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DOSSIÊ DE SEGURANÇA — OPERAÇÃO ALTHARA DEPARTAMENTO DE INTELIGÊNCIA E SEGURANÇA DO PALÁCIO DE TREATAN CLASSIFICAÇÃO: CONFIDENCIAL

ARQUIVO 171 | D. Alcaraz

Nome: Niklas von Staden

Origem: Império Austríaco

Posição: Guarda Pessoal do Príncipe Herdeiro da Áustria.

Idade: 32 anos

Status: Observação passiva – Prioridade Média

✦ Perfil Psicológico 

Perfil comportamental rígido, emocionalmente reprimido e com histórico de autossabotagem por excesso de autoexigência. Apresenta também capacidade de foco absoluto em ambientes de risco e tendência a assumir responsabilidades acima de sua alçada hierárquica, o que pode gerar conflitos de protocolo com outras lideranças militares (ver registro de insubordinações). Indivíduo demonstra forte senso de lealdade à coroa, principalmente ao seu protegido, Franz von Habsburg. + Ler arquivo completo.

✦ Poder Registrado

Campo de Força — Criação de barreiras físicas invisíveis num raio de 12 metros. É capaz de gerá-las ao redor de si, de terceiros ou de objetos específicos. 

Nível de controle: Alto.

✦ Risco Diplomático

Médio. Sua presença constante ao lado do príncipe austríaco o torna peça central em qualquer análise de segurança envolvendo Franz.

✦ Relações Estratégicas

– Príncipe da Áustria: Relação próxima. Possível influência moral.

– Rei da Áustria: Declarações de favoritismo constante.

– Conde de Hohenems: Segundo filho. Relação distante.

✦ Observações Adicionais

Nobre azul com histórico de formação diplomática, posteriormente deslocado para o serviço de guarda pessoal do príncipe herdeiro da Áustria. Movimento considerado atípico para alguém com sua linhagem e preparo. Sua presença é fonte de desconforto e especulação dentro da corte austríaca, devido seu papel de influência em relação ao príncipe e ao próprio rei. Expressa visão progressista sobre os vermelhos.

Desempenho militar fora do comum. Rever arquivos. 

✦ Avaliação

Elemento com alto potencial de gatilho. Caso a segurança do príncipe seja colocada em risco, espera-se resposta rápida e violenta, com desprezo por protocolos diplomáticos. Recomenda-se monitoramento contínuo.

T.N.S. Chefe de segurança do palácio de Treatan

RESTRIÇÃO ABSOLUTA – REPRODUÇÃO OU VAZAMENTO DESTE ARQUIVO IMPLICARÁ EM EXECUÇÃO SUMÁRIA POR CRIMES CONTRA A SEGURANÇA MUNDIAL.

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Já era esperado que NIKLAS VON STADEN viesse para a Ilha de Treatan, afinal, ele é um GUARDA PESSOAL DO ARQUIDUQUE vindo do ÁUSTRIA. Não que seja elegante perguntar, mas sei que ele já conta com seus TRINTA E DOIS ANOS, e não esconde a fama de FRIO, mas é sabido que seu lado EMPÁTICO compensa. Se não tivesse sangue azul, eu diria que é um descendente direto de JOSHA STRADOWSKI, porque não poderiam ser mais idênticos!

Tudo na vida de Niklas sempre foi muito bem ordenado. 

Na primeira infância, foi uma criança robusta e saudável. As bochechas coradas destacavam os olhos azuis, sagazes demais para tão tenra idade. Cachos loiros lhe davam a aparência de um anjo e o riso fácil apenas confirmava. Não havia dúvidas para qualquer um que cruzasse seu caminho, que cresceria para ser um rapaz forte e inteligente, destinado a trazer orgulho a casa Staden.

Já a segunda e terceira, foram marcadas pelo início de sua educação formal. Com ela, veio os elogios e o sabor agridoce da condescendência. “Bom garoto”, ouvia sempre que acertava as regras de etiqueta impostas pela mãe. “Muito bem, Niklas, continue assim e poderá ser o nobre mais novo a assumir um cargo diplomático” ao entregar ensaios completos sobre crises internacionais ou sobre a história da Áustria. 

Há quem diga que as exigências eram excessivas, tratando-se de uma criança. Contudo, o filho de um conde, ainda que não seu herdeiro, não podia se dar ao luxo da ignorância. “No nosso círculo, querido, há sempre alguém à espreita, pronto para tomar seu lugar”, dizia a condessa, enquanto o conduzia pelos caminhos sinuosos da aristocracia azul. Mas que lugar seria esse? Sempre dois passos atrás do irmão mais velho? Um enfeite à esquerda do pai? Ser o segundo era realmente o melhor que poderia almejar ser? 

O questionamento perseguiu Niklas como uma erva daninha. Não lhe incomodava que o título jamais fosse ser seu — sequer o desejava —, mas o fato de ser visto como um extra, quase um acessório, o consumia. Enervava, até. Foi uma infeliz coincidência que sua recém-desperta consciência tenha começado a florescer justamente na adolescência: sua fase mais rebelde.

Rebeldia, no entanto, não significava desordem — principalmente com o jovem van Staden. Em sua cabeça, planos foram traçados sistematicamente. Aulas e hobbies foram escolhidos a dedo; interesses aparentemente inofensivos, fomentavam cada vez mais sua decisão. 

Enquanto o conde idealizava sua carreira diplomática e a condessa listava pretendentes com sobrenomes adequados, Niklas assinara sua entrada como escudeiro na guarda real. Não por vocação militar, mas pela necessidade de construir, com as próprias mãos, algo que fosse somente dele.

A decisão, é claro, foi recebida com escândalo. Era raro ouvir tantos gritos na propriedade dos Staden, porém, não era todo dia que um nobre de estirpe tão distinta ousava desrespeitar o nome que carregava. Para o conde, sua atitude não passava de um ridículo ato de rebeldia. Para a condessa, era um insulto à linhagem. 

Niklas, contudo, fora irredutível.  

Os primeiros meses foram previsivelmente infernais. Malquisto — tanto por sua origem quanto pelo desempenho acima da média —, destacava-se entre os escudeiros de maneira negativa. Poucos se aproximavam e menos ainda confiavam nele. Seu status de persona non grata só foi revogado após o atentado à coroa austríaca.

Numa mostra de coragem temerária, desafiando ordens, protocolos e a própria segurança, salvou o jovem príncipe de uma explosão desastrosa. A ação, que via como não mais que seu dever, selou sua permanência na carreira militar. Com o favor do príncipe e, consequentemente do rei, não havia muito o que seu pai pudesse fazer para forçá-lo a voltar para casa. Niklas recusou todas as ofertas de carreira política e insistiu em se alistar como soldado da Guarda Real. Não como oficial de gabinete. Não como estrategista. Como soldado de campo.

Na corte, virou motivo de cochichos. Para os nobres, era um desperdício de título. Para os soldados, mais um azul mimado brincando de herói. Por sorte, Niklas nunca precisou da aprovação de ninguém para cumprir o que prometeu a si mesmo: se fosse para ser um guarda, seria o melhor.

E foi.

Treinamento impecável. Concentração inabalável. Técnica refinada ao extremo. Disciplina até o limite da exaustão. Ainda que as más línguas tentassem diminuir seus méritos, foi demonstrando seu valor que garantiu o posto de guarda pessoal do príncipe herdeiro da Áustria — e a única pessoa na corte capaz de falar com Franz sem medir as palavras.

Seu papel no mundo finalmente parecia ganhar contornos definidos quando uma carta chegou aos seus aposentos no dia anterior à ida para a Althara. Não sabe quantas vezes leu e releu as palavras, mas foi o suficiente tê-las marcadas em suas pálpebras, atormentando-o cada vez que fechava os olhos: Seu irmão está morrendo, volte imediatamente. 

CASA VON STADEN

Os von Staden são uma das casas aristocráticas mais antigas e tradicionalistas da Áustria, ostentando o título de Condes de Hohenems há mais de oito gerações. A da família é sustentada por três pilares: sobriedade, excelência intelectual e uma postura pública impecável.

O patriarca, Ernst von Staden, é a personificação de tais virtudes. Um homem de fala contida, olhar severo e valores inegociáveis, que sempre tratou os próprios filhos como extensões vivas da honra familiar. Já a condessa Sybille é conhecida por sua inteligência afiada. Seu domínio sobre os jogos sociais da corte é quase lendário. E o primogênito… Ah, esse era o orgulho do condado, exemplo de tudo que um herdeiro de sua estirpe deveria ser. Diplomata por formação, estrategista por vocação e, acima de tudo, um filho exemplar. Durante anos, foi ele quem ocupou o espaço à esquerda do pai, quem representou a família nos salões de Viena e quem carregou as expectativas de continuidade da linhagem.

MEMBROS

Ernst von Staden (pai e conde, 71)

Sybille von Staden (mãe e condessa, 65)

Matthias von Staden (herdeiro, 40)

Niklas von Staden (segundo filho, 32)

HABILIDADE MÁGICA 

CAMPO DE FORÇA.  Niklas tem a capacidade de gerar campos de força ao seu redor ou ao redor de pessoas e objetos específicos. O campo funciona como uma barreira invisível, mas sólida, que pode assumir diferentes formas e tamanhos: desde um escudo pessoal de poucos metros até uma proteção mais ampla que envolva outra pessoa. A única maneira de visualizar a barreira criada por Niklas com exatidão, é quando algo a atinge: uma flecha desviada no ar, uma lâmina que não avança, ou o som abafado de um impacto que errou o alvo. 

O treino físico e psíquico ampliou significativamente o alcance de seu poder ao longo dos anos. Não mais o adolescente assustado e sem treinamento, agora pode gerar barreiras eficazes num raio de 12 metros. Durante o atentado ao príncipe, por exemplo, Niklas não tinha domínio total da técnica — mas foi ela, mesmo em estado instintivo, que ajudou a protegê-los dos destroços.

Com os anos, o controle sobre os campos aumentou… E o preço também. O van Staden nunca fala sobre as consequências. E, como tudo na vida dele, prefere ignorar os próprios limites até ser forçado a reconhecê-los.

LIMITAÇÕES E COLATERAIS

Quanto maior a área protegida, mais fraca a barreira. Seu limite para um campo de força eficiente é de 12 metros.

As barreiras são feitas para impactos rápidos, não para resistir a ataques prolongados. Sustentar uma proteção por mais de alguns minutos sob ataque exige um gasto físico enorme.

A exaustão vem na forma de: enxaquecas, sangramento nasal, tremores musculares e, nos casos mais extremos, perda de consciência. Em batalhas longas, é comum que Niklas termine à beira de um colapso.

Seus campos de força só funcionam contra ameaças físicas, como projéteis, lâminas, explosões, desabamentos. Não protege contra manipulações mentais, envenenamentos, maldições ou poderes de natureza puramente energética ou mágica.

Ironia das ironias, o poder de defesa de Niklas depende justamente de algo que ele passa a vida tentando controlar: suas emoções. Quanto mais instável ele estiver, mais frágil a barreira se torna.