Refletir sobre os modos de criação em dança, questionar e borrar as fronteiras entre linguagens artísticas bem como subverter a relação público-bailarino ou público-obra são elementos fundamentais das criações de Felipe Teixeira e Mariana Molinos. Mais do que a trajetória comum na dança, os anseios e angústias no modo de fazer artístico os aproximou, dando origem à duas performances e uma série de estudos com vídeo-dança
Ambos artistas têm como dispositivo criador a subversão, a distorção da percepção e a “camuflagem”. Como diversas peças de um grande quebra-cabeças, cada produção ao mesmo tempo que sustenta um universo em si, deflagra a conexão com todas as construções anteriores. Os artistas compreendem que suas obras, possuem uma “coerência criativa”, e que de algum modo tudo que criam está intimamente conectado. Deixando pistas de uns trabalhos nos outros, eles vão aos poucos convidando o público a traçar suas próprias trajetórias de uma criação a outra, anunciando, com isso, que o próprio caminho é tão fundamental quando a obra em si.
Movidos pela possibilidade de partir de um determinado assunto e subdividi-lo em milhares de camadas, todas as suas pesquisas procuram transformar um “produto final”, em uma parte de um todo que não é revelado. Sempre embebidos de uma perspectiva estético-política, a cada criação partindo da eleição de um determinado foco, procuram abarcar uma gama vasta de reflexão, questionando os modos de criação, conceitos fixos sobre arte, valoração do fazer artístico, “moldes” previamente determinados pela sociedade e mercado, entre outros.