godfather-autumn - Tumblr blog

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Outono tinha chegado a considerar comprar tudo e levar para viagem, uma quantidade absurdamente maior do que tinha previsto com o disfarce de que era para as irmãs. Sua vida estava tão complicada, tão... Exigente, que até seu lado mandão implorava por alguém que tomasse as decisões para si. "Não é um anjo na minha vida? Dois segundos, minha emplumada." Foi até o balcão e pegou uma bandeja. "Não sei como consigo ter essa sorte, de sempre querer vir aqui e isso encher em cinco minutos." Tirou o sanduíche de ovos de dentro da embalagem, assim como um muffin embrulhado. "Muito obrigado, moça. Me chamo Outono, o melhor padrinho mágico dessas bandas."

closed starter para @godfather-autumn no granny's.

ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤir ao granny's era um bom destino já que naquele momento, ela queria relaxar e não pensar em seu trabalho. um sorriso mínimo escapou de seus lábios, com ela pedindo uma xícara de café e algumas coisas para ela comer, como uma omelete, uma panqueca e alguns pedaços de bacon. os olhos vagavam por algumas pessoas ali presentes, percebendo que o restaurante começava a encher. seus olhos pararam em um homem que tinha visto algumas vezes, não lembrava bem o nome dele. "ei, quer dividir a mesa? parece que não haverá uma para você comer sozinho." explicava com um sorriso.

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THE FLASH • JOE AND IRIS WEST

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💋 Kiss my muse’s neck + @nightmarefausto

light nSFW

Continuação da ask anterior

O suor do corpo de Outono pingava na pele clara de Fausto. A gota escorrendo do quadril para cima, contornando a coluna arqueada e ultrapassando as manchas. Dedos e unhas, uma obra-prima de inestimável valor e impossível de ser repetida. De joelhos, as pernas de Fausto entre as suas, o futuro padrinho controlava a vontade de se perder no prazer daquele aperto. "Mas que..." As palavras saíram raivosas e sem fôlego, numa linguagem tão antiga quanto saudável. Porque seu quadril não parava, mesmo tendo diminuído o ritmo para um que mal ouvia o encontro dos corpos. Os músculos das costas espasmavam com o esforço, indicando uma exaustão além do comum. Outono baixou, forçando os dois contra o colchão - e dobrando os braços para que o peso não o esmagasse por completo. Prolongou tempo demais depois do torturante, e tortuoso, ápice. "Vamos nos atrasar para a prova amanhã." Murmurou no ouvido alheio, a língua contornando a concha. Um beijo estalado no pescoço. Contudo, uma olhada no relógio bastou para mudar seu semblante para um risinho - desesperado. "Hoje. Nos atrasaremos hoje."

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❛ wait, did you just say that i'm cute? ❜ + @nightmarefausto

Flashback

"Sim, eu disse." E foi uma batalha para contê-lo abaixo de si. Quer dizer, uma que ele deixava achar que ganhava enquanto 'fingia' perder cada mão e pé por entre as dobras dos lençóis. Outono amava provocar o namorado daquele jeito, empurrando-o para a armadilha e puxando o laço no último segundo. Num momento, ele estava tentando segurá-lo. No outro, as pernas enrolavam e os braços fechavam ao redor da esguia figura do feérico. O rosto encaixado no pescoço, o nariz roçando a lateral e aspirando. Subindo pela curvatura, ultrapassando a linha afiada do maxilar e fechando os dentes no lóbulo da orelha. "É um cute daquela trend do mundo mortal. Como era mesmo?" Dobrou os joelhos para que ele 'sentasse' por cima, encaixando-se na conchinha maior por aquela noite. "Looks like could could kill you but is a cinnamon roll. Agora, pode parar de tentar fugir?" Disse e já sentiu que a segunda parte não faria efeito. O estrago estava mais do que feito, era uma tragédia anunciada e sentida. "Não não, continue. Continue a espernear até ser tarde demais, Fausto."

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◑ for some bad advice + @florv.

... Não sou capaz disso. Nem sob pena de falta de acreditar.

Não deixe para amanhã o que você pode fazer hoje. Trabalhar essa ansiedade e burnout, bora?

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this place kinda grows on you. ( @bluefciry )

Do topo do prédio da biblioteca, Tão Tão Distante esparramava-se em condições perfeitas de clima e localização. Um lugar tão bem construído, harmonicamente constituído, tantas palavrinhas perfeitas que... Os pelinhos da nuca de Outono arrepiavam-se. "É..." Não concordou nem discordou, só mostrou que entendia o ponto alheio. Não dava para ver, mas a energia da cúpula prisão era impossível de não ser sentida. "Uma pena o crescimento ser fruto de exposição única e exclusiva."

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it's the world that seems to have a problem with me. @sonhoqueeusonhei

"O mundo não tem problema com ninguém, Aurora. As criaturas nele são as que têm problema com o que não entendem." O medo instaurado na praça com o surgimento da fada elemental e a morte da Fada Madrinha foram apenas mais uma prova daquele argumento. Coisa que ele já vinha na cabeça nos primeiros anos depois de formado na Academia, e que começou a frequentar círculos humanos. "Continue seguindo o seu coração e não deixe-se abalar. Todos precisam de um tempo para se adaptar e conhecer o outro lado."

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❛ you think i’m weak don’t you? ❜

"Não." Outono não precisou pensar muito para responder uma pergunta como aquela. "E que tipo de pergunta é essa?" Tanto pensamento quanto voz trabalhando juntas em exprimir o que passou ao mesmo tempo. O feérico aproximou-se, segurando a mão da mais nova entre as suas. "Eu quero protegê-la de tudo? Quero. Como qualquer irmão mais velho gostaria. Contudo, eu a prendo comigo? Eu obriguei a morar comigo? Eu reduzi o número de mensagens para saber onde está?" Aquela última fez a sobrancelha arquear, provador. "A resposta delas é o equivalente ao quanto confio em você. O quão forte você é."

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❛ i guess i'm scared that i don't have what it takes to not mess this up. ❜ @sonhoqueeusonhei

Outono limpou o suor da testa com a manga da camisa, o movimento lembrando de que deveria ter enrolado a muito tempo. "O que você acha que falta? Força? Magia? Dedicação? Técnica?" Com a varinha erguida, o feérico floreou e encantou, criando padrões circulares e cheios de borboletas. "Porque tudo você consegue treinar, estudar e tentar. Tentar e errar, e de novo. E mais uma vez. E... Aurora, não coloque tanto o peso do mundo em seus ombros. Você já tem tudo o que precisa aqui... Sim, eu vou apontar para seu coração pela quingentésima vez, mas o que eu posso fazer?" Outono ria e dava de ombros. Uma puxada e ele a tinha nos braços, beijando o topo da cabeça. "Fadas e corações são uma dupla dinâmica."

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“You’re actually here…” (@godfather-autumn)

Emergindo das sombras do quarto, detrás das canecas em cima da cômoda, a figurinha cresceu até seu tamanho humano com um brilho mágico, pó das fadas brilhando no chão do quarto. Ao contrário da face estóica, havia sincera preocupação no rosto afiado de Fausto, aproximando-se lentamente da cama. "...Onde estava com a cabeça ao baixar a guarda desse jeito? Não sabe que a floresta é cheia de perigos?" A bronca era mansa, de quem havia cruzado o reino em um rompante ao saber da notícia. Atento a Outono, se pôs ao seu lado a procura de qualquer desconforto, além das feridas mágicas cobertas com gazes. Engolindo em seco, se sentou ao lado dele, lutando consigo mesmo até estender a mão e tocar o rosto do feérico com a palma. Quente. Quente e vivo. Um suspiro de alívio. Não havia passado de um susto. Seus dentes rangem ao pensar no que faria com o causador daquilo, nem que tivesse que virar aquele lugar de cabeça para baixo. "Descanse. Ficarei aqui até suas irmãs retornarem."

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🖐 - Play/twiddle with my muse's hand. (@godfather-autumn)

Deitados, suas costas contra o peitoral quente dele, o braço que o envolvia era a única desculpa que tinha para permanecer ali, bem acordado naquela cama há pelo menos três horas hora. A respiração que o atingia desde pescoço até a linha da orelha demonstrava o estado de paz que Outono se encontrava, adormecido. Se por acaso se mexesse, provavelmente o acordaria. Se usasse magia para sair, seria a causa daquelas linhas decepcionadas na testa e lábios comprimidos. Se ficasse, não conseguiria explicar como a complexidade de seus pensamentos o manteve acordado a maior parte da noite.

E por reflexão, tão absorto em seu mundo que não notou que, com os dígitos, brincava com as falanges dos dedos do férrico adormecido – uma mania de eras antigas. Com o polegar, acariciava cada uma das quatro articulações ao seu alcance, uns dedos sentindo os leves calos e os outros a firmeza de seus tendões, esticando-os, dobrando, massageando, torcendo... Total satisfação em ter o que fazer com as mãos, completando a hiperatividade de sua mente.

Não foi até ter a mão se desvencilhando da sua e entrelaçando seus dedos que percebeu o que fazia, enclausurando-o ainda mais contra o abraço sonolento. "Durma, ou o obrigarei a ficar para o jantar." Seu rosto ficou vermelho e lábios se projetaram em um bico, grunhindo em resposta, pálpebras finalmente pesando.

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"Por que teria medo de algo assim se o visitei na Torre, o seu domínio? E o fato de estar aqui, livre do lado de fora, fala mais em favor do que contra." Outono tinha estourado sua conta de injustiça para com Fausto durante a festa de casamento da Marta Caloteira. O que foi dito em tão pouco tempo tinha ultrapassado um limite muito rígido em si, o envergonhando profundamente. Não queria cometer aquele erro novamente, o de desejar tratamentos tão cruéis, barbáricos, para qualquer ser vivo. E era por isso, além da paciência incomum do padrinho de Aurora, não se preocupou com o tempo gasto para escolher uma coisa tão simples como uma troca de roupa.

Só que não era tão simples. A visão dele em suas roupas abriu um corte antigo, mal e mal fechado por causa do tempo. Grande demais para a figura esguia, envelopando-o em algo que fazia o feérico querer rir de tudo. Para alguém que tem toda a magia à disposição, reduzir o tamanho de uma roupa não deveria ser tão difícil. Outono sentia as palavras sendo formadas pela boca, a garganta coçando para acrescentar a gargalhada que convidava os braços à ação. Envolvendo Fausto num abraço fantasma... Longe demais da atual realidade. Humpf. Percebeu que encarava por tempo demais. Os olhos descendo para a caneca em mãos. "Posso ter passado alguns minutos na sua torre, porém, foi o suficiente para sentir a opressora influência da magia. É cansativo manter tudo daquela forma, de ficar dentro daquele prédio. Você deveria arrumar um lugar em casa." A floresta, ele queria dizer. O estado mais natural de tudo e de todos. Da natureza era retirado sustento e abrigo, dos humanos... A crianças das pequenas fadinhas, da energia para fazê-las continuar a viver. Aquele tipo era artificial demais.

"Quando foi a última vez que dormiu, Fausto?" A resposta estava no rosto pálido, dos círculos embaixo dos olhos, mas Outono precisava da resposta explícita para completar seu martírio. Poderia resolver isso em dois segundos, mas seus dedos continuavam no apertar da caneca. No mecânico engolir do chocolate quente. "Bastará para o quê? O que eu li sobre moda local, história de Tão Tão Distante, vai mudar alguma coisa? De que esse reino não tem nem entrada nem saída? De que cada um dos que eu me preocupo pareçam cada vez mais distantes? E que você, pelo visto, entrou nessa lista? Não, Fausto, não me sinto no humor para conversar; mas você pode começar a confessar."

Fausto quase conseguiu ignorá-lo e passar batido das explicações (quase, levando em conta que a casa era de Outono, cada partícula fazendo questão de realçar isso), olhos na interação das aves com genuína curiosidade, principalmente ao cantarolar animado do passarinho que parecia a beira da morte não meia hora atrás. Teletransporte é uma mentira pra você? flutuava em sua língua, impedida pelos dentes cerrados, lábios projetando-se para frente e sobrancelhas erguidas. "É a sua casa. Vai me deixar ficar? Não tem medo que eu o enfeitice quando não estiver olhando e o aprisione ao meu bem querer?" Apenas para confirmação, uma última chance para pensar melhor no que punha dentro de casa. Ocultando detalhes, ainda desconfiado da estadia de emergência, seus olhos finalmente encontraram os dele e oh. Oh. Seu coração deu uma guinada e os dedos se apertaram no bolso com a visão. É claro que, de todos os cômodos, desde a sala até o sótão, o quarto lhe fosse o mais familiar de todos, e como poderia ser diferente? Meio pasmo, seguiu as ordens em passos taciturnos para o segundo andar, o cheiro de folhas, madeira e orvalho ressuscitando uma memória há muito esquecida. A memória muscular, pelo menos, era mais fácil: blusas no cabide, botas alinhadas perto da parede, primeira porta do guarda roupa para as blusas de frio e terceira gaveta da cômoda para as calças.

Aquele cheiro nunca mais sairia de seu olfato, percebeu no momento em que trouxe a lã para seu nariz, os fios macios acariciando sua pele fria como uma benção em um clima daqueles. Só percebeu que demorava mais que o necessário ao se encontrar perto da cama, não ousando por um fio de cabelo onde antes havia sido seu paraíso pessoal, saindo dali a passos apressados mais uma vez em direção à sala.

Sua cabeça doía do quanto tudo aquilo parecia doméstico, familiar, e Fausto se sentiu nu, exposto – mas, mais uma vez, Outono tinha facilidade em quebrar suas barreiras com apenas um olhar, um comando e um estender de mãos. Saberia ele do poder que tem sobre si? "Obrigado." A fera desarmada seguiu em silêncio até o lado dele no sofá, mal tendo tempo de se aconchegar ao receber a caneca quente em suas mãos, recuando as mangas para acolher o calor. "A Torre estava... Sufocante. As paredes de pedra são frias, e os ambientes luxuosos, com muito poder em cada chama acesa. O excesso de detalhes, de magia, depois de tanto tempo sem- entende o que quero dizer? Caminhar numa floresta silenciosa no meio dos montes de neve branca deveria ter sido uma boa ideia." Precisava por pra fora, voz ligeiramente descontrolada do tom monótono usual. As pernas se dobraram e ele se encolheu contra o estofado, trazendo a caneca para sua boca, provando e nomeando cada um dos ingredientes. "Eu estou- eu estou cansado, Outono." Sorriu, desanimado. "Mas me fale de você. Diga-me sobre seus planos, seus protegidos, sobre os livros que leu essa temporada. Qualquer coisa bastará."

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"Que tal fazer algo por mim em troca? Já perdi as contas de quantas vezes eu pedi para parar de me chamar de senhor. Padrinho? Ok. Senhor? Não tem um fio de cabelo branco!" Outono ainda estava no começo do auge como fada, pendendo para a transição do que para a finalização. Sua dedicação na Universidade, de ser o primeiro a assumir tal função sendo quem era? Aquele combustível o colocou nos melhores lugares e nas passagens mais rápidas para a efetivação do cargo. "Malévola não está errada em seu tratamento com os humanos, mas privar você do contato faz mais mal do que bem. Eles existem, nem todos são ruins. É essencial que saiba diferenciar um tipo do outro." Uma olhada para Aurora e ele já tinha duas certezas de vida. 1) um 'não' nunca a impediria de fazer o que queria e 2) ela era uma beleza para os vestidos clássicos. Vasculhou as araras em busca de opções. "Diaval dormiu fora de casa nessa última discussão?" Riu sem reservas. O corvo podia tanto dar nos nervos como fazer algo útil, para variar. "É uma peça muito bonita. Vai combinar com o vestido da próxima festa. Podemos falar do seu cabelo ou ainda é um assunto sensível?" Deixando o que realmente queria ver para o fim, Outono arrumou os cabides dentro da cabine de provas. E, sim, rejeitou a ajuda de qualquer funcionário que se oferecia com um sorriso e um aceno de cabeça. "Tirando Grinch, a magia instável, o reino das Fadas sem uma líder e o príncipe estranho... Nada. Ou melhor, eu agora moro praticamente sozinho. Minhas irmãs decidiram que agora era a oportunidade perfeita para cada um encontrar um cantinho seu. É difícil ser chefe da sua comitiva de segurança e conselheira, viu?" Ralhava, mas com humor. Aquele não era um emprego, não mais. Nunca mais.

"O senhor sabe que não precisa de muito pra me agradar, padrinho." A voz doce de Aurora era sincera, um sorriso agradável na face enquanto caminhavam pelas ruas cobertas de gelo. Depois de tantas coisas, era bom estar fazendo qualquer coisa que lhe distraísse dos últimos acontecimentos. A presença de Outono era um bônus agradável para a loira. Abaixou levemente a cabeça em um agradecimento silencioso enquanto adentrava a loja indicada, um suspiro escapando os lábios enquanto o esperava para guiá-la. "Queria ter novidades para lhe contar, sério. Mas, nada de extraordinário veio a acontecer. Mamãe está reclamando como sempre, papai tenta contornar nossa situação... e eu ainda me sinto perdida." A sensação de insuficiência era de conhecimento do mais velho, logo, sentia-se confortável em apenas falar o que sentia. "Ah, ganhei este presente de Marian." Apontou para o colar que utilizava. "O que achou?" Tagarelava, como de costume quando na presença de quem confiava. "E o senhor? Como andam as coisas? Alguma novidade?"

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Outono tinha seus motivos para pedir desculpas, mas, dizê-los, tirava o foco de quem realmente merecia todo o cuidado do mundo. Balançou a cabeça, decepcionado, mas seguindo o que tinha que pregar. "Velhos hábitos são difíceis de mudar. E, convenhamos, esse meu sexo consegue ultrapassar uns limites de um jeito que..." Não completou, a careta no rosto de abismado; risada sem humor saindo pelo bufar. Mesmo se afastando, Outono deixou o braço por cima dos ombros da irmã. "Humanos e suas humanices. Vampiros e lobisomens nós entendemos, por causa da rivalidade. Agora, humanos com qualquer outro? Qualquer outro? É tudo por causa de novidade. Não podem ver uma coisa diferente." Os dedos da mão livre abriram e fecharam, aliviando a tensão dos músculos. "Quer que eu a leve para casa ou acho que eu tenho chance de colocar alguma comida para dentro de você?"

Apresentando resistência alguma, ela se deixa ser puxada para o abraço de seu irmão. Fearne fecha os olhos e inspira fundo o cheiro da camisa dele, sendo de imediato acalmada pela sensação de proteção que só Outono sabe causar. "Não é você quem deveria estar pedindo desculpas, Tonie." Ela o enlaça só para aproveitar um pouquinho mais daquele momento antes de se afastar, um semblante que já facilmente parecia não ter passado por nada de ruim poucos minutos atrás. "Essa mistura toda com humanos e outros seres é bem interessante na grande maioria das vezes, mas nada é perfeito."

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Outono tinha que agradecer a espessura das roupas, o frio cortante lambendo a pele exposta e quente. Tudo que o colocava num estado de alerta e preocupação, uma prioridade mais alta do que o entendimento do cérebro de quem era e onde estava. E entregando-se a tarefa de preparar um jantar apropriado para os dois, um que passasse a mensagem que - conhecendo a si próprio bem - diria em voz alta e com todas as letras. Uma bandeja flutuou perto da pia e o feérico equilibrava suas construções rápidas. "Espero que não se iluda muito, porque caminhando não chega a ser uma resposta aceitável." O piado tinha significado, mas ele não era Fauna para entender com todas as letras. Sua especialidade era em criação, o dedo-verde da família, descobrindo o que a natureza precisava com um simples respirar no ambiente doente. "Deixe-o comigo. Pomodoro vai alimentá-lo como se fosse o próprio filho e amanhã espalhará a notícia entre as aves." Foi só mencionar o nome para a cacatua voar do poleiro e assomar-se sobre o pequeno, seu bico ajeitando as penas e, achava ele, perguntando o que queria comer. Outono pegou a bandeja e levou para a sala, seus olhos acompanhando a figura composta demais de quem, uma vez, tinha sido a razão de- Corte isso. Outono suspirou ao deixar a bandeja sobre a mesinha de centro, partindo para abrir espaço no sofá. "Por que ainda está de sobretudo? De botas? Fausto, eu não vou deixar que saia nesse clima. Nem agora nem pelo resto da noite, ele não vai melhorar." Sentou-se no sofá confortável, o cobertor já jogado sobre as pernas. "É uma casa para os três, mas cada uma arrumou seu próprio canto. Eu continuo aqui, independente, oferecendo quem precisa, animal ou mortal, um lugar para recuperar as forças. Meu quarto é o último do corredor. Pode parecer estranho, mas a cômoda ainda é a mesma. Minhas roupas do mesmo jeito que... eu guardava antes. Pendure as suas atrás da porta e pegue a que achar mais confortável." Preparou a caneca de chocolate quente temperada de pequenos marshmallows, os olhos caindo no embrulho sobre a poltrona. "Estarei esperando."

Sua memória tentava reunir as descrições daquele lugar em particular, os montes de neve diminuindo conforme se aproximava da casinha, aquela sensação de magia emanando atraindo-o. E mentiria se dissesse que sua respiração não havia ficado presa na garganta ao encontrá-lo, ouvindo seu nome como se fosse a primeira vez. Apertando o passo, quase correu para dentro do lugar, alívio em poder sair daquele frio e procurar a lareira mais perto para finalmente descansar. Retirando a pequena ave de dentro do sobretudo, suspirou aliviado em ver que ainda estava viva. "Caminhando." Resumiu tudo em uma só palavra, contando com todo o entendimento que Outono tinha de si para compreender que havia outra prioridade em seus olhos no momento, tirando o cachecol e criando um ninho para depositar o passarinho dentro, perto do fogo. "Veja, estava caído num monte de neve, provavelmente caiu do próprio ninho, a pobre criatura." Mais tranquilo de ter sua tarefa cumprida, finalmente o feérico se ergueu, olhando ao redor. Tudo ali indicava um ambiente familiar, aconchegante e confortável, tornando-o incrivelmente deslocado, de pé como uma sombra no meio da sala. A cor voltava aos poucos ao seu rosto, dedos compridos enfiados nos bolsos para disfarçar a rigidez. Não era uma ideia muito esperta sair após uma nevasca. "É aqui que vive com as suas irmãs? Pelo silêncio, sei que deve estar sozinho no momento." A voz saiu num tom jocoso, evitando-o com o olhar propositalmente, preferindo por contar os vasos de plantas na janela.

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Outono não era um féerico violento por mais que sua aparência e temperamento poderiam passar. Sabia brigar? Sabia. Defender a si e aos próximos? Com certeza. Buscar a violência? Nunca. Contudo, aquela regrinha tão fundamental perdeu o sentido quando ela levantou os olhos e ele enxergou. Por que estava colocando a culpa em quem era inocente? Outono deixou derreter a expressão irritadiça para uma triste, arrasada, a puxando para os braços no intuito de acalentar. "Todo mundo merece uma chance de confiança, não é? Inocente até que se prove ao contrário." Era culpa dele ser tão pragmático, desconfiado, duvidando antes de colocar um dedo dentro do lago desconhecido. "Como que ia adivinhar uma coisa dessas? Num Reino tão estranho quanto esse... É tudo tão... Confuso. Me desculpe, Fearne. Me desculpe por ter passado por isso."

“Well what did you expect would happen while you’re walking alone at night? Come on, let’s get you away from that creep.” @godfather-autumn

Aérea, as palavras severas de seu irmão soavam como se a quilômetros de distância. Sentia sua cabeça girar, o coração batia pesado e suas mãos tremiam... As mesmas mãos que agora eram seguradas pelo mais velho. Ela se atreve a olhar alguns centímetros acima, procurando o que deveria ser uma expressão de pura irritação em Outono. "Eu pensei que ele era amigável." Agora que está ao lado dele, o tempo passa em sua velocidade normal, ao invés do arrastado e temeroso de momentos antes. Ela até consegue sorrir. Desapegar-se.