tanto sofrimento?! Por que permite que coisas ruins assim aconteçam a pessoas boas?
_ Foram os soldados Garbi, queriam os impostos...
#F
Não sei porque tamnha culpa me invade. Acordei bem mas algo aconteceu. Me sinto sufocado com a propia vida. Estou o tempo todo buscando uma saida, e nada do que eu faço muda qualquer coisa. Tentei conversar com minha esposa mas ela simplesmente não s3 importa. Onde esta a alegria? Onde esta a minha vontade de viver? Esse tempo todo eu imaginei que iria aparecer uma saida lá na frente, eu seria uma pessoa melhor, fazendo algo importante, podendo resolver... Mas o ptoblema sou eu e nada do que eu faça vai mudar issoo. Não importa se eu for o homem mais rico, mais inteligente e bem sucedido do mundo. Eu vou continuar sendo sempre esse saco de problemas. Até onde você vai chegar assim? Isso me desaponta comigo mesmo. Queria ser outra pessoa mas não da, queria simplesmente não existir mas não é tão fácil assim. Tem um monte de coisas que eu tenho de resolver, e eu estou sem força. Sem motivação alguma... Bem mas oque vai adiantar se sentir assim? Levanta a cabeça, e escolha ser forte.
#F
Eu simplesmente não consigo parar de sentir. Esses sentimentos todos estão me sufocando. Preciso de paz. Preciso de paz. Preciso de paz. Preciso de paz.
#F
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felipeamaral530 · 3 years
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Não Sabia onde tinha errado, e o mais frustrante era pensar em quanto tinha tentado. Brock chegou ate a base do velho tronco cortado. Pegou seu machado e começou a partir as toras. Suas mãos vibravam com o impacto, formando novos calos a cada batida. Elas doíam terrivelmente, mas perto da angustia que sentia era quase nada.
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felipeamaral530 · 3 years
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Sentia a ansiedade tomando conta de si. O ritmo cardíaco acelerado, a respiração descontrolada. Essa será a ultima vez que faço isso! Sempre dizia a si mesma mas nunca conseguia cumprir. Valerie fecha os olhos esfregando os dedos na mão. Era uma mania que tinha, toda vez que se sentia assim. Respirou fundo, mais uma vez, e outra. Tudo bem, vai dar certo! Só preciso ser rápida!
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felipeamaral530 · 3 years
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Pretendo descobrir o mundo!
Saltar cada precipício.
Fazer de cada dia um unico.
Mas compartilhando cada momento com você.
Mesmo que a vida seja um imenso céu negro.
Não importa.
Juntos iremos ascende-lo com incontaveis estrelas.
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felipeamaral530 · 3 years
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Sonhei com você.
Acordei e estava longe.
Não porque queria, mais estava.
E isso doía.
Mas ninguém via.
Tamanha saudade.
Enquanto você ia.
Caminhando na multidão.
Todos alegres, sem ver o que se passava no seu coração.
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felipeamaral530 · 3 years
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Sabe aqueles dias?
Aqueles dias onde você acorda sem motivo algum para levantar.
A vida parece ter te dado um empurrão e tudo deu errado.
É quase impossível não se sentir mal.
O que fazer nesses dias?
Onde o sol parece não ter brilho, e tudo é cinzento.
Como conversar sobre algo sem falar?
Como fazer certo sem errar?
Como estar bem com quem não deseja estar bem?
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