helio-luk
helio-luk
Stories of the new modern society
21 posts
Pequenos contos baseados em historias que me foram contadas enquanto eu peregrinava nos campos dos beija-flores em Ressaquinha, interior de Minas Gerais. (Historias: Hélio Santana)
Don't wanna be here? Send us removal request.
helio-luk · 8 years ago
Text
Cães e gatos não falam
A historia se inicia com a seguinte frase “vou descer no parque para dar um alô pro pessoal e vou voltar para dormir”. Luiz Antônio, um basset hound, mal sabia que aquela noite iria terminar assim. Chegando no parque, ele observou que o outros estavam se deliciando com frutinhas de canhoeiro que estavam no chão. Ele tomou uma para si e começou a conversar com o pessoal. Após um tempo de conversa chegou a Maria Emília, uma golden retriever, que sugeriu ao pessoal ir a uma lanchonete, pois ela estava com muita fome. Todos eles já tinham comido, porem não custava nada acompanhar Maria Emília, até porque a lanchonete não era distante dali, pensou Luiz Antônio. Ao total, eram seis, que se espremeram num chevete 86 rebaixado e Maria Emília os conduziu até a lanchonete.
Chegando na lanchonete todos perceberam que ainda restavam algumas frutas de canhoeiro e Luiz Antônio juntamente com Flávio Augusto, um Fox Paulistinha, decidiram acabar com elas. O clima naquele momento estava bem monótono, todos observavam calmamente a Maria Emília comer. Emanoela, uma labradora, dividia as batatinhas fritas com Maria Emília enquanto João Osório, outro labrador, lambia sua orelha. Marquinhos, um são bernardo e ultimo presente, contava algumas piadas enquanto todos esperavam Maria Emília.
Quando todas as batatinhas acabaram, juntamente com as frutas de canhoeiro, todos se levantaram e foram em direção ao chevete 86 rebaixado. Após alguns passos, Flávio Augusto colocou a mão no ombro de Luiz Antônio e disse, rindo “eu acho que estou ficando com a consciência desalinhada”. Naquele momento todos entraram no carro e assim como a millenium falcon entra em hyperspace, eles entraram num vórtex de loucura e vacilo.
O tempo e o espaço se comportavam de maneira diferente da usual naquele momento, tudo estava bem estranho. Quando o carro chegou na avenida principal, Marquinhos, Flávio Augusto e Luiz Antônio começaram a entoar o hino do botafogo futebol clube, a estrela solitária do Rio de Janeiro. Maria Emília e Emanoela aumentaram o volume do carro e João Osório, único que não estava afetado pelo vórtex, dirigia com toda a calma do mundo. Maria Emília pediu para parar o carro numa loja de conveniência para comprar algumas coisas. O carro havia parado, mas a confusão mental só aumentava e todos ainda estavam envolvidos nos efeitos do vórtex. Maria Emília voltou com uma batatinha Ruffles e algumas frutinhas de canhoeiro.
Em algum momento eles chegaram na pracinha, onde cada um se dividiu para um lugar menos Luiz Antonio e Flávio Augusto, que ficaram conversando no banco. Luiz Antônio avistou um aglomerado de pessoas e foi de encontro a eles enquanto Flávio Augusto, falhando, tentava impedi-lo. Luiz Antonio chegou na roda de pessoas e acabou se transformando no centro das atenções. Um rapaz que tocava violão não gostou nada disso e se retirou. Em seguida seus amigos chegaram para ver o que estava acontecendo. Uma hippie puxou Luiz Antônio para o lado e começou a discorrer sobre como a arte e a vida são interessantes. 
Após uma nova viagem dentro do vórtex, toda a matilha se via dentro de casa. Flávio Augusto dormiu no banheiro, Luiz Antonio acordou no tapete. Emanoela e João Osório haviam desaparecido. Maria Emília estava no sofá e Marquinhos em seu quarto. Os outros moradores da casa estranharam a demora de seus amigos, mas tudo ocorreu bem. O vórtex foi encerrado.
1 note · View note
helio-luk · 9 years ago
Text
Laranjas
Normalmente a vida costuma dar limões para as pessoas. Cada indivíduo faz algo diferente com seus limões. Alguns fazem limonadas, outros simplesmente ignoram e alguns reclamam dos limões. Certo dia, a vida me deu laranjas. Era uma manhã de sábado ensolarada, daquelas manhãs em que tudo está perfeito, o dia está lindo, o clima agradável e as pessoas sorridentes. Certamente este era o dia perfeito para eu viver uma epopeia de desgraças. Era aniversário de um grande amigo, posso dizer o meu melhor amigo. Na época eu vivia em Luziânia e ele em Taguatinga. Ele havia me convidado a celebrar o seu aniversário em um clube em Brasília. Conhecido por “Água Mineral”, para ser mais exato. O horário do nosso encontro estava marcado para as 8 da manhã e até este ponto da história, tudo estava correndo muito bem. Levantei cerca de 5 horas da manhã, pois a viagem da minha cidade para Brasília era, de certa forma, longa. Arrumei minha mochila, comi alguma coisa e peguei o ônibus. Parei próximo ao quartel que meu pai trabalhava, para ele poder me levar ao clube. Cheguei lá no clube por volta de sete e meia da manhã. Como o combinado era às 8 horas eu resolvi sentar na porta do clube e esperar meu amigo e sua turma chegarem. Era oito e meia da manhã, eu estava sem sinal no celular e o lugar estava vazio, senti uma leve preocupação, mas não fui abalado com isso, continuei sentado, esperando. A partir das 9 horas da manhã, carros começaram a chegar ao clube. Meu amigo não tinha chegado até o momento. Eu fiquei um pouco preocupado e assustado. Estava esperando há uma hora e meia no meio do nada, sem sinal de celular, sem água e sem comida. Mas continuei minha espera, até porque sem ele, eu não conseguiria voltar para a rodoviária, pois iria pegar carona com ele. Nesta época, eu tinha catorze anos de idade e era uma das primeiras vezes que sairia sem a companhia dos meus pais. Ir para um clube do meio do nada, sem paradas de ônibus próximas, sem sinal do celular, comida ou água, foi um ótimo jeito de experimentar minha liberdade.Já era 9 e meia da manhã e o infeliz não tinha chegado. Até o momento eu já havia xingado ele e sua família de todos os palavrões conhecidos por mim. Enquanto eu estava sentado mentalizando formas de me vingar, um vendedor de laranjas chegou na porta do clube, com uma Kombi 92 branca, porém encardida com o tempo. O vendedor sai de seu veículo de trabalho, arma uma mesa de bar, coloca o descascador de laranjas e as laranjas em cima da mesa e começa a trabalhar, como em qualquer sábado normal de sua vida como vendedor de laranjas. Uma pequena curiosidade sobre laranjas: elas são ricas em vitaminas do complexo B, é uma fonte de vitamina A e uma boa fonte de vitamina C. Não é muito bom comer laranjas muito��maduras, devemos ingerir quando elas estão no ponto certo. No momento que a laranja é descascada, a vitamina C começa a apodrecer, então ela não pode ser armazenada após aberta. Devemos usar apenas facas com metais inoxidáveis, pois outros metais podem apodrecer a vitamina C. Eram 10 horas da manhã, eu estava extremamente puto, estressado, com fome e com sede. Me aproximei do vendedor de laranjas pois era a pessoa mais sensata daquele recinto no momento, apesar da estranha aparência de maluco em potencial. De repente começou a chegar vários carros, um mais cheio que o outro. O vendedor, que estava conversando com o porteiro do clube, começou a reclamar da vida e das festividades do fim de ano. Ao passo que chegava mais gente, ele descascava mais laranjas e reclamava mais de sua vida, para o porteiro do clube. Cada vez que ele voltava a sua mesa, ele tomava um gole de cerveja Antártica. Minhas esperanças já estavam se transformando totalmente em uma espécie de ódio e desespero. Quando o fluxo de carros diminuiu, o vendedor puxou papo comigo e eu expliquei minha história pra ele. Naquele momento concentramos todas as nossas forças em xingar meu amigo, que nessa hora eu acreditava que estava em sua casa tirando um bom cochilo. O fluxo de carros começa a aumentar, o vendedor pediu por minha ajuda e como eu não tinha nada melhor pra fazer, fui ajudá-lo no ensacamento das laranjas.Era quase meio dia e eu já estava operando o descascador de laranjas. O fluxo havia diminuído e eu recebia laranjas como forma de pagamento pelo trabalho prestado. O vendedor me disse que alguns ônibus paravam na pista próxima ao clube. Me despedi do bondoso homem e me dirigi a pista para poder pegar o ônibus. Obviamente, o maldito ônibus demorou milênios para chegar. Como eu estava chupando as laranjas obtidas pelo suor do trabalho árduo, enquanto esperava o ônibus, minha bexiga comunicou ao meu cérebro que estava na hora de evacuar líquidos do meu corpo. Como todo bom macho, eu me virei para a pista, abaixei as calças e comecei a urinar. Enquanto estava me aliviando no cerrado, eu dei uma olhada pra trás, só pra me certificar de que nenhum motorista iria me jogar alguma latinha de cerveja nas minhas costas. Na mesma hora que eu viro minha cabeça, o ônibus que eu estava esperando passa, a cerca de 80 quilômetros por hora. Minha única reação foi xingar a mãe do motorista enquanto estava levantando minhas calças. Eu estava perdido. A vida tinha me pregado outra peça. Havia desistido completamente. Quando estava pensando em me juntar ao vendedor de laranjas em seu empreendimento, eis que o sinal do meu celular volta. Com alegria nos olhos eu ligo pra minha mãe. Ela envia um amigo do trabalho para me buscar. Cheguei em minha casa por volta das 4 horas da tarde. Foi um dia difícil. Dois dias depois ele me chama no messenger perguntando “Por que você não veio no meu aniversário?”. Eu expliquei toda a história pra ele. Ele tinha chegado às 7 horas no clube e achou que eu seria esperto o suficiente pra entrar no clube quando chegasse lá.
2 notes · View notes
helio-luk · 9 years ago
Text
Grande Jornada do 110
Por diversas vezes a faculdade não aparenta ser o local pela qual ela é proposta a ser. Em qualquer aula de física teórica ela se assemelha com o jardim de infância, pela enorme quantidade de pessoas tirando a tradicional soneca depois do almoço e dos olhinhos atentos a voz do professor, mesmo sem entender meia dúzia das palavras que são jogadas para a grande plateia de adolescentes sonolentos. Em outros momentos a faculdade parece ser um grande galpão de festas, com jovens mostrando todo seu potencial em ingerir bebidas alcoólicas e preencher o vazio dentro de si com danças tão desengonçadas quanto de preguiças com espasmos musculares. Era uma quinta feira com nuvens tão pesadas quanto minhas pálpebras, tentando, miseravelmente, manter meus olhos abertos. Depois de dormir em tantas aulas, eu já estava começando a aceitar o sono naquele momento. Momentos antes de entrar em um sono profundo, o professor anuncia o final da aula, antes do horário comum de termino, e todos se concentram no corredor fora da sala. O céu já estava mais escuro que o normal e o macabro barulho de um trovão era um pressagio de que algo não ocorreria muito bem naquele fim de tarde. Antes mesmo que chegarmos na saída do campus, a chuva começou a cair. Em poucos segundo os corredores do prédio estavam alagados o suficiente para confeccionar uma canoa e ir remando até a saída. O simples caminho até a saída não foi nem um pouco agradável ou tranquilo. Estávamos num total de cinco pessoas, a chuva estava suficientemente forte para nós comprarmos os guardas chuvas, de vinte e cinco reais, que são vendidos nas lojinhas do campus. Como todo bom aluno, nós estávamos com um total de zero “dinheiros” nos bolsos e acabamos improvisando com o que tínhamos para conseguir chegar na parada secos. Tivemos a brilhante ideia de ir correndo até a parada de ônibus feito um bando de idiotas. Sem nenhuma surpresa  chegamos na parada de ônibus, completamente encharcados. Nossas mochilas estavam tão molhadas quanto o chão, queríamos acreditar que nossos cadernos e notebooks estavam intactos, entretanto, os cadernos estavam inutilizados e todas as anotações foram perdidas.Aquela parada de ônibus estava com a densidade demográfica de uma quarta-feira em Nova Deli. O 110 não demorou muito para chegar, o que era uma surpresa tendo em vista aquela agradável tempestade de caíra do céu. Quando entramos no ônibus, milagrosamente a chuva diminuiu. Se tivéssemos esperando alguns minutos, estaríamos secos naquele momento. A visão de dentro do ônibus era maravilhosa. Todas as janelas estavam embaçadas e todos os passageiros completamente encharcados. Nós estávamos rindo bastante daquela situação toda, apesar de todo o ocorrido. O trânsito estava um caos, o que deixou alguns passageiros irritados. Um sujeito que estava muito estressado acabou saindo do ônibus, que estava parado em um engarrafamento. Este sujeito achou que seria uma boa ideia demonstrar seu ódio daquela situação e para tal ele jogou um ovo em direção ao ônibus. Todas as janelas estavam fechadas, mas apenas uma estava aberta. Um amigo meu estava sentado ao lado dessa janela, entretanto, o ovo bateu na quina da janela e, de forma precisamente calculada, desviou da cabeça do meu amigo e acabou respingando em mim, que já estava totalmente encharcado. Naquele momento eu me via todo molhado, sem meus cadernos e atingido por um ovo selvagem. Depois dessa ovada, resolvi sair do ônibus e ir a pé até a rodoviária. Convidei meus companheiros para me acompanharem nesta jornada. Apenas um se recusou, ressaltando que seria uma péssima ideia. Saímos debaixo de uma chuva fina e muita lama. Enquanto rumávamos para a rodoviária, encontramos com um albino muito estranho. Sua pele totalmente branca não nos causava estranheza, mas o fato dele estar correndo em direção a lugar nenhum e nos encarar durante seu feito era bem estranho. Continuamos nosso caminho. O transito estava extremamente engarrafado e por causa disso, resolvemos tirar algumas fotos para sacanear nosso amigo que resolveu ficar no ônibus. Fomos atravessar uma rua que não estava engarrafada e nosso amigo mais gordo quase caiu na frente de um carro. Por pouco não foi atropelado. Naquele momento eu lembrei do trovão e do albino, pensando que ambos seriam um sinal de mau presságio, mas continuei minha jornada.Enquanto tentávamos atravessar outra avenida, nosso amigo mais alto quase foi atropelado, neste momento nós deveríamos ter parado em algum lugar e esperar aquela brisa de azar causada pelo albino. Quando atravessamos essa avenida, chegamos em um grande campo plano e aberto. A vida deixara esse campo todo cheio de barro. Começamos a atravessar. Antes mesmo que confabular nossa chegada triunfal dessa jornada, um raio caiu, provavelmente muito longe de onde estávamos, mas suficientemente perto para podermos nos assustar e sair correndo, feito gazelas sedentárias em savanas. Nosso amigo gordo deu um berro quando escutou o trovão e saiu correndo na frente. Cerca de dez metros a frente, ele parou. Deixamos ele para trás sem perceber. Quando olhamos para trás, vimos ele com a mão no joelho e com a respiração ofegante, imaginávamos que ele estava tendo um ataque do coração naquele momento. Voltamos para buscar ele e outro raio caiu. Continuamos correndo, tentando segurar este nosso amigo gordo e desviar dos possíveis raios que estavam caindo. Finalmente chegamos na faixa de pedestres que antecipava a rodoviária. Estávamos cansados, sujos e de cabeças baixas, mas com a sensação de termos vencido todas as adversidades daquele fim de tarde. No exato momento que levantamos nossas cabeças, vimos nosso amigo que havia nos abandonado, movimentando seus dedos do meio das mãos e rindo na nossa cara, pela janela do ônibus, chegando na rodoviária, primeiro que nós. Nossa pequena jornada em direção a rodoviária foi toda em vão. Fomos derrotados naquele momento.
2 notes · View notes
helio-luk · 10 years ago
Text
Todo dia tem uma merda
A minha vida costuma me pregar peças, das mais diversas formas. Em cada situação do meu dia a dia algo não costuma ir como o planejado, isso é algo normal, vocês podem estar pensando, mas no meu caso, as coisas além de não irem como o planejado, costumam acontecer da pior maneira possível. De certa forma eu já acostumei com isso e acabo aprendendo com essas situações. Mas as vezes, a vida, essa vaca injusta, resolve quebrar os recordes, com quilos de vacilo e crueldade.
O dia em questão era uma sexta-feira. O clima estava bem agradável. Era apenas um dia normal, com aulas de cálculo na faculdade, almoço no restaurante universitário e transporte público lotado. Voltei para casa pelo fim da tarde. Resolvi tirar o resto do dia para relaxar, tendo em vista a enxurrada de provas e trabalhos que viria nas próximas semanas. 
Como de costume, estava tocando meu bom e velho cavaquinho. De certa maneira, pagodes antigos me deixam mais calmo perante as desgraças da vida. Estava tão relaxado, no âmago do meu lar, que até cantei as velhas canções do grupo Revelação. Por um momento esqueci dos 7x1 que a vida me proporciona. 
Anoiteceu e minha mãe pediu minha ajuda com as compras do mês. Estava chovendo bastante. Desci, peguei as compras e guardei. Quando eu havia terminado meu serviço, minha mãe me alerta sobre um fato, um tanto quanto curioso que aconteceu hoje pela manhã. 
Segundo minha mãe, meu queridos vizinhos decidiram que seria uma boa ideia jogar um saco de merda pela janela. Para o meu deleite, a janela deles e a minha janela ficam na mesma reta vertical. No momento eu não queria acreditar nas palavras de minha mãe. Eu moro na cidade tem cerca de um ano e meio e até onde eu sabia, jogar merda na janela alheia não era um costume. Fui correndo para o meu quarto para ver o ocorrido e de fato tinha um sacão de bosta na minha janela.
Entre a parede do meu quarto e o prédio vizinho, existe um espaço, com o teto aberto, para ventilação de ar. No lugar onde seria o teto, existe uma grade. Enquanto o saco de bosta descia, por causa da agradável gravidade, ele se deparou com a grade e resolveu que seria interessante se ele rasgasse e espalhasse merda por toda a minha mini sacada. Era um saco do supermercado Tatico com cerca de 400 gramas de merda solida, toda espalhada pela minha sacada. O saco de merda, apesar de ter se dividido, ainda sobrou um projetil, com cerca de um quarto do tamanho original, que foi parar direto na minha janela, que pela minha sorte, estava fechada no momento do ato. 
Fiquei perplexo, desnorteado, estava em choque ao ver aquela obra feita na minha humilde janela branco gelo. Enquanto eu olhava toda aquela situação, a chuva não parava de cair, fazendo com que a merda na grade escorresse pela parede, branca. Se minha janela estivesse aberta no momento, eu teria merda no meio do meu quarto. Nas minhas tardes ensolaradas, eu costumo tocar minhas canções encostado nessa janela. Por um erro de vinte e quatro horas, eu poderia estar todo cheio de merda, enquanto tocava canções tristes sobre a vida.
Nesse dia a vida me pregou uma grande peça. Foi uma boa peça, digna do velho bordão dos atores, antes de entrar no palco: “merdas pra você”.
3 notes · View notes
helio-luk · 10 years ago
Text
Um Lannister sempre pega nas suas pernas
Eu não costumo ir em bares ou confraternizações com a galera da faculdade. As poucas vezes que eu fui foram tão entediantes quanto as aulas de álgebra linear em russo. Entretanto, na minha última ida aconteceram alguns eventos interessantes e curiosos. Era recepção dos calouros e alguns amigos meus foram recepcionar os calouros do meu curso, no agraciado bar universitário da cidade.
Para exemplificar, meu curso é basicamente formado por nerds, em seu esteriótipo pleno e algumas garotas e caras “normais”. Reunir vários nerds em um bar nunca é uma situação totalmente agradável, pois nós só conseguimos lamuriar nossas decepções amorosas e falar mal dos jogos que o coleguinha gosta. 
Quando eu cheguei lá já consegui comida e bebida de graça, coisa que eu admiro bastante. Posso estar no pior lugar imaginável, uma cidade no interior da Bahia por exemplo, mas se me derem comida e bebida de graça já conseguem meu apreço. Ficamos conversando e algum tempo depois o pessoal decidiu ir embora. Acabei ficando sozinho com um amigo e ficamos falando besteira até decidir que aquele lugar já estava chato o suficiente pra gente.
Nós estávamos sóbrios no meio daquele mar de escrotidão. E ficar sóbrio no meio de vários jovens e adolescente bêbados pode gerar varias situações engraçadas, como por exemplo um anão extremamente embriagado. Esse anão com certeza fez a nossa noite valer a pena. Pode ser errado rir de anões, mas a situação que este pequeno ser humano estava não podia gerar nada menos que gargalhadas.
O anão estava totalmente alcoolizado e a cada passa que ele dava, que não era lá uma grande distancia, ele agarrava no primeiro par de pernas femininas e ficava fazendo movimentos peristálticos com sua bacia como um ritual bizarro de acasalamento. O que me intrigava era que o anão ficava com sua cabeça estrategicamente posicionada. Quando ele percebia que a garota a qual ele estava tentando escalar não curtia caras com menos de 1 metro, ele saia cambaleando a procura de outro par de pernas.
O anão cambaleava em movimento pendular e acabava caindo. Acredito que ele não se machucava, pois a distancia até o chão não era muito grande. Em certo momento ele resolveu que seria uma boa ideia quebrar alguns paletes no meio da rua e sair correndo. Acabei perdendo ele de vista, mas cerca de dez minutos depois eu o vi no colo de alguma garota aleatória.  Aquele anão viveu como um Tyrion Lannister por um dia. Acho que ir pro bar não é algo tão ruim, quando se tem comida e bebida de graça e um anão louco agarrando todo mundo.
4 notes · View notes
helio-luk · 10 years ago
Text
Os animais
Nunca me dei muito bem com os animais. Sempre que tentava me aproximar deles a natureza resolvia me considerar um inimigo. Na minha universidade tem muitos animais, pombos, gatos, saruês, morcegos e estudantes de engenharia. Dos animais da UNB o que eu menos gosto é o saruê. Esse bicho possui o diabo no couro. Dizem que se você olhar nos olhos dele, sua família irá morrer. Os gatos de lá são animais intrigantes. Não importa o lugar que você esteja, vai ter um gato te observando. Eu acho que eles formam uma sociedade secreta no sub-solo. 
Quando eu era criança eu tive a brilhante ideia de fazer carinho na barriga de uma cadela que estava prenha. Antes mesmo de eu conseguir demonstrar todo o meu afeto por aquele ser gerador de vida, ela mordeu meus dois pulsos, deixando uma cicatriz até hoje. Não pensei duas vezes e já fui escalando a porta, pois é isso que você deve fazer para se proteger de cachorros. Fiquei cerca de meia hora pendurado na porta esperando a cachorra me esquecer.
Algumas pessoas colocam as corujas como símbolo de sabedoria, eu colocaria elas como simbolo de dor e morte horrível. No colégio onde eu cursei meu ensino médio tinha um grande muro que o cercava. Todos os dias pela manhã eu precisava passar por esse muro. Em cima do muro sempre tinha alguma coruja, e esta ave do terror sempre ficava me encarado durante meu trajeto. Você consegue ver o mal e o desespero nos olhos de uma coruja. O pior de tudo é que elas conseguem girar o pescoço cerca de 180 graus, o que a deixa mais ameaçadora. 
Vacas também não possuem meu afeto, a menos que estejam mal passadas e com um pouco de sal e pimenta do reino. Certo dia um vaca resolveu que seguiria seu sonho de se tornar uma guarda de trânsito. Ela acabou escolhendo a rua do meu antigo colégio para implantar sua lei de trânsito maluca. Durante uma tarde ela não deixou passar nenhum carro e quem se atrevesse, ela corria atrás mugindo. Foi uma visão um tanto quanto bizarra. 
5 notes · View notes
helio-luk · 10 years ago
Text
Crônicas Etílicas
Não costumo consumir bebidas alcoólicas, mas sempre acompanho meus amigos em suas aventuras etílicas, quando posso, nos limites da minha sobriedade. Na verdade quase não acompanho meus amigos nessas desventuras, porém os poucos momentos que estive presente nessas pequenas reuniões regadas a leite de camela, pude presenciar situações memoráveis.
Certa vez um amigo havia bebido tanto que virou um shot de café com ketchup achando que era álcool. Após o feito, ele desabou no chão. Uma espécie de embriaguês psicológica. Outro amigo, na mesma reunião, estava jogando um jogo de acertar as paredes, da própria casa inclusive, com a cabeça. Ele era muito bom nesse jogo, conseguiu acertar todas as paredes e cair, maravilhosamente bem, no chão.
Outra vez fui a uma festa de aniversário de outro amigo. Ele começou a beber meio cedo e eu já conseguia prever uma boa história para contar. Ele não me decepcionou. Às oito da noite, ele já estava declarando seu amor para todos do recinto. Como de costume, meus amigos gostam de jogar jogos, dentro de suas cabeças alteradas pelo chá de cevada. Este se via como uma bola de boliche e tentava acertar as outras pessoas, como pinos. O incrível era que ele corria rápido, mas caia em câmera lenta. Um feito admirável.
Enquanto ele estava abraçado com uma lixeira, tentando retomar a consciência ou apenas regurgitar o almoço, ele avista um casal de pessoas desconhecidas. Não pensou duas vezes e foi ao encontro delas, cambaleando como uma vara verde no vendaval. Chegando lá, ele proferiu as seguintes palavras: “Não aceito pessoas que não possuam um visual não alternativo”. Aparentemente este meu amigo se torna um bêbado ditador da moda. 
Já vi bêbados de vários tipos. Um amigo sempre declara seu amor por mim quando bebe. Existe o bêbado estressado também, que quando bebe fica extremamente ríspido com as outras pessoas. Entretanto, bêbado ditador da moda foi a primeira vez. Acredito que se ele tivesse visto alguém com uma Crocs, certamente iria bater na pessoa.
4 notes · View notes
helio-luk · 10 years ago
Text
Bom dia, raio de sol
Eu, como todo trabalhador brasileiro, acordo cedo para poder pegar vários transportes públicos para conseguir chegar ao trabalho ou faculdade. No dia em questão eu acabei me atrasando vinte minutos para sair de casa. Nesse período de vinte minutos, a densidade demográfica da estação que eu pego o metrô aumenta exponencialmente com o tempo, ou seja, brota gente de tudo quanto é buraco. Pegando metrô todos os dias, eu percebo que as pessoas são totalmente estúpidas, ou melhor, elas se tornam totalmente estúpidas. A viagem poderia se tornar algo agradável se elas soubessem se organizar dentro do vagão. A consequência dessa burrice é ser encoxado durante 1 hora todos os dias, logo cedo. Certa vez eu não consegui sair do meu vagão, pois, uma senhora que estava segurando na barra de ferro do trem, não me deixou passar. Nunca irei entender por que as pessoas continuam segurando a barra quando o trem para. Será que elas pensam que quando as portas abrirem, algum dispositivo irá sugar todo mundo do vagão menos os que estão segurando? O meu trem chegou na estação central às 7:30 da manhã, eu estava bem puto e com uma leve sensação de que chegaria atrasado para minha aula, que começaria às 8:00. A estação central fica na rodoviária da cidade, que estava estupidamente lotada nesse dia. Enquanto eu estava subindo as escadas da estação, me encontrei com um amigo e fomos conversando até o box do ônibus que nos levaria à universidade. Quando chegamos na ala que fica o box do nosso ônibus, percebemos uma “pequena” multidão de pessoas estrategicamente paradas. Começamos a rir ao perceber que aquelas pessoas se tratavam de colegas de faculdade tentando, inutilmente, chegar a tempo para a aula das 8. A fila estava estupidamente enorme. Ela se estendia pelos 15 boxes e retornava ao local de origem, ou seja, a primeira pessoa estava batendo um papo com a última pessoa da fila. Para melhorar a situação, a primeira pessoa não estava embarcando, pois não havia ônibus para ser embarcado naquele momento. Meu amigo e eu resolvemos entrar na fila, pois não tínhamos outra opção. Ficamos cerca de 15 minutos parados. Decidimos pegar outro ônibus, mesmo que ele não passasse tão próximo da universidade. Andar um pouco não seria um problema, pensamos. Enquanto nos dirigíamos ao outro box, conseguimos contemplar a enorme fila que se formara atrás de nós. Saímos dela dizendo “Até mais, otários”, sentindo ser os malandros da Vila Isabel. Chegamos no outro box e percebemos que todas as filas dos ônibus que levavam para próximo da universidade estavam tão grandes quanto ao do 110. Foi neste momento que notamos que não chegaríamos a tempo das nossas aulas, que inclusive eram muito importantes, pois eram aulas de revisões antes das provas. Após andar, inutilmente, pela rodoviária em busca de um ônibus, resolvemos ir a pé para a universidade, “chegaríamos um pouco atrasados, mas iríamos assistir mais da metade da aula”, pensamos. Após uma agradável caminhada pelas ruas de Brasília, chegamos na universidade às 8:35. Minha aula ficava em um dos últimos prédios do complexo da universidade, por isso aumentei meu passo para conseguir chegar a tempo. Eu estava suando bicas já, pois tinha saído de casa com casaco e enquanto estávamos caminhando o sol resolver aparecer para dar um oi. Cheguei na porta da sala, enxuguei o suor, tomei ar e entrei na sala. Quando eu entro, percebo que o professor não estava dando aula. Ele resolveu usar aquela aula para tirar dúvidas do trabalho que tinha passado que inclusive eu já tinha mais da metade dele pronto. Percebi naquele momento que tinha caminhado/corrido em vão. Mal tinha começado o dia e eu já sou trollado assim pela vida.
3 notes · View notes
helio-luk · 10 years ago
Text
Run to the livraria
Vendedores conseguem fazer tudo menos vender bem um produto. Certamente você já desistiu de comprar um produto por causa do vendedor. Eles tem a habilidade de farejar os clientes em um raio de cinco quilômetros e serem mais chatos que uma criança de 10 anos em um mercado na sessão de ovos de pascoa. Quando o cliente entra na loja, é possível perceber os vendedores levantando suas cabeças como uma tropa de suricatos do mundo corporativo. 
Certa vez, enquanto eu visitava meu querido amigo das laranjas, resolvemos ir a um shopping, para matar o tempo. Era final de ano e o shopping estava lotado, como de costume. Percebemos que tinha sido uma péssima ideia, mas resolver continuar, pra ver oque ia dar. Andamos o shopping todo, sem rumo, observando as lojas e julgando as pessoas, pois é isso que você faz quando se é um adolescente rebelde.
Resolvemos ir a uma livraria para ver discos que nunca iriamos comprar, pois já tínhamos todos os baixados no computador. Enquanto eu estava procurando alguns discos do ABBA, avistei um DVD do Iron Maiden, posto em cima de uma prateleira. Quando fui pega-lo, eu acabei, em um momento de total falta de controle corporal, derrubando o maldito DVD. Atrás dessa prateleira tinha um vão e o DVD acabou caindo nele. Entretanto ele não caiu de forma normal e silenciosa. Ele caiu derrubando todos os CD’s e DVD’s que estava em seu alcance, fazendo muito barulho. 
Atrás da prateleira era a vitrine da loja, ou seja, eu destruí a vitrine da loja naquele momento. Todos os CD’s e DVD’s que eu derrubei, estavam expostos naquela vitrine. Quando eu percebi a cagada que havia feito, pensei “Vou dar um jeito de sair daqui e fingir que nada disso aconteceu”. Antes de proferir essas palavras na minha mente, um vendedor veio ao meu encontro como um leão indo ao encontro de um suricato que acabou de fazer uma pegadinha do Ivo Holanda com seus filhotes. 
Eu percebi que algumas veias em sua testa estavam saltadas. O cara espumava também. Ele logo veio me dando um esporro e dizendo que eu iria ter que pagar tudo. Eu tinha apenas 1 passe do ônibus, 10 centavos e muita lábia. Comecei a falar para ele que não tinha dinheiro. Ele ficou possesso. Por um momento eu achei que iria apanhar naquela livraria. Ele continuou insistindo que eu deveria dar um jeito de cobrir a cagada que fiz. Eu fiquei desesperado dizendo que foi sem querer querendo. O vendedor estava num grau de estresse tão grande que eu achei que ele ia começar a chorar. 
O vendedor decidiu então pegar uma chave para poder arrumar aquela bagunça. Eu balbuciei uma intenção de ajuda-lo, mas ele me ignorou completamente. Quando ele voltou ao balcão para pegar essa chave, eu e meu amigo, que estava rindo de toda aquela situação, como um bom filho da puta, saímos de fininho. Ficamos andando em círculos pelo shopping para despistar o vendedor, caso que resolvesse nos seguir. 
Nunca mais eu toquei em um disco do Iron Maiden em livraria, isso pode invocar vendedores malucos.
2 notes · View notes
helio-luk · 10 years ago
Text
Se ela dança eu danço
Em todo o meu ensino fundamental eu tive contato com a dança. As pessoas no meu colégio adoravam dançar e dançavam o tempo todo. Meus amigos faziam parte do grupo de break dance do colégio. Nos intervalos eles iam para as salas dos garotos mais velhos para poderem dançar hip hop. Eu sempre ia com eles mas não dançava, apesar de achar bem maneiro eu conseguia ter o mesmo swing de um urso com parkinson.
Certo dia esses meus amigos iriam fazer uma apresentação no patio do colégio. Todos os alunos iriam assistir essa apresentação. Eu fui ajudar meus amigos a se preparem. Como estava de bobeira no ‘backstage’ peguei um boné de aba reta e comecei a tirar onde de malandrão. O professor responsável pela apresentação chamou todos para o patio, como eu estava junto deles, acabei indo parar no patio sem querer.
Naquele momento eu percebi que bancar o ‘malandrão’ não tinha sido uma boa ideia. Eu já estava no patio e todos estavam olhando pra gente. A musica começou a tocar e os meus amigos a fazerem a roda de break. Eu não podia sair mais dali. Já que não tinha muito pra onde ir, fiquei gingando e fazendo gestos típicos da dança. Todos estavam fazendo passos e manobras extremamente elaboradas e eu no canto ‘pagando de malandrão’. De repente um cara me puxa para o meio da roda. Eu temia a chegada desse momento. Eu estava no meio da roda, sozinho, com todo o corpo discente olhando fixamente para mim, esperando alguma manobra olímpica. Não pensei duas vezes, comecei a gingar, ia de um lado para o outro, quando eu me joguei no chão, esperando que meu corpo reagisse sozinho, bati o peito com toda força no patio da escola. Fiquei estirado igual a um sapo que erra o pulo. Levantei como se nada tivesse acontecido e voltei a pagar de malandrão.
Como eu não sou muito esperto, me voluntariei para dançar axé no outro ano. Nunca havia dançado axé, eu sequer gostava de axé. Eu me voluntariei apenas para poder dançar com as menininhas da sala. No dia da apresentação eu passei uma das maiores vergonhas da minha vida. Quando eu tomei a decisão de dançar axé, eu havia esquecido que precisava saber rebolar e que eu iria fazer isso na frente do colégio todo. Até hoje eu sinto pontadas de vergonha alheia. 
No ano seguinte, como um completo imbecil, eu aceito a proposta de dançar a dança rock no teatro da cidade. Incrivelmente eu consegui dançar direitinho. Conduzi minha parceira magistralmente. Todos aplaudiram. Tomado por essa sensação de superioridade perante a dança, resolvi dançar samba de gafieira no ensino médio. Foi um desastre total. Parecia uma gazela com câimbras fugindo de um enxame de abelhas. Vocês devem achar que eu aprendi a lição, mas não, como uma mosca que volta a se queimar na lampada acessa, eu continuei a dançar, ou melhor, simular ataques epiléticos de girafas neo-zelandesas. Todas as vezes que eu tenho a oportunidade de jogar just dance ou algum jogo do tipo, eu aumento meu estoque de vergonha alheia de mim mesmo e denigro a imagem da dança.
2 notes · View notes
helio-luk · 10 years ago
Text
Azedou o show
Na universidade que eu estudo acontece um festival de música, que, normalmente, os próprios alunos participam mostrando seu talento ou a falta de tal. Os shows acontecem sempre no horário do almoço e até então eu tinha ido a todas as apresentações. Eu estava curtindo as bandas, todas com músicas bem legais e com músicos muito bem afiados.
Neste dia em especial, eu fui motivado a ver uma garota cantar. Eu já tinha ouvido algumas músicas dela e tinha gostado bastante. Ela subiu no palco, cantou duas músicas e foi ovacionada pelo público. Enquanto ela estava saindo, a próxima banda estava se preparando para entrar no palco, como de costume.
Desviando meu olhar do palco, percebo uma figura esguia, vestida por um pano branco, muito parecido com um lençol, e uma vasta cabeleira loira. A figura estava aparentemente despida, por debaixo daquele lençol. Achei estranho, mas fiquei quieto. Alguns segundos depois, outras figuras sobem ao palco. Pessoas com roupas rasgadas, caras com vestidos e uma guitarrista revestida de carne. Sim, carne bovina.
Naquele momento comecei a preparar meu estômago, pois havia almoçado há pouco tempo. A banda começou a tocar uma melodia muito desafinada. Os vocalistas começaram a gritar coisas incompreensíveis. Eis que a figura vestida de lençol sobe ao palco. Ao passo que ela caminhava, de perfil, algo entre as pernas balançava de maneira pendular. Naquele momento eu realizei que a cabeleira loira se tratava de uma peruca.
Alguns músicos da banda começaram a dançar uma dança muito louca uns com os outros. Já tinha passado cerca de cinco minutos e eu ainda estava com dificuldades de entender o que estava sendo cantado naquele local. Dois músicos começaram a simular uma copula no palco, para minha surpresa não estava muito perplexo. A figura do lençol retira totalmente sua, única, vestimenta e fica totalmente nu no palco. Nesse ponto eles me convenceram que eu não deveria ter almoçado antes da apresentação.
Todos ao meu redor estavam, estranhamente, calados. Ninguém falava nada. Tinha alguns seguranças na saída do teatro, estavam parados. Já tinham se passado dez minutos e a apresentação estava se apresentando para o fim. A figura que vestia um lençol estava tentando colocar uma calça jeans. Um cara, usando um vestido curto, estava esboçando alguns passos da dança funk. Os músicos já estavam acalmando os ânimos e diminuindo os volumes dos instrumentos, eis que a guitarrista retira um filé do seu braço e arremessa na plateia. Para a minha sorte, o bife voador atingiu uma cadeira que estava ao meu lado, uma distância de três cadeiras para ser mais exato. Um tiozinho, com um sorriso no rosto, pega o bife e joga de volta para o palco.
Quando a apresentação acabou e os artistas saíram do palco, os guardas levaram alguns músicos para fora do palco. Eu só consegui pensar: “Que estranho!”, e me dirigi à minha aula de cálculo.
2 notes · View notes
helio-luk · 10 years ago
Text
Ó, olha o trem
Eu ando de metrô praticamente todos os dias da semana, assim cabo vivenciando alguns fatos curiosos e me deparando com alguns malucos. Quando se coloca muitos seres humanos em um veículo por mais de 1 hora, coisas estranhas começam a acontecer. Como eu sou um cara desprovido de sorte alguma, eu me transformo em isca para malucos e situações enfadonhas.
O metrô, normalmente, é um transporte bem confortável, entretanto, ele pode ser tornar o pior transporte público, se aliado a nossa querida burrice humana. Certa vez estava voltando para casa às 6 horas da tarde, vulgo horário do capeta. O percurso até a minha casa estava uma maravilha. Eu estava dividindo meu metro quadrado com mais quinze pessoas, muito agradável. Quando minha estação chegou, tentei inutilmente, me dirigir à porta. Quando a porta abriu, as pessoas começaram a sair e eu tentei seguir o fluxo. Eis que uma senhora estende a mão na minha frente, bloqueando minha passagem. Começo a cutucá-la avisando que eu gostaria de passar e ir para o conforto do meu lar. A senhora não esboçou nenhuma reação, me ignorando totalmente. Como um cachorro abandonado eu vejo a porta se fechar. Só consegui sair do vagão quatro estações a frente.
Outra vez, eu tinha conseguindo sentar no metrô no horário de pico. Conseguir sentar no metrô, às 6 da tarde, é uma missão extremamente difícil, pois, as senhoras e os trabalhadores de bem invocam o espírito olímpico e, com uma selvageria intrigante, vão correndo até as cadeiras, como numa dança das cadeiras na pré-escola, para guardar seus lugares. Já presenciei diversas vezes pessoas se machucando por causa disso. Bom, como eu consegui essa dádiva sem muito esforço, aproveitei cada minuto naquele assento para poder dormir como uma criança. O resultado dessa soneca recompensadora foi acordar no terminal, ou melhor, seis estações a frente da minha.
Como eu já havia dito, o metrô é um antro de malucos. Diariamente encontro malucos de todos os tipos naqueles vagões. Um maluco em especial despertou minha atenção e meu medo. O trem estava lotado, como sempre, e este senhor estava na minha frente. Ele estava muito bem vestido e com um crachá de algum Ministério, no pescoço. De forma totalmente inesperada, ele saca uma peixeira. Sim, uma peixeira, no meio do vagão. Neste momento fiquei extremamente tenso e pensei que teria de usar minhas habilidades em artes marciais para salvar a minha vida. Fiquei estático analisando cada movimento do sujeito. Ele sacou a arma e ficou cutucando sua própria mão. Achei estranho. Quando ele conseguiu tirar alguma coisa da palma da mão, com a faca, ele guardou na bainha e continuou a viagem como se nada daquilo fosse estranho.
Como sou uma pessoa que possui diversos problemas de memória, já entrei no metrô e percebi que havia esquecido algo em casa. Uma vez eu esqueci o cadeado da minha bike, tive que pagar umas oito passagens e andar cerca de 1 hora e meia no metrô por causa disso. Outra vez esqueci um documento importante e tive, além de pagar outra passagem, chegar atrasado à aula.
2 notes · View notes
helio-luk · 10 years ago
Text
Olha a cabeleira do zezé
Como todo adolescente, eu deixei meu cabelo crescer. Para exemplificar, eu tenho um cabelo bem crespo e quando ele cresce se assemelha muito a um poodle sujo. Deixei meu cabelo crescer tanto uma época que se eu juntasse minhas pernas na rua, um cachorro vinha mijar em mim. Além de ter um abafador de microfone na cabeça, eu era bem magro, o que contribuía para ser um prato cheio para bullying e zoações. Comecei a deixar a juba crescer no ensino fundamental, ou melhor, antro da perversidade humana. Certa vez quando voltava pra casa, os garotos decidiram que seria uma boa ideia colocar galhos e folhas nas minhas madeixas. Cheguei em casa e percebi que tinha se criado uma flora nova na minha cabeça. Na minha sala existia um esporte bem peculiar também. O objetivo era acertar mais bolinhas de papel na minha cabeça, existia um ranking e tudo mais.
Meu cabelo não atraía apenas as brincadeiras de meus amigos, ele atraia o coração das senhoras. Já fui parado algumas vezes na rua por essas senhoras. Provavelmente elas olhavam meu estilo e se lembravam do passado de loucuras com os pequenos gazebos e vinham elogiar meu cabelo. Sempre fugi dessas senhoras, era de fato estranho.
Alguns trombadinhas e malucos sempre me paravam na rua por causa da minha nuvem negra de algodão usado. O lado bom é que eles gostavam do meu visual e nunca me assaltavam. Frequentemente mendigos me param perguntando se tenho drogas pra vender pra eles, por algum motivo eles ligam minha imagem a de um traficante.
Certa vez um careca, que estava dirigindo um Monza 86, parou no meio da rua para ficar olhando pro meu black power. Naquele momento passei a mão no cabelo, tirando uma onda, e ele foi embora, chorando. Em algumas situações eu acabei sendo confundido por uma garota e acabei levando cantadas na rua. O curioso é que eu era extremamente magro e usava um visual “rocken roul”, como os jovens falam, e mesmo assim fui confundido. Acho que esses caras não tinham muitos critérios.
2 notes · View notes
helio-luk · 10 years ago
Text
A escada que só sobe
Estávamos em Goiânia para participar de um seminário de iniciação cientifica. Ficamos hospedados no hotel Goiás junto com os alunos do IFG campus Jataí. Na primeira noite decidimos sair para comer alguma coisa. Fomos ao habibs. Fomos a pé. Demos uma volta enorme até chegar no lugar correto, quase não deu tempo de encontrar o estabelecimento aberto. Comi um tradicional quibe e varias esfirras. As pessoas costumam dizer que os kibes do habibs se transformam em uma bomba no seu estomago, eu digo que isso é uma verdade, mas não estava ligando  muito pra isso.
Voltamos ao hotel de táxi, pois percebemos que não era uma boa ideia andar a pé de madrugada em um lugar desconhecido. Eu estava dividindo quarto com três amigos. A cama ao lado estava o meu colega de pesquisa. Como eramos ótimos alunos e pesquisadores, não havíamos terminado as nossas apresentações, que curiosamente iriam acontecer em menos de 5 horas. Decidimos virar a noite para terminar a apresentação. Eu terminei mais cedo e fui dormir. As cobertas do hotel estavam cheirando baratas e como o clima estava agradável, eu decidi dormir descoberto.
A noite foi difícil, eu entrei em um estado, que não sabia se era sonho ou realidade, onde eu sentia muito frio. Quando eu acordei, percebi que a janela estava aberta e fiquei emputecido com meu colega por te-la deixado aberta. Ambos conseguimos terminar e fizemos ótimas apresentações naquela manhã.
Na hora do almoço eu fui tirar satisfação do porque a janela estava aberta e ele me explicou que o kibe que eu havia comido na noite anterior quase o matou de asfixia. Achei uma explicação justa. Após o almoço retornamos ao hotel. Subindo ao meu quarto, percebi algo curioso, no segundo andar existia uma escada que só subia, aquilo foi algo que nunca tinha visto antes.
O metano que o ser humano produz é extremamente toxico, mas nunca ouvi falar que ele era alucinógeno, mas acredito que eu desafiei a química após perceber a existência daquela escada. A unica explicação plausível de ver algo do tipo era apenas a minha exposição a tal gás produzido por mim mesmo. Mostrei a existência da escada e tentei formular uma explicação sobre a tal para meus colegas. Todos riram de mim, ninguém sequer entendeu meus devaneios sobre a escada. As pessoas se perguntava “como uma escada só sobe?” e eu não conseguia responder, apenas admirar aquela maravilha da arquitetura moderna.
Essa escada acabou se tornando minha maldição, pois todos queriam escutar minhas explicações em relação a escada. Nunca consegui dissertar sobre a tal. A única lição que eu consigo tirar dessa historia é: nunca coma kibes quando se está dividindo o quarto com alguém, você provavelmente passará frio.
2 notes · View notes
helio-luk · 10 years ago
Text
Mal cheguei e já fui trolado
Como vocês podem perceber, eu não tenho muita sorte nessa vida. Sempre me meto em altas confusões do barulho com a turminha da pesada. O triste é que desde antes de eu chegar nesse mundo, eu já vinha sofrendo bullying por parte da vida.
Minha gravidez foi bem planejada, e meus pais já tinham todos os detalhes acertados, entretanto um pequeno detalhe não saiu como esperado. Quando minha mãe  foi fazer o ultrassom, o medico, com seus 20 anos de experiência e os 8 anos de estudos, disse firmemente que eu era uma menina. Sim, uma pequena garotinha que iria vir para esse mundo irônico.
O sonho do meu pai era ter uma filha, logo ele não pensou duas vezes para comprar o enxoval da sua princesinha. Obviamente que ele comprou roupinhas rosas e amarelas, super fofas. Eles até escolheram um nome pra mim. Estava tudo certo para a minha chegada nesse mundo.
O parto foi difícil, não deve ter sido uma boa experiencia pra minha mãe. Depois de todo o procedimento, eu fui entregue aos meus pais, para o primeiro contato com o mundo. Minha mãe percebeu algo estranho no meio das minhas pernas. Ela achou que eu tinha vindo “estragado”. Meu pai ficou muito nervoso e queria até agredir o medico, pois aparentemente eu não era uma menininha.
Naquele momento meu nome foi me dado, bem no improviso. Ainda bem que eu pareço fisicamente com meu pai, recebendo assim seu nome. Imagina além de tudo receber algum nome escroto, por falta de criatividade. Ou pior, continuar com meu nome feminino. Séria deveras engraçado, se não fosse trágico.
Saí do hospital vestido de menina. Foi assim a primeira vez que a vida me trolou.
2 notes · View notes
helio-luk · 10 years ago
Text
Ano novo Chinês
Em dezembro de 2013 decidimos viajar para Santos. Tinha algum tempo que eu não ia à praia e eu nunca fui ao litoral paulista, mas a priori me pareceu uma boa ideia. Eu particularmente gosto de praia, talvez mais pelo fato de sempre ter ido a praias vazias.
Olhamos o preço da passagem aérea e encontramos pela bagatela de 100 reais cada. Nossos olhos brilharam como os olhos de João quando encontrou os ovos de ouro. Totalmente cegos pelo preço das passagens, ignoramos o fato de que o avião sairia de Brasília às 21 horas do dia 31 de dezembro. Isso não era um problema, pensamos nós, por esse preço a gente daria um jeito de chegar em Santos antes da virada.
Fomos totalmente ingênuos e burros, mas compramos as passagens e pegamos o avião.  O voo foi uma maravilha. Não tivemos problemas com nada. Chegamos ao aeroporto às 23 horas do dia 31. Fomos correndo para a saída do aeroporto internacional de Guarulhos, a procura de um ônibus que nos levaria para Santos. 
Minha mãe foi correndo procurar o local que venderia as passagens do ônibus, e para a nossa surpresa, o guichê estava fechado. Eu acredito que a pessoa responsável pelo caixa, já deveria estar totalmente bêbada, com um pedaço de peru (ave) na boca, assim como todas as outras 180 milhões de pessoas no país.
Nos dirigimos ao local onde os ônibus saem, para tentar comprar uma passagem diretamente do motorista. Ironicamente o último ônibus tinha ido para Santos (RIP Chorão) há uns 10 minutos antes de chegarmos. Neste momento já estávamos tentando digerir a ideia de que iríamos dormir no aeroporto naquela noite.
Dormir no aeroporto não é tão ruim assim, pensei eu. Poderia ter sido pior, uma rodoviária talvez ou ponto de ônibus. O grande problema do aeroporto é que ele te agride de outras formas. A rodoviária é bem mais perigosa, mas você consegue se alimentar sem ter que retirar um rim ou um olho pra isso.
Aquele lugar estava bem vazio e só tinha uma Pizza Hut aberta. Tivemos que gastar quase o preço das passagens em comida, foi triste. Como estávamos com malas grandes, não podíamos nos movimentar muito, então escolhemos as cadeiras mais desconfortáveis pra dormir. No espaço que a gente estava só tinha uma família de chineses. Quando deu meia-noite, os poucos brasileiros que estavam no aeroporto se abraçaram e festejaram. A família chinesa não entendia nada que estava acontecendo ali. A minha virada de ano foi basicamente analisar essa família chinesa olhando de maneira indiferente a alegria repentina do povo.
Foi uma noite difícil, pois eu não pude dormir por estar encarregado das malas. Minha coluna virou um ‘S’ por causa daquelas cadeiras. A minha sorte é que tinha tomada e internet. O azar é que todos os meus amigos estavam em festas ou reuniões familiares. Fui completamente ignorado por todos.
No dia seguinte conseguimos pegar um ônibus e fomos pra Santos. Dormi o trajeto inteiro, foi o melhor sono da minha vida.
2 notes · View notes
helio-luk · 10 years ago
Text
Peregrinações
Se tem uma coisa que eu faço mais que jogar Dota essa coisa é andar. Aparentemente as pessoas percebem isso e planejam formas para eu andar mais.  Certa vez marquei de ir a um evento de videogames com o meu amigo das laranjas.  O evento aconteceu no CCBB e nós estávamos no Pátio Brasil. Nunca tínhamos ido ao CCBB, na realidade não sabíamos ao certo onde ficava.Andamos até a rodoviária, pegamos um ônibus e descemos no ponto que o cobrador indicou, pois havíamos pedido ajuda pra ele. A gente olhou para os lados e percebemos que não estamos tão longe assim, pois tínhamos pesquisado na internet o endereço. Tomamos um caminho que julgávamos o correto e começamos a andar. Obviamente pegamos o caminho errado. Andamos cerca de 1 hora debaixo do sol quente da 1 da tarde. Estávamos andando em círculos no meio do nada. Tentamos, inutilmente, cortar caminho pelo meio do mato, mas isso só piorou a nossa situação. Pedimos informação a um transeunte que estava por ali, perguntando onde ficava o CCBB. Ele nos direcionou, mas acredito que ele não nos entendeu bem, por acabamos parando no CTG. O cheiro de churrasco só serviu para nos torturar em nossa peregrinação. Depois de alguns minutos, conseguimos voltar ao ponto de ônibus. Analisando um pouco melhor, do outro lado da rua pra ser mais exato, percebemos que o CCBB se encontrava ali.
 Essa não foi a única vez que eu tive a oportunidade de andar pra caralho sem motivo algum. Outra vez, fui ao encontro de uma amiga, para visitá-la. Como estava sem dinheiro, resolvi ir andando da rodoviária até a sua casa, na W3 sul. Fiz minha famosa caminhada de uma hora, tentando estabelecer contato com ela em todo o trajeto. Ela tinha sumido do mapa naquele dia. Caminhei em vão. Alguns meses depois, em uma tentativa totalmente ingênua, caminhei nas dolorosas avenidas da W3 ao encontro dessa mesma amiga. Neste dia, a natureza me agraciou com uma chuva. Acredito que a chuva espantou minha amiga, pois, novamente ela tinha sumido do mapa e me deixou caminhando, sozinho, na W3.
 Queria saber que fetiche é esse que o universo tem, em me fazer andar sem motivo.
2 notes · View notes