Sleepin Pillow
© da-da-sk
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acredito em quase nada
se não desacredito de tudo
não nasci cética,
mas com poucos atributos percebi que o caminho seria a razão
e não poderia acreditar em deus quando há tantas desgraças
há gente com fome
e pessoas sem moradia
em meu lar, o grande irmão foi hospedado
se fosse eu um pássaro, as minhas asas teriam sido cortadas
mas não puderam arrancar
as emoções que enterrei
as ideias que cultivei
e nunca foram capazes de conhecer as palavras que não sussurrei
não posso ser esperançosa!
logo abri uma ferida em meu peito para remover o meu generoso coração
E como ter fé quando não se pode fechar os olhos?
incrédula com a vida
não posso fincar raízes,
sinto-me tão só que transmuto minha materialidade em vácuo
a escuridão glacial que não é bem-vinda ou vista
aquém nada cresce ou morre; os meus gritos ecoam
atroam e ressoam
em um oração tumultuada pois não aprendi a rezar
e muito menos a esperar:
no que eu poderia acreditar?
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Esther Sarto
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a vida acontece
e o milagre do nascimento é uma luta
impulsionado para essa terra estranha,
desde o primeiro respiro é necessário se erguer
há combates fáceis e árduos; há guerreiros e sobreviventes
em um ringue,
bota-se as ataduras e eleva-se
esperando vencer
bom,
eu não tenho vencido nada
sinto que meu oponente sou eu
eu que me conheço e eu que não tenho mais forças
eu que quero desistir e eu que acredito não poder
eu que tenho uma teimosia tão profunda quanto esse solo
eu que tenho cicatrizes extensas como os rios do himalaia
eu não sou calma, eu não sou veloz, eu não sou flexível
eu já nem sou mais brasa, acredito que seja cinzas
vejo, dentro de mim, a cólera do fim da guerra
uma batalha egoísta que não entendo,
mas que existiu e findou-se
sem ganhos e com muitas perdas
a impermanência não é o fim, a morte não é o que sepulta;
a rigidez dos meus sonhos é
um futuro inelástico é a única possibilidade não viável que assisto,
que sinto e na qual, hipoteticamente, sobre"vivo".
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é como uma agulha no dedão
tão profunda que não sou capaz de tirar,
minha inflexibilidade não permite que eu a alcance
a dor me faz buscar uma distração e logo me enrolo n'uma teia;
mexo de um lado para o outro
e sou transpassada pelo desconforto
por que tenho que me acostumar com isso?
por que estou tentando tornar isso comum?
tão dolorida e sensibilizada -
ainda assim, não sou capaz de ser ouvida pelos demais
ninguém mais pode me salvar e isso me torna tão solitária
anseio transformar o meu coração; uma rocha
parece oportuno torná-lo em carvão
posso facilmente queimá-lo até as cinzas e sucumbir
ou manchar a todos por isso
quero culpá-los [e essa amargura também pinta o meu interior]
impactar suas almas para que o grande Juiz possa julgá-los
mas todas essas memórias são criadas pela minha mente
como posso parar de alimentá-los?
como posso deixá-los me controlar?
acreditei que o sofrimento poderia me tornar mais forte,
mas corrompi o meu sistema com essas ideias -
desde quando deixei de ser um organismo vivo para ser virtual?
atravessada e modificada pelo exterior,
não encontro um conforto nessa existência
[sozinha ou comigo,
sozinha ou com os outros]
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Courier of the Sun, oil painting by montiljo
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os Tempos inférteis chegaram
e me pergunto como a existência das pessoas continuam
pois pareço ficar presa em uma redoma
[sem tempo]
onde os pensamentos quase não chegam
e as emoções se enrolam em seu próprio fluxo
intercalando-se
tudo está à flor da pele,
mas não há nenhuma semente aqui
a única vida presente, sou eu, e chego a duvidar disso
as palavras alheias sussurradas chegam como uma lembrança antiga no fundo do meu cérebro:
"a monotonia é uma oportunidade de se reinventar"
mas todo o meu interior está apodrecendo
-
o último figo que caí e fica a mercê das possibilidades
não servi de alimento, não fui pisada e estou intocada
deteriorando de fora para dentro e algumas vezes, de dentro para fora
como os artistas sobrevivem?
mais do que um luto; este intervalo não para
é melancólico e árduo
o ar é tão denso que pesa nos pulmões e quase o vemos trazer a nossa permanência
não há permissões para rezas [seja de agradecimento ou pesar]
só o sentir
mas já senti um ciclo inteiro e estou desaparecendo
os Tempos inférteis chegaram
e estou sucumbindo [a Eles].
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Evgeniya Frolova
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dia após dia,
o cansaço de amar bate na minha porta
eu que estava tão acostumado a balancear na cadeira
- exilado -
e olhar para a imensidão de um deserto
tenho recebido visitas constantes
implorando um pouco de pão e um pouco de colo
mas há tão pouco para um velho como eu
voltei de guerra a cinco anos atrás e me escondi nessa cidade esquecida por deus
o sol banha todas as minhas feridas
e deixa as cicatrizes mais evidentes
tenho esvaziado a dispensa para dar aos necessitados
esquecendo que vou sumindo junto dos cuidados
querida, faz um tempo desde que alguém se atentou aos meus machucados
mas pior do que o vermelho na pele
é o buraco na minha alma que não pode ser visto por esses olhos
a solidão da casa combina um pouco com a dor da guerra
mas enquanto, eu lutava para viver do outro lado do mundo
aqui me encontro batalhando para sobreviver mais um dia
e gostaria de não te desanimar,
mas meu sonho está desaparecendo como a vegetação escassa
quero encher o meu copo com álcool, mas prometi a mamãe que não voltaria para essa vida boemia
a verdade é que me transformo em alguém que não me orgulho
no entanto, já não gosto muito de quem eu sou agora
estou me perdendo quando dou tudo de mim para os outros
o autocuidado não é uma prática ensinada aos homens da minha época
e como o cenário que eu encaro pelas manhãs
pareço um pouco esse ermo
- infértil e vazio -
oco do amor que nunca dei para mim ou recebi em troca
e vou seguindo,
dia após dia,
esforçando-me para ser gentil com esses desconhecidos
até que chegue a minha hora.
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ELŻBIETA WASYŁYK
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You need to relax and rest.
(via amargedom)
[tradução]: você precisa relaxar e descansar.
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ELŻBIETA WASYŁYK
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há um lobo entre as lacunas da escuridão
omitido-se com as pelagens dentro do gris das cordilheiras
lá fora é lúgubre,
a fome que ingressa nessa carne é opressora
e não só cega, mas consome o interior como um parasita
trazendo cólera para as pobres almas
um inimigo silencioso caminha
onde seu espectro brilha diante da introspecção
olhe!, ele sussurra
enquanto falho em meus passos,
caindo sobre pernas e pedras - iludido e traído
encarando para o miserável reflexo revelado
o quê?, as palavras são cuspidas com amargor
sabemos quem é;
o tirano está por aí e todos sabem
espalhando o seu veneno como antídoto
escapando das tropas de controle
sendo hospedado pelos camponeses dessa vila
como se fosse um herói trazendo descanso
e não, luto
você! você! você!, as vozes ecoam em culpa
ressoando como um mantra em meu tórax
- pulsando como as trombetas na queda de lúcifer -
o predador sou eu, a presa também
rastejando sob a carne apodrecida,
nutrindo o horror que cresce nas vísceras
após aniquilar cada devoto
e pronto para parir o meu próprio calvário.
[eu sou a escuridão e tudo que nela habita]
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Kaye Donachie
Against the Mass of Night
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na solidão da escuridão
onde um quarto é grande demais para uma pessoa
o que mantém a sua luz acessa?
eu tenho vivido dia após dia com uma esperança
que finalmente seja capaz de mudar
onde possa lutar ou simplesmente dizer adeus
o amanhã poderia não nascer para mim
ou seria uma nova chance
as conquistas que tenho alcançado são solitárias
& o vazio permanece sendo escavado
não encontro nenhum conforto,
sem um calor para fazer essa dor ganhar sentido
esperando que o ponto vermelho que pisca no horizonte
seja um aviso divino que vou encontrar o que espero
mas "eu te amo" não pode curar as rejeições antigas,
"me desculpe" não pode apagar os erros cometidos
e algumas ações são perdidas; não se pode ganhar em tudo
a zona de conforto se tornou uma zona de guerra
volto para o mesmo lugar depois de me desafiar
parece que estou em um circuito assistido
nenhum passo a mais pode me levar para frente
como animais enjaulados vivendo entre grades;
como eu poderia saber o meu caminho
quando toda liberdade que existe me foi tirada?
quando encaro o meu reflexo
dentro dessa confusão -
eu sei que essa mente que tanto me oprime
é o único lugar que poderia oferecer essas respostas
e esse coração que está remendado
é a ferramenta para enxergar o mundo
mas estou machucada demais
e cansada também [para descobrir isso]
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Mikio Watanabe
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eu olho pro mundo e penso que não posso sobreviver a ele
não sei como posso continuar os meus dias quando acredito que o pior a se fazer é sentir
e não há como ficar invisível para os obstáculos
minha mente constantemente se divide
eu não sou a pessoa do espelho
não sou a pessoa que tem esses pensamentos
e não sou nada entre esses dois
tenho envelhecido e endurecido como quando entramos em choque e paralisamos
estive buscando o vazio para conseguir preenchê-lo e me sentir em paz
mas depois de pressionar tantas peças erradas no meu peito
encontro-me com a desesperança que torna tudo cinzento
e quase superficial
quero fugir mais uma vez - agora não só das pessoas, mas de mim
eu não quero estar aqui. não quero ficar aqui nem mais um dia.
declaro que ser humana é um castigo à minh' alma
consumido toda a minha essência e moldando-me obrigatoriamente
para continuar transmutando é necessário energia,
o que resta é pouco; tenho menos crenças e força de vontade.
é um limbo e um labirinto
como tudo que conheci e aceitei,
a dualidade parece fatal, então
os altos estão para ser descobertos
e os baixos são cascatas que se alongam no decorrer das experiências
eu estou doente
e essa falha no meu espírito que não pode ser preenchida com argila me traz agonia
a mortalidade que parece o ápice da própria vida torna-se um castigo;
a vergonha que deve ser carregada
porque eu sou totalmente responsável e ainda assim, a coitada
como posso permanecer nessa dimensão que tem se tornado um teste de resistência?
tudo que é bom dura pouco
e tenho sofrido ao lutar contra o mau.
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