grnerisworld - Tumblr blog

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Eu me escondi sob as montanhas mais altas

Qualquer ruído ecoa por todo o meu mundo

Eu bebo o veneno que você dá na minha boca

Satisfeito por morrer nas suas mãos

Qualquer ruído faz as paredes tremerem

E eu me coloco a sua disposição

As paredes me impedem de sair

O vento sussurra no meu ouvido palavras que matam

Eu pego suas dores

E engulo sem fazer cara feia

Qualquer coisa alimenta uma alma faminta

Mas havia algo na água daquela poça

Que queimou a minha garganta

E me fez levantar um olhar sob a sua voz

Bons lobos uivam para a lua

E rasgam a pele das suas presas

Enquanto o sangue escorre dos seus dentes

Eu não queria ver que as paredes ao meu redor

Eram todas feitas de pensamentos

E eles gritavam comigo no completo silêncio

Ecoando o que dizem de pior

Em um ciclo sem fim

Bons lobos uivam para a lua

E não se entregam facilmente

Uma adaga na parte errada do corpo não pode matar

E eu digo mais

Uma vez que eu não bebo mais do seu veneno

Te dou dosagens mais altas

E quem morre, aos poucos, é você

Bons lobos esperam pacientemente até o fim

Seja dentro de jaulas mentais

Ou sob uma montanha prestes a ruir

No final, bons lobos estão correndo com suas matilhas

Longe de caçadores como você

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A luz e o calor do Sol alcançavam todos os perímetros campestres do sudoeste da cidade de Ressez. Havia um descontentamento e uma inveja surda na população daquela cidade que se acostumara em ser a última em muitas coisas, principalmente na urbanização e na educação.

— O clima está tão gostoso e favorável, que eu devo supor que fomos finalmente engolidos pelo diabo em pessoa. — balbuciou uma voz rouca e envelhecida de tanto fumar. Havia altas doses de escárnio em sua fala. Apesar de seu olhar estar voltado para os vales e campinas acinzentados do início da manhã, todos que estavam presentes ali a encararam com desdém. Eles a achavam terrivelmente inconveniente e, onde quer que ela fosse, sua presença não era querida ou solicitada. Para a infelicidade de muitos, aquele não era um dos lugares e momentos onde eles poderiam expulsá-la. Afinal, tratava-se do enterro de seu próprio marido.

— A senhora não tem vergonha na cara? — Indagou uma mulher que demonstrava raiva em sua expressão amargurada. — Mesmo num momento como este a senhora consegue ser tão asquerosa. Tenha mais respeito pelo pobre homem que uma vez chamou de esposo.

O clima quente e abafado cooperou para que as demais pessoas ficassem agitadas e inquietas. Começou ali diversos murmurinhos.

— Eu sempre disse que essa mulher não merecia a vida que teve com aquele maravilhoso homem. Sempre tão educado e cortes.

— Exatamente. Pobre homem.

— Ela ainda vai viver por muitos anos até pagar todo o mal que fez.

É assim seguiu os comentários femininos sobre aquela velha mulher até que a primeira delas tirou os óculos e falou novamente:

— Eu não duvidaria nada que a senhora seja o próprio demônio. - Um sorriso de lado despontou em seus lábios, levantando uma de suas bochechas pálidas. Ela sabia que tinha a total atenção de todos. Só não sabia que suas palavras, tão afiadas, ainda não eram tão cortantes como o que ouviu depois.

Uma grande nuvem havia coberto o Sol e o prendido entre seus domínios por poucos segundos. O vento agitou as gramas e assovio ao longe, como algo que vem anunciando sua chegada.

A senhora levantou de sua cadeira e seguiu a trilha até o túmulo do marido. Atirou para o fundo do buraco cartas que estavam até aquele instante guardadas em sua bolsa. Depois, acendeu um cigarro e respirou a fumaça para dentro dos seus pulmões. Ao fim de três tragadas, jogou o cigarro sobre as páginas. Um fogo miúdo nasceu entre o branco e a tinta preta. Não tardou muito até se alastrar. As folhas de transformaram de brancas para pretas e, depois, em cinzas.

— Acabou. Vão embora viver a merda da vida de vocês. Contem o que eu fiz e aumentem ainda mais detalhes. Adorarei ouvir sobre isso. – Seus olhos faiscavam confiança e coragem. Seu semblante, embora enrugado, exibia tranquilidade.

Rapidamente, todos se foram, levando seus comentários e repetindo os acontecimentos como uma forma de avivar aquela lembrança. A cada novo vizinho que encontravam, contavam uma história com mais detalhes. Sem eles, uma paz acolhedora se instalou. As folhas das árvores mais próximas dançavam no ar. O Sol havia voltado e seus raios imundavam aquele lugar de um tom dourado. A essa altura, a cova de seu marido exalava o cheiro de papel queimado. O caixão, excetuando-se pela parte central, estava intacto e protegia o corpo que ali repousava num sono tragicamente mortal.

— O inferno nunca me pareceu um lugar tão fadado ao tédio como este – disse uma voz grossa e calma, e o ar pareceu se encher com ela. — Lamento por sua perda, Edith.

A mulher encarou a imagem de um jovem homem em pé a poucos passos de distância. Seus cabelos loiros caiam por todo seu rosto até os ombros. Uma barba cheia e perfeitamente alinhada emoldurava seu queixo. Ele era alto e forte. Mas ainda expressa delicadeza em seus movimentos.

— Nós nos conhecemos?

Edith já vira aquele homem uma vez a encarando do outro lado de sua casa semanas antes do falecimento de Enrico. Mas não sabia seu nome e de qual família pertencia, o que era muito estranho em uma cidade onde todos se conheciam. Nem sempre o que sabiam sobre os outros era exatamente verdadeiro.

— Talvez.

— Se me conhecesse um pouco mais, já teria dito algo sobre mim. E não teria se aproximado.

— Isso então quer dizer que a ignorância é uma dádiva?

— Para aqueles que desejam uma felicidade permanente, sim. Mas para aqueles que vivem suas vidas sem criar muitas expectativas sobre as coisas, não importa quão dolorosa seja, não. A dor é tão importante quanto a cura para o processo.

Ele ponderou sua resposta. Sabia que os efeitos de uma vida cega para a verdade causava grandes estragos. Foi o motivo de inúmeras guerras.

— A senhora tem um bom argumento – disse ele caminhando para longe do túmulo. Ela o seguiu inconscientemente. Vez ou outra, encaravam o horizonte dourado. Mas normalmente seus olhares se direcionavam um ao outro. — Uma vida mais árdua leva a uma mente crítica ao longo dos anos.

Edith ficou sem saber o que dizer. Buscou em sua cabeça o que deveria já ter saído por entre seus lábios. Mas nada veio por um tempo.

— Estou testemunhando um momento único – disse ele rindo despretensiosamente.

— De onde você é? – disse ela, mudando de assunto. Sua testa estava rígida e seus olhos cerrados.

Aquela pergunta era facilmente traduzida para qual era seu nome e procedência naquela cidade.

– Mesmo que eu te dissesse, o que não farei, você não saberia onde fica - disse ele, impassível.

Edith deu de ombros e continuou seguindo ao lado dele, agora mais quieta e contida que antes.

– Para você, o meu nome será Atlântico - retomou a conversa. Ao perceber que ela abrira a boca para fazer outra pergunta, se adiantou em dizer – Não lhe direi mais nada sobre minha identidade.

– Certo então. – As palavras saíram da boca de Edith e seus pés começaram a retroceder no caminho que estivera por alguns minutos. Não olhou para trás nem fez menção de hesitar sob a perspectiva da curiosidade. Suas atitudes eram tomadas com convicção.

Atlântico a encarou por alguns segundos disposto a acreditar que ela perceberia a diferença antes mesmo de dizê-la. Mas ela não viu quando atravessou a grama amarelada e deu de cara com areia e pedras. Mais adiante, como a fumaça que ela soltava pelos lábios murchos, uma nuvem cinzenta cobria o horizonte. Era densa e extensa sobre todo o seu campo de visão. Edith continuou andando e adentrou na nuvem. Teve a sensação do seu corpo ter ficado mais leve e seu estômago parecia estar com as borboletas que os jovens amantes sempre descrevem com afinco na literatura. Sua consciência, estranhamente, a abandonou. Tudo ficou claro, mas ela não saberia dizer se estava com os olhos abertos ou não. E ela tinha se esquecido de quem foi um dia.

“Você sabe qual é a resposta para sair daqui. Mas os seus pensamentos saíram da sua cabeça e ficaram antes da nuvem, isolados de tudo o que é material e está vivo. Você me ouve porque eu estou dentro dos seus pensamentos e eles ainda enviam essa mensagem para a sua cabeça vazia. Em breve, você terá total, ou minimamente, controle da sua mente e corpo. Mas antes eu irei lhe dar um presente.”

A voz entrava na cabeça vazia de Edith como um sussurro. Ela não precisa fazer silêncio para ouvir, porque não havia outro som que interferisse na comunicação. Mas era tão baixa que, às vezes, mal ouvia algumas palavras da frase.

“O presente que lhe dou é, a partir de agora - continuou ele, categoricamente. - também sua maldição. Eu lhe dou a eternidade e o preço dos anos”.

Sua mente, que antes era apenas uma casa abandonada e repleta de ecos de vozes conhecidas, foi invadida por todos os pensamentos que estavam contidos sobre a barreira do nada. Edith caiu com os joelhos no chão e sentiu o baque do seu corpo contra o concreto. O sangue vermelho irrompeu entre a pele cortada. A aflição da dor mal tivera tempo para chegar ao seu cérebro quando foi atingida por mais um pensamento antigo, um que ela nunca tivera e pertencia a outras épocas.

Seu coração, por um momento, bateu descontroladamente. E então, no segundo depois ele parou totalmente, mas os seus olhos se mantiveram abertos. Ela não precisava mais de um coração para viver quando acabara de receber aquela dádiva.

– O que você fez comigo? - As palavras saíram como um rugido dos lábios dela, agora de pé e com um semblante rejuvenescido.

– Eu lhe dei o tempo. Alguns dizem que é uma pedra preciosa e que está nele toda a resposta que buscam. Em partes, estão certos. Mas o tempo também é um rei que escraviza os seres vivos. Não importa quão ricos ou poderosos eles sejam, sempre serão inferiores.

Ela tentou dizer que não queria aquele presente, mas as palavras saíram tão rápidas de sua boca, que mal fizeram sentido algum. Era uma mistura de um som humano com algo além do conhecido. Era em vão dizer qualquer coisa agora que ele já não estava mais em seu campo de visão.

“Você encontrará um caminho novo para seguir quando o último pensamento antigo desaparecer do seu cérebro” - sussurrara a voz em sua mente uma última vez.

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O sonho de ser um grande poeta, transcrever com palavras o que o corpo e alma sentem, o motivo pelo qual o coração queima ardentemente. Na maioria das vezes, trata-se mais de uma tentativa de me autoconhecer; me olhar através de um espelho embaçado - sei que há alguém sendo refletido, mas nem sempre sou eu ou tudo aquilo que, em vão, tento me fazer acreditar que sou. As palavras me ajudam a encontrar caminhos e maneiras de segui-los. As palavras, doces e afiadas dependendo de onde e como as usamos, salvam e conseguem destruir até mesmo o mais forte dos corações. Essas mesmas palavras são a luz no final do meu túnel.

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Céus azuis, sem nenhuma nuvem

Os ventos do outono sopraram para longe

Todas as palavras e promessas

E eu me mantive aqui como um salgueiro antigo

Vendo as estações mudarem

Me reconhecendo um pouco mais

A medida que nada mais fazia sentido

As bandeiras que eu costumava erguer

Estão dobradas no meu guarda-roupa

Eu não sou mais quem eu costumava ser

O tempo me transformou em um novo homem

E eu perdi todas as minhas assas quando aprendi a andar sobre o cimento

Eu soltei tudo aquilo que não me pertencia

Se hoje eu sei falar um pouco mais alto

Se hoje eu consigo encarar o fim com coragem

É porque eu me entreguei a esta vida

É porque eu sei que todos os caminhos me trouxeram aqui

E eu não me arrependo de ter sido eu mesmo

Quando todos pediam que eu fosse outro

Para viver para sempre, basta um pouco de vontade

E para deixar suas marcas no chão

Ande pelos lugares onde seu coração se aquecer

E os amigos e amores tornarem seus dias mais escuros

Em uma tarde de verão indiano

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Every part of you is a shot to my heart

Eu parti ao som do último canhão no horizonte

Era o fim da guerra, não o fim de uma era

Todos os caminhos e pontes estavam quebrados

Não restou muito do que eu costumava ver

Mas eu segui em frente

Se eu te dissesse que

Reflito sobre nossas teorias

Enquanto crio as minhas sobre nós

Os lugares que quero te levar

E os sonhos mais lindos

Eu quero que você entenda

Que quando você aparece em meus pensamentos ou na minha frente

Meu sorriso se abre, e eu só sei desejar mais

Lancei minhas mãos diversas vezes em direção a você

Naquela viagem ou uma noite antes e depois

Porque eu queria te puxar para perto de mim

Quando você fala, eu ouço

Quando você se move, eu olho

Quando as vozes gritam, eu te procuro

Quando tudo desaparece, eu te encontro

No meu travesseiro, na sua cama

Parece que sempre há um lado para ficar

Mas eu só quero que fique comigo

Deite sua cabeça no meu peito

Enquanto nós dormimos

Enquanto eu te aninho a mim

Você sempre será um pássaro

E eu quero ver o teu voo pelos ares

Quero voar contigo e te mostrar um novo nascer do Sol

Por trás das nuvens, os céus azuis guardam as estrelas mais brilhantes

Eu faço um pedido, segurando o osso de algum animal morto

Sei que parece mórbido, mas você era um dos motivos do meu pedido

Mesmo que talvez ele não tenha dado certo

Eu ainda penso em você e em como roubar

Mais beijos e gargalhadas sua

Você está na minha cabeça

Meu doce e louco menino

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Quando eu era criança, aprendi um caminho para o céu

Estava a salvo nos braços de alguém no final

Mas quando eu cresci, me tiraram esse lugar

Dizendo que aqueles que brilham não poderiam seguir para além dos portões dourados

E então eu incendiei todo o caminho até lá

Na minha inocência, eu precisava de uma casa para depois do fim

Mas quando encarei os olhares daqueles que estavam na fila para o céu

Eu soube que não seguir por aquele caminho era o que eu poderia fazer de melhor por mim

Foi quando eu ouvi um raio atingindo o chão

Oh, oh

Tudo o que eu sei é que quando fecho os meus olhos

Não vejo nada além da minha imaginação

E o medo de não entrar pelos portões dourados

Desapareceu do meu coração

Eu toco no seu braço e te eletrizo com a minha energia

Está tudo bem, doce raio de sol

Tudo o que vejo quando fecho os meus olhos é a minha imaginação

Criando algo para dar continuidade ao fim

Eu vivo meus dias realizando meus desejos noturnos

Antes eu queria entrar pelos portões dourados

Agora eu só quero aproveitar mais um segundo

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É que você espera tanto que alguém repare no que não diz

No sentimento que tem

No seu valor

Teu coração é estranho

Às vezes te quebra

E você diz que é ele quem está partido

Mas sabe que não

Você espera alguém que queira ficar mais

Se sentar e ouvir sair da tua boca

Palavras daquilo que te acompanhou até aqui

São fortes e expressivos os sentimentos

Mas tu se esquece que eles queimam vosso peito

E te consolas a falta de entrega verdadeira

Entre olhares vazios e mãos geladas

Você só espera ser segurado por algo cálido

Quer mais que um amor de meia boca

Dito por vozes que nunca ousaram conhecer

A essência da uma louca vida

Carregada pelos espinhos das plantas que enxergaram a beleza no cair da petulas

Se amanhã ele te procurar, se não te fizer aspirar de alegria

Coloque-o para fora

Como a poeira que entrou e nunca contribuiu para a limpeza da sua casa

E do teu verdadeiro lar

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A Lua continua me chamando

E o meu corpo é puxado contra a atmosfera

Com o intuito de estar mais longe daqui

E mais perto dela

Só pra perguntar quais eram aqueles que a olhavam com paixão

E pensavam em mim

Não me chame quando olhar para cima

E perder algumas das suas convicções

Eu tenho medo de estar sozinho

Mas não evito de correr para longe

Atravessar as ruas mais lotadas

Quero um amor que não é mais pregado hoje

Quero ir e ter onde repousar minha cabeça

Eu dou o meu melhor

A loucura dos dias mais cansativos

A luz que para os seus dias escuros

Porque eu sei o que é atravessar um mundo

Em busca de um coração quente e cheio

Você sabe que tem um amigo em ti

Mesmo na Lua, eu procuraria pelo seu sorriso

No amanhecer, nas tarde mais solitárias

Desejando mais, tendo pouco para aproveitar

Eu converso com a lua

E ela me diz que morremos

Que somos enterrados um próximo do outro

Porque temos medo de estarmos sozinhos?!

E eu sei que a luz que vemos hoje já morreu

Mas espero que esta vida seja o suficiente para realizar seus sonhos mais selvagens

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Penso agora que eu sempre tive um grande complexo de super-herói e queria salvar tudo e a todas que estavam ao meu redor. Há um pouco mais de um ano atrás, eu fiz as minhas malas e segui rumo ao desconhecido. Respirei fundo ao deixar para trás algumas pessoas que amo, carregando comigo o peso do amor que sentia por elas, que parecia ser um fardo nas minhas costas. Por todo o caminho, eu me desfiz do que era e ia, a cada passo dado, me tornando um pouco mais do que sou hoje. Meu coração estava aberto, encarando a luz e o novo. Era um recomeço necessário para alguém com menos de duas décadas. Suponho dizer que grande parte das pessoas que conheço diriam que era frescura da minha parte. Mas não era, e somente o meu coração sabia o quanto eu precisava dessa mudança e desse momento para crescer internamente e remendar algumas velhas cicatrizes, que eu sempre cutucava para ver se ainda havia sangue e dor ali. Mal eu sabia que para curar um ferimento é preciso tempo, cuidado e saber que nada e nenhuma dor perdurará para sempre, porque há um fim para todos os finitos, por mais doloroso ou libertador que seja para cada um de nós. Estando longe de tudo o que eu já tinha conhecido um dia na minha vida, eu me vi tendo medo de perder aqueles que amo, com medo de não estar por perto para oferecer minha ajuda, que, na minha cabeça, poderia mudar positivamente uma situação. No entanto, como sempre suspeitei, eu estava enganado. Não tenho controle sobre o que acontece com a vida das outras pessoas. Na verdade, mal tenho controle do que pode acontecer futuramente com a minha. A morte é algo que não pode ser evitado, e isso é bom para nos lembrar que há um fim até mesmo na vida que tanto desperdiçamos e a enchemos de coisas inúteis, trazendo significado ao tempo. Hoje, eu quero viver e celebrar este dia com aqueles que amo e, principalmente, comigo mesmo. E percebi que o amor não é um peso; ele é um sentimento que temos dentro de nós e nos faz seguir em frente, como ondas no oceano. Às vezes, voltamos para uma costa conhecida, que chamamos de casa. Outras, seguimos para outras ilhas, continentes mais distantes. O que não muda é a intensidade daquilo que carinhosamente sentimos. A maioria das pessoas costuma fazer uma autoanálise antes de iniciar um novo ano em suas vidas. Eu faço sempre que acho necessário e, especialmente, quando completo mais um aniversário, que caminhei por este mundo, sendo iluminado pelo Sol e observado pela Lua - este é o meu movimento entre corpos e pelo meu próprio. Eu, sinceramente, não sei o que será de mim amanhã. Sei apenas que gosto cada dia mais do que estou me tornando, tanto por dentro como também por fora. Um brinde a este dia e a todos os recomeços!

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Éramos imigrantes naquela cidade iluminada

Eu te disse que esperava por mais de nós

Enquanto o frio sopra palavras quentes

No começo, eu não acreditei que estaria aqui

Me entregando para você como entreguei todas as minhas direções na cidade das luzes

Consigo ver seus olhos me encarando a milhas de distância agora

Como quem sente muito

Éramos imigrantes no lugar onde deixamos nossos corações adormecerem em chamas

Eu te segui pela rua que te levava de volta ao passado

Rindo e conversando sobre nossos sonhos

Acho que já vi isso tudo antes

Quando fechei meus olhos

E fui consumido pela escuridão dos meus batimentos cardíacos

Eles queimavam vermelho

Você me vislumbrou como um amor no meio da noite

Quando te toquei, talvez eu tenha te levado

Ao meu paraíso anti-cristão

Eu o vi entrando antes mesmo dos seus olhos se atentarem em mim naquela manhã do final de novembro

E eu pensei que estivesse pronto para conhecer outras partes da cidade

Eu imaginei um final feliz antes mesmo de entrar naquele ônibus

Eu pensei que estivesse em uma história

Criada por mim mesmo

Eu pensei que fosse aparecer

Mas você não entendeu meus sinais de fogo

Foram tantos no meio do caminho

Eu incendei uma via inteira entre dois estados

Eu pensei que você saberia como encontrar

Uma razão bastaria para me fazer correr de volta onde estivesse agora

Talvez eu não fosse aquele que você esperava

Aquele que o faria buscar entre terras distantes

Eu acho que nenhuma palavra venha a mudar

O que eu senti em todo caminho de volta para sua cama

No meio da madrugada, eu o senti me segurando

Como um amuleto mágico

Eu imaginei, todo esse tempo, essa vida ao seu lado

Sem voltas, sem finais felizes

Eu aprendi que a vida é o momento que respiramos

Sem mais quilômetros até as luzes que me fascinavam

Meus pés caminham, minha garganta queima

Diminua seus passos, não podemos correr contra o destino e aquilo que nos tornaremos amanhã

Eu também estive calado por muito tempo

Plantei sentimentos no meu jardim secreto

Agora eu paro e olho ao meu redor e vejo as flores

Sei onde encontrar meus sentimentos incandescentes

Mas você não conseguiu ver meus sinais

E foram tantos que eu lhe deixei.

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Você me colocou em um pedestal

Enquanto eu chorava lágrimas por ele

Eu acho que sou mesmo ruim no amor

Eu fodo com minha cabeça

Sem você ter mesmo tocado no meu corpo

Vou embora no meio da discussão

Sei que vou perder a cabeça

Quando você disser que está tentando

E que meu coração é feito pedra no seu oceano

Que machuca seus pés enquanto caminha

Você sabia que eu estava mentindo

Quando dizia que havia esquecido ele

Meus lábios encostavam os seus

Mas eu continuava pensando no melhor dele

Porque eu cometo os mesmos erros ainda hoje

Eu fui embora, com medo

Me aventurei numa cidade pouco conhecida

Eu bebi do amor numa noite fria e cinzenta

Eu libertei meus sentimentos vento a fora

Eu fui embora, destemido

Sabia que mesmo que houvesse uma tempestade

Eu encontraria a luz do sol no horizonte

Eu era novo no amor

Segui um roteiro antigo

Escrito por outro alguém

Que dizia que sabia mesmo o que estava fazendo

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Talvez um dia você conheça alguém num momento embaraçoso, seguindo com a sua vida pelo o caminho que escolheu. Talvez vocês sejam apresentados por um amigo próximo enquanto aproveita da companhia daqueles que ama e curte uma boa música com sua taça de vinho tinto nas mãos. Talvez um dia você encare as partidas de um modo mais saudável e menos tóxico, como costuma temê-la. Saiba que os fins precisam existir entre começos. É apenas a vida (ou o universo) te mostrando que nada é feito para durar e que, ainda sim, você se reconstrói cada vez mais resiste e consegue ver beleza nos momentos mais efêmeros, porque uma hora ou outra, vai deixar de existir, e essa não precisa ser uma dor que você fará perdurar por anos como um fruto numa árvore jovem. Em algum momento, você vai quebrar a cara. Vai doer e deixar marcas, que também não durarão para sempre. Você vai chorar porque tudo o que sente é tão intenso a ponto de não conseguir ficar preso dentro do seu corpo forte e delicado. Você conhecerá outro alguém daqui a algum tempo enquanto caminha pelas ruas deste mundo, com um olhar mais corajoso e com os braços abertos. Eu sei que não é para sempre, porque nem mesmo a minha vida é. Mas, enquanto tivermos tempo, entregarei o meu melhor pela minha vida e tudo o que estiver nela, pensara fitando os céus e para além de olhos coloridos e quase sempre tão parecidos. Haverão dias cinzentos, como em cidades frias onde as pessoas se refugiam dentro das suas casas e perto de seu amores para aquecê-las. E, para te provar que a vida é uma completa e constante renovação, haverão dias tão ensolarados e quentes quanto verões indianos, com pessoas, bebidas geladas e beijos refrescantes.

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Os ecos do passado me disseram para não acreditar nos homens

E em nenhuma história contada por eles

Eu me mantive distante da multidão

A luz queimava longe da minha pele

Querido, eu estou com medo

Mas não posso parar e esperar pela sua lealdade

Eu corro para terminais

Eu vou para caminhos que me levam para longe do seu olhar

Mas eu volto com as mãos atadas

Desejando mais do que palavras

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Ele pediu que dormisse com ele, mas declarou que não era para eu levar meus sentimentos comigo. Eu havia entendido o recado: deixe tudo o que você sente da porta para fora da minha casa, acorde no outro dia e vá embora com apenas as marcas da noite passada. Eu fiquei em silêncio por um momento, tentando acreditar naquelas palavras. Quando o ar voltou aos meus pulmões e cérebro, eu explodi com ele. Gritei contra a vontade de me silenciar e aceitar a proposta, uma vez que eu ainda o veria. Eu prefiro fazer sexo com um desconhecido por ai que com você, eu disse com o corpo quente de raiva. E eu preferiria mesmo. Onde não há sentimentos é mais fácil de ir e voltar sem nenhum coração partido, e o meu já estava assim por você desde quando os vi sorrindo em uma foto de família. Ele segurava seu sobrinho com carinho estampado aos olhos. Você sorria de lado, como se tentasse se esconder do flash. Eu desabei diante de uma tela fria, meu coração quente e minhas mãos trêmulas. E foi assim que você seguiu em frente. Mas eu fiquei parado, esperando por você.

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Do alto de uma torre moderna vive uma jovem mulher. Ela se protege de um matador invisível entre janelas e portas fechadas. Há cortinas tampando as cores do dia ao invés de uma bruxa má. Ela acorda todo dia e olha ao seu redor, procurando sempre uma visão diferente e uma brisa fresca entre milhões de doses quentes de sentimentos que saem de dentro dela e voa para além do seu corpo; vai ao encontro de outros corações, como uma flecha. Ela se encara no espelho para arrumar o cabelo e se enxerga. Mulher. Destemida. Doma da própria vida. Contudo, por trás do que as imagens distorcidas dela dizem, ainda há momentos em que chora na calada da noite e se embala na própria canção cantada por ela. Ainda suspira ao ver esperança no olhar de cada ser humano que cruze seu caminho. Ela se desfaz e se reconstrói, isso tudo na janela de sua torre moderna e iluminada. Ela sabe que está mais próxima da Lua e que cada pedido é um consolo ao seu coração. Eu a vi hoje enquanto desenhava com meus olhos um lugar melhor. E, mesmo longe do alcance do meu discernimento, eu enxerguei nela uma fortaleza. Me veio a consciência, assim como o despertar, que ela não esperava por ninguém, nem mesmo um homem para salvá-la. Ela mesma iria enfrentar os próprios medos e monstros do modo como fora concebida: forte e corajosamente.

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As vezes

Às vezes eu conto a eles sobre os dias coloridos

Sobre como nós costumávamos incendiar o mundo com nossa loucura

Éramos jovens e dançávamos sob o efeito da fumaça ao nosso redor

Agora tudo o que eles conseguem ver sobre nós

São os vestígios que deixamos na história

E todos os pecados que cometemos com medo de não sermos eternos

Com medo de não durarmos mais uma noite

Eu fiz apostas contra o tempo naquela época

Eles costumavam nos encarar enquanto seguíamos nossas vidas

Gritávamos nossos sonhos a todo pulmão no meio da noite

Não deitávamos, nós nunca dormíamos

Nós nos mantivemos em pé por anos a fio

Eu cheguei a pensar que aquele momento iria no manter intactos

Mas eu estava errado

Mas não era o único

Porque o tempo também está

Estou deixando algo que meus filhos levarão consigo

A verdade é que toda a raiz dos nossos desejos mais selvagens ainda crescem dentro daqueles que viram nossos olhos em chamas

Eu não preciso voltar no tempo

Eu só preciso de mais tempo aqui

Eu estou fazendo meu dinheiro

Estou plantando a felicidade dos dias claros

Para colher um novo amanhecer

Para que não morra somente em mim

Tudo o que eu senti naquela época

[grnerisworld]

Novo na cidade das luzes amarelas

Buscando pela felicidade como em um sonho americano

Seu nome está na boca dos desconhecidos

Como um beijo dado na balada

Você respira fundo e segue em frente

Esperando conquistar seu lugar

E um amor ao longo do caminho

Todos dizem que agora você é o sortudo

Eles falam sobre as luzes que te cercam

E o quanto você está arrasando

Mas se esquecem das noites escuras sozinho

E de todos os corações partidos que você deixou em cima da cama no dia seguinte

Eles não sabem o quanto você perdeu para poder ganhar

Eu vim de uma cidade sem saída

Perdido entre desejos e promessas

Tentando conquistar o impossível

Secando as lágrimas invisíveis

Quantas vezes eu estive a beira do abismo

E me peguei a tempo de salvar meu coração

Mas agora tudo o que eles dizem é que eu estou dando certo

Quando as luzes apontam pra mim

E todas as cicatrizes se escondem dentro de um sorriso

Eles tentam descobrir como dei a volta por cima

Mas eu apenas continuo seguindo em frente