Tumgik
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Eu não sei expressar meu maior trauma e o medo que me acompanha desde então. Talvez não poder reagir de nenhuma forma, nem mesmo dentro da lei é o que mais me abala.
Me sinto vulnerável e por vezes até acredito que foi em vão toda a minha luta pra concluir a faculdade porque desde o começo era sobre lutar contra as covardias e preconceito do sistema. Sempre foi sobre isso.
Não sei explicar como me foi despertada essa visão sobre a vulnerabilidade de parte da sociedade mas ver a negligência estatal sobre os menos favorecidos me tocou de alguma forma. Na época eu estava no ensino médio e procurei ferramentas as quais estivessem ao meu alcance, mesmo que a longo prazo para me opor a isso. Então decidi fazer Direito. Desde o começo era certeza de 100% das pessoas que eu seria criminalista. Mas aí acontecem muitas coisas não planejadas na vida e eu acabei entrando demais na realidade do estudo. O que resultou ao centro do assunto. Meu maior trauma (denomino assim).
As vezes eu não espero que algum ser humano seja capaz de tamanhas atrocidades. Me ver apanhar no meu rosto (ninguém nunca tinha me batido no rosto), de homens potencialmente maiores que eu, em uma estrada de chão, sem poder ter nenhuma reação mesmo que fosse verbal, não sei falar mais.
Aí depois de me torturar, de torturar a pessoa que eu amo eles decidem que vão me estuprar na frente dele. Se não fosse meu marido aquele dia, eu não sei se eu tava viva hoje. Eu não gosto de falar sobre esse momento. Eu não falo sobre isso. Eu nem sei se já contei os detalhes assim pra alguém alguma vez.
Isso me dói de uma forma imensurável. Porque depois disso eles ainda ameaçaram meu marido no fórum pra gente não denunciar o que tinha acontecido.
Depois disso é só medo, eu não tenho paz nunca porque eu sempre lembro da cena, eu sempre penso se eles tivesse feito isso cmg na frente de Gabriel. Eu preferia tá morta agora. E se eles me pegarem e fazer? Porque pra mim morrer é o de menos.
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23 anos sem me compreender e me culpando pelas loucuras que vivia quando enfim a luz do diagnóstico brilhou em minha vida. Hoje, aos 27, diagnosticada com TDAH e tem-se a suspeita de um borderline ou bipolaridade.
Enfim, as loucuras da vida me trouxeram até aqui. Sou advogada e vivo uma "vida dupla" pois sou também mulher de preso. É isso, por hora.
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