as palavras no espaço perdem a gravidade
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Imagine-se entretanto que a roda do moinho desacelera.
Que o grão de trigo escasseia.
Que a abelha já não vem tanto como dantes...
E agora?
O sol ainda brilha lá fora...
O verde ainda é verde.
Mas o gato tem fome..
e tem de comer!
Cadê o comer?
Onde estão as chaves da dispensa?
E que porta é esta?
A poesia alimenta a alma.
A música dá cor às cores!
- Música!?????
E o corpo? Como se nutre este corpo?
Este tronco, estas raízes, estes galhos!?
Podes procurar pela casa toda.
Podes seguir as pistas de um gato.
Mas dizem que não podes morar no seu olhar...
Peixinho da horta não é o seu manjar!
Ah mulher!!
Essa coleira está lassa.
Podes tirá-la!
Ele que se prepare para perder as botas!
Vamos lá..!
- Ele quem?
- Ele, Ela, Eu, Nós.. é tudo a mesma coisa!
Vamos!
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Desafio de Escrita do Triptofano
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sentei-me no lugar marcado,
pus o cinto,
e respirei fundo,
inspirando profundamente
e expirando devagar.
coloquei o capacete
e agarrei-me ao assento.
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Go!
o entusiasmo grita.
não há dúvidas,
os meus sentidos estão apurados,
é impossível negar o que os meus olhos vêem.
não sei quem sou,
não sei que sou,
não há dúvidas.
apenas reajo àquilo que experiêncio.
sede, fome, desejo, sono.
apetites ou vontades.. várias.
não sei quanto tempo passou,
só sei que quando retirei o capacete
as dúvidas eram gigantes!
"onde estou?"
"quem sou eu?"
"quem era eu?"
"o que é que eu estou aqui a fazer?"
e "porque é que eu vim?"
não havia espelhos por perto,
não me via,
era!
não me dei tempo para reflectir devidamente
pressionei o botão do "próximo episódio"
coloquei o capacete
respirei fundo.
a andar para trás
via a vida
a andar para a frente
e quando dei por mim
estava no meio de uma purga
e estava a brotar as entranhas!
em sentir, em rir, em lágrima.
histórias de amor
histórias de dor,
histórias
h i s t o r i a s
i t s i a s h o r
o concreto discreto,
o subtil complexo,
a simples ousadia,
a impertinente sofisticação,
os alongamentos,
os engajamentos,
a conexão,
a palpitação,
aplaudir
e sair
de olhos em bico.
"pausa"
retiro o capacete
como quem sai
de uma sala de espelhos distorcidos.
distorcidos...
não da realidade
mas de mim
em mais ou demais
em menos,
ou.. menos muito menos!
"onde estou?"
"quem sou eu?"
"quem era eu?"
"o que é que eu estou aqui a fazer?"
e "porque é que eu vim?"
talvez seja isso..
ser testemunha de...
do que quer que seja.
talvez da vida!?
ou da pura imaginação!
qual delas a mais colorida?
som, palavras, gestos, corpos.. movimento!
resistência, fakirs,
arremessos, defesas,
um exército para garantir a proteção!
inculta contradição do sentir,
e das variáveis da percepção...
dessapiens.
como quem.. se desfaz
no desconhecido.
num puzzle desfeito.
e vice versa!
fui para casa
com sono
com fome
com impotência.
deitei-me sobre os assuntos
e adormeci com a esperança
que tudo faça mais sentido nos sonhos..
numa oração para que o caos se torne lírico!
sem consumo, não há sumo.
sem digestão, não há nutrição.
não mexe.
não estraga.
desacelerar.
decrescer.
acordo e tento persuadir-me à vida!
vamos Sofia!
não é na primavera que se hiberna..
vamos.. segue a marcha!
uma noite de cada vez!
menos é mais.
nada está parado.
menos é mais.
sempre?
ns
nem sempre!
muDanças.
por Amor!
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Desafio de Escrita do Triptofano
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vestir o belo par de calças que se teceu
calçar os sapatos
fazer a trouxa
e andar.
andar, dançar e... escrever!?
maktub!?
mas em que andar?
andar a pé
andar de bicicleta
andar de trotinete
andar de patins
andar de metro
andar de autocarro
andar de comboio
andar de carro
andar de dragão
andar de vagar
andar de-pressa
andar ao meu ritmo
e sempre que possível
na média do ritmo da companhia.
andar segundo o próprio andar.
até no segundo andar.
andar mais perto do solo
mesmo que seja a solo!
de olhos bem abertos
ou de olhos bem fechados,
para a frente e também para trás
até que o sentir dite o parar.
e a viagem continua...
por dentro ou por fora!
música maestro!
pode então desabrochar-se a dança.
dar início à efémera procissão
de uma desenraizada fluidez
entre água, sabão e ar.
sabão?
sim sabão.. a prática!
há que saber olear e transmutar...
descobrir o sal da vida!
eh.. okay!?
e escrever!?
qb
o quanto baste!
à medida dos possíveis.
a impossibilidade é um compasso
para re-descobrir o norte
e re-ajustar o sentido da viagem!
e o destino?
o coração da rocha
este grande "terceiro calhau a contar do sol"!
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Desafio de Escrita do Triptofano
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