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Selina caminhava sem pressa pelo corredor, já ciente de que Ziggy a observava com aquele olhar curioso e inquieto. Não era nada novo para ela. Com um pequeno suspiro, ela finalmente o olhou, quase como se fosse esperado.
⸻ Você sabe que já está aqui há quase 10 anos, né? ⸻ A voz dela foi descontraída, mas havia um toque de curiosidade em seus olhos. ⸻ E ainda se perde por aqui... Não é exatamente uma surpresa, mas é meio... impressionante, se parar para pensar. ⸻ Ela fez uma pausa breve, uma expressão divertida no rosto, antes de continuar. ⸻ E eu, como boa samaritana que sou, posso te ajudar a encontrar o caminho certo. ⸻ Ela deu um sorriso travesso, como quem sabe que ele provavelmente já estava cansado de se perder o tempo todo.
Ela deu alguns passos à frente, mais relaxada, como se estivesse propondo uma negociação amigável.
⸻ Mas... eu ganho o quê te levando pelo caminho certo? ⸻ Selina deu um olhar rápido para ele, provocando-o de maneira divertida, enquanto continuava a caminhar pelo corredor, mais lentamente, aguardando a resposta. ⸻ Vai ser algo bom, né? Porque, pelo visto, te ajudar a não dar voltas por aqui será corriqueiro!
𓂅 ⋯ ⠀› Parado no corredor, encostado à parede, Ziggy tinha um cigarro apagado entre os dedos que continuamente girava entre eles, meio nervoso. Olhava para os lados como um pássaro alerta, escrutinando cada janela e porta do castelo com interesse digno de um arquiteto renascentista. Por algum tempo, roubou olhares de soslaio para a pessoa mais próxima; era um pouco óbvio que ela conseguia vê-lo fazer isso, até mesmo sentir o peso de seus olhos, até o momento em que decidiu, finalmente, dizer algo. ❛ Olha, eu sei o que você está pensando e fique sabendo que eu sei exatamente onde estou! Só não sei como vim parar aqui. ❜ Disse, como se fosse a coisa mais normal do mundo e a pessoa realmente tivesse o mínimo interesse em si e no que fazia, dando de ombros. A pessoa poderia perceber que ele a seguia agora, da maneira mais discreta que conseguia... Que não era muita, dada a situação. Ziggy poderia ser um espião excelente, mas não dentro de Halyoke, onde sentia-se minimamente seguro. ❛ Tá, olha só... Vou ser honesto: não faço a mínima ideia de que lugar é esse. Já percebeu o quanto esse castelo é gigantesco? Quantos quartos devem ter nesse lugar? Imagina a conta de luz, água, gás... Esse castelo é um atentado ao meio ambiente. Me diz que você tem um mapa ou consegue se localizar, porque eu cheguei aqui faz quase 10 anos e ainda me perco sem ajuda dos meus amiguinhos, e eles não parecem estar de bom humor comigo hoje. ❜
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Selina estreitou os olhos ao observar Domenico tão absorto no próprio reflexo. O jeito como ele enrolava os cachos nos dedos, a forma como sua expressão flutuava entre distração e algo mais profundo, algo que não combinava com a postura usualmente despreocupada dele.
Ela cruzou os braços, encostando-se à bancada com um meio sorriso, mas sua atenção estava afiada. Domenico sempre preenchia os espaços ao seu redor com leveza e teatralidade, mas ali, naquela cozinha silenciosa, havia uma hesitação estranha nele.
⸻ O Sr. Crimson tem bons cremes, admito. ⸻ Ela ergueu uma sobrancelha, acompanhando o reflexo dele no vidro escuro. ⸻ Mas acho que não é só isso que você está roubando hoje.
A brincadeira estava lá, mas o olhar dela carregava um peso diferente, uma leitura cuidadosa da inquietação que se espalhava nos ombros dele.
Selina deu um passo à frente, como se estivesse prestes a farejar um mistério interessante.
⸻ Está procurando alguma coisa aí? ⸻ Um gesto de queixo para o reflexo. ⸻ Ou só checando se continua o mesmo?
A provocação foi dita com suavidade, a diversão ainda presente, mas Selina sabia sentir quando algo escapava pelos vãos de uma fachada bem construída. E Domenico, por mais elástico que fosse, não parecia tão flexível agora.
♡ STARTER ABERTO
# ────── Domenico encara o próprio reflexo na porta do micro-ondas, divagando enquanto o prato, que devia estar girando lá dentro, permanece imóvel, sem nenhuma refeição à sua espera. A madrugada se faz silenciosa e o sono, esquivo, não vem. Mais uma vez se rendia à própria inquietude. Ele estreita os olhos e se aproxima do vidro escuro para se certificar que não estava ficando com olheiras, a ponta dos dedos tocando suavemente a pele abaixo dos olhos, em seguida passando para enrolar os cachos na frente do rosto. Embora estivesse sozinho, de repente começa a se sentir… observado. Domenico costumava pensar que essa sensação surgia devido a algum espírito do mal que certamente assombrava aquela mansão, mas isso foi antes de ter tomado inúmeros sustos convivendo com pessoas que controlavam sombras e atravessavam as paredes. Agora, já estava calejado—ou ao menos parcialmente, de forma que rapidamente descartou a possibilidade. Sequer eram 3h da madrugada ainda. Mas ainda era desconfortável ser encarado em sua auto avaliação, e um constrangimento pairou no ar com a compreensão que podia estar parecendo meio ridículo para a pessoa nas sombras. “Não, eu não tenho nenhum procedimento estético.” Ele informa à pessoa com um ar fingido de quem está cansado de receber as mesmas perguntas, abrindo a boca antes mesmo dela emitir qualquer ruído para ser o primeiro a quebrar o gelo, seus olhos ainda no próprio reflexo no micro-ondas. Quando finalmente olha para o lado, encontra Muse parado na soleira da porta, parecendo em dúvida quanto a se entraria na cozinha ou não. “E sim, eu furtei os cremes capilares do Sr. Crimson, mas ele não pode saber disso.”
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O zumbido do metal cortando o ar e o baque surdo contra a rocha foram o suficiente para capturar sua atenção. Selina observava do alto de um pedaço de concreto rachado, uma das pernas dobradas e os braços apoiados sobre o joelho enquanto seguia os movimentos do novato.
Ele era habilidoso. E impaciente.
A terceira esfera hesitando denunciava sua frustração, mas também revelava algo mais interessante: controle nem sempre era força. Ela sabia bem disso.
Quando Maddox chutou a pedra e resmungou para si mesmo, Selina sorriu de leve, seus olhos dourados acompanhando o jeito como ele passava a mão pelos cabelos bagunçados. Era sempre assim com os recém-chegados. Testando limites, tentando provar algo — para os outros ou para si mesmos.
A voz dele quebrou o silêncio do ambiente, puxando-a de seus pensamentos. O convite implícito no sorriso que ele lançou na sua direção fez um arrepio de adrenalina correr por sua espinha.
Selina inclinou a cabeça, o brilho travesso nos olhos felinos enquanto se colocava de pé com a leveza de um gato.
⸻ Um alvo de verdade? ⸻ repetiu, descendo do concreto com um salto gracioso, aterrissando sem fazer barulho. ⸻ Quer dizer que você sabe fazer algo além de brincar com metal?
O tom desafiador foi acompanhado por um giro ágil ao redor dele, mantendo-se fora do alcance direto.
⸻ Se for o caso, vai precisar de mais do que isso se realmente quiser um desafio. ⸻ Ela deu um passo para trás e ergueu as mãos, convidando-o ao jogo. ⸻ Que tal me pegar sem usar os truques?
O ferro zuniu no ar antes de atingir o chão com força. Terra solta e pequenos destroços foram lançados para os lados quando a esfera metálica encontrou seu alvo -- uma silhueta desenhada com tinta branca contra o fundo de uma rocha desgastada pelo tempo. O impacto foi exato, uma marca perfeita no centro da testa. Mas Maddox não estava satisfeito.
Ele puxou o ar pelos dentes, a mandíbula cerrada em concentração enquanto estendia a mão, e a esfera tremeu no chão antes de se erguer de novo. Pequeno objetos eram sempre um problema. Quanto mais delicado o controle, mais o magnetismo escapava de suas mãos coo uma correnteza forte demais para conter.
A segunda esfera já girava ao redor de seu punho, dezlizando pelo campo magnético que ele sustentava. A terceira pairava próxima ao ombro, em um eixo que seguia seus movimentos conforme ele andava lentamente pelo espaço improvisado para o treino. O local era um local quase abandondo nos fundos da própriedade.
Dessa vez, ao invés de arremessar, ele trouxe os braços para trás, flexionando os joelhos antes de disparar para frente. A sola metálica dos tênis respondeu no mesmo instante, impulsionando seu corpo para cima. A sensação de liberdade durou poucos segundos, mas foi o suficiente. No ar, Maddox girou o punho e as esferas alinharam ao redor dele como satélites prontos para descer sobre um alvo.
Ele caiu com um impacto preciso, deslizando pelo chão enquanto as esferas voavam ao seu comando -- ou quase. A terceira hesitou. Pequeno demais, sutil demais. O erro custaria caro em uma batalha real.
Um estalo de irritação passou por seus olhos antes que ele chutasse uma pedra para longe.
- Tsc. Se fosse um alvo real, eu estaria morto.
A voz soou firme no silêncio em que o lugar estava. Maddox passou uma mão pelos cabelços bagunçados e umidos pelo suor, a mente trabalhando rápido. Havia sempre algo a melhorar, sempre um movimento mais eficiente. Se ao menos houvesse um oponente de verdade, alguém para testar suas estratégias além de alvos parados...
Seus olhos varreram o espaço e ele sorriu de canto, um daqueles sorrisos que arregavam perigo e desafio.
- Vai ficar só olhando ou quer me dar um alvo de verdade?
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⸻ Bom, tecnicamente, era você aqui comigo. Cheguei primeiro. ⸻ pontuou de forma divertida, sacudindo a cabeça até que as orelhas felinas desaparecessem entre o emaranhado de cachinhos.
A transformação acompanhou a suavização do semblante dele, e Selina inclinou levemente a cabeça, intrigada. Lucian era enorme, daí o apelido de Montanha, mas, curiosamente, parecia… mole. Não fraco, mas diferente do que se esperaria de alguém com aquele porte. Um contraste engraçado.
Ela piscou, retribuindo o sorriso de forma amistosa, notando como ele tentava esconder o rubor no rosto. Lembrava-se do que ele havia dito no outro dia e, por mais que não demonstrasse, entendia melhor do que gostaria. A solidão que ele carregava refletia em muitos dos extraordinários ali, inclusive nela. Mas ao contrário dele, Selina já tinha feito as pazes com essa condição.
⸻ Não sou de arranhar fácil. ⸻ a mentira deslizou açucarada por sua língua. Ela era uma predadora natural. Seu instinto era cravar as garras antes mesmo de pensar duas vezes. Mas o que a tornava perigosa não era o ímpeto, e sim o controle sobre ele. ⸻ Mas gosto do seu senso de autopreservação.
Enquanto falava, começou a caminhar ao redor dele em um círculo lento, avaliando-o sem pressa. O olhar dourado permanecia fixo no rapaz, analisando-o como um gato faz com algo que ainda não decidiu se é presa ou parceiro de brincadeira.
Por fim, abaixou-se, sentando-se perto dele no chão, em uma proximidade calculada — não tão distante a ponto de parecer indiferente, nem tão perto a ponto de parecer uma ameaça.
⸻ Uma companhia de quatro patas entre tantos humanos aqui? ⸻ apoiou os braços nos joelhos e inclinou a cabeça para o lado, um sorrisinho jogado nos lábios. ⸻ Estranho para alguém do seu porte. Você é jovem, bonito e fofo. O que te impede de fazer amigos?
Ela já sabia a resposta, é claro. Se fosse simples assim, ele não estaria ali, conversando com um gato. Mas queria ouvir dele.
⸻ Não me diga que você é do tipo que evita conexões para não correr o risco de ter decepções… ⸻ sua voz ganhou um tom levemente provocador, mas não cruel. Apenas curiosa. ⸻ Todo esse clichê de coração partido e tal.
Estava se divertindo, mas não apenas isso. Selina não era do tipo que fazia perguntas sem motivo. E Lucian… bem, ele não era o primeiro a se sentir deslocado ali. Mas talvez fosse um dos poucos que ainda não tinham percebido que, no fundo, ninguém ali pertencia de verdade.
Quando percebeu que já não estava mais sozinho, era tarde demais. Selina se quisesse poderia ter rasgado seu pescoço sem ser percebida e o fato de não tê-lo feito provava que aquele não era um ataque surpresa, deixando ele um pouco mais tranquilo. Lucian tentava racionar o que estava vendo enquanto a mulher gato alterava partes de seu corpo com a facilidade que ele trocava de blusa. Como engrenagens velhas e enferrujadas voltando a funcionar pouco a pouco, o raciocínio do rapaz também parecia engrenar lentamente. Ele se colocou um pouco mais à frente, apenas o suficiente para ver melhor como ela se transformava.
Quando você disse "miau" achei que estivesse me espionando, mas era você aqui comigo, não era?
Embora não fosse a intenção, ele não conseguiu segurar um sorriso bobo se formando nos lábios. Sempre foi apaixonado por gatos de todas as raças, cores e tamanhos. Para ele, aqueles eram os animais perfeitos e não havia nada mais bonito, e era impossível ignorar os traços felinos de Selina sumindo diante de seus olhos. O que permanecia, porém, era a cor dos olhos da garota, que mais pareciam raios dourados. Eles atravessavam Lucian como duas flechas de mel e fogo e o hipnotizavam como aqueles charlatões de programas de televisão, mas aqui era de verdade. Após voltar à realidade, ele recuou novamente, esperando conseguir esconder um rubor sutil em suas maçãs do rosto.
Na verdade, não é bem que eu tenha escolhido esse lugar. Um dia eu estava passando e acabei me distraindo com uma gatinha. Sempre me senti muito próximo de gatos, e como ela não me arranhou de primeira, achei que tivesse encontrado uma companhia. Eu não acho a mansão tão acolhedora assim como você diz, então meu pensamento foi... "oba, gatinho amigo!"
Lucian riu, se sentia uma criança no fundamental quando dizia essas coisas, mas no fundo era o que ele mais queria: não se sentir tão sozinho naquela mansão gigantesca. Voltou sua atenção completa para a garota, tentando decifrá-la. Ela conseguia deixá-lo vidrado em cada um de seus movimentos, como se fossem perfeitamente calculados para enfeitiçar todos que ousassem olhá-la. Com a voz baixa, o rapaz brincou uma última vez.
Que bom que resolvi não fazer carinho. Não ia querer acabar com essas garras na minha garganta.
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Quando Selina pulou pela aresta, não se surpreendeu ao atestar que não estava sozinha. O salto foi silencioso, calculado. As garras roçaram de leve na pedra fria antes dela aterrissar no peitoril da janela, agachada. Os olhos dourados brilharam sob a luz bruxuleante do jardim. A transformação desfazia-se aos poucos, as orelhas de gato ainda visíveis no topo da cabeça, o olhar feral demorando-se sobre a silhueta à sua frente. Ela inclinou a cabeça, um sorriso rastejando-se em seus lábios.
⸻ Oi, miau.
A voz saiu num tom arrastado, carregado de divertimento. Claro que o encontraria ali. Desde aquele encontro curioso, já o esperava de volta. Humanos eram criaturas de hábito, afinal. E Lucian, ao que parecia, não era exceção.
Esticou os braços acima da cabeça, alongando-se com preguiça felina antes de saltar da janela e aterrissar à sua frente, mãos deslizando para dentro dos bolsos do casaco.
⸻ Então esse agora é o seu esconderijo?
O canto de sua boca se ergueu em uma provocação evidente.
⸻ Achei que fosse o meu.
Uma verdade dita de forma travessa. Deixou a afirmação no ar, permitindo que ele a saboreasse, a questionasse. Selina gostava de brincar com as palavras, de tecer pequenas armadilhas com elas. E, pelo brilho aguçado em seu olhar, estava ansiosa para ver como ele reagiria.
⸻ Pode ficar tranquilo. Costumo vir aqui apenas esporadicamente. É um cantinho bom pra respirar fundo e garantir um pouco de sossego. ⸻ Ela inalou profundamente uma última vez antes do focinho dar forma ao seu nariz e os últimos traços felinos da sua transformação fossem substituídos pelos seus humanos. ⸻ A mansão é enorme e acolhedora, mas pode ser sufocante às vezes. Me sinto meio claustrofóbica quando fico tempo demais por lá.
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Flashback
Mesmo estando na Mansão Umbra há algum tempo, Lucian ainda não se sentia totalmente em casa. Estar rodeado de extraordinários que obviamente não podia confiar (pelo menos na maioria) era muito diferente de estar rodeado por drag queens e, sinceramente, ele sentia falta daquela companhia quase sempre enérgica e acolhedora que fazia um contraste engraçado com o rapaz.
Lucian nunca foi muito fã de dormir e descansar. Para ele, tanto tempo dedicado à uma cama era tempo perdido, então seu corpo acostumou-se com a necessidade de poucas horas de sono. Geralmente ele tinha algo a que se dedicar enquanto acordado, porém, vivendo com tantas outras pessoas, não podia sair fazendo o que bem dava na telha na hora que quisesse, então gastava sua energia noturna caminhando aos arredores da mansão, observando, admirando, procrastinando.
Em um de seus passeios, passou por uma das janelas do térreo da mansão e viu algo que pela primeira vez em algum tempo merecia um pouco de sua atenção: estirada no peitoril de uma janela havia um gato preto, aparentemente bem cuidado e magro, mas de uma forma que dizia "sou um gato atleta, isso é um corpo malhado!". Conforme se aproximava, Lucian se deu conta que tratava de uma gatinha, na verdade, tamanha delicadeza do animal. Os olhos dela refletiam fracamente uma luz incandescente amarela, devolvendo um reflexo âmbar digno de poemas.
Surpreendido por um de seus animais favoritos, ele decidiu abortar sua caminhada noturna. Sentou-se na frente do animal como se tivesse encontrado um amigo de longa data, e pôs-se a desabafar. Pela primeira vez em muito tempo se sentiu confortável com outro ser vivo. Oi, miau... Começou. Ergueu a mão direita pensando em acariciá-la, mas pensou duas vezes e achou melhor não - não precisava de novas cicatrizes. Então abaixou a mão e voltou a falar. Tô feliz de ter te encontrado. Por mais que eu nunca vá admitir, acho que tô precisando de uma companhia. Lucian riu brevemente e parou para se atentar melhor aos olhos da gata. Eles o observavam com muita atenção, como se ela soubesse exatamente o que ele estava dizendo. Era como se lá no fundo, por trás daquele brilho ambarino, estivesse o pote de ouro prometido no final de cada arco-íris e ele brilhasse como se ela fosse algo além.
Sinto falta dos meus amigos. A gente se divertia muito, sabia? Eu tinha até um nome de drag queen, mas vou te poupar esses detalhes. Lucian riu. No fim das contas eu acho que só não queria trazer mais problemas. É complicado quando todo mundo espera coisas grandiosas de você e você só entrega vocais. Ele se permitiu uma gargalhada e a reprimiu em seguida por conta do horário. Pelo menos você é livre, não é? Que inveja... Bom, eu acho que vou indo. Obrigado por me ouvir, miau.
Now
Já mais acostumado e ajustado a sua nova realidade, Lucian partipava ativamente de atividades na mansão. Estando lá há tanto tempo e já tendo se tornado um técnico, suas responsabilidades eram maiores do que antes e como quem está na chuva é pra se molhar, decidiu abraçar tudo ao invés de nadar em braçadas num rio de doces amargas memórias. O único hábito que não havia perdido, porém, era o de caminhar sem rumo durante as noites. Dormir ainda parecia uma perda de tempo, então por quê não?
Ele caminhou pelas arestas do jardim, olhando ao redor como se estivesse procurando algo ou alguém. Como não encontrou nada, sentou-se no chão, com as costas encostadas na janela onde outrotra havia encontrado uma gata. Por alguma razão, o animal nunca saiu de sua cabeça.
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Selina parou no meio do corredor, franzindo o cenho enquanto terminava de ajeitar o macacão. Estreitou os olhos para Solveig, estudando-a como um gato espreita algo que acabou de se mover no canto da visão. Então, um pequeno sorriso puxou o canto de sua boca.
⸻ Nossa, que recepção calorosa. Você sempre reage assim quando alguém repara em você, ou eu sou um caso especial?
Não havia ironia ou provocação explícita, apenas uma observação despretensiosa. Selina percebia os detalhes: o corpo de Solveig congelando por um instante, o piscar rápido, a mudança sutil na respiração. Pequenas fissuras numa muralha bem construída.
O temperamento arisco e defensivo da outra não era novidade para ela — já tinha visto esse tipo de comportamento antes. Bem, Selina já tinha sido assim antes em uma época que estava perdida e sozinha no mundo. Quando não se confia em nada nem ninguém, mostrar as garras é quase um reflexo involuntário.
⸻ Não que me incomode. ⸻ Continuou, ajeitando uma folha que ainda estava presa nos cachos. ⸻ Só acho curioso como certas pessoas vivem prontas para um ataque, mesmo quando não há um.
Aproximou-se um pouco, sem invadir o espaço da outra, apenas o suficiente para que sua presença fosse notada.
⸻ Estamos no mesmo barco furado aqui, sabe? Não tive intenção de te incomodar com a minha preocupação. Enfim... Se escolher lutar comigo ao invés de contra mim, você vai descobrir que pode ser bem mais divertido. O saco de pancadas aí não tem muito com o que agregar com seu treinamento. Punhos e garras são mais desafiadores que areia. Só uma sugestão.
a aparição de selina não é uma surpresa já que a loira havia reparado quando um gato adentrou pela janela da academia e ido até o vestiário . pode até estar na ilha há pouco mais de quatro semanas , contudo , não estaríamos falando de solveig —— desconfiada e controladora —— , se já não tivesse começado a catalogar os vilões dali e seus poderes . a única coisa que chega a lhe surpreender é o fato da outra puxar assunto consigo . afinal , solveig não é exatamente popular depois de sua afiliação com a stargate se tornar pública pelos corredores . ❛ eu não sei se esse tipo de dom existe . e mesmo se tiver , ainda há jeitos mais fáceis do que isso . ❜ responde automática enquanto continua acertar o saco de pancadas em uma sequência de golpes ritmados , preferindo não dar muita atenção quando não sabe a intenção alheia . no entanto , o comentário seguinte lhe pega desprevenida . ela sente o corpo c͟o͟n͟g͟e͟l͟a͟r por um segundo e tenta afastar a surpresa com 3 piscadas rápidas e seguidas . enfim , se vira para encarar a outra . o peito se estufa a medida que precisa controlar o ímpeto de de afirmar que não é uma criaturinha atormentada ! ❛ eu não percebi que isso era um problema seu . devo ter perdido quando crimson te promoveu a psicóloga da ilha . ❜ sua voz permanece mais ou menos igual , sem muita emoção , só que , dessa vez , há um ar quase ofendido —— defensivo . algo que , em se tratando de solveig , já quase expõem que selina havia acertado em cheio com sua observação .
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Selina observava o rapaz com a leveza de quem está diante de um espetáculo interessante — mas sem pressa de aplaudir. Ele, com seu discurso carregado de elogios e palavras doces, parecia se empenhar em convencê-la de algo que ela já sabia: ele estava ali para tentar conquistá-la, ou pelo menos testá-la.
Ela não se sentia deslumbrada, não se impressionava com promessas bonitas ou sorrisos enigmáticos. Selina sabia o jogo, e sabia exatamente o que ele estava tentando fazer. Bajulação, sedução, palavras vazias. Para ela, nada disso tinha o menor poder.
⸻ Que fofo. Estou muito tocada. Além da notável boa aparência e dos métodos questionáveis de flerte, o que mais você tem?
Brincou, deslizando as unhas afiadas pelo couro do sofá com um brilho divertido nos olhos. Cada movimento dele, cada palavra dita, era observada com um olhar meticuloso. Seu instinto ainda estava afiado — e algo nele parecia… familiar.
Ela se aproximou ligeiramente, o movimento tão sutil que só ele perceberia a mudança no ar — um toque de proximidade perigosa. Seus olhos continuavam fixos nos dele, mas agora algo mais intenso se passava ali, uma avaliação minuciosa, como se ela estivesse testando sua paciência, sua resistência.
No entanto, à medida que se aproximava, algo nos seus sentidos a atingiu, uma lembrança súbita e vívida. Whiskey e aquela essência fresca de loção cara. Era um aroma que ela reconhecia. O faro felino era aguçado e muito preciso.
⸻ Aaron. O quarto filho do senador. ⸻ Ela se lembrava bem desse nome agora. Havia lido aquele nome algumas vezes, especialmente depois de o flagrar a observando e seguindo pela residência do senador há alguns anos, quando fora contratada para lidar com um trabalhinho sujo em nome dele. ⸻ Ainda tem o mesmo cheiro.
Problema. Ele cheirava a problema. O favorito dela.
Com o semblante sereno, ela disse, quase num sussurro carregado de mistério e reconhecimento:
⸻ Bom te ver de novo. Está tão falante agora! O tempo te fez bem. Me diga o que tem em mente... Pra qual tipo de encrenca pretende me arrastar?
Selina se recostou no sofá novamente, afastando-se dele. Quando piscou, as pupilas tinham assumido sua circunferência normal. Não havia perigo ali. Por enquanto.
⚠️ repostando a reply por conta do tiro de shadowban que me ocorreu. @garrasletais
Nathan Rey podia se considerar acostumado a mulheres bonitas. A elite estava cercada por elas: modelos, atrizes, filhas de gente importante, com dinheiro suficiente nos bolsos para corrigir uma imperfeição ou outra na mesa de cirurgias plásticas. Deus, Nate ainda conseguia se lembrar do cheiro de analgésicos que emanava de sua primeira namorada do ensino médio, quando ela decidiu que queria tentar carreira no mundo da moda e, por isso, precisava se livrar de metade da gordura do corpo.
Mas Felina não era desse jeito, superficial, como uma atriz cheia de joias na televisão. Ela era realmente muito bonita. Bonita demais; do tipo que olhar por muito tempo dói.
Ele costumava pensar que seria fácil chamar a atenção da criminosa quando ela parava na porta da casa de sua família, para tratar de negócios com seu pai. Negócios que não o incluíam, e que o faziam mentir todas as vezes só para conseguir mais sete minutos da presença dela: "Qual é, garota das garras, não vá embora ainda."
Bom. Nate nunca conseguiu convencê-la — mas não por falta de tentativa, é claro.
"Tá brincando comigo. Acho que nenhum rumor pode te deixar mais interessante do que eu mesmo não deixaria sozinho. Eu, Felina, te idealizo muito." Nate fez uma careta, aborrecido com a confissão. "Acho que até além da conta."
Ele não precisou esperar um convite formal para ir se sentar ao lado dela no sofá, afundando no estofado, suas costas estalando porque, Meu Deus, Nate não conseguia relaxar completamente estando tão perto de alguém que poderia facilmente arrancar sua garganta e acabar com tudo. Ainda não tinha decidido se estava fascinado ou aterrorizado com isso.
"Valer à pena? Ah, vamos lá. Eu tô aqui, aos seus pés — não finja que não está bebendo a minha humilhação." Nathan observou de perto os olhos de Felina, as pupilas se estreitando até se tornarem um risco fino meio a um mar amarelo. Era exatamente como os de um gato, e ele não pôde evitar soltar um suspiro discreto, empurrando para algum canto escuro da memória todas as noites que passara tentando aprender a escalar telhados. Algo dentro do rapaz tinha a certeza de que Felina poderia ser encontrada lá em cima, em um dia normal de trabalho. "Nós dois podemos concordar que sou digno, sim?" Nathan sorriu, inclinando a cabeça, algumas mechas da franja deslizando sobre a testa.
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Selina chegou há CINCO ANOS na Mansão Umbra. E, apesar de furtividade ser o seu forte, a metamorfa não gosta de passar despercebida por lá. No decorrer desse tempo, fez valer a pena cada segundo. Conheceu, provocou, instigou e irritou mais gente do que pôde contar. Apesar de ser perigosamente tranquila, ela ama viver – seja um drama, um combate ou envolvimentos ardentes. Para saber mais sobre ela, é só clicar aqui. Para verificar as cnns disponíveis, só clicar em read more.

Selina é pansexual e nenhuma das opções abaixo tem preferência de gênero.
Para a sorte ou azar de MUSE A, Selina acabou se tornando uma espectadora frequente. Observou MUSE A por algum tempo até decidir se aproximar. Uma conversa foi o suficiente para não se desgrudarem mais! A amizade é uma das mais sólidas e íntimas que Selina tem.
MUSE B também acabou rendendo-se às gracinhas e perturbações da transmorfa, que tem uma tendência de trazer uma leveza única mesmo quando o ambiente está pavoroso. Ela foi como um raio de sol surgindo em meio às nuvens pesadas e cinzas da vida de MUSE B.
Infelizmente, o charme não funcionou com todos. A serenidade de Selina em meio aos atritos dentro da Mansão e aos atentados contra a Stargate acabou irritando MUSE C até demais, como se ela não entendesse a gravidade da situação que viveram. Selina alegou que MUSE C precisava relaxar, mas é incrível como toda conversa deles sempre termina em alguma briga.
Fofocas e comentários sobre MUSE D começaram a surgir nos corredores da Umbra. E, por algum motivo, MUSE D tem plena certeza de que foi Selina quem começou com aquilo. A gatinha nunca fez questão de negar ou afirmar, divertindo-se às custas da semente de dúvida e discórdia que plantou na cabeça de MUSE D.
As coisas só são complicadas porque você, MUSE E, não facilita. Selina cansou de dizer isso e, por isso, o que era pra ser um quase algo entre ela e MUSE E não durou mais de um mês. A relação foi quente e intensa, vivendo coisas demais em 31 dias que não foram devidamente superados. A tensão ainda fica no ar sempre que ficam tempo demais no mesmo espaço, mas Selina não quer saber mais de MUSE E.
MUSE F sabe demais. O que era pra ser só um treino noturno acabou se tornando uma madrugada suada, cheia de confissões e confidências. Selina não sabe como MUSE F conseguiu arrancar tanta informação dela e vice-versa, mas a dinâmica estabeleceu algo entre ambos. Agora, esses treinos se tornaram frequentes, mas muitas vezes nenhum exercício é feito além de um bom bate-papo.
Selina lembra de você, MUSE G. Mais do que você pensa. Uma noite, há muito tempo. O que quer que tenha rolado abriu caminho para sentimentos muito perigosos. Ou dão um jeito nisso logo, ou as coisas podem ficar ainda mais intensas. E paciência está longe de ser uma das virtudes de Selina, como você bem sabe.
A companhia fiel de Selina dentro da Mansão. Para o alívio de Selina, MUSE H é tão de boa quanto ela. O papo flui, as brincadeiras funcionam, o timing está sempre bom. Se entendem, se respeitam e, principalmente, se admiram. É uma relação onde a lealdade foi construída aos poucos e hoje se tornou bem firme. São inseparáveis, embora não gostem de expor esse último fato.
Selina avisou, MUSE I não quis ouvir. Relações amorosas não são com ela. Selina preza por sua liberdade mais do que pelo ar que respira. Não se prende a momentos ou pessoas, mas, ainda assim, MUSE I quis tentar. Achou que valia a pena. Que seria diferente. Mas sua teimosia lhe custou uma ferida aberta por Selina em seu coração. Agora, não há nada além de mágoa e estranheza. Um grande muro foi construído em cima do que era a ponte que unia ela a MUSE I.
Uma rixa? Em pleno 2025? Selina achou até graça – por um tempo – com a plena disposição de MUSE J em realmente levar aquela rivalidade tão adiante. Não se cutuca a onça com vara curta. E Selina não leva desaforo pra casa. Se for pra ser no murro e no pisão, que assim seja, MUSE J.
OUTROS VÍNCULOS IMPORTANTES:
@becstboy é o mentor de Selina. Desde que se tornou discípula, se mostra bem empenhada com seu treinamento e mantém uma relação espantosamente respeitosa com o mais velho.
P.S.: Não gostou de nenhuma, mas ainda quer fazer parte da alcateia dessa loba? Só chamar no chat que a gente resolve.
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⸻ Agora eu estou na dúvida se aceito sua ajuda com o zíper ou se deixo você continuar essa briga silenciosa com o espelho. ⸻ Selina arqueou uma sobrancelha, divertindo-se com a cena de Apolo massageando as têmporas como se isso fosse espantar o cansaço acumulado. No fim, virou um pouco o corpo e deu uma leve batidinha nas costas, indicando o pedido mudo. ⸻ Mas já que você ofereceu, faça as honras.
Enquanto ele resolvia seu problema fashion, ela aproveitou para sacudir os cachos, livrando-se de mais algumas folhas que ainda estavam presas ali.
⸻ Eu sabia que as noites aqui andavam movimentadas, mas parece que a insônia virou o evento principal. Já ouvi pelo menos uma dúzia de reclamações sobre. Imagino que os pesadelos sejam frequentes. ⸻ Comentou, apoiando o quadril na parede ao lado dele. Felizmente, não fazia parte dessa estimativa. Mesmo tendo seus monstros e assombros, ela sempre encontrava um jeito de apagar e ter uma noite decente de descanso. ⸻ E sim, tem gente que faz do próprio trauma um acessório, mas pelo visto você não está tentando vender essa estética. Só vivendo no automático e torcendo pra não desmaiar no meio do caminho.
Ela lançou um olhar avaliativo, sem a menor pressa, antes de soltar um sorrisinho enviesado.
⸻ Já tentou contar carneirinhos? Ou, sei lá, me chamar pra te fazer um cafuné? Eu sou ótima nisso. Mas aviso logo: cobro em drinks ou favores futuros.
Uma pessoa terminando de se vestir em um dos corredores da mansão não era nada estranho, tanto que Andrés sequer se incomodou com a mulher falando sobre dons de costurar enquanto tentava fechar o zíper de seu macacão. “Quer ajuda? É daqueles zíperes invisíveis? Não sei quem criou esse negócio, mas foi a pior ideia que já tiveram” Ignorou o fato dela realmente achar que um dom de costura fosse algo realmente relevante para ser contado como extraordinário. “Acho que deve ter alguém com algum dom de mudar a realidade ou mexer com a matéria a ponto de fazer uma roupa se materializar… parece mais interessante” E então ela falou sobre como ele aparentava, óbvio que estava cansado, não conseguia dormir direito quando estava de frente com aquele quadro e sempre dava um jeito de fugir, caminhar pela mansão e dormir em qualquer lugar. “E tem gente que quer passar por ter um passado triste e que é sexy por isso?” Riu um pouco antes de simplesmente parar de frente a um espelho, massagear a região dos olhos como se isso fosse resolver algo. “Não estou esgotado, mas sim, não durmo direito faz dias… muitos dias… mas pelo o que eu entendi, não sou o único, tem muitos nesse lugar com o mesmo problema”
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Selina piscou lentamente, avaliando o terreno no qual havia se emtido. Renée era conhecida pelo seu temperamento intenso por aí. Em combinação com sua grande habilidade, que mais parecia atormentá-la que engrandece-la em muitos momentos. Um combo poderosamente perigoso que não intimidava a transmorfa nem um pouco. Estava familiarizada demais com ameaças e com a morte iminente pra se deixar atormentar por medo.
⸻ Pela minha lógica, eu adoraria andar por aí nua se o ambiente colaborasse. Mas como isso aqui não é uma ilha deserta e eu tenho um senso mínimo de decoro, me contento com um traje que não me deixe pagando de Eva cada vez que volto à forma humana. ⸻ Selina retrucou, terminando de fechar o zíper do macacão e, com um movimento ensaiado, sacudiu os cachos, livrando-se das últimas folhas presas neles.
O cheiro do cigarro a alcançou, e a transmorfa inclinou a cabeça levemente para o lado, os olhos avaliando Renée com uma curiosidade menos disfarçada. A resposta dela era carregada de sarcasmo, mas a verdade escapava pelas entrelinhas.
⸻ Bem, se sua cara for naturalmente assim, tenho que admitir que a genética te fez um favor. Porém... se for a privação de sono e a carga mental constante... Não que eu julgue. Quem não está atolado em sua própria merda hoje em dia? Especialmente nós aqui.
Selina pensou. A constatação era terrível, mas ainda assim, sorriu de canto.
⸻ Maaaas, pelo menos não estamos sozinhos. Um lobo solitário pode sobreviver, mas a alcateia prospera. Há força na individualidade, mas há poder na conexão! ⸻ sim, ela havia lido e memorizado aquela mensagem tola após lê-la em um biscoitinho da sorte. Foi ironicamente satisfatório para a mulher de natureza felina. ⸻ E não, não tenho ninguém melhor para atazanar. Você é minha escolhida da noite. Vamos, deixe-me te ajudar a se divertir um pouco.
o corpo encostava-se contra a parede do corredor, ao lado dela, a pequena janela servia de escape para a fumaça do cigarro dentre os dedos de renée. um velho e péssimo hábito. seria irônico sobreviver a uma série de tiros e ataques, mas morrer para nicotina, quiçá essa fosse uma bela razão para insistir no vício. ❝ pela sua lógica, pensei que adoraria andar por aí nua… ❞ no fundo do armário em seus aposentos, a scott escondia o traje que a stargate fizera para si, nemesis, há mais de uma década. se recusava a vesti-lo, ou se livrar do mesmo. ❝ talvez seja porque eu não durmo direito há quase uma década e minha cabeça está constantemente tentando me convencer a ficar maluca, perder o controle e executar um massacre… isso, ou eu minha cara é naturalmente assim ❞ renée não conteve o sarcasmo, tragando o cigarro mais uma vez antes dos olhos carmesim pararem em selina. ❝ você não tem alguém melhor para atazanar? ❞
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Selina estava reclinada no sofá da sala, as pernas tonificadas cruzadas de maneira descomplicada, mas ainda assim com uma elegância natural. Seus olhos, levemente semi-cerrados, pareciam mais focados em Nathan do que qualquer outra coisa na sala. As pupilas se retraíram, como as de um gato atento, fixando-se nele enquanto ele brincava com a chave do carro, parado à porta.
Ela não se moveu nem um centímetro, apenas manteve a posição tranquila, permitindo que a presença de Nate preenchesse o espaço silencioso entre eles. O livro ao seu lado estava fechado, mas o sorriso nos lábios dela sugeria que a conversa que estava prestes a acontecer seria mais interessante do que qualquer coisa que estivesse nas páginas.
⸻ Oi. ⸻ a voz de Selina, suave e calma, soou como uma melodia. Ela o observava com atenção, os olhos ainda com aquele brilho enigmático. ⸻ Boatos sempre conseguem nos tornar mais fascinantes, não é? ⸻ Sua expressão não mudou, mas sua postura permaneceu impecável, como se ela estivesse apreciando o jogo de palavras que se desenrolava.
Ela fez uma pausa, os olhos nunca deixando os de Nathan. Ele nunca perdia aquela essência familiar. Era difícil para ela ter certeza. A metamorfa já havia cruzado caminho com tantas pessoas que memorizar todas era trabalhoso demais. Os únicos rostos que não esquecia eram os que ela havia marcado eterna e selvagemente com as suas garras. E não eram poucos.
⸻ Quanto a bolas de pelo... ⸻ Selina continuou, a voz cheia de uma provocação sutil. ⸻ Eu diria que o que você ouviu é apenas a cortina de fumaça para algo mais intrigante. Mas talvez, se vier com algo digno de minha atenção, eu considere deixar você ver algo que valha a pena.
sala, mansão umbra. @garrasletais
Nate gosta de pensar que é uma pessoa paciente, mesmo que a maioria dos seus colegas de faculdade risse da cara dele quando ele os tentava vender essa ideia. Para Nathan, a paciência era uma virtude que ele guardava no bolso da calça, pronta para ser usada quando quisesse — o que acontecia, para ser sincero, muito raramente. Mas ela estava lá; um peso constante na sua perna direita enquanto caminhava pela mansão Umbra, brincando com a chave do carro na mão e observando Felina à distância — ela, do outro lado da sala, e ele, recém-chegado, encostado no batente da porta.
"Oi." Nate sorriu, um sorriso que não alcançava seus olhos. Não, eles estavam deslizando pelas curvas da garota que havia ocupado seus pensamentos durante o verão passado — e o verão antes daquele também. Qual o seu verdadeiro nome? Nathan não tinha a menor ideia; e tampouco se importava em descobrir. O que realmente queria era…
"Estou curioso, Felina. É verdade que você cospe bolas de pelo como todos os gatos, ou os boatos por aqui estão cheios de fake news?"
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⸻ Sim, gatinha! ⸻ A confirmação viera acompanhada de um aceno positivo. Selina até encarou o entorno novamente, como se pudesse rever a atmosfera que Robin havia dissipado há poucos instantes. ⸻ É bom ver uma coisa diferente. A realidade é um pouco maçante às vezes, você sabe. E eu não sou a maior fã de entorpecentes. ⸻ Brincou, embora aquilo fosse completamente verdade. Selina estava sempre sóbria. Não gostava da sensação de não estar em pleno controle de suas atividades motoras e, principalmente, psicológicas.
Ela estalou a língua no céu da boca, afastando-se de suas divagações para prestar atenção em sua companhia. Os olhos avaliaram curiosamente a compostura que a mulher à sua frente mantinha, verdadeiramente intrigada com sua persona. E, para sua ligeira satisfação, o sentimento era mútuo.
⸻ Imagino que seja um sentimento comum e partilhado por muitos de nós. ⸻ Selina refletiu, comentando após alguns segundos. ⸻ Mas é necessário encarar a realidade como ela é: somos o que somos. Sobreviver nesse mundo sem dignificar compreensão e amor por nós mesmos é pior que dar um tiro no pé. Pode ser um processo difícil, mas abraçar o que temos, em vez de fugir disso, torna tudo menos doloroso. Tipo: posso não ser a melhor pessoa do mundo, mas definitivamente não sou a pior. E estou bem assim.
A transmorfa assentiu após a ponderação, definitivamente satisfeita com o ponto que fizera. Esperava que aquele discurso fosse inspirador. Odiava ver seus semelhantes em posições de insegurança e introspecção. Não era como se eles tivessem pedido para vir ao mundo daquele jeito. E não iria baixar a cabeça para quem quer que tentasse subjugá-los por isso.
⸻ Eu definitivamente tive sorte. ⸻ Ela suspirou, sorrindo um pouco. Cinco anos cercada dos mais variados tipos de extraordinários e seus dons a fizeram conhecer tantas habilidades diferentes, muitas delas mais parecendo um terror do que um sonho, de fato. E não poderia deixar de nutrir um certo alívio por ter sido contemplada com os dons que tinha. ⸻ Eu sou ciente de tudo. É como uma extensão de mim, sabe? ⸻ Era definitivamente uma experiência deliciosa. Selina amava o arrepio que lhe percorria a espinha toda vez que conjurava suas garras ou inalava profundamente para transformar alguma parte do seu corpo. ⸻ Já assistiu Crepúsculo? Tem um filme chamado Amanhecer em que a protagonista se transforma em vampira. É basicamente a mesma sensação que eu tenho! Os sentidos se apurando, a força mais intensificada, os músculos mais flexíveis e enfim, todo o combo animalesco.
robin piscou algumas vezes, surpresa pela reação de selina. ela esperava repreensão, talvez até uma crítica disfarçada de preocupação, mas o que recebeu foi um elogio sincero. a tensão que pesava sobre seus ombros se dissipou um pouco, e um sorriso tímido começou a se formar em seus lábios. "você acha mesmo?" sua voz saiu num tom hesitante, quase inseguro. "nunca pensei que alguém acharia isso… aconchegante." ela abaixou o olhar por um instante, brincando com a barra da manga de sua blusa. durante toda a sua vida, suas ilusões foram um fardo, algo que precisava esconder ou, no máximo, controlar para não prejudicar ninguém. mas selina via beleza nelas. era difícil acreditar. "mas e você?" robin ergueu os olhos de novo, agora cintilando com um toque de curiosidade. "seu poder é incrível! quero dizer, se transformar assim… como é? você sente o corpo mudando? ou acontece de repente?"
o entusiasmo era genuíno. pela primeira vez em muito tempo, falar sobre habilidades extraordinárias não parecia algo carregado de medo ou repressão. com selina, sentia-se segura para simplesmente… conversar. robin abraçou os próprios joelhos, inclinando-se levemente para frente enquanto observava selina com interesse genuíno. "eu sempre achei que meu poder fosse mais uma maldição do que qualquer outra coisa", confessou, sua voz mais baixa agora, quase como se temesse que as palavras ditas em voz alta as tornassem mais reais. "mas, se você realmente achou aquilo confortável, talvez eu devesse tentar vê-lo de outra forma." ela riu suavemente, desviando o olhar por um momento antes de encarar selina de novo. "mas me conta, já aconteceu de você mudar de forma sem querer? tipo, de susto ou quando está dormindo? porque eu vi umas histórias de metamorfos e alguns deles acabavam acordando com orelhas de gato sem perceber." seu tom era levemente divertido, carregado de uma curiosidade quase infantil. era raro se permitir esse tipo de conversa, mas, ali, com selina, parecia fácil.
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⸻ Cem por cento a menos de libido? ⸻ Selina deixou escapar um suspiro dramático, levando a mão ao peito. ⸻ E eu achando que meu charme era infalível… Que golpe para a minha autoestima.
Ela poderia ter se dado por satisfeita e seguido seu caminho, mas algo na exaustão de Joey chamou sua atenção. Um detalhe sutil, mas evidente para alguém que sabia reconhecer os sinais de noites mal dormidas e o peso de obrigações que nunca davam trégua.
Selina inclinou a cabeça, olhos dourados deslizando preguiçosamente pelo rosto da outra. Sua expressão era de quem estudava um enigma interessante, e não de quem estava pronta para ir embora.
⸻ Agora, sobre esse consumo exagerado de café… ⸻ Ela brincou com a folha entre os dedos antes de soltá-la no ar. ⸻ Por acaso você anda fugindo do sono ou simplesmente não tem mais escolha?
Deixou a pergunta pairar no espaço entre elas, enquanto se encostava com despretensão à parede do corredor, braços cruzados.
⸻ Porque, veja bem, existe uma diferença crucial entre recusar dormir e não conseguir dormir. ⸻ A pausa foi breve, mas estratégica. Um sorrisinho puxou o canto de sua boca. ⸻ Você passa tempo demais naquela estufa. ⸻ Seus olhos brilharam com um misto de curiosidade e desafio. ⸻ Não que eu te culpe, o lugar é encantador. Mas estou começando a suspeitar que você anda alimentando mais suas plantas do que a si mesma.
Ela desenhou círculos imaginários no próprio antebraço, como se estivesse refletindo sobre algo.
⸻ Sempre quis saber o que exatamente você anda cultivando lá dentro… Pesquisas de vanguarda? Pequenos experimentos secretos? Plantas carnívoras treinadas para atacar desafetos? ⸻ A última sugestão veio com um sorriso que beirava o divertido e o travesso. ⸻ Se for o caso, espero que não tenha me colocado na lista de alvos ainda. Eu tenho minhas qualidades. Como, por exemplo… trazer o chá perfeito para quem tem um relacionamento pouco saudável com a cafeína.
Selina girou nos calcanhares, como se finalmente fosse embora, mas parou um instante antes, os olhos dançando de volta para Joey.
⸻ Ou podemos continuar fingindo que está tudo bem até você cair dura no meio do laboratório. Sua escolha.
johanna tentou esconder o susto que havia tomado com a voz. constantemente se encontrava no seu próprio mundo, pensando em preocupações que ela mesma fabricava ou nos projetos de pesquisa que acabavam ocupando boa parte do seu tempo. era por isso que gostava tanto da estufa, seu cantinho favorito daquela ilha. imaginando que selina não poderia estar falando com outra pessoa naquele corredor, a jovem virou a cabeça para lhe encarar, observando o movimento do zíper. “ eu poderia fazer um traje de folhas para você. mas eu teria que ficar te seguindo toda vez que você usasse os seus poderes, e realmente não tenho vocação para stalker. ” ela ia continuar na direção dos dormitórios quando ouviu a frase seguinte da outra. ao mesmo tempo em que preferia quando as pessoas eram sinceras, também odiava a liberdade que aqueles moradores tinham adquirido com o tempo em que ocupavam a mansão. não podiam simplesmente ignorar certas coisas e continuarem com os seus dias? “ espero que você não flerte com todo mundo assim. minha libido despencou uns 200% desde o início da nossa conversa, ” joey comentou com sarcasmo, querendo que tivesse um espelho próximo para ela investigar se a sua exaustão estava realmente aparente ou se selina estava apenas querendo lhe tirar do sério. “ talvez eu esteja umas xícaras de café acima do recomendado. infelizmente, ainda não é crime. devo me preocupar com seu novo papel de fiscal? ”
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Selina arqueou uma sobrancelha, um sorriso enviesado brincando nos lábios ao ouvir a resposta dele. Ah, então ele ainda tinha energia para trocadilhos? Isso era um bom sinal. Ou talvez um péssimo, considerando o quanto gostava de cutucar aqueles que já estavam por um fio.
⸻ Pena. Eu ia sugerir uma revanche. ⸻ Ela inclinou a cabeça de leve, analisando o estado dele mais de perto, como se estivesse realmente considerando a ideia. ⸻ O que rolou então?
A menção ao zíper a fez soltar um suspiro teatral, virando parcialmente o corpo em um movimento fluido para oferecer as costas a ele. O longo e justo macacão preto realçava sua silhueta enquanto ela recolhia os cachos para o lado, expondo a nuca e o obstinado problema que não queria ceder.
⸻ Não costumo aceitar ajuda tão fácil, mas já que você se ofereceu… ⸻ Sua voz era uma mistura de desafio e diversão, o olhar de relance por cima do ombro carregando um brilho felino. ⸻ Estava a caminho da cozinha, se quiser me acompanhar. A fome está me matando! E aposto que um salgadinho viria a calhar pra você.
Poucas pessoas eram capazes de mexer no humor de Hektor como Selina, e ela sequer precisava de superpoderes para tanto. Encostado de braços cruzados na parede de pedra do corredor, travava uma batalha com as próprias pálpebras, a qual temia perder muito em breve. Tanto que, num primeiro momento, quase pensou se tratar de um devaneio a figura lânguida e feminina que se aproximava contra o sol -- um sonho bom e agradável, como montagens de um filme --, até essa lhe dirigir a palavra. Ele endireitou a postura, sorriso acanhado no canto esquerdo dos lábios. "Infelizmente, não foi uma gata." Com o indicador e um menear de cabeça, apontou para o zíper emperrado do macacão. "Quer ajuda?"
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Selina soltou um riso curto, que vibrou como o ronronar de um gato entediado. O brilho afiado no olhar deixava claro que ela não se incomodava com a hostilidade velada – ao contrário, parecia se divertir com isso.
⸻ Talvez sua cama não esteja aquecida o suficiente. ⸻ A provocação viera acompanhada de piscares suaves de seus olhos. Ela não poderia se divertir ⸻ Sempre tão dramático, gatinho. Quer que eu me desculpe por fazer meu trabalho direito?
Ela permaneceu imóvel quando ele fechou o zíper do macacão, apenas inclinando o rosto para encará-lo de perto, sobrancelha arqueada em uma contemplação silenciosa. O tom sarcástico dele a fazia querer testar até onde ia aquele joguinho de amargura.
⸻ Não finja que não gostou da lembrança. Marcas contam histórias, não é o que dizem? ⸻ Ela se afastou um passo, ajustando o próprio traje com desinteresse, mas sem desviar os olhos dos dele. ⸻ É uma pena que você faça o tipo rancoroso. Amargura não lhe cai bem, sabe? O cansaço está tirando o brilho da sua presunção. Talvez um drink. Quer um bodyshot? Ou talvez... Um cafuné?
Ela ergueu as unhas num movimento leve, com um meio sorriso jogado de forma displicente em direção a ele. Não tinha ideia de que era capaz de irritá-lo. Mas estava com tempo, e pior: disposição para testar aquilo.
os caminhos se cruzaram antes de dividirem a causa - supondo que se deixava crer na sinceridade da outra para com todos ali . sabia, no mínimo, não se estender a ele. as garras dela quais deixaram cicatrizes para trás eram mais que o suficiente para lhe fazer certo do fato. ❛ ⎯⎯⎯⎯ talvez porque não durmo a dias, considerou isso antes de me perguntar ? ⎯⎯⎯⎯ ❜ a cadência não era ríspida, embora as palavras tivessem de certa forma sido cuspidas. seguiu respondendo as questões de história , ansioso para pular & ir até matemática, química ; talvez não física. ❛ ⎯⎯⎯⎯ mesmo criaturinhas que já foi contratada para matar ? ⎯⎯⎯⎯ ❜ seus olhos a procuraram, pousando no rosto belo da outra com menos que velado interesse , curvando os lábios em sarcasmo traiçoeiro . ❛ ⎯⎯⎯⎯ mas você já sabe, ⎯⎯⎯⎯ ❜ as palavras se arrastaram na língua, e levantou-se para ficar perigosamente próximo, subindo o resto do zíper por ela. ❛ ⎯⎯⎯⎯ que tenho um passado triste, o sexy , no entanto ficou por sua parte. agora cai fora. ⎯⎯⎯⎯ ❜
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⸻ Tanta variedade de poderes e ainda não existe ninguém com dons extraordinários de costura? Eu meio que adoraria um traje que me vestisse automaticamente quando eu volto a forma humana. ⸻ pensou Selina em voz alta, desfilando pelo corredor enquanto terminava de subir o zíper lateral do macacão colado com certa dificuldade, já que parecia ter emperrado. Havia deixado há poucos segundos a forma de gata. Ainda haviam algumas folhas atreladas em seus cachos que acabaram engatando nos galhos da moita que ela espreitava. ⸻ Aliás, que bicho te mordeu? Você está com cara de quem não dorme há dias. Não que esteja menos irresistível por isso, sabe. Tenho um fraco por criaturinha atormentadas. Mas esse seu cansaço está gritando “não dou conta disso mas vou continuar fingindo até cair de esgotamento no chão” e não um “tenho um passado triste e sou muito sexy”
#umbra:starter#starter mais que aberto: arreganhado pra vocês#podem ficar a vontade#uma coisinha mais leve pra começar de boa#mas quem quiser piorar? eu amo!
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Selina precisou de alguns longos segundos para voltar à realidade. Era como se seus sentidos tivessem passado por algum estágio entorpecente que a tirara de órbita. A sensação era como uma brisa cálida, aquecendo suavemente a pele. E, quando se dissipou, o estado quase hipnótico em que se encontrava também se desfez gradativamente.
Sentiu a visão se tornar mais nítida enquanto suas pupilas ainda estavam dilatadas, ajustando-se lentamente ao ambiente. Rapidamente, pousou sua atenção em Robin, tombando levemente a cabeça para o lado enquanto a fitava com grande curiosidade.
⸻ Então é isso que significa ser extraordinário. Uau. Você é impressionante, Burton. ⸻ elogiou sinceramente, em um tom lento e firme. ⸻ Não sei exatamente o que te deixou tão nervosa com o que acabou de acontecer, mas, se foi obra sua, não vejo como eu poderia estar menos do que admirada. Sequer lembro a última vez que senti uma brisa tão aconchegante assim.
a luz do entardecer se filtrava pela janela, tingindo o cômodo com tons dourados e suaves. robin não percebia o que fazia. seu olhar vagueava, perdido em pensamentos, enquanto seus dedos traçavam círculos invisíveis no ar, a mente absorta em um devaneio tranquilo. e então, o mundo ao seu redor começava a mudar. as sombras tornavam-se menos ameaçadoras, assumindo contornos arredondados e gentis, como se alguém tivesse passado uma borracha em todas as arestas afiadas da realidade. os móveis adquiriram tons pastéis, o piso pareceu mais acolchoado, e pequenos brilhos dançavam no ar como pó de fada carregado pelo vento. o ambiente se transfigurava em algo saído de um sonho infantil—um refúgio onde nada era cruel, nada machucava. até o som ao redor parecia mais suave, como se a própria atmosfera sussurrasse canções de ninar.
e então, veio a voz. o som rasgou o devaneio como uma lâmina afiada, e a ilusão se estilhaçou ao redor de robin como vidro fino. os brilhos sumiram, as cores delicadas drenaram-se de volta à realidade fria, e o mundo retomou sua dureza habitual. o susto foi imediato—os olhos arregalados, as bochechas tingidas de um rosa que nenhuma ilusão fora responsável por criar. "eu… eu não estava—quer dizer, eu não fiz nada! quer dizer… foi sem querer!" a voz saiu mais aguda do que deveria, denunciando sua vergonha. robin encolheu os ombros, tentando esconder o rosto atrás do próprio cabelo, os dedos trêmulos segurando o tecido da manga. "você não… viu nada, viu?" perguntou hesitante, como se pudesse fazer a realidade se moldar à sua vontade novamente—dessa vez, para apagar a própria existência daquele momento.
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