"do cruzamento dos textos que constituem a antologia, cada um dos quais é uma maneira de ver, sentir Belém, não resulta apenas a cidade como o contexto histórico dessas fontes. As fontes são, por sua vez, fragmentos de uma memória comum, coletiva, de todos e de ninguém em particular" - Benedito Nunes. IN: Pará, Capital: Belém - Haroldo Maranhão
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Note
Queria dizer que eu acompanho o blog há muuuitos anos e já foi muito útil pra mim na faculdade e na minha profissão ao longo do tempo. Semana passada mesmo! Muito obrigada por esse espaço. Espero que dure muito mais 🤎
Agradecemos a preferência. Durará.
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Praça da Bandeira, d. 1880 / Bibliothèque Nationale de France
"Martinho João Tavares, o popular mestre Martinho, como o chamam, arregimenta anualmente os devotos do Divino e leva a efeito a festa com esforço constante e tenaz, mostrando em idade já avançada, a resistência do seu senso religioso ao enervamento que atirou por terra a grande e aristocrática festa dos tempos passados (…)
A festa do Divino no Pará mostra, em confronto com outras similares de outros Estados, sempre a reminiscência metropolitana do passado, a par de solenidades novas, originais, por assim dizer, modificações sensíveis, em cuja composição o meio físico tomou saliente (…)
Mais ou menos pelo ano de 1848, Martinho João Tavares e seus primos Antônio de Belém e Benedicto Manuel dos Santos habitavam com a sua família numa casa da rua Nova de Santana [atual Manoel Barata]. Eram os três, então, aprendizes de ofício, com pouco mais de uma dezena de anos cada um (…) Assim os três rapazinhos faziam anualmente a sua festa do Divino, em família, sem aparatos, que a sua pobreza os não permitia.
Uma pequena coroa de miriti, encimada por um mundo e uma pombinha de cera, era depositada em altar modesto, por eles mesmos feito, onde reluziam, à noite as luzes de algumas velas.
Reunidos com outros rapazitos, cantam diante do símbolo da sua devoção, e, no quintal da casa, erguiam uma vara revestida de vistosa folhagem, arremedo do grande mastro levantado no largo da Sé (…)
Um mulher parda, de nome Maria Thereza, enfermou gravemente, de modo que nenhuma esperança havia sobre o seu restabelecimento (…) lembrou-se daquele Espírito Santo das crianças (…) para ele apelou em súplica, prometendo mandar fazer em troca de sua saúde, uma pombinha e um mundo de prata para a coroa de folha, e dizer uma cantata na Igreja de Santana. O seu mal abrandou e extinguiu-se, pouco a pouco, e ela, boa e forte como antes cumpriu o prometido.
Então a coroa foi, pela primeira vez, levada à igreja, depositada em um verdadeiro altar, e exposta à veneração franca do público.
Este progresso autorizou também uma reforma no mastro; com mais solenidade, abandonaram Martinho e os seus primos o quintal da sua casa e foram levantá-lo no Largo do Quartel, entre um poço que lá existiu e a forca, armada quase à boca da rua das Flores.
Em 1850, Martinho casou-se, mudando de residência para a travessa Estrella [av. Assis de Vasconcelos]. Com ele mudou-se também a festa, que, sem interrupção de um só ano, continuou a ser feita, levantando-se o mastro no Largo do Chafariz, assim chamado pelas duas bicas de pedra, para as quais se descia por uma escada de cindo degraus, que aí mandara construir em 1801 o governador Francisco de Souza Coutinho (…)
Pelo ano de 1865, tomou ele [Martinho] a resolução de construir humilde casa no Umarizal, então arrabalde da cidade, ainda não delineado.
Na travessa D. Romualdo de Seixas, pomposo nome dado a uma picada, mais ou menos desembaraçada de mato, levou a efeito o seu plano, estabelecendo-se no lugar em que ainda hoje vemos a sua casa pobre e humilde. Não existiam naquela época o prolongamento da rua S. Vicente [Manoel Barata], a travessa Dois de Dezembro [Generalíssimo], a rua Diogo Moia e as demais daquele bairro.
Um caminho tortuoso que ia do Largo da Memória ao largo de S. João, era o único trilho acessível, do qual partiam picadas laterais para diversos pontos.
A população, esparsa e pouco densa, toda pobre, habitava palhoças, ora agrupadas, ora afastadas umas das outras (…)
No domingo que precede a quinta-feira da Ascenção do Senhor, os devotos reunem-se na modesta casinha do mestre Martinho, para iniciarem as solenidades costumadas.
O bando exibe logo uma característica mescla de trajos: uns apresentam-se vestidos à maruja, que talvez seja uma reminiscência dos marinheiros da Armarda, que antigamente auxiliavam todos os trabalhos da festa, pondo uma nota vistosa no meio dos paletós e camisas de várias cores que os outros vestem.
Trate-se de escolher na mata próxima, uma árvore nova, alta, e de madeira leve, para servir de mastro, tarefa dantes facílima pela densidade das florestas virgens e hoje dificuldada pelas devastações dos lenhadores e dos estancieiros.
Parte alegre o grupo, levando consigo a bandeira do Divino, de damasco encarnado com a pombinha branca ao centro, e a caixa, cujo som caracteriza, anuncia e acompanha todas as formalidades.
Ao entrarem nas matas da Pedreira, dispersam-se todos em pequenos grupos, em diversas direções; comunicam uns ao outros os resultados das suas buscas, travam discussões sobre as qualidades das árvores escolhidas; os terçados abrem golpes profundos nos lenhos para verificações.
Por fim cessam as divergências diante de uma árvore que reúne todos os requisitos indispensáveis; é chamado o protetor, título de que goza o velho Mestre Martinho; este examina por sua vez o madeiro, ao som de compassadas e certas baquetadas no tambor.
Finda esta solenidade inicial, os devotos, armados de reluzentes e afiados machados, estendem por terra a árvore, despojam-na de galhos e folhas, tomam-na sobre os ombros e conduzem-na até um lugar limpo fora da mata, onde a deixam ficar (…)
[na quinta-feira] atinge a festa o apogeu (…)
Desde as noves horas da manhã afluem os festeiros à casa do protetor (…) Uma grande mesa, servida sem aparatos mas com abundância, chama os devotos; vai começar o almoço dos festeiros.
Às onze horas mais ou menos, repletos os flancos da mesa, o Mestre Martinho, envergando o seu fato à maruja, empunha a bandeira do Divino e ocupa a cabeceira.
Faz-se um grande silêncio: todos atentos esperam a palavra do protetor (…) As últimas palavras da pitoresca oração despertam uníssonos aplausos, aclamações ruidosas ao protetor; ao grito de 'Viva o Mestre Martinho!' responde um brado imenso: viva! E começa o almoço (…)
E a turba parte para o ponto em que ficou o mastro; vai cobri-lo de ramagem cingida ao madeiro com cipós, trabalho este em que as mulheres tomam parte ativa e saliente (…)
O serviço leva tempo; quando pelas três e meia a quatro horas, fica concluído, um emissário vai à casa do protetor comunicar que tudo está pronto.
Desfila então o préstito que vai buscar o mastro; na frente um devoto carrega a bandeira que tem de ser fixada na ponta do mastro: é um caixilho de madeira pintado de azul, servindo de chassis a um pano branco, e girante em torno de umas haste de ferro; no pano a mão pouco adestrada de um pintor inculto traçou a imagem do Senhor na ascensão, braços abertos, as roupagens enfunadas pelo vento (…)
Ao ser avistado o préstito pelo povo que está junto do mastro, estrondosos vivas irrompem de todas as bocas; as clássicas girândolas de foguetes, com o seu esfuziar violento e o seu acelerado tiroteio, fendem os ares, com grande gaudio dos espectadores.
Os anjos são escarranchados no mastro, que cavalgam daí até o lugar onde o vão levantar e os devotos tomam sobre os ombros o pesado madeiro: centenas de homens coligando num mesmo esforço, fazem daquela grande carga um brinco (…)
Hoje o préstito faz apenas descanso obrigatório à porta do protetor: aí o mastro é pousado em banquinhas pintadas de azul.
O Mestre Martinho aproveita a ocasião para agradecer à massa popular o seu comparecimento e aos devotos a coadjuvação valiosa que prestam à festa, e tem sempre uma lembrança para distribuir, ora pequenas pombinhas de metal, presas por laços de fita, ora versos e orações impressos (…)
O préstito parte de novo na mesma ordem para o lugar para o lugar onde tem de ser levantado o madeiro. Aí chegado, pregam no topo do mastro a bandeira do Senhor, amarram solidamente de alto a baixo cachos de bananas, de pupunhas, de inajá e tucumã que os devotos oferecem para tal fim; cruzam forquetas e passam amarras.
Quando tudo está pronto, adianta-se o protetor e ergue vivas, frementemente correspondidos: 'Viva a ascensão do Senhor!' 'Vivam os devotos do Divino Espírito Santo!'"
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Festas Populares do Pará: o Divino Espírito Santo ~ Arthur Vianna (1905)
#belem#divino#divino espirito santo#personagem#martinho#mestre martinho#1880s#arthur vianna#largo do quartel#praça da bandeira
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Encerramento da procissão do Círio, d. 1970 / Música Popular do Norte Vol. 3
"A foguetaria é obrigatória nas festas do Pará: queimam-na os os políticos para celebrar vitórias, os patriotas nas passeatas cívicas, os agentes de loterias em regozijo pelo caprichos favoráveis do jogo, os crentes em louvor de Deus e dos Santos, e os devotos de São Raimundo, anualmente, no dia 31 de agosto, em três formidáveis bombardeios à cidade, um ao alvorecer, outro ao meio-dia e o terceiro ao cair da noite".
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Festas Populares do Pará: o Divino Espírito Santo ~ Arthur Vianna (1905)
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r. Osvaldo de Caldas Brito (entre setas, com início nos fundos do presídio São José), d. 1950 / Acervo Biblioteca Central UFPA
"Nessa guerra entre gregos e troianos que foi a campanha de 1950, quanto mais se aproximava o dia da eleição, 3 de outubro, mais intenso o desvario dos contendores; depois do atentado fecal a Paulo Maranhão, do assassinato de Paulo Eleutério Filho, acontecimentos de repercussão nacional, sobreveio a tragédia que definiu o resultado das eleições: o assassinato do estudante Osvaldo de Caldas Brito, ocorrido no histórico Largo da Memória, ali na av. Nazaré com a trav. Quintino Bocaiúva.
Aconteceu que sob o comando do radialista Carlos Frias, uma trupe de artistas da Rádio Nacional percorria o Brasil em campanha para Eduardo Gomes, e aqui, claro, em favor de Assunção. Era a “Caravana da Vitória.” Proibidos pela polícia de uma segunda exibição no Teatro da Paz, Frias, a caminho de Manaus, prometeu que, na volta, rumo ao Sul, faria uma apresentação em local público.
Belém com seus 230 mil habitantes, na metade do século passado, conhecia os ídolos da Rádio Nacional – mais importante que a Globo de hoje – somente por fotografia e voz. Uns Poucos chegavam aqui nos festejos nazarenos, mas o chamado povão não tinha dinheiro para frequentar teatros. Televisão não era nem sonho. Então, como empresa difusora, estávamos entregues ao heroísmo da PRC – 5, que funcionava aos soluços, na dependência dos péssimos serviços da Pará Electric Co. Ltd., concessionária do fornecimento de energia elétrica.
Logo, contemplar a atuação de Jorge Veiga, Ademilde Fonseca, Adelaide Chiozzo, Isaurinha Garcia e outros, era espetáculo a não ser desperdiçado, inclusive por baratistas. Laércio Barbalho, o seu Laércio, baratista da gema com amigos entre os coligados, por exemplo, estava no local. Daí que o largo estava apinhado, mais gente do que no Baenão em dia de clássico Re x Pa. Entre os milhares de espectadores, centenas de estudantes com o entusiasmo e o alarido natural da idade. Osvaldo de Caldas Brito, aluno do Paes de Carvalho, presente.
Temendo o sucesso do showmicio, os baratistas escalaram a escória da polícia civil para tumultuar e impedir a realização do evento. Daí que delegados e investigadores circulavam nas imediações dando tiros, auxiliados por tropa do Corpo de Bombeiros. O povo, ainda que em desvantagem, não se intimidou e, com pau e pedras, enfrentou os esbirros do poder. Foi quando saiu da famosa Pensão Garrés, ali na beira do Largo, o lendário Jocelyn Brasil, coronel da Aeronáutica, que convocou um destacamento da Força para enfrentar os policiais-bandidos, agentes do Estado. O Corpo de patifes, digo, Bombeiros, logo rendeu-se, dizque [sic] por falta de munição…
Resultado da refrega, dezenas de feridos e uma vítima fatal: Caldas Brito, cuja identidade só se veio a saber no dia seguinte ao óbito.
Osvaldo era órfão de mãe, morava na trav. Joaquim Távora, 160, com uma tia, a saudosa d. Nair Zahluth, pessoa muito benquista de quantos a conheceram, eu inclusive.
Elcione, prima da vítima, futura primeira-dama e depois atuante deputada federal, aos 6 anos de idade, não tinha noção da tragédia que se abatera sobre sua família, Belém e o próprio Estado. Elza, irmã mais velha, falou à Folha Vespertina:
“Osvaldo sendo partidário da candidatura do general Assunção, queria ouvir suas palavras e vibrar com o povo…”. “A família Zahluth, sempre fora antibaratistas, em consequência do estado de descalabro da nossa administração e de todas as patifarias do governo…”
Isso é muita coisa na boca de uma inocente senhorinha, como o jornal a chamou. Evidente que plantaram os dizeres na boca da jovem entrevistada.
O assassinato, como previsível, rendeu manchetes de 1ª. página em todos os jornais do país. Os de Paulo Maranhão, ávidos para massacrar o inimigo, foram tomados de um delírio exasperante, descobriram até a identidade do homicida:
Foi Lamarão, informaram aos nossos jornais, o autor do tiro que vitimou o jovem estudante. O raquítico e asqueroso policial não teria todo escrúpulo em gabar-se publicamente da desumana façanha…
A verdade é que nunca se soube de onde partiu o tiro fatal.
A cidade em prantos, comoção geral, semelhante àquela provocada pelo assassinato de Severa Romana, no início dos 1900, erigida em santa pela crença popular. Estudantes, secundaristas e universitários, mobilizados, enterro de 1ª. classe, urna funerária luxuosa, adquirida mediante subscrição popular.
Antes das 17 horas daquele histórico 15 de setembro, que os estudantes de hoje desconhecem, o cortejo fúnebre partiu da trav. Joaquim Távora, todos a pé, milhares de estudantes e grande massa popular. Os políticos da Coligação presentes, Assumpção, Lopo de Castro, os líderes. Fumo nas vestes e velas acesas, seguiram pela Padre Eutíquio, avenida Tamandaré, rua Gama Abreu, Presidente Vargas (15 de Agosto), Nazaré, Magalhães Barata (av. Independência) José Bonifácio, até o cemitério de Santa Izabel. Quando o cortejo atingiu a praça Justo Chermont, os sinos da Basílica dobraram em finados, e um serviço de alto-falante irradiou a Ave Maria de Schubert (A Lacrimosa de Mozart, menos popular, seria mais apropriada). Por onde a procissão fúnebre passava, as pessoas choravam comovidas e acenavam um último adeus ao desditoso jovem, sacrificado no altar da estupidez erguido pela insanidade dos adultos. Ali, com ele, enterrou-se também a candidatura de Joaquim de Magalhães Cardoso Barata ao governo do Estado.
Do pranteado estudante 75 anos atrás, resta, em sua homenagem, a rua que leva seu nome: rua Osvaldo de Caldas Brito, bairro do Jurunas. Tem cerca de 1km de extensão, densamente povoada, possui um casario eclético concebido pela criatividade popular. Começa na orla do rio Guamá e termina nos fundos do Polo Joalheiro, ex- Presídio São José. Antes levava o nome do ilustre Augusto Montenegro".
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Os idos de 1950 e outros idos ~ Alcides Alcântara
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Belém, d. 1880 / Bibliothèque Nationale de France
Quarto conjunto de fotos feitas na área da Sacramenta, próximas aos igarapé do Una.
32 igarapé Una, rio Guajará - Desembocadura do igarapé do Una no rio Guamá.
57 e 58 estrada da Sacramenta - Dois pontos de vista da chamada 'estrada da Sacramenta', como era conhecido prolongamento da av. Senador Lemos indo em direção ao igarapé do Una. Chama a atenção que a distância entre os trilhos é diferente em cada tomada. Na foto 57 vê-se parte da cabeça do cavalo que puxa o transporte.
60 igarapé Una à Sacramenta - palafita aparentemente para apoio a pescadores.
59 Sacramenta près Pará - vê-se uma ampla benfeitoria em primeiro plano com parede de taipa e cobertura de tijolos. Ao fundo à esquerda há outra benfeitoria, essa coberta com palha.
Conferir:
Coudreau na Amazônia
1º Conjunto de fotos: Campina Cidade Velha
2º Conjunto de fotos: São Bráz-Utinga
3º Conjunto de fotos: Umarizal-Nazaré-Batista Campos
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Belém, d. 1880 / Bibliothèque Nationale de France
Terceiro conjunto de fotos mostrando imagens dos bairros de Nazaré, Umarizal e Batista Campos
39 hopital portugais - Hospital Beneficente Portuguesa no canto da av. Generalíssimo com av. Antônio Barreto.
49 une maison à Pará - Futura escola (Grupo Escolar) Barão do Rio Branco.
42 Nazareth, pavillon de la fête - Em primeiro plano chafariz no que seria a praça Justo Chermont, ao fundo pavilhão do Largo de Nazaré. Chafariz captado em funcionamento.
45 pavillon de la place de Nazareth - Antigo Pavilhão Central e mais dois pavilhões menores. Ao fundo a Igreja de Nazaré antes da sua reforma.
31 un faubourg de Pará - Visão a partir dos altos da Igreja de Nazaré em direção a São Bráz.
50 une maison à Pará - residência em local desconhecido, presume-se que nos arredores da Estrada de Nazaré.
51 un chalet à Pará - chalé em local desconhecido, também presume-se, nos arredores da Estrada de Nazaré.
43 place Baptista Campos, à Pará - uma primitiva praça Batista Campos, com cavalos pastando e sem qualquer vegetação primária.
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Coudreau na Amazônia
1º Conjunto de fotos: Campina Cidade Velha
2º Conjunto de fotos: São Bráz-Utinga
4º Conjunto de fotos: Sacramenta-Una
#belem#1880s#coudreau#nazare#praça batista campos#largo de nazare#beneficente portuguesa#avenida nazare#grupo escolar barao do rio branco#generalissimo#praça justo chermont
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Belém, d. 1880 / Bibliothèque nationale de France
Segundo conjunto de fotos mostrando imagens da área denominada de São Bráz e Utinga
40 place São Braz - local sem identificação precisa, a carroça transita sobre trilhos.
56 un coin de Braz - ainda na mesma região, com mais vegetação primária. Nota-se uma perfuração de poço com abundante fluxo d'água. No canto esquerdo estão dispostos tubos de canalização.
46 station de tramways - pequena estação de bondes, ainda movidos a tração animal. É possível ver quatro trilhos, dois no meio da foto, um com vagões em movimento e mais dois trilhos auxiliares no canto direito.
55 Utinga - duas benfeitorias, uma delas com chaminé e emanação de vapor por trás das casas. Em primeiro plano tubos de canalização e no canto direito um pequeno igarapé.
52 estrada d'Utinga - uma senda aberta com uma construção similar a um tanque em primeiro plano. Há um gradual aumento na elevação do terreno em direção ao fundo da foto.
53 e 54 vallée d'Utinga - duas perspectivas de igarapés artificialmente retificados. Em uma das fotos, onde estão dois homens, há uma cerca feita com caibros.
Conferir:
Coudreau na Amazônia
1º Conjunto de fotos: Campina Cidade Velha
3º Conjunto de fotos: Umarizal-Nazaré-Batista Campos
4º Conjunto de fotos: Sacramenta-Una
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Belém, d. 1880 / Bibliothèque nationale de France
Primeiro conjunto de fotos do acervo da Société de Géographie doados por Coudreau. Aqui estão relacionadas na ordem em que aparecem na postagem com sua respectiva numeração:
38 Banque Commerciale - Esquina da tv. Campos Sales com a rua 13 de maio mostrando a entrada do Arquivo Público, ainda fazia parte do prédio o gradil e portão lateral.
41 Palais de la Presidence - av. Portugal com tv. Pe. Champagnat, aparecendo a praça D. Pedro II, o Palácio Antônio Lemos, o Palácio Lauro Sodré e o monumento ao General Gurjão. Dominância de palmeiras no passeio público que seria requalificado anos depois.
35 Monument du général Goujon - notar os postes de iluminação ao redor do monumento do Gal. Gurjão que era ainda gradeado. Ao fundo aparece parte do frontão do Palácio Lauro Sodré.
44 place du quartel - perímetro da Praça da Bandeira com o Colégio Paes de Carvalho ao fundo. O atual Quartel General do Exército ainda não havia sido erguido, mas o lugar já era conhecido como 'praça do quartel'.
47 rue de la impératrice - r. João Alfredo com av. 16 de Novembro já com os trilhos de bonde instalados. No canto direito uma das palmeiras que aparece na foto 41 Palais de la Presidence.
30 rue de la impératrice - panorâmica da r. João Alfredo em direção à doca do Ver-o-Peso. Do ponto de vista é possível divisar a avenida Pe. Eutíqueo e a r. 7 de setembro.
37 palais de l'evêque - Igreja de Santo de Alexandre, que à época era a sede do bispado do Pará. O Largo da Sé ainda sem obras de urbanização.
46 rue de l'empereur - blv. Castilhos França na confluência com a tv. Frutuoso Guimarães. À direita a entrada dos trapiches das casas comerciais.
33 Docks de la douane - área nos arredores do Ver-o-Peso, antes da instalação do Porto de Belém. Há vários amontoados de pedras de calçamento que provavelmente seriam utilizadas para a urbanização do perímetro.
34 Guarda Muria - ainda nas proximidades do Ver-o-Peso, com a tv. Frutuoso Guimarães estava situada a Guarda-Moria. Aqui também se encontram os materiais de construção civil para calçamento da área dos trapiches.
36 eglise de la trinité - Igreja da Sé e outra seção do Largo da Sé
Conferir:
Coudreau na Amazônia
2º Conjunto de fotos: São Bráz-Utinga
3º Conjunto de fotos: Umarizal-Nazaré-Batista Campos
4º Conjunto de fotos: Sacramenta-Una
#belem#campina#cidade velha#1880s#guarda moria#igreja da se#ver o peso#rua joao alfredo#boulevard castilhos frança#arquivo publico#avenida portugal#general gurjao#igreja de santo alexandre#coudreau
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Estúdio Fidanza, d. 1880
À esquerda Joseph Marie Roche (botânico), ao centro Anantole Henry Coudreau (professor), à direita Clément Demont (navegador). Três exploradores franceses posando no estúdio Felipe Augusto Fidanza, possivelmente situado à r. Santo Antônio na época dessa foto, entre 1883 e 1885.
Como membro da Sociedade de Geografia Francesa, Coudreau viajou sucessivamente à região amazônica do Brasil e das Guianas entre 1881 e 1885. Nomeado professor de História e Geografia no Collège de Caiena, recebe em 1883 a primeira missão oficial para explorar e descrever as guianas, o que incluía também o norte do Brasil.
Coudreau milita pela exploração econômica da Amazônia, mas não recebe a atenção esperada da parte do governo francês, o qual acaba por não financiar mais suas viagens, por suas viagens terem ganhado um contorno político. Mais tarde, será o governo do Estado do Pará que bancará suas expedições de reconhecimento aos principais rios paraenses: Tapajós, Trombetas, Xingu, Iriri. Um dos palanques de Coudreau para o convencimento da exploração amazônica era a Sociedade Geográfica francesa.

Dois chalés, d. 1880
A palestra pronunciada por Coudreau em 22 de maio de 1885 foi resumida dessa maneira no Comptes rendus des séances de la Société de géographie et de la Commission centrale: "as quatro últimas [viagens] (maio de 1883 a abril de 1885) foram financiadas por iniciativa do Sr. Chessé, governador da Guiana Francesa. O Sr. Coudreau estudou primeiro o Counani, depois o Mapa, na região costeira contestada entre a França e o Brasil. Em seguida, dirigiu-se a Manaus para atravessar toda a Guiana central entre o Rio Negro e Caiena". A mesma palestra foi reapresentada no 19 de junho de 1885. Posteriormente, em novembro, fará uma apresentação sobre a contestação dos limites entre Brasil e Guiana Francesa.
Há um extenso texto sobre o tema da palestra, publicado no Bulletin de la Société de Géographie Commerciale de Paris sob o título "L'Amazonie". Ali se nota que o explorador vinha com o objetivo de levantar não somente informações a respeito da geografia física, mas sobre o potencial econômico do território:
"A Amazônia realiza hoje mais de duzentos milhões em comércio, e pode-se prever, dada a sua progressão, que antes do final do século ela poderá muito bem chegar ao bilhão (...) Não quero falar mal do Hoang-Ho nem do Yang-Tsé-Kiang, mas tenho mais confiança no São Lourenço, no Mississipi, no Rio da Prata e no Amazonas".

Porto em Manaus, d. 1880
As preleções na Sociedade de Geografia são acompanhadas por projeções das fotos dos locais visitados pelos exploradores. As primeiras conferências ilustradas são feitas em 1875, usando-se um aparelho óptico para projetar as fotografias em vidro. O equipamento era operado por Jules Molteni e após sua morte por seu sobrinho Alfred Molteni, agora o projecionista da Sociedade de Geografia.
As conferências de Coudreau são ilustradas por diversas fotos (contam-se 91) da região das Guianas, incluindo Belém e Manaus. Há ao menos 30 fotos que retratam Belém. Essas imagens foram doadas por Coudreau à Sociedade de Geografia em diferentes datas durante o ano de 1885, como está manuscrito em todas elas.

"doado pelo Sr. A.H. Coudreau"
O acervo está acessível na Bibliothèque Nacionale de France e no site Wikimedia Commons. Não há uma indicação clara da autoria das fotos. No site da Biblioteca Francesa atribui-se, sem certeza, à Molteni, mas como visto se tratava apenas do projecionista da Sociedade Geográfica, sendo improvável que tenho participado das excursões pela Amazônia, sendo mais possível que tenha feito somente os arranjos necessários para as projeções. Tampouco há atribuição das fotos a Coudreau, Roche ou Demont.
Suspeita-se que as fotos, ao menos as tomadas em Belém, possam ser de Felipe Augusto Fidanza. Há dois indícios: as imagens feitas em estúdio e as paisagens (coincidentes) que são atribuídas a Fidanza.

Perfil feito no estúdio Fidanza
Existem duas fotos atribuídas a Fidanza que estão na coleção da biblioteca francesa: uma do próprio Coudreau sozinho e a imagem dos três exploradores. As fotos possuem o timbre do fotógrafo português na parte inferior do papel cartonado que emoldura as fotografias (FIDANZA - PARA). Assim, os franceses tomaram contato com o trabalho de Fidanza - que já fotografava no Pará há no mínimo quinze anos. Fidanza é o autor das imagens de vários álbuns fotográficos patrocinados pelo governo do Pará no final do século XIX.
Outro indicativo de que as fotos poderiam ter sido feitas por Fidanza são as imagens idênticas que há tempos circulam na internet e são atribuídas ao fotografo português. Algumas fotos são semelhantes, outras tomam o mesmo ponto de vista, mas foram feitas em momentos diferentes.
Arquivo Público
À esquerda está a imagem obtida pelo perfil Belém de Outrora e disponibilizada pelo Laboratório Virtual da FAU-UFPA. À direita está a imagem disponível na Biblioteca Nacional Francesa. A foto foi feita na esquina da tv. Campos Sales com a r. 13 de maio. O Arquivo Público é chamado de Banque Commerciale no acervo francês. As fotos são absolutamente coincidentes ao se comparar a sombra do poste na esquina.
Ainda no bairro da Campina há as fotos feitas na confluência da r. João Alfredo com a av. Portugal. O ponto de vista é exatamente o mesmo, mas notam-se diferenças na pintura da empena do prédio à direita em primeiro plano (CENTRO COMMERCIAL). Na foto de baixo, com a empena totalmente tomada por um letreiro, ao fundo da cena, percebe-se que foi construído um sobrado, evidenciando que há um espaço temporal de meses ou anos entre essas fotos.
Vistas da r. João Alfredo tomadas em períodos diferentes
É preciso mais pesquisas para se comprovar que as fotos de Belém são de autoria de Fidanza, aqui estão apenas indícios. Teriam os franceses comprado fotos do acervo do fotógrafo? A data de 1885 que consta no material talvez não seja a data de todas as fotos, somente quando foram doadas para a Sociedade de Geografia. Assim, as fotos no interior do Estado do Pará e Amazonas que fazem parte do acervo podem ter sido tomadas por outro fotógrafos e em outros anos.
Essas fotos foram vistas primeiramente no perfil de Amadeus Hermes, sem muitas informações. Após uma intensa busca em acervos digitais foi encontrada a fonte das imagens. Das 91 fotos do acervo separamos 4 conjuntos que retratam Belém:
1º Conjunto de fotos: Campina Cidade Velha
2º Conjunto de fotos: São Bráz-Utinga
3º Conjunto de fotos: Umarizal-Nazaré-Batista Campos
4º Conjunto de fotos: Sacramenta-Una
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Fábrica de Papel da Amazônia, pss. Mucajá, 1968 / O Cruzeiro, 1968
"Tu sabe o que fez essa sujeira? De não prestar mais essa água aí desses tempos pra cá? Foi a FACEPA. Quando ela abriu as comportas com aqueles venenos todos, aí não prestou mais. Era uma fedentina, uma fedentina. Eu queria que tu visse o estrago de tanto peixe. De tanto peixe que morreu nesse igarapé. A gente ia pra pegar com paneiro, eles tavam rodando, aqueles traíra assim grande, jeju. Tudo peixe do igarapé, do rio. A gente pegava, abria ele, já tava podre. Eles vinham e já tavam podres, com a força daquele veneno da Facepa. Aí, quem que ia comer? Ninguém. Acho que nem urubu comia, porque tava envenenado".
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Depoimento de Dona Barroso, 2013. Em: Memória ambiental das águas de urbanas na bacia do Una, em Belém (PA) - Pedro Paulo Soares
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Rancho Não Posso Me Amofiná, 1995 / Canal Tiago Tapajós
"(...) minha mãe, que frequentava vários bailes carnavalescos e não perdia os desfiles, me levou, pela primeira vez, para ver as escolas de samba desfilarem na Avenida Presidente Vargas. As mães carregavam sacolas com sanduíches de pão e queijo cuia e pão com picadinho (carne moída), além de sombrinhas e plásticos, por conta da chuva sempre presente no carnaval de Belém. Quando o Não Posso entrou na avenida, eu já dormia na beira do asfalto, mas minha mãe nessa hora me acordou para ver o Não Posso desfilar (...)"
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Cláudia Palheta ~ Artes Carnavalescas: processos criativos de uma carnavalesca em Belém do Pará (2012)
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Mário Filé (1958-2025) / Programa Coxia (2016)
"Força da voz
A voz da gente é tudo que se tem Na verdade, o que se passa falando, Escrevendo, cantando. A voz é o que há de mais precioso para quem escuta, querendo saber da vida; pra quem duvida e, ouvindo, aprende pelo tom da voz. A voz que pensa não fala de qualquer jeito. A voz tem que sair do peito, mais do que estar falando, saber porque está falando. A voz não pode obedecer a qualquer desmando. A voz de quem quer que seja tem de ser orientada por um comando sem vaidade, tem que passar verdade, tem que ser fértil, tem que ter humildade. A voz tem que soar poética Tem que ter ética"
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Texto de Mário Filé. Em: Osmar Pancera ~ A práxis artístico-cultural da ONG Rádio Margarida (2009)
Cf. o repórter Filé em ação: Praia do Outeiro, 1987
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Carregadores de piano, 1932 / FAU-UFPA
"Quixadá saiu sem rumo e sem ideia. Quando passava pela 'Casa Carvalhaes', viu os portugueses sentados no batente da porta à espera de carreto, de piano, ou mobília, ou qualquer traste para transportar. Geralmente eram vistos carregando piano, enquanto moleques iam cutucando-lhes a bunda, o que os forçava quase correr (...)"
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Os Anões ~ Haroldo Maranhão (1983)
Os carregadores portugueses pontificavam por todas as esquinas do comércio de Belém, como lembrou Eugênio Leitão de Brito. Augusto Meira Filho lembra deles na esquina da tv. Campos Sales com rua 13 de maio. No vídeo acima os trabalhadores foram filmados na tv. Padre Prudêncio tendo ao fundo a Casa Carvalhaes situada na rua Santo Antônio.
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Varredores no Grande Hotel, [s.d.] / Arquivo Nacional
"Às vezes, cruzava com o bando de meninos do reco-reco, catando capim nos paralelepípedos. Sempre sentia uma sensação indefinida, beirando o complexo de culpa. Doída culpa de simples garoto classe-média que não andava de barriga vazia, descalço, de fundilho roto. Diante da miséria obter um pouco mais da vida acaba envergonhando a qualquer um.
Como passar indiferente ao reco-reco sabendo que, na pasta, carregava embrulhado um pedaço extra de pão, com manteiga e açúcar? (...)
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Belém, Belém ~ Alfredo Oliveira (1983)
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Cine Olympia [s.d] / FAU-UFPA; Nostalgia Belém
"Foi no dia 24 de Abril de 1912, que o Olympia teve suas portas abertas ao público. Originalmente ele integrava a firma paraense Teixeira, Martins e Cia, que pertencia a um grupo de lusitanos cuja fortuna havia sido construída a partir do comércio na época do fastio da borracha. Ele constitui a primeira casa exibidora especialmente construída para atender a projeção de filmes. Logo, não resultou o mesmo da simples adaptação de barracões ou antigos teatros sendo portanto especialmente projetado para ser cinema.
O projeto original do Olympia foi executado por artesões locais em sua maioria de origem lusitana que haviam trabalhado na construção do porto e nas obras de calçamento de Belém. A construção obedecia a um estilo neo-clássico à semelhança do vizinho Teatro da Paz. A porta principal era em forma de arco tendo por decoração uma estátua de mármore. A bilheteria ficava voltada para a rua sendo que no atual salão de espera localizava-se uma orquestra que executava números musicais. Dentre as orquestras que tocaram na sala de espera destacou-se a Jazz-Band do City Club, regida pelo professor Oliveira da Paz.
Por sua vez na sala de projeções existia uma outra orquestra localizada bem abaixo da tela que se ocupava do fornecer músicas que acompanhavam os filmes mudos. Dentre os que regeram tal orquestra estavam os maestros Ettore Bosio, o professor Travassos Arruda e outros. Porém, os frequentadores do Olympia usufruíam do conforto do que o Íris, Odeon, o Cine Popular e o Iracema não tinham. É que ele possuía um conjunto de ventiladores de teto que auxiliavam a plateia elegantemente vestida da Belém do início do século a suportar o calor. Tais aparelhos vieram dos EUA, e constituíam, um enorme avanço para minorar os efeitos de nossa alta temperatura.
As cadeiras do salão de projeções eram de ferro fundido e madeira sendo confeccionadas, originalmente, na Escócia. Elas chamavam atenção pelos detalhes laterais em estilo art-noveau. Por outro lado os projetores vieram da Alemanha sendo que empregavam carvão especial para fornecer luz necessária à projeção das imagens. Completando a decoração, o teto do cinema era todo decorado em gesso e chumbo apresentando desenhos suaves sendo que as luminárias eram francesas e de ferro. Já o piso de entrada era de mármore claro e o do salão principal de lajotões portugueses decorados.
Evidentemente que o prédio atual do Olympia não tem a mesma configuração de 1912. O cinema sofreu duas grandes reformas principais. A primeira na década de 40, com a reinauguração em 17 de Dezembro de 40, sendo a empresa proprietária da casa a Empresa Cinematográfica Paraense de Adalberto Marques. Esta reforma foi comandada pelo arquiteto Arlindo da Costa Guimarães, ocorrendo a modificação da fachada. Desapareceram os arcos, as portas da frente e as laterais passaram a apresentar a forma retilínea bem como foi introduzida a marquise que até hoje existe. Porém, a estrutura física do prédio permaneceu inalterada sucedendo apenas a troca das cadeiras e do piso que passou a ser de mosaico nacional.
Por volta da década de 60, já sob o controle da empresa S. Luiz, o Olympia sofreu a segunda grande reforma que colocou pastilhas na sua fachada e criaram-se as duas portas de evacuação atuais. Com isso desapareceram as portais laterais que davam para a rua Silva Santos. Todavia, a disposição da tela permaneceu inalterada bem como a estrutura básica do prédio que ganhou o ar refrigerado e novas poltronas. Assim é que o Olympia continua funcionando chegando aos 77 de vida ininterrupta dedicados unicamente ao ramo de exibição cinematográfica além de constituir o mais antigo cinema do país. Sem mencionar que ele, definitivamente, se encontra incorporado à paisagem da cidade traduzindo-se na condição de um bem cultural que não pode, evidentemente, desaparecer. Portanto, a este cinema nossas homenagens esperando que as mesmas possam se repetir até seu centenário".
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José Augusto Affonso II ~ 77 anos de projeção do Olympia. Em O Liberal de 25 de abril de 1989
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Haroldo Baleixe e Manoel Lobo na tv. Timbó com av. João Paulo II, 1967 / Acervo Elza Lobo
"O chem era o que hoje se conhece como lixão. À época, o lixão de Belém ficava no final da travessa Timbó, a mais ou menos 200 m do final da passagem Jarina (...) O chem era um espaço de atividades da molecada e até de alguns adultos que iam para lá catar objetos que ali eram despejados, mas que ainda podiam ser aproveitados. Seu Oscar aproveitava muito bem as caixas de madeira que eram deixadas ali. Essas caixas, com habilidade que só ele tinha, eram transformadas em móveis e utensílios que ainda duravam e serviam algumas famílias por muitos anos. Eram famosas as caixinhas que ele fabricava para acomodar bebês que estavam começando a se pôr sentados. Grosso modo, eram semelhantes aos bebês confortos de hoje em dia".
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Francisco Lúzio Ramos ~ Os meninos dos sonhos de Cruzeiros (2017)
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Sede da União Acadêmica Paraense, 1964 / Um olhar à cidade de Belém sob o Golpe de 1964: paisagens e memórias de estudantes e artistas - Raquel Cunha e Flávio Leonel Abreu da Silveira
"Na mesma noite da invasão da UAP [em 1º de abril de 1964], quando muitos amigos já tinham sido presos, havíamos saído, Leonildes Macedo, Mário Elísio e eu, na Kombi colocada à disposição do Congresso pela FCAP (depois soubemos que o motorista era um informante, infiltrado para vigiar os estudantes). Fui à casa de D. Luiza, na Praça Brasil, pedir à Rosa e Luiz, seus filhos universitários de medicina, que tranquilizassem Violeta e minha família, dizendo-lhes que eu estava bem. Em seguida batemos à porta do Professor Amilcar Tupiassu, na rua dos Mundurucus, para saber alguma notícia. Quando saímos a Kombi e o informante não mais estava lá.
Seguimos a pé da Batista Campos pelo Conselheiro Furtado, na direção da Casa do Estudante, na 16 de Novembro, onde morava.
De repente, um jipe verde, com chapa branca, passou por nós velozmente. Logo adiante parou súbito, com ruídos de frio no asfalto. Para fugir à possível prisão, testemunhada apenas pelas mangueiras atônitas, corremos cada um numa direção, na esperança estratégica de que alguém conseguisse escapar.
Enveredei pela Tupinambás, no rumo de retorno à Mundurucus. Quando estava no meio do assustado caminho, fui surpreendido pelo jeep que dera a volta no quarteirão e estacou próximo de minha perplexidade. Com sofreguidão saltaram do carro pessoas fardadas e dois ou três em traje a rigor, saídos de alguma festa. E começaram a me bater, e bater forte.
Eu gritei. Tombei por alguns minutos, quase sem fôlego. Algumas janelas se abriram e a luz iluminou uma súbita esperança de escapar.
Saí correndo, antes a hesitação dos agressores, e fui acolhido em pânico, na casa do farmacêutico Joaquim Contente, nossos vizinhos e amigos de Abaetetuba, onde seus filhos estavam morando para estudar em Belém.
Fiquei lá refugiado. Depois, passei, altas horas da noite seguinte, para a casa do Tio Carlito, na rua de 'bidos', Cidade Velha. Em seguida viajei para Abaetetuba, a bordo do barco-motor Peri, de propriedade do primo Edir Paes. A baía do Marajó recobria-se com o manto do escuro e ondeado de maus presságios".
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Tarefa ~João de Jesus Paes Loureiro (1977). Em Obras Completas de João Jesus Paes Loureiro (2000)
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