A tempestade que chega é da cor dos teus olhos castanhos.
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Maresia
Como se tua força fosse maré contra a orla. A cada ciclo, quebrando-te sobre ti mesma, convergindo-te. Renovando-te. E com a força que lhe cabe no repuxar, cresces mais uma vez - imaculada onda. Foste tu impiedosa ou benevolente, deixas a espuma beijar a areia morna com doçura e graça, e nada temes pois és o que tu és - magnânima, rainha do mundo. Foste dança primordial, ao mesmo tempo revolta e calmaria, voraz e maternal, e em teu ventre cresce infinita vida. O teu frio ao mesmo tempo acalenta e assombra, arredio mar sob o casco dos galeões. Ergue-te magistral acima das cabeças de qualquer que cruze teu infindável caminho. Não te dobras com o vento, não te intimidas com o sol. Limita-te somente à dobrar-te sobre a tua própria força. Força essa que cria vida. Força bruxuleante da superfície, e sublime força das profundezas. Desde os primeiros dos tempos tu foste a ambição no olhar do homem que sonha com outros horizontes, tu foste o medo das crianças - quer do repuxo ou das criaturas que escondem-se sob teu manto anil. Foste tu límpida, de ilusões tranquilas, ou enegrecida da tormenta tempestade, teu canto fora sempre hipnose. Como se tua força fosse maré, tu te ergues. Forte, e gentil. Dos teus olhos escuros, a força do mar.
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Alegoria de Verão
Foi o conforto da penumbra matutina que afagou minha alma, desenhou minha calma no morno delinear do teu corpo contra o meu. Pois trouxe trôpega a saudade sorrateira, como um gato na soleira - noturno ladrão de sentimentos. Como você. Ante o laço tênue que juntava duas almas cansadas, o ribombar dos corações como uma parada de carnaval. E foi tudo, o último suspiro de uma utopia - suave e serena alegoria Onde dois corações não mais tinham pra onde ir, e por falta de opção, ficavam ali. E não queriam mais sair. Pois foi, naquele ninar matutino, numa manhã de domingo, tudo o que podia ter sido. E se por mil vezes repetido, por mil vezes teria sido o que foi; Tudo.
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Inevitável - Parte 3
O músico
Tinha ondas em seu cabelo – um revolto mar castanho de inconsequente movimento. Nos lábios, sempre um sorriso. Seus olhos eram de sonhador. Pois era tarde pra deixar de se apaixonar; uma vez mergulhado neles, jamais sairia. Soube disso desde o primeiro momento.
Lá fora, chovia devagar. O vento soprava fraquinho, quase que sussurrava uma melodia. Em seu compasso, as folhas e flores dançavam suavemente, enquanto as gotas frias de água as encharcavam. Foi quando seus olhos encostaram nos meus, num toque silencioso. Bardo que era ele – destemido e confiante – foi guloso, tomou meu olhar por inteiro, sem dividir com qualquer outro elemento do lugar.
Estávamos sentados em um círculo tosco, entre quatro pessoas num chão de uma sala, sobre um cobertor. Pela fresta da janela entreaberta soprava um fio de brisa gélida, arrepiava nossas colunas. Gostávamos daquilo.
Em seu colo, deitava-se seu violão – brilhante instrumento creme de cordas rijas e braço reluzente, parecia que me olhava. Mas quem me olhava de fato não era o violão, era seu músico. Sorriu, como se sorrir fosse a melhor forma de comunicar-se no momento (e era), e, sem tirar os olhos dos meus, levou seus dedos às cordas do instrumento repousante. E, em um momento, o violão deixou de repousar tranquilamente e cantou conforme o que seu músico lhe ditava. Era lindo – ambos violão e música –, e estar ali me fez acreditar que eu nunca deveria ter estado em qualquer outro lugar naquela fria noite de agosto. E mesmo eu, que já há tempos não dizia nada, fiquei sem palavras. As outras duas pessoas presentes no recinto mal faziam parte da decoração da sala – nada diziam, somente apreciavam a música. Eu, pois, não via nada além dele e do violão. Logo, já não via o violão e, em pouco tempo, tampouco ouvia a música. Só via seu olhar. Olhar de sonhador.
Amei-o intensamente naqueles três minutos de música, e meu coração jamais se esforçara tanto para amar alguém tão profundamente em tão pouco tempo. Não que tenha parado de amá-lo quando a música parou – mas, se por ventura o tivesse feito, não me arrependeria nem por um segundo. Aquele amor fora suficiente – fora eterno.
Fora inevitável.
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Meu amor
Vem, meu amor. Vem viver comigo, a noite inteira Deixa de canto essa bobeira De chorar pelo que já foi. Vem, meu amor Perca um pouco a estribeira, Para já com essa maneira, De ter medo de amor. Vê, meu anjo Tens a vida por inteiro, De dezembro à janeiro E em todos os anos por vir Para acalmar-se em meus braços, E jamais viver de descasos, Só viver pra ser feliz.
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Inevitável - Parte 2
Pois não me chame de poeta, não leia os versos em meu sorriso quando te vejo - teu corpo por si mesmo é todo poesia que transborda. Profanar o templo sacro que é a entidade do teu corpo com minhas mãos imundas de desejo seria a calúnia do meu ser. Quebrar-me-ia. Observo-o, pois, de longe apenas. Como um amante da arte aprecia uma pintura pendurada na alva parede de um museu. Sem proferir palavra sequer, sem quebrar o canto angelical que é teu silêncio. Sem interromper o som puro de tua respiração. Não. Não me chame de poeta. Sequer chame-me de leitor. Não sou digno de estar em tua presença - que dirá de compô-lo.
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Inevitável - Parte 1
No silêncio de tudo, tua respiração. Breve, leve, uniforme. Não consigo distrair, não consigo pensar. Só consigo te ver. Só consigo você. Só consigo sentir, só consigo sorrir. Só consigo viver. Por quê? Como faz diferença, A sua presença Estampa as noites de azul - Suave como o luar. Mal posso esperar pra colocar seus defeitos Contra minha alma tosca estampada em coração nu. Aquela voz que é só tua, Sentir seu olhar Sorriso de canto de boca Me leva até a lua, E não me deixa voltar. Me canta, me encanta, e nem tanta Magia consegue me desvencilhar Desse amor que me desestrutura. Me deixa ser só tua, Daqui até o entardecer da vida.
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Coleção de Sorrisos
O sorriso que tu me deu foi um bem curtinho. Sincero, eu acho. Do fundo da alma. Tua boca estava bem pertinho da minha. Parece que não vi teu sorriso; beijei-o. Era noite fria, e você tinha gosto de álcool, e cheiro de você. Cheio de você. Achei que era bom te ver sorrir. Tua voz era só riso, teu toque era só riso, teu corpo perto do meu era só êxtase. Ou talvez fossem só meus olhos vendo o reflexo do meu amor em tua superfície. Amei-te por cem noites além desta, mas nesta em específico, amei-te infinitamente. Amei-te sem limites, sem dosagem. Deleitei-me no que acreditei cegamente ser teu amor, e dei-me ao luxo de uma segunda dose. E terceira. E quarta. Quando vi, a overdose tinha vindo e me levado embora a sanidade que me restou desde o momento que deitei meus olhos nos teus. Castanhos como os meus. A tempestade que sempre prometeu vir, e nunca veio. Enfim, te foi. Suave como viera, e levou-me junto. Não por inteira, por mais que o tivesse desejado - mas como um cheiro. Uma memória. Uma pecinha de quebra cabeças. Pequenininha, quase insignificante, mas estava ali. De ti, guardei o sorriso que me dera. Pertinho do meu. O primeiro de minha coleção.
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Homem ao Mar
Ó homem são, Lançou ao mar o seu segredo Velho homem Sozinho no mundo Suas lágrimas viraram o mar E tudo parou por um segundo. Ó homem louco, Jogou-se ao mar para despertar-se Mar estranho Oh - tão - estranho mar, No rosto de um homem Água vira olhar Ó homem vivo, Mas nem tão vivo assim Marinheiro antigo, Navegador de despedidas "Tens medo do mar, meu velho?" "Não, Tenho medo da vida."
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Amor Inocente
A pele morna do meu amor contra minhas costas, Me acordou de madrugada. Não quente, como na ânsia pelo carnal, Mas morna e macia, pelo calor das cobertas e conforto do colchão. A respiração tranquila em minha nuca, como uma criança em seu sono, O amor que, de repente, acorda se lembrando que me ama. Sonolento, de olhos semicerrados, seus braços, Entrelaçados, Abraços, Puxou-me para si, como quem diz "Eu te amo" Sem dizer coisa alguma. Tocou-me de leve a tez do rosto com seus lábios, Até meio sem entender Essa ânsia de amar, Um amor que palavra não consegue mais descrever E, sem nada a me dizer, Disse-me tudo. No escuro, Meu porto seguro, Sem nada mais ser Tão verdadeiro, De súbito, Você.
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Alice
Alice tinha olhos azuis, e uma mente sonhadora. Imaginativa e perceptiva, Alice fugia dos problemas pensando demais. Quando seu primeiro cachorrinho morreu, Alice descobriu um tesouro no jardim. Quando as crianças da sua escola começaram a chama-la de nomes ofensivos, Alice conheceu a árvore mais velha do mundo, em cujo tronco morava o coração que regia o universo. Quando seu pai bateu em sua mãe pela primeira vez, ela correu para a porta dos fundos, e encontrou uma floresta mágica, onde moravam fadas. Quando seus pais se divorciaram, ela conheceu a Lua – pessoalmente -, e descobriu que esta era muito simpática. Quando sua mãe faleceu por uma doença, Alice conheceu seu príncipe encantado em seus devaneios. Ele era alto, galante, e sempre a protegia. Ao reprovar na faculdade, Alice já não mais se lembrava de seu príncipe encantado. Tinham lhe dito para parar de sonhar. Quando lhe disseram que jamais seria alguém na vida, Alice quis voltar à floresta mágica, à casa da Sra. Lua, e à árvore mais velha do mundo. Ao invés disso, foi andar no parque, no auge do inverno rigoroso. Ao se lembrar da mãe, lembrou-se que havia muito que queria ver no mundo quando era criança, e agora, não queria mais. Pôs os pés sobre o lago congelado, e começou a andar. Ao se lembrar das pessoas rindo dela no colégio, e mais tarde fofocando sobre ela na faculdade, Alice olhou para baixo e viu a água fria se movendo embaixo de seus pés, separada apenas por uma fina camada de gelo, mas preferiu fingir para si que não havia visto. Ao pensar em quem se tornou, Alice deu um passo, e o gelo se quebrou. O frio do inferno era intenso, era somente necessário um sopro para que a água congelasse. Alice tinha olhos azuis, que se fechavam devagar. Havia muita coisa que Alice ainda não havia visto. Seus olhos azuis não voltariam à abrir.
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Embalar-me em minhas próprias lágrimas, e chorar até dormir, na esperança que o sal de minha dor seja o melhor cicatrizante.
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Ainda
Noite de inverno. Chuva gélida tocando a pele. Passos lentos pela calçada. Mãos trêmulas segurando um cigarro. Roupas encharcadas grudando no corpo. Frio adormecendo os lábios e pontas dos dedos. Foco de luz amarela tingindo a água que banha o asfalto. Lágrima solitária rasgando um rosto na solidão da noite. Cabelo escuro como azeviche ensopado. Coração batendo descompassado. Dor. Remorso. Saudade. Paixão. Sorriso de canto de boca. Ainda com olhos se encontrando. Ainda com pés se tocando. Ainda com mãos dadas. Ainda com corações batendo. Olhos fechados. [Daughter - Still]
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Acordou. Uma palavra simples que descreve o início de uma trajetória à ser contada. A grande maioria dos acontecimentos que são contados começam com esse fato, mesmo que não mencionados. Mas, nesse caso, o acordar, além de ser o estopim clássico, fora também um erro. O erro de ter sido capaz de ainda estar vivo.
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Grades
Eu passava como humilde transeunte da vida quando avistei um mezanino de tijolinhos à vista. Ele possuía três janelas de vidro, cada qual com uma grade. O interessante, veja bem, era que as grades haviam sido pintadas de vermelho. Fiquei curiosa - quem pinta grades de janela de vermelho ? - Ponderei eu. Analisei-as e, eventualmente, passei e as perdi de vista. Enquanto seguia meu caminho, no entanto, as grades e os tijolinhos continuaram na minha cabeça. Acho que nunca na vida daquelas singelas partes de um mezanino alguém pensara durante tanto tempo nelas. De início, havia achado um tanto quanto esquisitas. Mas, depois de um tempo ponderando, elas tinham sua graça ! Estavam ali, guardando as janelas de uma construção despercebida no centro da cidade, e aquele belo vermelho dizia aos passantes: "vejam, guardo muito bem minhas janelas, mas serão muito bem vindos se resolverem vir pela porta da frente". Uma doce senhorinha de idade não tardou a aparecer em minha mente, com seus cabelos finos e grisalhos presos em coque, a pele enrugada e um terno, antigo e caloroso sorriso, abrindo a porta da frente - sejam bem vindos !, dizem as gradezinhas vermelhas - para seus netos. Numa sala imaginaria cheia de móveis coloridos e antigos, cobertos com aqueles protetores de móveis feitos de tricô típicos de casa de avós, os três homens formados conversam e comem biscoitos, sentados num sofá verde, e ao redor de uma mesa de centro mogno. Juntos, eles riem e comentam coisas como "faz eras que não os vejo", "rodrik, você continua gordo" e "a vovó continua com sua mania de cores extravagantes e suas grades vermelhas". Durante meu trajeto, eu sorri com a visão da família feliz. As grades vermelhas ficaram lá, guardando suas janelas. Mas, a felicidade boba que elas me trouxeram ficou aqui durante o tempo.
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Bolinhos de Morangos
Naquele dia, acordou diferente. Tão sozinha, triste e tão distante, decidiu que queria um bolinho. Saía da cama, preguiçosa, enquanto seus longos cachos dourados dançavam caindo por seus ombros. Doce garota era ela, pequena - perto dos seus um metro e meio - e jovem, grandes olhos cor de mel. Doce garota como o mel em seus olhos, sim, doce como os morangos em uma torta de chantilly. Doce como bananas caramelizadas, com canela. Sorria inocente, sorria de fachada para esconder a dor, sorria de todas as formas e por todos os motivos, mas sempre sorria enquanto caminhava pelo caminho de todos os dias. Uma garota doce era ela. Doce como suspiros e chocolate, doce como pêssegos gelados num verão. Mas, por algum motivo, a vida lhe desejou a amargura. Sofreu, chorou, perdeu as esperanças de novo e de novo, perdeu-se, e tão doce garota era ela. Entrou em uma confeitaria qualquer, com os restos de sorrisos falsos que tinha, as bochechas rosadas e os olhos inchados de chorar. Decidiu que queria um bolinho. Um pequeno, com morangos e chantilly, com uma pitada de amor à vida. Tentaram afundá-la em amargura, mas seu coração era doce como os morangos em seu bolinho. E ela continuará sorrindo, em meio à vida e seus bolinhos de morangos.
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Uma história sobre cachorros não tão bons, um quadro, muitos Ks, e tempos errados da vida.
“Eu espero que você se lembre de mim.” Ao cerrar os olhos, subitamente voltou àquele quarto recluso, um pequeno universo alternativo. Sentiu novamente a maciez do cobertor, ouvia a sua voz ao fundo, como uma bela música que forra a cena de um filme. Sentiu-se mais uma vez sorrindo levemente na cama, o coração retumbando como se quisesse ir embora. Na verdade, o que mais queria era ficar. Podia sentir o cheiro morno do local. E, eventualmente, ele a fitava. Seus olhos tinham algo mágico, pensava ela, que a fazia perder-se em uma hipnose lírica. Juntos, dividiram várias músicas, palavras, risadas. Vez ou outra, sentia seu interior tomar-se por um frio indescritível, como um arrepio interno. Vez ou outra, sentia seu coração descompassar. Teve medo de apaixonar-se, ela se lembrou deitada no sofá de sua casa, mergulhada em suas memórias. Havia ali tudo para isso, ela sempre o soube. Sabia tudo o que iria acontecer desde o começo, e lembrou-se disso quando sua primeira lágrima caiu. Naquele dia que parecia ser há tanto tempo, ele segurou sua mão. Ela cantou junto com ele algumas músicas, e tomou seu sorriso como troféu. “Eu espero que você se lembre de mim” dizia uma delas. E ela desejou isso mais do que tudo. Quando ele tomou suas mãos pela última vez, ela sentiu como se fosse derreter em lágrimas e soluços. “Desde o começo”, pensou ela, enquanto o via afastar-se. “eu sabia que essa cena chegaria, e eu não poderia fazer nada a respeito.” “Desde o começo, eu soube que chegaria um momento em que eu iria querer gritar, chorar, e odiá-lo por deixar-me aqui. Que eu iria me sentir traída e abandonada – como pôde deixar-me ?! - , e que jamais quereria que tivesse vida feliz longe de mim.” Mas essa cena chegou, e foi embora. Ela também foi, depois de continuar chorando um pouco no lugar, e ao chegar em casa, deitou-se no sofá. “Mas eu estava enganada” , soluçou sozinha. Riu e chorou ao mesmo tempo, e então riu por saber que ele saberia como ela costumava se referir à essa situação. “Eu nunca achei que me sentiria assim.” Abriu os olhos, e uma alva gota de saudade e amor escorreu pelo canto de seu olho esquerdo. A visão tornou-se turva, e ela sorriu mais genuinamente do que achou que seria capaz. A voz rouca entonou, baixa e suavemente. -As vezes eu digo muitas coisas que não saem direito, e eu ajo como se eu não soubesse o porquê. Eu acho que uma reação era tudo o que eu queria. Você olhou através de mim, você realmente me conhecia, como ninguém nunca havia olhado até então. Lá fora, a chuva havia passado, e a noite era brilhante. Uma fresta na cortina permitiu que a luz da lua invadisse a sala e tocasse a mão da garota que agora, trocava letras de músicas com ela mesma. -Talvez quando sozinho, você dê passos cuidadosos até que você queira desistir, mas o que eu realmente quero é Os olhos castanhos banhados pelas lágrimas fitaram a lua. -Que você brilhe. Brilhe por mim. Brilhe nesta vida até que tudo esteja queimado. Aos poucos, a melodia foi morrendo em sua garganta, as lágrimas foram parando de rasgar o rosto para encontrar seu caminho até o chão. -Eu espero que você brilhe nesta vida. E com o coração pesado, mas sereno, ela adormeceu.
Um texto escrito com inspiração da música Shine - Mr. Big, encerramento do anime Hellsing, e um amor amigo completamente diferente, como uma samambaia no deserto.
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Desespero
Aos poucos, o coração vai esfriando com a chuva. Aos poucos, as luzes vão se apagando ao teu redor, e o negrume vai esgueirando-se para perto de ti. Enclausurando-te. Envolvendo lenta e morbidamente teus pés, e subindo. A voz vai morrendo na garganta, e lágrimas rasgam o teu rosto. Aos poucos, tudo vai tornando-se a escuridão cega que te consome. Não consegue te mexer. Não há ninguém para te ajudar. Aos poucos, te vês sozinha como sempre esteve. Ouve a voz rindo ao fundo. És uma falha, ela berra. E tu assente com a cabeça. Aos poucos, não te lembras mais do toque quente de um abraço amigo. Não te lembras mais de um sorriso ao acaso num dia de sol. Só te lembras de chuva. Da chuva que cai lá fora, e dentro de ti. E eis que surge, no meio do desespero surdo de perder-te em meio ao negrume que te persegues, um alguém tão ao acaso quanto os sorrisos nos dias de verão. Um alguém pedindo-te, suplicando-te por ajuda. E tu agarras o celular na ânsia sôfrega, e os dedos lépidos externam sentimentos quase pérfidos de tão puros, enquanto os olhos deixam-se cegar pela luz artificial. E as palavras vão trazendo-te a luz. As palavras vão extinguindo o negrume. Aos poucos, as lágrimas secarão. Tu estarás a salvo. Por enquanto.
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