Tumgik
hide-me-the-truth · 7 years
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E eu sigo que-
Brando
Enquanto todos os
Outros andam
Sempre em
Bando
Meu eu
Nunca inteiro
Vive vive e vive
Com medo
Fragmento me
E esqueço me
De que um dia eu
Deveria tentar
Me completar
Mas se sou inteira ou não
Só as outras metades
Perdidas
Vão dizer
Coração de uma garota desconhecida
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hide-me-the-truth · 7 years
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E se eu for embora essa noite? E se eu vestir todos os meus medos e parar de escondê-los? Você ainda vai me achar bonita se eu estiver com a cara manchada de choro? Ainda vai me amar se eu me cortar na vertical? Me desculpe por ser tão mal agradecida Mas eu quero ir embora Eu quero deixar de ser quem sou Não sou Estou vazia A realidade quebrou o meu coração e me mostrou que sobreviver não é a pior parte A pior parte é tentar manter suas esperanças vivas, quando nem você está vivo. Eu quero ir embora Antes os domingos eram meus dias suicidas Agora todos os dias são Eu devia saber que depois de grandes felicidades a vida te q u e b r a e te manda pra B A I X O Eu sinto tanta falta De não querer ir embora De querer ficar De querer ver o amanhã O depois O futuro Agora tudo o que eu queria era fechar os olhos Descansar Parar de sentir tanta falta de ar O tempo t o d o Parar de molhar o rosto com as minhas lágrimas e chorar baixinho pra ninguém ouvir Eu não quero preocupar ninguém Não quero que ninguém chore se eu for embora Não quero que ninguém perceba que eu fui Só quero ir Ser deixada Ser deixada Ser deixada Sufocada Na água Minha cabeça A B A I X O da superfície Eu sei nadar Sempre soube Mas estou em pânico e Esqueci Esqueci de como se nada Então eu fico Parada Sufocando Aos p o u c o s O ar acabando Aos p o u c o s Meus pulmões queimam Como se estivessem sendo lambidos por labaredas E chegou um momento Este momento Agora Onde eu só quero Descansar Dormir P a r a s e m p r e
O coração quebrado de uma garota desconhecida
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hide-me-the-truth · 7 years
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Será que realmente estamos vivos que o ar que respiramos é respirável e a água que bebemos potável será que não morremos aos poucos e as coisas que fazemos nos envenenam sem saber Será que viver é essa contagem regressiva constante que nos persegue onde estivermos a busca pela imortalidade é falha o certo é que somos decrescentes Todo dia decrescemos em tempo dinheiro felicidade amigos como poderemos um dia alcançar a tão almejada felicidade? Se nem sequer sabemos se o que vivemos é vida ou é a espera da morte
Coração de uma garota desconhecida
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hide-me-the-truth · 7 years
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Estou correndo, mais rápido do que jamais consegui. Vejo as árvores passando por mim como se fossem vultos. Os galhos se quebram sobre meus pés em uma sinfonia com minha respiração arfante. Ouço mais passos. Vêm de algo que se move ao meu lado, algo tão rápido quanto eu. Viro a cabeça rapidamente para a direita e consigo ver sua silhueta antes de uma árvore tapar minha visão. Minhas pernas continuam se movendo, e um medo mais antigo do que eu, me lança para a frente, me manda continuar, sem nunca parar. A pessoa que corre ao meu lado solta um arquejo pequeno antes de subir em uma árvore e continuar correndo por entre os galhos. Consigo ver um emaranhado de cabelos pretos, antes que ela desapareça novamente. Começo a sentir um calor não natural, e a mesma coisa que me impulsionava para frente, o medo cego, faz com que eu pare abruptamente. Quando olho para cima de novo vejo a garota que corria ao meu lado pular de um galho impossivelmente alto e abrir as asas para pousar na minha frente. Atrás dela um mar de pessoas cobre o chão. Suas asas, negras como uma noite sem lua se estica para cima. Quando olho os corpos aos seus pés vejo os rostos das pessoas que amo. Um arrepio percorre meu corpo e tenho vontade de vomitar. Olho para a garota, que sorri. Seus olhos estão sanados em loucura, são do verde mais intenso que já vi. Seus cabelos pretos tocam a cintura. Ela me é familiar. Quando suas asas se curvam para frente eu sinto as minhas respondendo. Elas surgem em minhas costas. Uma branca como nuvens de verão e a outra negra como a noite. A menina dá um passo à frente e suas asas encostam nas minhas. Sinto um fogo, queimar-me de dentro para fora, carbonizando o meu ser. Caio de joelhos, e cacos de vidro rasgam minha calça, cortando minha pele. Olho para minhas asas e as penas brancas começam a escurecer, uma a uma elas vão ficando pretas. Eu sinto uma libertação, uma lufada de ar, algo se funde com o meu cérebro, algo escuro e perigoso, que me faz querer levantar e rir das pessoas mortas a minha frente. Porém, não é o que faço. Simplesmente olho para a garota uma última vez. Seus olhos me avaliam, quando ela franze o cenho uma ruga surge entre suas sobrancelhas, e eu a reconheço, a pessoa que mais temo no mundo. A garota que me olha sou eu. Pego um caco de vidro aos meus pés. Ouço quando ela começa a murmurar algo. - O que... Mas já é tarde demais, viro a ponta do caco para o meu peito, e o enfio ali, onde sei que meu coração pulsa. O grito da outra se faz ouvir, já longe, quando meus ouvidos já estão mergulhando no vazio, junto comigo e tudo que me liga ao mundo dos vivos. Meu último pensamento é a única coisa que me acalma antes de me entregar para a escuridão. Assim, eu nunca poderei machucá-los.
Coração de uma garota desconhecida
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hide-me-the-truth · 7 years
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Eu vou admitir, o mundo em que vivemos é especialmente sem cor. Sem nenhuma lufada de ar perfumado no ar, sem nenhuma explosão de cores quando olhamos para a pessoa que somos apaixonados. No mundo real, dor é dor. Mas paixão não é como nos livros. Amor não é como nos livros e a magia... A magia não é como nos livros. Nós podemos ter perdido a conta de quantas vezes nos vemos ser levados para longe em leituras ou em pensamentos quando captados por uma lembrança feliz. Podemos sentir as famosas “borboletas no estômago” apenas de ver a pessoa que gostamos ao longe. Sei que cada uma das pessoas no mundo já sorriu apenas de lembrar de algo ou alguém. Mas bem, o mundo em que vivemos... Ele não é tudo isso. Ele é escuro. Nós tememos as pessoas que confiamos. Sentimos medo de caminharmos sozinhos durante a noite. Medo de sermos enganados, traídos. Qualquer centelha de luz, aqui ou ali, deve ser agarrada com as duas mãos, colocada com força junto ao peito e sentida intensamente. E mesmo que dure dez segundos ou meses, vai acabar. E vai acabar de um jeito horroroso e inexplicável. Você vai fazer de tudo para voltar atrás, para consertar e arrumar, mas não vai conseguir.                 Eu realmente espero que não seja isso que lhe faça perder as esperanças. Realmente espero, que do mundo cinza com apenas algumas faíscas de cor, em que vivemos, isso não deixe seu mundo inteiramente preto. Até mesmo o cinza em toda a sua escuridão sombria, tem a sua beleza. Até mesmo ele, tem sua pontinha de luz.         Quando seu mundo desabar, quando tudo que achava conhecer cair por terra e seus pensamentos se misturarem, seu coração vai bater uma pulsação mais forte, seus olhos vão se revirar dentro das pálpebras e suas mãos vão tremer. Então vai estar preparado. E quando abrir os olhos novamente, tudo o que antes era cinza vai virar preto e momentaneamente todas as suas esperanças, que você vinha mantendo forte até ali, irão embora, então você piscará mais uma vez, com luto por si mesmo. E quando abrir os olhos, a escuridão terá ido embora, até mesmo aquele cinza, que vinha sendo sua vida até ali. Vai existir luz. Vai existir cor. Pode ser que exista uma rachadura no meio do quadro luminoso, mas se você cuidar dela, pode ser restaurada.             Existem pessoas, porém, que não suportam a luz. Elas não suportam tamanha claridade, tamanha cor. Então aquela pequena rachadura, vai aumentando com o passar do tempo, e chega um momento em que tudo trinca, tudo desaba. Aquela pequena rachadura cinza faz com que tudo se torne preto. Essas pessoas vão se fechar para o mundo, vão fechar os olhos e não abrir nunca mais, pois acham que não vão conseguir novamente, conviver com a escuridão total de novo.                       Vou dizer a você. É difícil suportar a luz, às vezes. Existem momentos que sinto vontade de esquecer toda a claridade, me enrolar em um canto e chorar. Mas eu sei que o cinza é pior.         A luz vem de grandes sentimentos de alegria, grandes amores, sabores e conquistas. Ela é a grande água potável das cores, você pode bebê-la e ela vai limpar suas impurezas, sanar suas dores, curar suas cicatrizes.        O cinza vem de vidas paradas, pessoas medrosas, e sem amor ou esperança. A vida cinza é uma grande poça. Vai ser água limpa, por um tempo, até se tornar tóxica e então virar insuportável. Insustentável.                             O preto é de pessoas sem nada. Que se entregam para as dores e sofrimentos, que não acreditam que podem se erguer. Não existe água na escuridão, é um grande deserto. As pessoas estão mortas de sede, mas não se mexem para procurar a água. E então, no calor do deserto, na desidratação sem água, as pessoas são como flores. Elas murcham, e morrem.
Coração de uma garota desconhecida
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hide-me-the-truth · 7 years
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Ele sentiu. Contrariando todas as expectativas de uma morte vaga, ele sentiu. No mesmo momento que ela piscou pela última vez, no momento em que o brilho vazou de seus olhos e que sua pele ficou pálida. Ele sentiu o frio que emanava de seu corpo sem vida. O medo corriqueiro de estar morrendo surgiu no coração do guardião. Ele fechou os olhos e sentiu quando as lágrimas começaram a lentamente escorrer por sua pele. Então sentiu de novo a vida voltar, o sangue preencher suas veias. O coração deu um pulo profundo e a respiração voltou em um resfolego. Sentiu-a novamente. Agora pôde ver seu corpo com vida. Por trás de suas pálpebras ele a viu. Os olhos, mais verdes do que a grama lhe sorriam alegremente. Seus cabelos negros chacoalhavam como se algum vento sereno o tivesse balançando ali. O guardião sentiu-se mais próximo dela do que nunca. E mesmo com o coração dilacerado e as lágrimas embaçando sua visão, ele sorriu. Sorriu para ela. Para a bela garota que amou, para bela garota que vai amar até que a vida leve seu corpo também. Com o sorriso ainda no rosto, ele desmoronou. Sentia como se uma parte de seu corpo tivesse sido arrancada à força, e que a agonia da perda daquele pedaço iria consumi-lo. Precisava de uma dor real. Quando seu corpo tombou para a frente, ele deu com a cara no chão. Bateu a cabeça fortemente, e um ganido se soltou pelos lábios. A mais pura dor estava ali. Sabia que ela poderia tê-lo segurado. Ela poderia ter dito: - Não faça isso. – e então me abraçado. Mas ela me entendia melhor do que a eu mesmo.  Ela sabia que eu precisava disso. Pela segunda vez desde que vi minha Existência indo para a boca da morte, eu sorrio. Não de escárnio ou ironia, nem mesmo de pura alegria. Mas apenas de esperança. Eu sei que ela poderá curar qualquer ferida. Sei que ela é a parte minha que foi arrancada. Não estou com nenhum pedaço faltando. Eu estou inteiro, completo. E quando ela se inclina para frente, seus cabelos avermelhados dançam em minha visão, se agacha até poder dar um beijo suave em minha bochecha eu tenho certeza disso: NUNCA ME SENTI TÃO LEVE.
Coração de uma garota desconhecida
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hide-me-the-truth · 7 years
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Preciso desculpar a mim mesma por estar tão distante ultimamente. Distante das palavras que me puxam de volta pra realidade, e tão perto daquilo que apenas se assemelha com ela. Aquilo que não faz parte da realidade, que depois de vivido, aparenta ser sonho. Sonho tão lúcido, tão colorido, tão real. Lembranças de mãos ao meu redor, me puxando pra perto, mãos que querem cobrir uma distância que não existe mais, fendas entre nossos corpos que não podem mais ser vistas, eles já estão tão perto. Ainda assim, as mãos me puxam, me pressionam e me amassam. Eu não desgosto. A sensação é boa, é ali que sou eu mesma, naqueles sonhos com esses garotos que tem gostos de cigarro, maconha, cerveja, morango, vodca. Consigo lembrar de minha própria respiração ofegante, enquanto minha boca não está nas deles, enquanto as bocas deles vasculham o meu corpo como se estivessem procurando algo. As vezes, eu sei da resposta, as vezes, não me dizem se a encontram. Sou individualista, porém. Até com os meus garotos, sou individualista pra porra. Não ligo de fato se eles gostaram, ou se estão se divertindo, ou se sou boa o suficiente. Eu estou, enquanto as mãos deles estão nos lugares certos, enquanto as bocas deles passeiam de forma confortável por sobre mim, eu estou. A antiga eu teria rido ao descobrir que até no prazer carnal, quando os olhos de todos estão fechados e a única coisa que se pode entender são as bocas que se procuram e as respirações que se aceleram, até nesses momentos, eu sou metódica, controladora. Minhas mãos fazem o que supostamente devem fazer, eu me mexo conforme a música, e minhas necessidades são atendidas conforme a boca que estou beijando. Tem sempre os melhores. Os meus preferidos. São os meus sonhos carnais, e em alguns casos mais raros, os emocionais também. Quando as mãos procuram a nuca primeiro, quando os dedos são rápidos em tirar o cabelo da frente do rosto, para que a boca não sinta os fios. Quando o sorriso entre um beijo e outro é tão sensual que se me jogar da janela, sei que vou voar. Nos momentos em que abro os olhos e ele morde minha boca, nos momentos em que os sonhos ficam constantemente turvos, pela força carnal da atração que vibra de uma pele para a outra. Gosto de lembrar daquele selinho de despedida. Dos que fazem com que o sorriso surja sem aviso, como quem se vê no espelho depois de ter feito uma coisa foda, o orgulho vibrando em cada célula. Meus sonhos não se baseiam só nisso, afinal. Neles, sempre tem álcool. Em alguns casos, litros dele. Em outros, apenas alguns goles. Mas em todos os finais, me vejo com a visão turva e um sorriso abobado nos lábios. A sensação de estar vendo tudo por um vidro, de estar em outra vida, saber que não se pode fazer nada, e ainda assim, fazer. "Você bebe vodca como bebe água" foi o que me disseram. Eu ri. Beber não me faz feliz. Me deixa extrovertida de um jeito que não posso ser no natural, me deixa com vontade de me apoiar em um corpo masculino e dormir, me faz querer ver o sol nascer, ou dormir na areia da praia. Tenho vontade de ligar pra os garotos que magoei e pedir desculpas, vontade de xingar pessoas e de fazer sexo sem compromisso. São vontades, que as vezes não são saciadas, e às vezes, são. Nas manhãs que vem depois desses tipos de sonho, sempre penso que talvez tivesse aproveitado mais se não bebesse daquele jeito, ou que não deveria ter feito certas coisas, que não preciso olhar muito no fundo para saber que só fiz por causa daquela vodca que virei no último momento. Na maioria dos casos, não me arrependo, lembro de tudo como se estivessem me contando uma história, com certas lembranças, eu até dou risada. Infelizmente, bebida não é meu assunto preferido. Meus meninos, sim. O modo como o gosto deles continua em mim, como o cheiro deles parece me perseguir, como a lembrança deles deitados em baixo de mim satisfaz o ego já acariciado que gosto de sustentar com uma camada bem grande de garotos que me olham e eu sei que se imaginam me comendo. Não tenho problemas com isso. Gosto de lembrar do vento frio que veio daquela janela no meio da madrugada, de como meu corpo dentro de um sutiã e calcinha estavam expostos a qualquer um que passasse na rua, do modo em que senti seu peitoral no meu ombro, seus braços me abraçando pela cintura, seu nariz encostando no meu pescoço. Meus cabelos foram levados pelo vento, e meu pensamento se tornou algo malicioso e impuro, vil de natureza. Todas as terminações nervosas do meu corpo pareceram se estabilizar e gritar numa discrepância que durou milesiomos de segundos, e então se foi, deixando a mim abraçada em um garoto que conhecera fazia menos de um mês, que estava embrulhando meu pensamento assim como embrulho papel usado antes de jogar fora. O meu prazer carnal é baseado nesses pequenos momentos, que gostam de vir em enxurradas de lembranças em lugares onde tenho vontade de deitar e rir de minha própria tolice, em nunca me imaginar fazendo estes tipos de coisa. Sonhos são para crianças que com medo dentro de seus casulos, se permitem sonhar para ter esperança de dias diferentes, onde elas poderão ser às protagonistas daqueles filmes que vêem às vezes na televisão. Eu sou a porra da borboleta que não precisa mais se esconder dentro do casulo, sonhos não me acomodam mais, não preciso ter esperanças em um dia ser a protagonista. Já a sou.
Coração de uma garota desconhecida
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hide-me-the-truth · 7 years
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Bem, por onde começar? Na última vez que escrevi alguma coisa, foi a minha conversa personagem/criador com Nicolas. O garoto real, o qual escrevi tanta coisa sobre, apenas para não perder a realidade de tudo o que significou pra mim. Coisa de que um escritor necessita, para se sentir mais próximo daqueles personagens com quem não consegue mais se conectar devidamente. Meu amor por Nicolas, porém, foi maculado por minhas experiências reais, não no mundo ficcional, o qual eu necessitava tão constantemente estar em comunicação, mas com algo plausível, e até pouco tempo atrás, inimaginável. Meus personagens, tão bem escritos, tão puros de alma e pensamento, viraram pequenos monstros ao meu ver, crianças sem sentido no mundo pervertido que estou em comunicação constante no momento. Finalmente, entrei na minha adolescência. Não qualquer adolescência, devo dizer. Tenho as coisas que sempre quis ter. Não me orgulho de algumas delas e tenho medo de partes de mim que não pensava existir. Sou tudo e sou nada. Sou tudo o que sempre quis ser e sou nada daquilo que imaginei que seria. Gosto de pensar que as pessoas não mudam tão drasticamente assim. Imagino que todos nós temos essas vontades, esses desejos loucos de fazer certas coisas, de procurar pelo perigo, pelos ilícitos da vida, pelo proibido. Quero acreditar que sempre fui assim, que os costumes que me arrebatam agora, são nada mais do que algo que eu tinha guardado aqui dentro de mim, mas não tão profundo assim, pois foi tão fácil de achar. Tenho segredos de meus pais, segredos de meus amigos e de mim mesma. Às vezes eu fujo, eu mudo, eu retorno e no fim, eu minto. Sim mãe, eu estava no shooping. Não pai, eu não bebi. Não fiquei com ninguém, menino, relaxe. Então eu chego em casa, os perfumes dos garotos infiltrados em minhas roupas, e mesmo depois da retirada delas, depois do banho, parecem fluir por mim, os gostos das bocas deles, se misturando em minha mente, as lembranças borradas e algumas vezes, confusas demais pra se entenderem. Não sinto falta de ficar na cama nas noites de final semana, imaginando a vida que queria ter. As madrugadas, antes passadas vendo séries ou antes mesmo lendo, nos dois casos, vendo uma vida que não era minha e desejando ela, agora são passadas vivendo, experimentando, sendo a garota que sempre quis ser. Dançando, beijando, bebendo, fumando, rindo e acima de tudo, se divertindo pra porra. O que eu queria ser antes, se tornou o que sou agora. Tenho que ser sincera, as minhas antigas amizades se tornaram tão diferentes agora, que me sinto estranha perto delas. Minhas amigas me julgam, e a cada noite que chego de uma festa nova, elas vem e me perguntam as mesmas coisas. "Tá tudo bem?" "Ainda é virgem?" "Fumou?". Elas se importam. Vou amá-las pra sempre por isso, mas não significa que não vejo o quanto sou diferente delas, o quanto mal me encaixo no grupo. Meu grupo mudou, agora eu não tenho mais grupo, não pertenço a ninguém. Pertenço a mim mesma. Não sinto falta, de me sentir propriedade. Amo a liberdade, a sensação de liberdade. É como correr de roupa íntima em um bosque numa madrugada fria, sabendo que se eu parar, ninguém vai trombar comigo no escuro, porque eu estou sozinha. Isso me assusta, mas me tranquiliza também. Sozinha, ninguém pode me machucar. Eu sou de mim mesma. As decisões que tomo, cabem a mim e somente a mim. Pessoas julgam, pois é o que elas sabem fazer. Eu entendo, porque é o que eu sei fazer. Mudei? Mudei. As melhores noites da minha vida aconteceram depois disso. As melhores madrugadas acordada. Os melhores meninos, os melhores amigos, os melhores risos e sorrisos, os melhores flertes e as melhores sensações. Eu me sinto viva. Me sinto brilhante e pulsante. Sinto meu corpo vibrando em novas direções, minhas escolhas girando em minha cabeça, minha boca murmurando palavras nunca ditas. Sorrindo por realmente estar feliz. Realmente queria que toda adolescente pudesse sentir o que eu sinto quando estou madrugando, jogando truco bêbada, vendo o sol nascer de roupa íntima em um bosque enrolada em cobertor, beijando uma pessoa linda, sorrindo depois de um beijo, soltando a fumaça pela boca depois de um trago. Essas pequenas coisas, pequenas loucuras, pequenas proibições, os risos de nervoso que borbulham até a a superfície e que fazem com que o corpo todo trema de prazer ao fazer uma coisa tão errada que os pelinhos da nuca arrepiem. São essas coisas, esse tipo de coisa, que me faz querer ser pra sempre uma adolescente. São essas coisas que fazem com que eu não perca mais o sono pensando em uma vida que eu queria ter. Eu tenho ela agora. As pessoas que me aceitarem assim, vão ser as que vou levar comigo pra sempre, afinal, é só uma fase.
Coração de uma garota desconhecida
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hide-me-the-truth · 7 years
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Paro de digitar quando a música termina, logo seguida de outra que começa. A batida porém, é levemente mais animada e ela começa a cantarolar baixinho, uma das músicas das bandas alternativas que tanto gosta. Fico olhando para ela, na luz que vem da janela, enquanto lava a louça. Usa um moletom verde militar, muito grande para o seu tamanho, porém, apenas aquilo e a lingerie cobre seu corpo de estatura pequena. É o meu moletom. Penso que esta é a cena mais machista que poderia existir. Eu trabalhando, enquanto ela lava a louça. Mas afinal, é a casa dela, - uma grande casa, por sinal, algo que precisaria de empregada, - e nós não somos casados. Consigo imaginar um mundo em que somos, mas sei que não estamos nele. A teimosia para adquirir uma empregada combina com ela em todos os sentidos, sua alma de adolescente independente é imortal, assim como sua vontade de nunca depender de ninguém. A rebeldia ainda faz parte de tudo o que ela é, se fosse dito a ela que o céu era azul, ela diria que ele era verde. Não por realmente acreditar nisso, mas porque a resposta seria fácil demais, e provavelmente ninguém argumentaria contra, além dela. Qual a melhor maneira de se falar sobre a vida do que se discutindo ela? Nós nos conhecemos não faz um ano. Ainda me pergunto qual a probabilidade de algo como o que aconteceu acontecer novamente. Eu, justo eu, que sou reservado e gosto de relacionamentos fixos, fui me apaixonar justo por ela, que não admite uma relação, que não fica sem um garoto por mais de uma semana. Justo por ela. Ainda não sei qual foi o real motivo da recaída. O sorriso tranquilo, os cabelos brilhantes, o corpo ou o conteúdo de sua conversa. Não a primeira conversa, é claro, mas todas as outras que se seguiram. Sei o que vai acontecer quando ela terminar de lavar a louça. Sabia o que aconteceria antes mesmo dela começar a lavá-la. A música vai estar tocando alta, enquanto ela coloca o último talher no escorredor, seu corpo vai virar para o meu, e sem me perguntar se estou em uma parte importante da tese, como um animal selvagem ela ataca, sem barulho, sem alarde, simplesmente vem de modo quase furtivo, se eu não estivesse a sorvê-la com os olhos. Antes que eu estique as mãos para alcançar o corpo que conheço tão bem quanto o meu próprio, a vejo como se fosse pela primeira vez. Penso que, se fosse o caso, a coisa que mais gostaria seria de tirar esse moletom pela cabeça e parar de ver apenas alguns recortes da calcinha, gostaria de vê-la ela inteira pra mim. Pensando bem, é exatamente a mesma coisa que quero agora, depois de todo esse tempo.
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hide-me-the-truth · 7 years
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As luzes estavam todas acesas. A noite ainda iria demorar pra chegar. Mas quando ele disse, senti meu corpo cansado como se estivesse acordada por 48 horas seguidas, percebi o álcool parar na garganta, e pedi mentalmente para desaparecer. Ir para outro lugar. Fugir. Ele nunca sorria, no começo. Por vários momentos, pensei estar com o garoto mais infeliz que já conheci. Ele também usava óculos. Não eram óculos feios. Os aros pretos contrastavam com a pele clara e os olhos azuis de modo que fazia com que eu me pegasse olhando para ele e me imaginando em uma noite escura, com uma lua cheia enorme no céu, e suas mãos me guiando enquanto andamos na escuridão. Tudo mudava quando ele sorria. Era o sorriso mais alegre do mundo. Fazia com que eu me sentisse sortuda e triste. Sortuda por tê-lo, triste por ele não ser o único ao qual eu dedicava os meus dias. Esse é o meu grande problema. Não posso deixar os meus garotos por um apenas. Mesmo que o sorriso daquele um fizesse com que tudo parecesse melhor, eu não poderia arriscar escolher o errado. Ficar sozinha. Deitada agora na parte de trás da minha casa, ouvindo o som de meu cachorro correndo atrás de qualquer coisa que se pareça ao mínimo com uma bola, eu olho a lua, e lembro do rosto calmo e pacífico. Lembro do sorriso que abre portas e lembro daquele dia. Daquele momento. Eu estava bem. Tudo estava bem. Tínhamos acordado logo depois do meio dia. Era uma tarde ensolarada de um sábado de uma semana qualquer. Ele estava sentado na mesa, escrevendo uma das tantas teses que posta no jornal. Às vezes, eu parava o que estava fazendo para observar o modo como ele se concentrava na tela. Como os olhos azuis seguiam as letras. Então, enquanto estava lavando a louça, senti seus olhos em mim. Ele não sabia que eu percebia, e isso deixava tudo ainda melhor. Foi quando tudo aconteceu. Virei para ele, como ele sabia que eu faria, mas no momento em que nos tocamos, quando dei os passos que cobriam a distância até ele, foi quando aconteceu. Ele me segurou pelos pulsos e seus olhos vidraram os meus por sobre o aro do óculos. Foi como estar na praia. Eu sentia calor. Aqueles olhos quase puderam me fazer sentir o mar tocando as pontinhas dos pés. Foi quando ele disse. Eu ainda estava segura em suas mãos. Ainda estava remando nas marolinhas que os seus olhos proporcionavam. No momento em que as três palavras vieram, as três malditas palavras, eu senti a onda. Ela quebrou por cima de mim. A força da água era muita, e eu pequena, me afoguei no mar de azul dos olhos dele.
Coração de uma garota desconhecida
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hide-me-the-truth · 7 years
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Eu não acredito no amor Nem em pessoas romantizadas Ou casais perfeitos Não acredito em almas gêmeas Ou metades de laranja Eu acredito na vida Acredito no real e natural Na troca de olhares No desejo Nos gostos e nos sabores Acredito na raiva Nos ciúmes e nas crises de orgulho Eu acredito nos quebrados para sempre Acredito no nunca seremos concertados Eu não acredito no amor Não acredito em finais felizes Ou em pessoas perfeitas Não acredito em índoles impecáveis Nem em olhos gentis Eu acredito em pessoas Pessoas que sorriem por educação Não por felicidade Pessoas que engolem as palavras Para não magoar Pessoas que deixam com que elas saiam Para que magoem Eu não acredito no amor Que faz com que garotos se quebrem E garotas chorem escondido Acredito em amizades que desaparecem E em ódio frequente Acredito nas coisas péssimas da vida Que fazem com que seja vida Eu acredito na vida E em tudo que a torna vida Acredito no pessimismo ao extremo Que faz com que garotas deixem de acreditar Acredito em tudo o que é real Acredito que não precisamos ser completados Acredito que somos completos Acredito que o amor foi feito para  machucar Acredito e não acredito Acredito
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