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desalinhada dos sonhos
submissa as tentativas falhas
pé descalço, chão quente
inibida de qualquer desejo motivador
jogada às traças
caminhando no meio fio da vida fingindo ser equilibrista
fazendo da arte seu instrumento de fuga
atuando a falsa vontade de viver
questionando o céu
buscando não repostas, mas um sentido qualquer
esbaldando-se na única delícia capaz de trazer plenitude, o amor
sobrevivendo a mercê da dúvida
e o chão quente, fervendo, borbulhando
o pé, descalço
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acalantar no peito o perigo de expandir
recolher as cinzas que dissolve em ti
e restitui em mim
submersa em dúvidas
no raso da certeza
na soma do desejo
no rompimento do não
a surpresa do incerto parecer mais certo do que até mesmo a beleza de um sol se pondo
pôr esse que leva contigo cada raio de medo
e te permite recomeçar logo amanhã,
bem de manhã
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pessoas são diferentes e o processo de desconstrução é diário. tá tudo bem sentir diferente, tá tudo bem se arrepender, tá tudo bem querer tentar de novo, tá tudo bem estar errado. o importante é entender que mudamos o tempo todo e que o eu de hoje é melhor que o eu de ontem. tá tudo bem se respeitar, você deveria mesmo fazer isso. tá tudo bem abraçar a sua dor, ela é só tua. tá tudo bem não entender algumas coisas. tá tudo bem se perder e só depois se encontrar, ainda que diariamente. admiro a filosofia de Heráclito porque ele dizia: nenhum homem pode banhar-se duas vezes no mesmo rio, pois na segunda vez o rio já não é o mesmo, nem tão pouco o homem. absorver as descargas e permitir a conexão dos fios que alinham e se concentram em cada canto do que essencialmente somos. partir do princípio de que nada se modifica em vão e nenhum fio é desconectado sem antes descarregar toda eletricidade necessária. nossas intuições não costumam falhar porque nossa energia é certa. ela existe. ela afeta. é afeto.
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no raso da dúvida
na sombra da incerteza
no rompimento das dificuldades
na impaciência da espera
no mar de questionamentos
no remo do querer
no mergulho do sim
nas profundezas do amor
na lógica do sustento
na racionalidade dos fatos
a balança que pesa, mas não calcula
a junção que não soma
a aceleração que se desfaz
a inércia que se refaz
o encontro de dois polos que anula
a combustão das sensações
fórmulas que não podem ser aplicadas
matéria que não consegue fluir
espaços geográficos limitados pela condição de ser
buscas frenéticas a longo prazo
imparcialidade no posicionamento
mergulhada na instabilidade
afogada em tentativas
jogadas tardias
quebradiça por inteira
penetrando a epiderme de forma corrosiva e fazendo morada subjetiva
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desalinhada dos sonhos
submissa as tentativas falhas
pé descalço, chão quente
inibida de qualquer desejo motivador
jogada às traças
caminhando no meio fio da vida fingindo ser equilibrista
fazendo da arte seu instrumento de fuga
atuando a falsa vontade de viver
questionando o céu
buscando não repostas, mas um sentido qualquer
esbaldando-se na única delícia capaz de trazer plenitude, o amor
sobrevivendo a mercê da dúvida
e o chão quente, fervendo, borbulhando
o pé, descalço
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a história nunca isentou mulheres fortes. eu não preciso de absolvição por ter me apaixonado por uma. parte de quem me tornei foi por amar cada pedaço teu.
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recuperar as notas que faz tua melodia encantar o ambiente por onde tu passas. caminhar descalço, num asfalto quente, esfolando as solas do teu coração. buscar teu caminho de volta onde tu possas voltar a respingar amor. e não fazer demasiada demora onde tu não possas ser morada afetiva.
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gente que te atravessa feito flecha gente que te atravessa feito gente gente que se inscreve na gente gente que se faz moradia na gente gente que é gente sem deixar de lembrar da gente, que um dia amou sem saber amar gente em todo canto gente em todo lugar meu Deus, como pode? ter tanta gente e só uma gente ter a forma exata que o formato de nossas mãos procuram? gente ali gente lá e a gente aqui, sendo nós novamente sem medo sem pressa só querendo ser só querendo estar só querendo amar
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quando algumas pessoas vão, é como tirar um peso das costas e acabar com a respiração ofegante de quem sabe que está correndo para chegar à algum lugar e nunca chega. quando algumas pessoas chegam, é como respirar fundo, encher o peito de sensações boas que mais parecem o ar fresco entrando em suas vias respiratórias. o ir e vir se dissolvem e num elo entre ceder e acolher, um rio desemboca num oceano de prazeres e medos. imensidão que engole, mas ensina a mastigar, que afoga, mas ensina a nadar e em constituições de si, se desfaz em mim, em ti, em nós
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contornada de emoções que devoram a paz e como vulcão a borbulhar, toda a raiva entra em erupção e respinga a sua volta. e escorre. e queima todos os rastros históricos de que algo bom existiu ali. apaga os registros, apaga as memórias, apaga. deleta. queima. destrói. e quando a primeira gota chega ao mar, parece cessar. e aos poucos vão afundando num oceano incapaz de resfriar. não tem efeito. toda a fúria a fim de rasgar as vestes e enudecer cada acontecimento. a fim de arrancar aquela mediocridade mascarada de amor. toda aquela teórica sensatez que se desmancha na prática. contudo, deixar ir muitas vezes é se libertar. é quebrar as correntes, é voltar a enxergar, é voltar a ter autonomia. e é poder se reencontrar com seu verdadeiro ponto de paz, se entrelaçar novamente com seu verdadeiro amor, aquele nu e sincero. o próprio.
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remando numa estrada. caminhando num oceano profundo. imóvel diante de uma tentativa. submersa no vazio de outra. buscando um céu azul que contemple cada gota de suor escorrido durante o percurso. bebendo o próprio fracasso a fim de matar a sede do caos que se fizera ali. caminhando arduamente num caminho frio e impiedoso. congelando os pulmões incapazes de capturar o oxigênio e impossibilitando a respiração. caída no mármore abandonado do deserto obscuro que existe em mim. naufragando no próprio mar. sendo engolida na própria terra. perdida no próprio deserto. buscando voar sem ao menos possuir asas. avistando um precipício que carrega para os braços da morte. e ela abraça forte. guarda no colo. caminha para uma luz quase apagada qualquer. some. não deixa rastros.
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indecisão
uma compreensão que estala os olhos e leva o corpo num ápice de adrenalina doentio. mãos trêmulas, respiração tão ofegante quanto de um ser despreparado após correr em alta velocidade 3 esquinas sem parar, olhos borbulhando um mar de desespero que escorre molhando uma face irreconhecível. um silêncio que se faz tão presente a ponto de ouvir com nitidez o som perturbador das lágrimas pingando. hematomas mostram que uma batalha ocorrera por ali. não faz sentido. os soldados do suicídio se colocam em posição de guerra e num piscar parecem ouvir uma corneta que indica que devem voltar. se desarmam e voltam para casa. e se colocam em posição novamente. e se desarmam. e voltam. numa oscilação constante de guerra e paz. controlados por uma mente covarde e indecisa. manipulados friamente por um psíquico conturbado e perplexo com tudo o que vê e sente. indignado com o desdém da vida. estagnado diante de tantos caminhos. gritando em lágrimas enquanto sussura em voz um pedido de socorro. negligência eterna de um contexto rasurado pelo autor dos traços.
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nula
observar qualquer movimento na tentativa de desacelerar os batimentos cardíacos que mais parecem estar numa corrida de fórmula um. 320km/h. como se chegar à algum lugar fosse importante. não costuma importar muito a linha de chegada quando não se tem uma referência de início. não importa se esforçar para sobreviver quando não se quer viver. não importa preencher buracos que só transbordam um vazio imenso. não importa ter artérias levando sangue para todas as partes do corpo quando não se tem o coração. os caminhos são insignificantes se não tem ponto de partida. é insignificante só existir num ponto fixo a vagar sem propósitos. por que lutar quando não se quer vencer?
tentativas egoístas de satisfazer vidas ao redor de uma que não deveria ser chamada de vida.
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uma vida qualquer
alma mistificada pela sobrevivência. apedrejada. burlada pela ilusória vida que se apresentou sem permissão qualquer. chegou. sentou. pediu um café. dois. três. croissant e cigarros para acompanhar. álcool para finalizar. bêbada de tentativas e fracassos. não quis ir embora. parece não aceitar a despedida, mesmo quando nem sequer foi convidada a existir. totalmente à margem de desejos e sonhos. vivia quase como um dever. sobrevivia como se quisesse um dia desfrutar do que a vida poderia ser. e a vida ali. sentada. falando só, não existia conversa porque a vida não ouvia respostas, não ouvia os desejos. estava ali da forma mais egoísta que poderia estar. sugando cada gota das águas escassas que ainda compunha aquele corpo. guardando para si todo o sangue escorrido através dos cortes imprecisos. guardando para si todo o brilho que se apagava naquele corpo. sem dó. sem piedade. sem misericórdia. assistia friamente o apagar das sensações daquele corpo. ali. sentada. pedindo um café. dois. três. croissant e cigarros para acompanhar. álcool para finalizar.
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e fiz de ti, primavera, minha estação interior onde me permito florescer quase sem cessar.
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dizem que demoramos um ano para superar de fato um grande amor em nossas vidas, mas e quando os dias se parecem horas e os meses se parecem dias e um ano se parece com ontem? e quando um ciclo parece se renovar constantemente impedindo que nada envelheça e que tudo se conserve quase como intacto?
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despedaçar-se em fios que constituem novos caminhos e desembaraçar as dúvidas do questionamento incerto e quase irreal, segurar firme as mãos do universo e acalentar em seu peito qualquer resquício de possibilidade. acreditar de olhos fechados no que se deseja acreditar. ser guiado pela fúria das surpresas e crenças. acreditar em ser e ser sem medo de direcionamentos alheios. encontrar seu caminho com a lucidez da insanidade que modela de forma estratégica cada gota do que essencialmente somos.
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