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porque tem muita gente muito diferente de mim, que sofre de verdade
quer dizer, passa fome, frio, saudade, sofre preconceito por ser quem é
eu não
e insisto e ouso dizer que sofro
até acho injusto com quem passa necessidades reais
eles passam mais tempo carregando seus fardos, ou tentando livrar-se deles do que pensando em escrever sobre
mas não cabe a mim classificar sentimentos ou sofrimentos ou em que o tempo das pessoas é gasto
to aqui pra dizer que estou mal, afinal
e minha respiração ta curta
espero que cansando, melhore
mas nada de agradar a mãe
faço por mim
quero meu melhor
meu filho vai ter nome de santo?
quero, como minha mãe, o melhor pra minha prole, que eles sofram o mínimo
os sofrimentos meus e da mãe foram muito diferentes
não quero que eles sofram nenhum
e que meu querer seja ouvido pelo universo
impossível não fazê-lo sofrer, mas que sofra por suas próprias escolhas
não por estar numa gaiola
eu queria sair pra comprar um cigarro
mas minha mãe vai ouvir eu levantar da cama (que faz muito barulho),
abrir a porta (a chave faz muito barulho)
aí ela já estaria de pé perguntando se eu to louco e que que eu quero fazer fora de casa uma horas dessas não não não já de volta pra cama acho o que acha que se manda
mas, supondo que saí de casa
acho que ia ter que ir até o lago pra achar uma conveniência aberta
é longe até lá, e eu teria medo
pelo escuro e medo de ser assaltado (meu celular é novo pra mim)
olha só, só supus até o medo de chegar lá (antes de pegar o celular)
bem, eu compraria o cigarro de cravo (que o Nilson disse que tem cheiro bom)
e não deve ser Fox, que dizem que fede
deve ser Malboro, sei lá
compraria um isqueiro
e tentaria fumar
provavelmente tossiria
mas sentiria o prazer
e a vontade de acabar com a carteira
pra ficar calma
e aguentar a vida
e a mãe puta da cara em casa
e os pulmões que já começariam a escurecer
e, por fim,
eu relaxaria com o cigarro que comprei e fumei enquanto olhava pro céu, que estava mais limpo, porque, mesmo sendo verão, as nuvens já se dispersaram
eu amo olhar pro céu
amo
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24 de janeiro de 2018, 02:35
eu não to conseguindo dormir, só isso
parece que é agonia ou qualquer coisa, mas acho que é falta de atividade
que não me deixa cansado ou com sono, ou seja, sem vontade de dormir
ou com vontade de dormir na hora errada
tipo hoje, do meio dia às duas
to com uma puta vontade de sair, comprar cigarro e fumar
e eu não sou viciado, não fumo, nunca fumei
essa é uma das coisas que me da vontade de fazer por birra
sim, sei que isso é idiota e infantil (tanto quanto fazer texto sentimental e de desabafo de madrugada - coisa de jovem vacante burguês)
mas me sinto como a Clarisse da música do Legião: “eu sou um pássaro, eles me prendem na gaiola e esperam que eu cante”
sim, eu sei que é dramático demais
Clarisse tem só catorze anos, eu já sou um rapazote de dezoito.
mas minha mãe me faz sentir muito preso
ela vive me seguindo no facebook, perguntando coisas, enfim, inspirando desconfiança
até montei discurso mental pra ela pra (não) dizer qualquer dia - afinal, é o que eu faço e não consigo pegar no sono, discursos, conversas, discussões mentais - sobre, enfim, como criaria meus filhos mais livremente
porque eu não me sinto nada bem com essa f i s c a l i z a ç ã o
e eu fico me imaginando morando sozinho
até me sinto imaturo pra isso
mas eu aprenderia tanto
e eu seria tanto (mais) eu
esses dias até consolei minha amiga, Dani, sobre liberdade
disse que, como ela, também era regulado, mas tinha consciência de que é uma fase e de que um dia serei livre
mas com as neuras dessa noite, acho difícil defender o mesmo discurso
meu deus, to loca com isso
acho que por causa de amanhã
minha mãe quer porque quer que eu vá pra Cascavel com ela e com minha irmã no book da Ma
e eu sei que vou ser bem inútil lá
mas ela só quer se certificar que não vou ficar sozinho em casa e não vou fazer merda
acho que se eu ficasse, ia ficar sozinho mesmo, me depilar; ou sair
mas seria por uma tarde Deus
e sei que não é só dessa vez
uma vez, a vó veio ficar comigo e com a Marina
mas ta
de certo porque aprontei
mas e daí
e se eu aprontar de novo
eu não quero ser mimado
deus do céu
e olha, me sinto preso até por estar escrevendo isso agora e ter ouvido minha mãe se mexer na cama e me sentir mal por isso
só preciso entrar no ritmo, quer dizer, fazer alguma coisa durante o dia (de preferência, que me canse), pra conseguir pegar no sono de noite
e, por favor, não é pra agradar minha mãe que quero fazer isso
desculpa, mas não quero mais fazer as coisas pra agradá-la
acho que já fiz muito isso na minha vida, por incrível que pareça
e me perdi muito
me perdi
foi difícil saber quem eu era novamente
pra tentar agradar a mãe, a tia, o padre, o willian, os ministros
e agradar não no sentido de deixar feliz, literalmente
agradar no sentido de agir de certo modo que se adeque ao que cada citado gostaria de ver que eu agisse
e foi isso que vinha me matando
muito graças à Maria Inês
e muito graças a mim mesmo
eu vim parando de fazer isso
me expressando
me encontrando, por fim
e me identifico com muitas coisas
sabe, admiro muito as pessoas que são o que são sem importarem com mais nada
admiro mesmo
o que é, infelizmente, difícil pra mim
queria que fosse natural, mas fui criado me ensinando que a imagem que se mostra é a que chega antes de você, que fica, etc
mas não quero me importar com essa imagem
quero me ser
que o que as pessoas vejam seja coincidente com o que eu sou
e sobre mistério?
sim, amo mistério
e amo meus olhos misteriosos (créditos ao Nilson, por assim notá-los)
e quero que as pessoas vejam a mim e a meus olhos
e vejam que há mistério
não, não que descubram quais são
sobre isso também não haveria problema
mas cada merece um mistério meu
cada pessoa com quem me relaciono deve ter alguma relação com algum segredo meu
e os outros talvez nem importem
usei muito “mas”, né?
mas a vida é cheia deles
tudo tem um “mas”
bom, sempre pensei em escrever
esses textos madrugueiros sobre minha vida são de adolescente, comunzinhos de mais hahah
tenho sonhado (não enquanto durmo) com as poesias do button poetry
gostaria muito de ler algo meu, da minha alma, pra uma plateia inteligente e sensível a ponto de me compreender - essa parte criei mentalmente antes de pegar o celular, na angústia jovem burguesa
já citei essa angústia e explico
é o “sofrimento da mulher branca”
sou branco, jovem, tenho casa, família, faculdade(s), dinheiro
e ainda ouso dizer que sofro
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23 de agosto de 2017, 22:13
então, eu fui na psicóloga hoje, conversamos alts sobre mim (é isso que a gente faz basicamente ahshas) e eu, dizendo como me sentia, dizia que, no geral, tava bem sabe, tipo não sofrendo muito com a minha situação de ter sido expulso e reorganizar minha vida e talz. tipo eu disse que estava ok com isso, apesar dos pesares.
mas no final, fizemos um exercício de alongamento e respiração e ela percebeu que eu estava sofrendo muito, angustiado, com uma "respiração calopsita", curta, que significa que eu to sem energia. (ela até disse: nossa, com esse corpão, e parece um passarinho respirando)
cara, depois disso que eu fiquei realmente mal. tipo eu disse que estava bem porque realmente me sentia, mas ela disse aquilo como que dizendo que eu tava escondendo e parece que caiu a minha própria ficha. nem eu sabia o quanto eu tava sofrendo.
e comecei a pensar porque, no final dos contas. eu acreditava que tava bem, que tipo tinha aceitado ter sido expulso, tava reconstruindo minha vida e pa.
mas eu não tinha tirado dos meus planos voltar pro seminário, ainda tentar ser padre. meu, é (ou era, estava construindo isso lá) o meu sonho. e eu tinha projetado toda a minha vida em torno disso. eu fazia todas as minhas atividades tendo em vista o sacerdócio! "e as merdas, Felipe?" pois é, as merdas. se eu continuasse lá no seminário, comigo mesmo e toda a estrutura formativa investindo em mim, e digo no sentido inteiro de eu mesmo, investindo (claro que dinheiro também, mas principalmente) psicologica, espiritual, humanamente, eu acredito que seria hábil pra chegar mais casto, mais santo ao sacerdócio, eu seria capaz (meu amor, eu sei que eu seria aheiauhe, eu sou esforçado, me da uma tarefa que eu também considere importante que eu me entrego). mas a formação não me considerou capaz. fui expulso do seminário com um ano em 4p (com suas merdas e avanços) e um semestre em Toledo (com muitas merdas e grandes esforços meus). ta, o fato é que agora eu to fora disso, desse plano, desse projeto da minha vida, acredito que porque não fui (e não seria, segundo a formação) capaz de me controlar sexualmente e afins. (o que o reitor disse foi que o seminário não seria um bom ambiente para mim, é um lugar masculino, tenso)
bom, agora eu tenho que (como disse minha tia) realmente virar essa página da minha vida, por mais que doa e doa muito - como eu já escrevi, planejei toda a minha vida sob isso.
agora mudou. no meu primeiro replanejamento da minha vida, projetei estudar, ter uma carreira, ganhar dinheiro e não assumir relacionamentos sérios até os 40. depois disso, back to seminário.
não cara, não! eu to fora disso, mds!
mas eu não preciso, não vou ficar me martirizando com isso, cara.
agora mudou, minha vida não é mais pra ser padre, nem agora nem com 40 anos.
eu vou estudar, ter uma carreira, ganhar dinheiro, ser independente.
quanto a relacionamento, eu vou me jogar quanto ao que eu sinto, não quanto a moral e afins.
não to dizendo isso negando, por exemplo, a história da minha igreja, que amo. eu acredito na Igreja Católica, acredito no que ela prega, em seus valores, no seu imensamente importante papel na humanidade.
mas, poxa, e eu? a alguns olhos, vai parecer que não estou sendo altruísta como deveria ser (como foram os santos). mas eu to estruturalmente fora desses parâmetros. e to pensando em mim. mano, se eu não me sentir bem comigo mesmo, como é que eu vou continuar a minha vida, fala...? eu que não sei.
então, se eu for sincero com o que eu sinto, posso realmente viver como um ser autêntico, e não me escondendo atrás de aparências, gastando energia com isso. as experiência que tive no seminário foram péssimas pela ótica dos meus objetivos e meios daquele momento da minha vida (ser padre), mas, cara, o que eu senti...! foi bom, sério, ah, foi bom, hein!
ta, então eu tava no seminário, precisando de toda aquela estrutura pro projeto de vida que eu construí pra mim (de ser padre e tal). e fui expulso pela formação do seminário. mas, sabe o que? a Igreja é que precisa urgentemente de muitos padres. e eu seria um bom padre, ah, eu sei que seria! (não to aqui sendo arrogante, to sendo confiante do meu potencial - inclusive de resiliência, mudança, atitude).
entendeu, no final das contas, eles é que precisavam de mim! e me descartaram. (olha, se você entender isso como orgulho meu, ta, pode pensar assim; mas pensa que eu é que preciso pensar assim pra me sentir bem e certo no que to fazendo e no que vou fazer com a minha vida). quando tava pensado em escrever esse texto, ia escrever "e foda-se a Igreja de Toledo!" mas cara, deixa eles lá. eu não farei mais parte dela (como eu tinha planejado, pelo menos). então, que a Igreja de Toledo forme seus bons padres, o Belin não lhes serve.
e eu? eu to afim realmente de mudar meu curso (antes de entra pro seminário, não escolheria filosofia) e to pensando em alguma engenharia... aiai, e vou é seguir o que eu sinto, parece que estive aprisionado esse tempo todo nas correntes de todo mundo, menos livre sobre as minhas pernas! com a minha independência, quero construir todos os meus sonhos de verdade (ter dinheiro, viajar, conquistar o mundo), me assumir como eu sou e me sinto. e vou começar já, eu sou jovem, lindo, inteligente, cheio de qualidades (e defeitos, eu sei, mas que tenho que ver - e já vejo - como pontecialidades), tenho a vida inteira pela frente e o mundo todo meu me esperando. beijossssss.
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intro
vou postar uns textos aqui, acho isso meio infantil, mas ok, representam o que sinto e queria postar em algum lugar
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Se parar pra pensar, estamos todos nos recuperando de alguma coisa.
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