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“A história da humanidade torna-se cada vez mais uma corrida entre a educação e a catástrofe”.
                                                                           Henry Wells
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PEDAGOGIA HISTÓRICO-CRÍTICA DE Dermeval Saviani
Primeiramente, Dermeval Saviani estava observando e refletindo sobre as concepções pedagógicas existentes, já que de certa forma, não concordava com as existentes. Portanto, aprofundou os estudos das concepções de educação visando à elaboração da concepção dialética com a consequente formulação da pedagogia histórico-crítica, evoluindo-se para a busca de alternativas à orientação oficial vigente, havendo a necessidade de se elaborar uma teoria pedagógica que fosse crítica, mas não reprodutivista.
Ademais, emergiu um esforço coletivo realizado pela ANPEd - Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Educação, criada em 1977, pelo CEDES - Centro de Estudos Educação & Sociedade, elaborado em 1978 e também nesse ano, ocorreu o Primeiro Seminário de Educação Brasileira e a ANDE - Associação Nacional de Educação, fundada em 1979. Em especial, essa última fundação, a Revista da ANDE, se constituiu em um espaço fundamental para a busca de difusão, junto aos professores das escolas públicas, das ideias pedagógicas de orientação dialética que vieram a configurar a pedagogia histórico-crítica.
Sendo assim, o ano de 1979 foi considerado por Dermeval, um marco importante para a criação dessa pedagogia, já que além das análises e estudos realizados por ele e dos esforços conjuntos, houve uma tese de Carlos Roberto Jamil Cury, chamada Educação e Contradição: elementos metodológicos para uma teoria crítica do fenômeno educativo, defendida em 3 de outubro desse ano, reconhecido como o primeiro esforço de sistematizar, pela via das categorias lógicas, uma teoria crítica não reprodutivista da educação.
Em síntese, a primeira formulação propriamente pedagógico-metodológica foi efetivada no texto “Escola e democracia II: para além da teoria da curvatura da vara” publicado em 1982 no nº 3 da Revista da ANDE, sendo incorporado, em 1983, como o capítulo 3 do livro Escola e democracia (SAVIANI, 2007, pp. 47-64). Consoante a isto, em 1984 a denominação pedagogia histórico-crítica foi incorporada a essa dedicação coletiva que vem se desenvolvendo desde aquele período até atualmente.
A pedagogia histórico-crítica é uma teoria construída a partir da concepção dialética na vertente marxista, ou seja, no materialismo histórico.
Consequentemente, ao estruturar o método da pedagogia histórico-crítica, o pedagogo indicava de qual local retirava o critério de cientificidade do método proposto:                                              
“Não é do esquema indutivo tal como o formulara Bacon; nem é do modelo experimentalista ao qual se filiava Dewey. É, sim, da concepção dialética de ciência tal como a explicitou Marx no ‘método da economia política’”, concluindo que “o movimento que vai da síncrese (‘a visão caótica do todo’) à síntese (‘uma rica totalidade de determinações e relações numerosas’) pela mediação da análise (‘as abstrações e determinações mais simples’) constitui uma orientação segura tanto para o processo de descoberta de novos conhecimentos (o método científico) como para o processo de transmissão-assimilação de conhecimentos (o método de ensino)”.                                                    (SAVIANI, 2007, p.74).
Ademais, Dermeval também se inspirou em Gramsci, que é um teórico marxista que avançou muito na discussão da questão escolar, pois Saviani absorveu o termo “catarse”, para exprimir o momento efetivo da incorporação dos instrumentos culturais, transformados, pela mediação pedagógica, em elementos ativos de transformação social.
Sendo assim, a pedagogia histórico-crítica não nega a essência para assumir o caráter dinâmico da realidade, também não contradiz o movimento para captar o sentido do processo histórico, então, tal concepção, procura ultrapassar as pedagogias da essência e da existência dialeticamente, ao incorporar suas críticas recíprocas em uma proposta nova, buscando a superação da crença na autonomia ou na dependência absoluta da educação em relação das condições sociais que vigoram.
Mormente a isto, entendendo a educação como “o ato de produzir direta e intencionalmente em cada indivíduo singular a humanidade que é produzida histórica e coletivamente pelo conjunto dos homens” (SAVIANI, 2011a, p. 13), tal pedagogia se interessa em articular a escola com as necessidades da classe operária, de forma que haverá ações voltadas a metodologias de ensino efetivos e eficazes. Consequentemente, os métodos estimularão a atividade e a iniciativa dos alunos e do professor, favorecendo e fortalecendo o diálogo dos educandos entre si e com o docente, valorizando debates com a cultura acumulada historicamente, considerando as predileções dos estudantes, os processos de aprendizagem e o desenvolvimento psicológico.
A pedagogia histórico-crítica procura construir métodos que se introjetam a natureza da educação como um exercício mediador da prática social global, tendo como passo inicial fundamental de partida e de chegada à própria prática, ou seja, o trabalho pedagógico se concentra, pois, como um processo de configuração mediador que possibilita a passagem dos alunos de uma inserção acrítica a uma inserção crítica. Tal mediação se concretiza nos momentos intermediários da metodologia, sendo eles: a problematização, que gera a tomada de consciência dos problemas enfrentados na prática social; a instrumentalização, pela qual os estudantes se apropriam dos elementos teóricos e práticos utilizáveis para a compreensão e solução dos entraves detectados e a catarse, que é a incorporação prática na própria vida dos educandos do trabalho pedagógico realizado.
Nessa perspectiva, o que diferencia essa Pedagogia das demais é seu ponto de partida, que provém da prática social comum a todos os participantes do processo de ensino e aprendizagem, entretanto, ela é vivida dissemelhantemente pelos docentes e pelos educandos. O educador possui uma visão sintética da prática (na forma de síntese precária) e a compreensão dos estudantes manifesta-se na forma sincrética.
Além disso, a problematização atua como a ação de detectar as mazelas que precisam ser resolvidas no âmbito da prática social e como a educação pode solucionar essas determinantes, seguidamente, ocorre à instrumentalização, que são os aparatos teóricos e práticos apropriados para o equacionamento das adversidades observadas. Ademais, quando há a efetiva incorporação dos instrumentos culturais, transformados em elementos ativos de transformação social, chega-se na catarse e finalmente na própria prática social.
Portanto, a histórica dos homens/ prática é o suporte e o contexto, o pressuposto e o alvo, o fundamento e a finalidade dessa Pedagogia, sendo necessário salientar que a prática não é a mesma, se levarmos em consideração que o modo de nos situarmos em seu interior sofreu alterações qualitativas pela mediação da ação pedagógica. E também, uma vez que somos agentes sociais (elementos constituintes da prática social), é profícuo concluirmos que a própria prática se modificou qualitativamente.
Em suma, a pedagogia histórico-crítica considera os alunos, como indivíduos concretos que se manifestam como unidade da diversidade, totalizando em uma quantidade numerosa, que cria a síntese das relações sociais. Consoante a isto, o que é do interesse do estudante concreto condiz com as condições em que ele se encontra e que não escolheu, já que ele está inserido em um contexto sucessor das gerações anteriores. Concomitantemente, a atual não escolhe os meios e as relações de produção que foram disponibilizados pela herança cultural, o que significa que a criatividade do aluno não é absoluta, porém, é presente. Portanto, sua criatividade se expressará na forma como assimila e transforma essas determinantes. Sendo assim, os educandos, enquanto concretos, sintetizam relações sociais que eles não optaram o que exclui a ideia de que o mesmo pode fazer tudo pela sua própria escolha, já que isso não pressupõe-se correspondentemente à realidade humana.
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“Um povo que não conhece sua história, está fadado a repeti-la”.
                                                                       Edmund Burke
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Pedagogia Racional Libertária - ANGELA MARTINS
O Movimento foi principalmente impulsionado por imigrantes italianos, mas recebeu colaborações de imigrantes espanhóis, portugueses e intelectuais nacionais.
Os anarquistas propunham ações que gerassem discussões perante os valores tradicionais vigentes para que os mesmos se tornassem consciência social e para isso, a Educação funcionaria como um dispositivo para a transformação das relações socioeconômicas, com a meta de propagar fraternidade, igualdade e democracia para todos.
Portanto, acreditavam que a Educação era o caminho para a mudança, já que através dela é possível modificar valores e princípios. Dessa forma, as escolas racionais libertárias que seguissem tais ideais poderiam fortificar a estratégia da luta para a transformação da sociedade, porque para surtir efeitos positivos no governo e na economia, o cidadão urge implementar alterações radicais em si próprio e nos seus próprios valores.
Ademais, a Pedagogia Radical Libertária era contra a opressão e os dogmas religiosos, então enfrentavam a Igreja Católica e combatiam a exploração do homem pelo homem, pois buscavam a libertação de padrões e ideias tradicionais impostos.
Tal Pedagogia é interessante por ser a junção das categorias racional e libertária, sendo necessário refletir sobre o que significa a racionalidade para o indivíduo contemporâneo e moderno da época.
A visão humanista procurava compreender profundamente o mundo humano e lapidar uma concepção antropocêntrica em oposição à teocêntrica, portanto, tal movimento avançou perante laicização da Educação, além de ocorrer a valorização da cultura greco-latina.
Entretanto, no contexto cultural europeu, o humanismo não era considerado homogêneo, pois dele surgiram duas vertentes fundamentais no âmbito educacional dos séculos seguintes.
De um lado, precisamente ao Norte da Europa prevalecia à propagação de um conhecimento que poderia oferecer aparatos para o enfrentamento das mazelas sociais, tidas como resultado da ignorância. Sendo assim, nasceu o movimento da Reforma que usufruiu dos princípios do humanismo para indagar as práticas religiosas da Igreja Católica, portanto, a razão era essencial para observar, comparar, questionar, criticar, não somente os dogmas cristãos, mas também, interpretar a natureza, a vida secular e as Sagradas Escrituras.
Consequentemente, as práticas racionais começaram a se disseminar em diversas camadas da sociedade europeia, pois o cenário socioeconômico estava mudando, então, era substancial a modificação da cultura educacional, portanto, a política deveria ser conduzida por aqueles que demonstrassem sagacidade e esperteza, sendo assim, a ignorância passou a ser rotulada como um mal que deveria acabar, porque a prosperidade de uma nação ocorreria se houvessem homens instruídos no poder. Além disso, no século XVIII o processo de laicização ampliava-se gradativamente, devido ao movimento em prol da libertação da educação perante a tutela católica, o racionalismo crescente, os progressos científicos e a expansão da instrução elementar.
Ademais, no final do século XVIII os processos de renovações culturais estavam fundamentados em princípios racionais que surtiriam a libertação do homem, sendo a razão conhecida como uma lâmpada capaz de acender a luz na escuridão, dado o movimento conhecido como o Iluminismo. Portanto, o indivíduo iluminado com a razão poderia transformar a vida social e suas relações, ou seja, reorganizar o mundo.
Mormente a este paradigma, o ordenamento do mundo natural e social era atribuído à razão, porque somente ela era capaz de revelar o mundo verdadeiramente, sem submissões tradicionais e religiosas, já que o conhecimento não era uma revelação, era uma construção elaborada pela consciência humana, capaz de libertar o homem. Tal matriz também influenciou os primeiros movimentos socialistas e anarquistas.
Ademais, nos pressupostos que elencam a pedagogia libertária contém a racionalidade e o humanismo com suas duas vertentes, a que sugere o desenvolvimento pessoal e a que pressupõe que o conhecimento proporciona recursos para o enfrentamento de entraves sociais.
Partindo desse pressuposto, o anarquismo destaca a racionalidade, a liberdade e a espontaneidade para uma pedagogia efetiva, sendo que o movimento se descreve como uma ação de indivíduos combatentes do capitalismo, que anseiam a destruição do Estado e buscam a construção de uma nova ordem social descentralizada e autogestionária, ou seja, eles acreditavam que os indivíduos eram capazes de gerenciar o poder intrinsecamente. Além disso, concluíram que o Estado mantinha escolas com uma pedagogia autoritária reprodutora de opressão, com o objetivo de fazer as pessoas obedecerem e pensarem de acordo com os dogmas e interesses sociais impostos, portanto, era necessário construir suas próprias escolas com princípios de um novo tipo de pedagogia.
Os Princípios pedagógicos supracitados poderiam conduzir uma luta permanente pelos direitos e deveres de uma sociedade igualitária e justa e serviriam como a base de uma educação integral, que tem como intuito a capacitação dos oprimidos.
Os anarquistas também acreditavam que as crianças não nascem com ideias premeditadas, elas adquirem valores e ideais ao passar do tempo, sendo assim, urge educarmos as crianças com noções positivas e verdadeiras, baseadas na experiência e na demonstração racional, para que se preparem para qualquer tipo de estudo, podendo a educação se revelar como um mecanismo de emancipação, estratégia de luta política e uma força reveladora da transformação.
O ensino deve estar baseado nas ciências naturais, para fazer com que os educandos tornem-se seres humanos instruídos, justos, livres e verdadeiros. Entretanto, as atitudes próprias de cada aluno também devem ser levadas em consideração e estimuladas, para que com seu valor singular, cada estudante seja um membro útil da sociedade.
Em suma, a Pedagogia Libertária considera a ciência como um bem universal, pois ela possibilita desfazer erros e propicia o verdadeiro conhecimento dos elementos às pessoas.
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“Os homens fazem sua própria história, mas não a fazem como querem, não a fazem sob circunstâncias de sua escolha, e sim sob aquelas com que se defrontam diretamente, legadas e transmitidas pelo passado”.
                                                                                         Karl Marx
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AS CARACTERÍSTICAS DA PEDAGOGIA TECNICISTA - Dermeval Saviani
A década de 1950 no Brasil é caracterizada por uma vigorosa industrialização acompanhada por um sentimento potente nacionalista, de forma que a necessidade do capital estrangeiro para implantação das indústrias de bens duráveis criou uma política favorável às empresas estrangeiras, já que empresários nacionais e internacionais, classes médias, operários e forças de esquerda uniram-se em torno da industrialização, entretanto, as contradições adiadas em prol da economia afloraram no início da década de 1960 e culminaram no golpe civil militar de 1964, em cima de João Goulart que na época prometia honrar seus compromissos com o proletariado e com o nacionalismo. É necessário salientar que esse fato não foi somente exercido por forças militares, mas também por apoio de empresários.
Sendo assim, o setor socioeconômico manteve-se como antigamente e o campo da educação não sofreu alterações, apenas ajustes, já que foram mantidos alguns seminários, porém, nesse período as ideias pedagógicas novas entraram em crise, expressas principalmente pelo fechamento de escolas experimentais e de centros de pesquisas educacionais.
O aprofundamento das relações capitalistas decorrente do modelo associado propiciou um entendimento de que a educação viabilizava uma função importante no desenvolvimento e na consolidação dessas relações.
Essa tendência está constituída pela Teoria do Capital Humano, que segundo Schultz é medido conforme o nível de escolaridade dos trabalhadores que ao se elevarem do primário para o secundário, a produtividade e renda cresciam em proporção aritmética e na medida em que o nível secundário passava para o superior, elas cresciam em proporção geométrica, sendo assim, a partir dessa base o ensino tecnicista define o segundo grau como ensino profissionalizante. Tal ideia de capital é difundida entre os técnicos de economia, finanças, planejamento e educação e adquiriu força impositiva ao ser incorporada na legislação por meio dos princípios da racionalidade, eficiência e produtividade.
Mormente a este paradigma, a partir da década de 70 a pedagogia oficial era considerada a tecnicista, que enfatizava os meios e recursos e secundarizava os agentes (educador e educando), acreditando que a organização dos processos garante a eficácia e que determina os supracitados.
Portanto, em relação à racionalidade significa que é necessário racionalizar as operações para que com poucos custos possa se obter o máximo de êxitos possíveis. Consequentemente, a busca da pedagogia tecnicista era organizar as escolas semelhantemente as fábricas, sendo que os professores passaram a ter o mesmo regime de trabalho das demais profissões, tendo direitos como férias de 30 dias (não mais coincidindo com as férias dos alunos), o planejamento do processo do ensino era o mais completo possível, prevendo conteúdos e atividades a serem desenvolvidas, permitindo a substituição do professor sem prejudicar a eficiência do processo.
Segundo Dermeval Saviani, isso não obteve sucesso, pois a educação é algo imaterial, não é uma produção material e o produto não se separa do produtor, ou seja, a relação pedagógica entre professor e aluno é fundamental e indispensável.
Portanto, na pedagogia tecnicista quem determina as ações educativas que os autores devem realizar são os processos e não deriva de uma concepção prévia de homem, mas possui afinidades com a percepção analítica de filosofia da educação, porque os seus pressupostos são comuns como: objetividade, neutralidade, eficiência e produtividade. Ademais, a concepção analítica possui um papel de analisar a linguagem educacional e consideram a ciências como um conhecimento de primeiro grau, que é a compreensão da realidade direta, então, a filosofia passava a ser considerada em segundo grau.
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“Não tenhamos pressa, mas não percamos tempo”.
                       José Saramago
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Pedagogia Nova - DERMEVAL SAVIANI
A Pedagogia Nova ocorreu em um período inovador na História da Educação e durou de 1932 a 1969, entretanto, houve um equilíbrio por parte governamental perante os conflitos desta Pedagogia versus a Pedagogia Tradicional.
A década de 1920, no Brasil foi um momento de grande manifestação social, cultural, política e consequentemente, educativa.
A nova burguesia industrial incorporou nas suas práticas o Fordismo (estilo de sistema de produção em massa e gestão) e desejava a hegemonia sobre o Estado para a realização de projetos. Portanto, os debates feitos nessa época indicaram mudanças profundas na sociedade brasileira que resultaram na revolução de 1930, que foi um movimento armado, liderado pelos estados do Rio Grande do Sul, Paraíba e Minas Gerais e  que culminou com o golpe de Estado conhecido como Golpe de 1930 que depôs o presidente da República Washington Luís, impediu a posse do presidente eleito Júlio Prestes e finalizou a República Velha.
Ademais, em 1924, no campo educacional, há várias reformas estaduais de Ensino e a criação da ABE (Associação Brasileira de Educação), que agregou os educadores sensíveis ao movimento renovador que buscavam profissionalizar o campo pedagógico, já que até então a Pedagogia era conduzida por profissionais de outras áreas (médicos, advogados, etc). Além disso, a criação dessa Associação sistematizou discussões e organizações das conferências nacionais de Educação.
A Revolução de 1930 elevou Getúlio Vargas no poder presidencial e o novo Governo “provisório” tinha como ministro da Educação e Saúde Pública, Francisco Campos, em que seu primeiro ato foi baixar um decreto para reestabelecer o Ensino religioso nas escolas públicas, então, o ensino que tinha sido abolido na Proclamação da República obteve seu retorno, porém, os educadores que pertenciam ao movimento renovador não aderiram positivamente a essa espécie de retrocesso decorrente do decretado.
Mais tarde, em 1932 ocorreu a IV Conferência Nacional de Educação na qual os líderes políticos supracitados estavam presentes. Sendo assim, no discurso de abertura, Getúlio Vargas conclamou os educadores a formularem propostas para a política educacional do governo e Nóbrega da Cunha foi o porta-voz desses profissionais que estavam insatisfeitos. Entretanto, as discussões não foram realizadas, mas encaminhadas para um momento mais propício sendo informado que em contato com o Fernando de Azevedo (um dos principais líderes do movimento), haveria exposição a um direcionamento mais sistemático que incorporaria as ideias dos vários educadores que participavam das manifestações.
O texto que Fernando de Azevedo redigiu foi divulgado em março de 1932 e ficou conhecido como o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova. Em seu início, foi declarado que era remetido ao povo e ao governo com as deliberações de uma renovação social pela revolução educacional e também havia afirmações de que entre os problemas nacionais, a Educação obtinha primazia. Sequencialmente, o Manifesto definia as linhas organizativas de um Plano Nacional de Educação abrangendo os variados níveis de Ensino, tratando de temas como a coeducação (destinada conjuntamente às pessoas de ambos os sexos) e convocava os governos a aceitarem tais demandas e consequentemente, se articularem com o processo de desenvolvimento de toda a sociedade brasileira.
A divulgação desse Manifesto foi cautelosa para que tivessem impacto na opinião pública, mas chocou-se com os representantes da Igreja Católica que participavam também da ABE, sendo assim, retiraram-se e fundaram sua própria Confederação Católica Brasileira de Educação, acirrando a disputa entre a pedagogia tradicional e a pedagogia nova.
As ideias pedagógicas tradicionais expressavam a centralidade no professor e na transmissão dos conhecimentos, a visão de que a Educação é missão da Igreja e da família e o Estado desenvolve um papel apenas complementar. Em contrapartida, os Renovadores defendiam ideias da educação centrada na atividade do aluno e em seus processos internos e os professores como orientadores e mediadores dos processos auto educativos. Consoante a isto, os católicos defendiam a hierarquia, ou seja, a educação deveria ser diferente para as camadas populares, porém, o movimento novo era a favor da escola comum e igualitária para toda a população, também eram contra a religião nas escolas, pois, entendiam que o Estado deveria ser neutro e que essas questões eram particulares das consciências de cada um.
Posteriormente, a Constituição de 1934 manteve o Ensino Religioso nas escolas mesmo tendo sido fixado na Constituição que a Educação é dever do Estado e direito dos cidadãos.
Os renovadores tiveram a liderança assumida por Fernando de Azevedo, Anisio Teixeira e Lourenço Filho, este último configurado como o único que estudou a área, pois se desenvolveu como pesquisador de Psicologia da Educação.
Entretanto, em 1946, após a queda do Estado Novo dá-se uma progressiva ascendência das ideias Novas, já que na Constituição traz um dispositivo de que competia exclusivamente à união fixar as diretrizes e bases da Educação Nacional, sendo organizada pelo Ministro da Educação uma comissão para elaborar o projeto da Lei de Diretrizes e Bases, convocando os principais educadores do país, entre eles os Renovadores assumiam a maioria, entretanto, o processo de aprovação da primeira lei estendeu-se por 13 anos, sendo de 1948 a 1961, quando finalmente foi criada.
O Manifesto dos Pioneiros teve uma particularidade: a defesa de uma escola pública, elencando de forma nítida a responsabilidade protagonista do Estado nesse quesito.
É importante salientar que muitos católicos eram escolanovistas em relação aos métodos, não nas finalidades, sendo assim, procuraram compatibilizar a doutrina religiosa com as inovações metodológicas.
Em prol da Educação gratuita, manifesta-se um exacerbado número de intelectuais entre os quais é possível identificar três correntes básicas do pensamento: Liberal-idealista, Liberal-pragmatista e a Socialista.
Mais tarde, a Crise da Pedagogia Nova surgiu quando a ditadura instalou-se e a partir da década de 70, ocorre a articulação da pedagogia tecnicista (1961-1969) assumindo o âmbito educacional.
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“A história é absolutamente fundamental para um povo. Quem não sabe de onde vem, não sabe para onde vai”.
- Dom Bertrand de Orleans e Bragança
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AS CARACTERÍSTICAS DA PEDAGOGIA TRADICIONAL LEIGA - Dermeval Saviani
Em 1759 a Pedagogia Tradicional teve início, com a expulsão dos jesuítas e se estendeu até 1932, com a divulgação do “Manifesto dos Pioneiros da Escola Nova”. Foi uma coexistência entre as vertentes religiosa e leiga, sendo a primeira fase de 1759 a 1827 com ideias pedagógicas do despotismo esclarecido.
Portanto, quando Marques de Pombal assumiu a gestão do governo como cargo de ministro, objetivou aprimoramentos e modernizações na administração do Império, já que tais inovações poderiam derivar um aumento da receita oriunda da exploração colonial. Entretanto, o empenhado e modernizado (segundo os iluministas) Estado português encontrou resistência entre os jesuítas, então a expulsão dos membros dessa ordem foi decretada de forma que os colégios jesuítas foram fechados e as aulas régias introduzidas, ou seja, ocorria a primeira sistematização do ensino público e laico no Reino de Portugal, inaugurando-se as Reformas Pombalinas. Nesse mesmo ano, foi fechado a Universidade de Évora, fundada e dirigida pelos jesuítas.
A reforma dos estudos menores corresponde ao ensino primário e secundário, porém, ateve-se a princípio somente ao nível secundário. Sendo assim, foram criadas aulas régias de gramática portuguesa, latim, grego, hebraico e retórica.  Os professores eram nomeados pela coroa portuguesa que mantivera essas aulas, sendo que o funcionamento delas ocorria nas próprias casas dos professores.
Em 1772 acontece a segunda fase da Reforma Pombalina, com a Reforma dos Estudos maiores, concentrada basicamente na modernização da Universidade de Coimbra e a Reforma das Escolas de Primeiras Letras.
É importante observar que as visões iluministas modernizadoras que caracterizaram a Reforma Pombalina não foram incompatíveis com a visão religiosa, por isso que esse período é conhecido como uma coexistência entre a pedagogia religiosa e a leiga, entretanto, ambas são tradicionais, isto é, entendem que o homem se caracteriza por uma essência universal que é comum a todos e que as crianças têm que ser formadas de modo a assumirem em sua existência particular tal ideal de ser humano.
Segundo Dermeval Saviani, a diferença entre elas é que na religiosa a essência é produto da criação divina e na leiga é da natureza humana, sendo assim, todos nascem com características afins. Portanto, uma é centrada no natural e a outra no sobrenatural.
É essencial salientar que a educação ainda era restrita para a maioria das pessoas, sendo utilizada apenas pela burguesia.
As aulas régias começaram a ser implantadas no Brasil, desde 1779, mas de forma avulsa, o que acontecia aqui, não era semelhante em Portugal. Entretanto, muitas instituições importantes também se ajustaram aos princípios das Reformas Pombalinas, o que formou pessoas importantes para a história do Brasil.
Em 1808 com a eminência da Invasão de Portugal pelos exércitos de Napoleão, a corte Portuguesa veio para o Brasil e Dom João VI criou cursos superiores de medicina, engenharia e botânica em formato de aulas régias.
As reformas pombalinas contrapõem-se ao predomínio das ideias religiosas e com base nas ideias laicas, foram inspiradas no Iluminismo, portanto, instituiu-se o privilégio do Estado em matéria de instrução, não apenas na manutenção financeira, mas também, na orientação pedagógica.
A segunda fase vai ser caracterizada pela tentativa de organizar a Educação em território nacional, guiando-se primeiro pelo ecletismo, em seguida o liberalismo e depois combinando a República com o positivismo. Trata-se ainda da mesma coexistência das pedagogias supracitadas, sendo que a leiga ampliou-se gradativamente com a influência dos pensadores iluministas e com as pessoas que adotavam as novas visões científicas, recebendo motivações também do evolucionismo e positivismo.
O ecletismo foi uma filosofia que teve persuadida no século XIX, seu objetivo era conciliar elementos julgados como verdadeiros em todo o sistema, considerados como manifestações parciais de um realidade única e ampla. Tal filosofia possuía interesses na tentativa de composição para a organização de uma nação.
O liberalismo é um sistema politico econômico baseado na defesa da liberdade individual nos campos políticos e socioculturais e atua contra as ingerências do poder Estatal. Seus conceitos incluem individualismo metodológico e jurídico, liberdade religiosa, intelectual, direitos fundamentais, governo limitado, defesa da propriedade privada e livre mercado.
O positivismo é uma doutrina filosófica, sociológica e política e defende a ideia de que o conhecimento científico é a única forma de conhecimento verídico, ou seja, fatos que podem ser comprovados cientificamente.
Do ponto de vista educacional de Saviani, essas correntes que deveriam desenvolver papel inovador, em âmbito nacional, desenrolaram-se em um papel oposto, pois, no segundo império (década de 1860-1870), configuraram-se três grandes mentalidades pedagógicas: a tradicionalista (apoiada pelos católicos), a liberal e a positivista. A expectativa é que essas últimas fizessem avançar a educação na linha da construção de um sistema nacional de ensino que avançasse em direção à modernização do país, superando a influência tradicional, mas não se sucedeu, porque os liberais defendiam a ideia de que a educação deveria ser livre, portanto não deveria ser organizada em forma de sistema e o Estado não tem que interferir.
Os positivistas eram adeptos ao ensino não ser subordinado e oficializado e que a noção da liberdade de pensamento e transmissão de conhecimento deveria prevalecer sobre a organização estruturada da educação por parte do Estado.
Em suma, o Ensino não avançou na mesma medida em que as concepções ideológicas se difundiam.
Após um determinado período, ocorreu a República Velha que significou a laicização do Estado. Ela aboliu o padroado e o Estado foi declarado neutro, de forma que as escolas foram reveladas também como laicas e assim, o ensino religioso foi abolido.
Partindo desse pressuposto, a Igreja perdeu o poder de um lado, mas de outro, fortaleceu sua força espiritual ao parar de ser subordinada pelo poder político. Entretanto, a doutrina nunca se conformou com a abolição do Ensino nas instituições escolares de maneira que sempre buscou trazer para si, uma agência educativa em que seus agentes fundamentais eram a igreja e a família. Sendo assim, o Estado, era postulado em terceiro plano e necessita apoiar suas forças morais, portanto, a missão educativa não é dele, é dever da família garantir a formação natural e da igreja, subsidiar a sobrenatural. Por conseguinte, ao considerarem crucial a indução religiosa nas escolas, organizaram-se em centros e revistas para recuperarem suas influências. Logo, lutaram durante a primeira república, mas o estado manteve-se neutro.
Os grupos escolares eram organizados a partir de escolas isoladas e isso implicou uma grande evolução, pois possibilitou o avançar de uma instituição com um número grande de professores que conviviam entre si e nessas relações, se beneficiavam de diferentes experiências. Por conta disso, exigiu-se que eles fossem coordenados, o que possibilitou a seriação, (antigamente ocorria o método simultâneo, que eram os alunos de diferentes idades e séries compartilhando o mesmo espaço). Logo, os grupos permitiram a separação serial, o que acarretou positivamente o Ensino.
Os conceitos da Pedagogia Tradicional foram baseados em Simplicidade, Análise e Progressividade. O esforço pedagógico exige a análise da matéria ensinada de modo a decompô-la em um determinado número de elementos que serão individualmente fáceis de assimilar, então, o espirito do aluno progressivamente enriquece a medida em que adquire novos conhecimentos gradualmente expostos. Tal quantidade de compreensão é absorvida pela memorização, em seguida, a escola elabora um conjunto de prêmios e castigos, visando à garantia de fortalecimento e fundamento na autoridade do docente, ou seja, o formalismo. Posteriormente, a ideia de dever e a necessidade de aprovação são desenvolvidas e complementam o principio da autoridade (emulação), de forma que o ensino deverá partir de uma percepção sensível, a observação do aluno, que é a intuição.
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“Eles podem apagar pessoas, mas nunca poderão apagar ideais. Ideias são à | a prova tudo”.
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A Igreja e a ação dos Jesuítas nos primórdios
Diretamente de Lisboa em Portugal, vindos da antiga Sede da Companhia de Jesus, saíram os primeiros padres jesuítas em direção ao Brasil. Eles eram seguidores da ordem religiosa que mais teve influência no país, o cristianismo. Os jesuítas foram responsáveis pelo ensino brasileiro por 210 anos e atualmente ainda há discussões sobre quais eram os seus objetivos, visto que eles chegaram junto dos colonizadores portugueses.
Jorge Couto da Universidade de Lisboa - Faculdade de Letras é um historiador português que estuda a influência dos jesuítas no Brasil e no mundo, portanto, acredita-se que o projeto inicial era pela catequização e conquista de almas, então, a questão educacional surgiu posteriormente, pelo fato do fundador da Companhia de Jesus ter um nível intelectual elevado, o que causava diferenciação da generalidade das demais ordens religiosas existentes na época.
Ademais, após muita insistência e pressão das elites católicas europeias é que conseguiram fazer com que a Companhia de Jesus também se dedicasse ao ensino. Entretanto, os jesuítas educavam catequizando e catequizavam educando somente os índios.
Na educação com os indígenas, os padres aprenderam as línguas tupi-guarani e assim, estabeleceram uma conexão maior com os povos e conquistaram mais êxito no ensino. Dessa forma, também ensinavam essa língua aos portugueses que chegavam seguidamente. Portanto, os padres eram pragmáticos e sensitivos e para fortalecerem os vínculos atrativos ao ensino, consideravam elementos que os educandos eram familiarizados, ou seja, eles adoravam cantar, assim, utilizavam diversos cantos nas missas, entre outros aparatos.
Logo ao desembarcarem no Brasil, os jesuítas fundaram suas residências e conventos, que eram chamados de Colégio e funcionavam para o domínio das almas. Foram fundados a pedidos das elites locais que contribuam financeiramente e apresentavam os seus bens e os rendimentos para custear o Colégio.
As pessoas que tinham acesso a esses ambientes eram a elite local, os filhos de portugueses ou de donos de engenho, ou seja, a burguesia.
Entretanto, há pouca documentação que refira que os índios participavam desses colégios considerados de Grau Superior, sendo que nas aldeias, o ensino era generalizado. Portanto, havia dois tipos de ambientes escolares, os aldeamentos que se dedicavam a catequização e a educação dos índios e os colégios que cuidavam da educação dos filhos de imperialistas.
Além disso, evangelizar era a missão em relação aos povos indígenas e a educação foi uma forma para atingir esse objetivo, então, se o colégio deixa a proposta da evangelização, ele se descaracteriza como um colégio jesuíta.
Era característico dos padres adentrarem a cultura, para conhecê-la e observarem seus valores, para posteriormente, poderem introduzir os valores cristãos.
O método pedagógico era organizado em um conjunto de normas, chamado Studiorum, que foram preceitos estabelecidos por Santo Inácio, (reformado algumas vezes) e determinavam a forma como a educação jesuíta deveria ser efetuada, sendo seguida estritamente em todos os colégios do mundo.
Um ponto positivo foi que os padres conseguiram convencer os europeus que os índios eram humanos e tinham alma, já que esses os julgavam como se eles não tivessem.
Consoante a isto, não foi fácil evangelizar os índios ao cristianismo, porque também acreditavam que eles não possuíam religião e por mais que houvesse falta de resistência aos meios educacionais, em alguns casos, podemos considerar que não ocorreu aprendizado verdadeiro, já que não lhes era introduzido o aprendizado interiormente e de maneira concreta.
A sede dos jesuítas em Roma tinham frentes de expansão em muitos países, como China, Japão, Brasil, Vietnã, Índia, América do Norte, ou seja, eles estavam dissolvidos num mundo imenso onde pouco era conhecido e, sendo assim, compreenderam a importância das transmissões de experiências, podendo ser considerado um dos marcos iniciais da comunicação em longa distância.
As cartas informavam sobre as diversas sociedades, culturas, formas e dificuldades da conversão cristã, a constituição de cada uma das missões e essas são as bases de conhecimento do que possuímos perante a colônia brasileira.
Todavia, Gilberto Freire considerava os jesuítas como agentes europeus de desintegração de valores nativos, com o poder de destruição cultural.
Cabe salientar que há divergentes opiniões sobre a atuação dos padres, mas há afirmações inegáveis, visto que eles inauguraram a primeira fase da historia da educação brasileira, consequências que dela resultou em diversos questionamentos para a nossa civilização e cultura: Os jesuítas eram educadores ou destruidores culturais?
Os debates sobre o papel dos padres jesuítas é atual, mas a trajetória traçada na educação guarda um consenso  de que ninguém é sempre inovador, já que o tempo passa, as concepções mudam e do posto de vista da modernidade dos sistemas de ensino, a catequização e os meios tradicionais, felizmente, estão declinando.
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“O tempo passa, mas a história fica”.
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VIDA, EDUCAÇÃO E CIÊNCIA
Primordialmente, ao refletirmos sobre sentimentos contraditórios que eclodiram a partir de 2020 com a chegada do vírus SARS-CoV-2 podemos analisar que os agravos dessa crise sanitária fortificam-se também devido ao cenário político e social ao qual vivenciamos que é o negacionismo, o bolsonarismo, a bipolarização, a ausência da consciência de classe e a falta de valorização aos profissionais da Educação e a Ciência.
Ademais, a suspensão de atividades, o distanciamento social e a modificação nas rotinas trouxeram alterações drásticas no Brasil e no mundo, sendo assim, as consequências foram: o desemprego, o aumento da desigualdade social e a queda nas economias, o que causou medo, angústia, ansiedade, fome e depressão, elementos que terão resultados nefastos no IDH (Índice de Desenvolvimento Humano).
Entretanto, esse momento pandêmico trouxe questionamentos e reflexões, já que adquirimos mais tempo para pensarmos sobre variados significados, como a nossa existência e demais sentimentos, sendo eles, individuais e coletivos. Os temas “Educação” e “Ciência” são essenciais e requerem debates constantes, para que a sociedade possa reconhecer a sua importância. O desafio de luta pelo direito à educação vem sendo vítima de uma crise desde 2016, já que muitos problemas iniciaram na gestão do Joaquim Levy (ex-ministro da Fazenda) e posteriormente, há um fato histórico após, que é a anunciação do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, o que seguidamente, influenciou muitos fatos.
Todavia, não é uma novidade que o Brasil é neoliberal, já que desde 1999, o país nunca abdicou do tripé macroeconômico que limita a intervenção do Estado e que é pautado por um superávit primário, câmbio flutuante e controle da inflação, fatores que também interromperam o governo Lula, presidente antecessor de Dilma e que mais expandiu Universidades e Escolas Técnicas, públicas e gratuitas.
Consoante a isto, o processo de estabelecimento e realização do PNE (Plano Nacional de Educação) no governo Dilma, dependeria de uma revisão econômica, entretanto, ele foi implementado em um momento que Joaquim Levy praticou cortes radicais em áreas estratégicas, que ao contrário, dependeriam de um investimento relevante.
Após determinado período a ex-presidente Dilma anunciou ter se arrependido de ter nomeado Levy e que cometeu um erro. Entretanto, o também ex presidente Michel Temer (antes do golpe político, era vice) piorou o cenário, com a implementação da Emenda Constitucional nº 95 2016, considerada a politica econômica mais cruel da historia, já que está datado na legislação um limite por 20 anos para a agenda de todos os presidentes que virão sequencialmente, que é um congelamentos de gastos na área da Educação, o e o resultado é o impacto em questões científicas e nas politicas educacionais e também ocorreu um maior aprofundamento dos pressupostos neoliberais, o que expandiu mais um pilar nos tripés,  que é o teto dos gastos públicos federais, que acompanhou a reforma trabalhista, do Ensino Médico e a BNCC (Base Nacional Comum Curricular).
A reforma do Ensino Médio preparou o cidadão para o mercado de trabalho desregulamentado causado pela reforma trabalhista, cumprindo então, o que era previsto em 2018, ou seja, no sistema padrão de desenvolvimento neoliberal, o direito à educação passa a ser algo anti sistêmico, fortalecendo um projeto educacional voltado a um sistema econômico. Portanto, as escolas estão se dedicando a formação do indivíduo neoliberal, que é aquele que acredita que é empreendedor de si mesmo e traz para si próprio, todas as suas necessidades e contradições de conseguir se posicionar no mundo com todos os limites individuais que possui. Então, por estarmos numa era digital, isso cria um vinculo profundo com os algoritmos das redes sociais e gera um processo de culpa constante de si mesmo por não conseguir atingir um certo padrão de “sucesso” em determinada idade e circunstância, o que faz as pessoas acreditarem em meritocracia e frequentemente se auto cobrarem.
A chegada do atual “presidente” Bolsonaro fortaleceu três políticas educacionais extremamente ruins, já que há a luta para que elas se institucionalizem, mas não precisam necessariamente de uma instituição legal para que ocorram, sendo que todas elas possuem um viés ideológico neofascista: a escola sem partido (o silenciamento dos professores), cívico militar (pedagogia em favor da disciplina autoritária para causar intimidação) e a educação domiciliar (objetiva desconstruir  a importância da escola), o que é uma estratégia para o enfraquecimento das escolas como espaços essenciais, na tentativa de emitir a ideia de que a casa e a família são sagradas e as instituições de ensino e os profissionais da educação, são profanos, sendo assim, essas questões fazem com que nas lutas sociais, a área da educação tenha sua legitimidade questionada. Entretanto, a Pandemia favoravelmente trouxe percepções positivas sobre essas ideologias, já que a maior parte dos brasileiros pede a abertura das escolas, porque reconhecem seu valor.
O COVID-19 nitidamente provou todos os problemas estruturais já existentes no país e comprovou que os Gestores da Educação são incapazes de gerir a área, ou porque são agentes exógenos ou porque cedem a pressão de agentes exógenos e também são pessoas não formadas que não compreendem efetivamente o setor educacional. Além disso, diante da inaptidão da garantia do ensino e aprendizagem, não houve investimento do governo, já que eles não gastaram os 25% e a união os 18%, mas deveriam ter feitos processos intensos de inclusão digital, plataformas de ensino, junto com os professores em cada rede e se possível, em cada escola, então, o ensino presencial gerou mais desgaste que soluções, pois não houve práticas adequadas e muitas pessoas não possuem acesso à internet, o que fez professores trabalharem cinco vezes a mais e desvelou uma desigualdade educacional, concretizando a concepção de que a educação que funciona verdadeiramente é a presencial, ela é a única efetiva e capaz de propiciar o diálogo pedagógico entre educador e educando.
Em suma, atualmente a pandemia demonstra todas as contradições do país, já existentes anteriormente, já que muitas pessoas questionavam a ciência, as universidades e agora muitos podem enxergar sua relevância, então existe uma oportunidade evolutiva de consciência humana para os que desacreditavam passarem a acreditar e também para nós mostrarmos nossa produções cientificas, o valor das ciências humanas e da filosofia, pois se continuarem insistindo em determinados métodos de ensino que priorizavam apenas matérias como ciências, matemática e português, não construiremos cidadãos críticos e por exemplo, médicos serão formados dominando ciências e matemática, mas seguirão receitando cloroquina.
É importante salientar que as pesquisas devem incluir os excluídos e favoravelmente não colocar nenhuma pessoa em risco. Ademais, o desgoverno provou que sua política é baseada em confronto e em banalidades e não no enfrentamento de problemas reais, como a saúde e a educação, tornando ainda mais difícil a reconstrução do país e dos brasileiros. Sendo assim, os desafios pós-pandemia, são muitos, um deles é que teremos que encantar novamente as pessoas para a educação e para o pensamento científico, para a cobrança aos órgãos governamentais e ao criticismo de votarem corretamente, já que a democracia em fato, não é só o voto, é a  garantia de alimentação, emprego, saúde e educação, ou seja, uma qualidade de vida pra todos.
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“A História não é o que gostaríamos que ela fosse, ela é o que ela é”.
- Daniel Cara
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Os Desafios da Educação
A educação brasileira emergiu de uma opressão cristã, pois, os índios foram forçados pelos imperialistas brancos a mudarem seus conceitos e conhecimentos culturais. Sendo assim, o berço educacional do Brasil iniciou de maneira incorreta e atualmente, ele possui um passivo histórico grande, não havendo investimento adequado e consequentemente, contribuindo para problemas estruturais e desigualdades sociais.                                           Todas as formações necessitam de professores para serem exercidas, já que são eles quem ensinam as outras pessoas, entretanto, os professores brasileiros são excessivamente desvalorizados, suas formações são inadequadas e eles acabam tornando-se horistas, ou seja, eles montam cronogramas de muitas horas e com trajetos diferentes para se adequarem aos horários e receberem o dinheiro suficiente para se sustentarem. Portanto, algumas áreas de Exatas acabam tendo uma enorme defasagem de profissionais dispostos a serem professores, já que há oportunidade de ocuparem outros cargos em que serão mais remunerados.
Ademais, a sociedade não definiu exatamente o que significa uma escola, quais são os aparatos qualitativos necessários para seu funcionamento e os órgãos nacionais não emitem uma contabilidade mínima para cálculo e base do custo da totalidade de uma escola de qualidade. Além disso, não são criadas políticas de longa duração, são produzidos apenas programas “suplementares”, pois, no Brasil, trocam-se ministros de quatro em quatro anos e isso retalha todas as ações anteriores, porque não é possível reparar danos históricos em tão pouco tempo e assim, muitos objetivos educacionais não são cumpridos, porque além de não haver continuação nos projetos, o tempo é escasso. Mormente a este paradigma, os currículos encaram seus alunos apenas como reprodutores de conteúdos e não como seres em constante formação, portanto, além de não considerarem seus conhecimentos prévios, inserem a Educação de maneira mecânica e teórica, não ensinando aos estudantes elementos fundamentais para a vida adulta, como por exemplo, a lidarem com os erros, educação financeira, valores morais, direitos sociais, inteligência emocional, comunicação, primeiros socorros, autoconhecimento, entre outros, ou seja, são mais de dez anos vendo matérias que provavelmente serão esquecidas e que não contribuíram para o desenvolvimento humano dos indivíduos. O que interessa a sociedade é o capital, portanto, a Educação é uma ferramenta de estímulo para continuação das engrenagens do capitalismo... Geralmente o que pode se ensinar e aprender a respeito das diversas dificuldades sociais, é começando a conhecer e a compreender a sua história. Entretanto, há inúmeros impasses para um historiador da educação e um deles refere-se à documentação, fontes e historiografia, em um país onde são raros os arquivos que possuem condições de serem utilizados. Assim, são mais abundantes as histórias do pensamento educacional, já que elas são mais acessíveis e documentadas. Porém, a periodização da História da Educação  apresenta outro entrave, já que são muitas as periodizações e essas, são baseadas em diversos critérios, como os setores políticos, econômicos, pedagógicos  e etc. Ao estudarmos  a  História da  Educação  Brasileira, o setor político e as mudanças nos cenários governamentais são os mais levados em consideração, pois apresenta-se muitos, como Brasil  Colônia, Império,  República  Velha, Estado  Novo,  Governos Populistas e Militares, Nova República e assim sucessivamente em uma ordem cronológica da história brasileira. Todavia, há pesquisadores que alertam para um malefício presente em muitos estudos, que basicamente é a comparação supérflua entre um passado e  o que ocorre atualmente, na tentativa de aproximação de modelos  históricos  às correntes educativas  mais  recentes.
 As complicações é a negligência do contexto histórico em que determinados fatos ocorreram e como pessoas atuaram na época, pois isso as torna muito diferentes de nós, já que as obras só serão  plenamente compreendidas se situadas  no  seu tempo concreto. Outro fato a salientar é que há determinados contextos que foram  melhor estudados que outros e o Estudo de História da Educação é realizado em um minúsculo período, já que são mais de vinte séculos de acontecimentos para cerca de um ano ou um pouco mais de estudo, o que contribui para a redução e deformidade parcial do conhecimento da realidade. Em síntese, as  escolas são instituições sociais e isso remete a reflexão de que não é possível estuda-las isoladas da formação social e histórica humana, também é para indagarmos e observamos que os dados sistêmicos refletem que os seres humanos são frequentemente generalizados e rotulados como números, de forma que o ensino consequentemente, pode acabar acompanhando tais rotulagens superficiais e não respeitando a singularidade de cada ser que só será realmente formado se estiver  (re)construindo constantemente o saber.
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Posts Escritos por Laura Antonia Castro de Moura, estudante de Pedagogia, PIBIDiana, Auxiliar de Classe e ativista feminista.
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