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Na hora que Draycen riu, Helder agradeceu, porque não sabia se conseguiria segurar por mais tempo que aquilo e caiu na gargalhada. Ouvia o amigo voltando a mexer no relógio. Que horas eram, afinal? - Eu sei, é só... Ah, sei lá. O tempo todo tem alguém pra te dizer o que fazer, mas ninguém pra olhar o que ocê tem feito. Será que eu num to errando? - suspirou e deixou o corpo deitar no banco, voltando a olhar pras estrelas. Conseguiu rir da piada de Draycen, balançando a cabeça. - Eu acho que eu perco essa, hein. Num sou cabeça dura não. - Cruzou os braços e fez um bico, voltando a rir pouco depois. - E ocê? O que os parasitas te falaro?
_ Eu fico bem careca. Eu sou bonito, cara. - pôs os braços pra trás e apoiou a cabeça nas mãos, fazendo questão de flexionar os biceps (o que não era tão perceptível considerando a camisa de manga) - Ela tem um pico muito grande mesmo. - silêncio. - Toda vez que ela me vê, o pico vai lá em cima. - mais silêncio. Seus lábios tremiam, mas Helder não seria o primeiro a rir. Mexeu no relógio, esfregou as mãos na calça. Virou questão de honra. - Ela acha que sabe das coisas, fica dizendo que eu to torturando o bicho e que eu num me importo. Mas ela também falou que é irmã da roxa lá, então eu to achando que os pais dela foram adotar o Pokemon e ela veio de parasita. Igual aquele filme do rato.
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Parou antes de abrir a porta e olhou cuidadosamente para satanás. O Pokémon não era nenhum segredo, mas ainda assim era difícil pro cowboy ficar bem com ela e o veio no mesmo ambiente.
_ Por que ocê não... vai com o Toninho Rodrigues até o estábulo?
Satanás suspirou e o nó em sua garganta pareceu mais apertado.
_ Não foi isso que eu quis dizer... eu só... ele só... ele precisa de companhia, tá? Pra não se perder.
Sabia que tinha feito besteira. Quantas mais outras pessoas - ou Pokemons - ele magoaria naquele dia?
Forrou o sofá com uma manta e se jogou no canto esquerdo. Depois de toda a colheita, Helder gostava de sentar um pouco no ar-condicionado, mas sua mãe vivia brigando por sentar sujo no precioso móvel. A solução óbvia foi... tomar banho? Não. Uma manta laranja de charmander que o acompanha até hoje.
Olhos fechados, cabeça pra trás. Um, 2, 3. Segura, 1, 2,3. Solta, 1, 2, 3. Repete. Não queria abrir. Temia o que pudesse ter em seu campo de visão. Três coisas que podia tocar: o tecido macio e felpudo do pano que cobria o sofá na ponta dos dedos; os dedos dos pés se tocando. Droga! Não devia ter pensado nisso. Agora, pelo resto do dia, lembraria que possui dedos dos pés. Calma, era só pensar em outra coisa. A roupa tocando seu corpo. Hm... É... Droga! Outros sentidos... sons. Três coisas que podia ouvir... Os dedos dos pés se tocando, o elástico da cueca apertando sua cintura, o tecido da calça colando na dobra do joelho. Três cheiros que conseguia sentir: o café que subia de seus dedos; o suor... ah, não! Precisava de um banho. Ok! Três coisas que conseguia ver: o véio, a mulher e a criança. Como aquela foto foi parar ali? De onde surgiu aquele raio de foto? Ok. Reseta. Três coisas que conseguia sentir: um papel. Um papel?
Era a transcrição da entrevista do prefeito. Não conseguia formar uma opinião. Pokemons falantes, balde de saliva, um Ditto morto e agora uma teoria da conspiração. Soava mais como algum sonho de terça-feira do caubói, mas aquilo era real. Tinha acontecido na sua frente. Queria acreditar que Jon era bom, inocente, queria acreditar nas teorias da conspiração de armação. Não dava pra votar e depois desconfiar de tudo sobre o governo. Existe protocolo, existe burocracia, existe um sistema pra isso. Pra assegurar que as coisas funcionem. Mas ainda assim, ele viu. Ele viu com os próprios olhos o Ditto morrer, ele ouviu com os próprios ouvidos um Pokemon falar.
_ Não adianta! Essa menina não sabe fazer café. Eu falo pra ela: não ferve a água, vai acabar com todo o sabor da fruta e queimar o pó. - o veio se aproximava com uma xícara cheia e dois cream cracker. - Se fosse pra tomar café queimado, eu num tinha feito um filho pra colher eles pra mim, eu tinha feito um filho pra ir no mercado comprar pau e pedra queimados.
_ Nós num pode demitir outra pessoa só porque ela num sabe fazer o seu café, coroa. Seria a quarta em dois mês.
_ Então vai lá e ensina ela como faz porque eu já perdi a paciência. - o homem sentou ao seu lado, bebericou e entregou o copo pro rapaz. - Hunf. Esse cara é um insano.
Helder pegou o café, deu um gole e quase cuspiu.
_ Colocou açúcar?
_ Só assim pra ficar bom.
_ Ew! - a xícara foi pra mesinha ao lado. Seu rosto ainda era baixo, mas não estava tão ansioso quanto antes. - O que você acha?
_ Ele deve de tá criando um exército de Pokemon. Por isso veio com esse papinho de abolir as batalhas...
_ As batalhas foram abolidas antes...
_ ... pra que a gente não tenha Pokemons fortes pra nos defender.
Não respondeu. Não sabia se devia acreditar ou dar qualquer confiança pro que o veio falava.
_ E se for armação?
_ Helder, olha pra mim. Olha logo! - o veio puxou o rosto do garoto que hesitou, mas acabou olhando. - O que... o que foi isso na sua cara?
_ Eu apanhei de mulher bonita.
_ Continua desastrado se cortando na colheita. Ocê num aprende mesmo.
_ Tá tudo bem. Nem tá doendo. Logo passa.
_ Ocê anda muito desastrado, filho.
Helder respirou fundo. Filho. O veio não deixou de se referir à ele como tal, mas há 19 anos que não o chamava assim. Diretamente pra ele. Roçou o dedo na calça ponderando se devia dizer algo ou não. É que não queria ouvir a resposta. Não queria saber a verdade. Queria viver no mundo colorido onde tudo estava bem ou próximo de bem. Não podia viver tudo outra vez. Ainda assim...
Helder levantou, foi até a porta e pegou a foto.
_ Veio, ocê lembra desse dia?
_ Ah, lembro como se fosse onti. - os olhos do veio estavam distantes. Em comparação com a foto ele tinha ganhado alguns quilos, perdido bastante do bronze, mas ainda tinha um ar travesso, um sorriso de duende. - A sua mãe vinha cultivando esses girassóis há meses, era o xodó dela. Acho que eles tava antes da gente numa lista de prioridades. Era o... sétimo dia da primavera, acho, e eles finalmente desabrocharam, então ela queria registrar.
Quanto mais ele falava, mais Helder sorria imaginando a cena. Uma mãe sonhadora, esperançosa e determinada. Amante, dedicada. Helder segurou as lágrimas. Queria ter conhecido aquela mulher.
_ A gente tinha conseguido uns trocados com o aluguel do lago pras batalhas, então começamos a construir um ginásio só nosso e eu arrumei essa câmera de cores. Raridade naquela época. Ainda tava aprendendo o timer. Fiquei todo borrado, mas não tinha como tirar mais fotos.
Helder deu mais um gole no café doce e roubou alguns biscoitos do pai. Quanto mais ele falava, mais aquela foto se tornava real.
_ E aqui está você. - Helder parou de respirar, engoliu o nó e segurou firme no lençol - Tinha dez anos e tinha acabado de voltar da equitação. Sua mãe num gostava nada disso não, de você subir ni um cavalo e começou a fazer cócegas nos lugares que ela dizia que eles iam te pisotear. Depois disso a gente colheu um buquê, fizemos um vaso. Ocê cismou que queria fazer um bolo de girassóis e a tarde acabou em café com bolo.
O sorriso se tornou dor. Aquilo estava acontecendo. Não era mentira, aquilo... aquilo... não, não pode ser. De novo não. Perdeu o compasso da respiração. Por que raios ele tinha dedos nos pés?
_ Ah, meu filho... - a voz do homem falhou e as lágrimas escorreram, seus dedos acariciaram o rosto da criança na foto - Sinto tanta a sua falta. - ele virou o rosto na direção de Helder, seus dedos acariciaram o rosto do caubói. - Meu Ulisses.
_ Pai... - Helder tentou soar o mais doce possível. Sabia que se deixasse sua verdadeira emoção soar, estaria em prantos, mas não podia. Não naquele momento. Não com o pai naquele estado. Com uma mão segurou a mão do pai em seu rosto lhe dando carinho e conforto enquanto a outra retirava a foto de sua posse. - Eu não... digo, e se a gente ver... uma das antigas batalhas gravadas, hum? - seus olhos tentavam alcançar os do pai, tentavam captar sua atenção. - Igual quando eu era criança, eu ficava triste e ocê... ocê me levava pra ver as batalhas. Lembra? Deixava nós animado. Eu vou... eu vou lá ligar a fita.
_ Se ocê num tivesse subido naquele cavalo, ainda tava aqui vivo com nós.
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_ Eu fico bem careca. Eu sou bonito, cara. - pôs os braços pra trás e apoiou a cabeça nas mãos, fazendo questão de flexionar os biceps (o que não era tão perceptível considerando a camisa de manga) - Ela tem um pico muito grande mesmo. - silêncio. - Toda vez que ela me vê, o pico vai lá em cima. - mais silêncio. Seus lábios tremiam, mas Helder não seria o primeiro a rir. Mexeu no relógio, esfregou as mãos na calça. Virou questão de honra. - Ela acha que sabe das coisas, fica dizendo que eu to torturando o bicho e que eu num me importo. Mas ela também falou que é irmã da roxa lá, então eu to achando que os pais dela foram adotar o Pokemon e ela veio de parasita. Igual aquele filme do rato.
_ Meu veio costuma dizer que se não for pra atrair nem coisa ruim, pra que eu sirvo? Aí eu decidi que vou viver todo tipo de situação possível. - o riso acompanhou uma piscada cúmplice antes do corpo de Helder relaxar no banco, deixando seu olhar se perder nas estrelas (ou só esperando que ele fizesse algum curativo) - E no cabelo. - completou. - Porque ela é uma sabe tudo arrogante que se acha no direito de enfiar a unha do mindinho cheia de cera de ouvido na vida dos outros. - o sotaque caipira ficou tão pesado devido a raiva que só faltava ele subir em um touro no meio de um rodeio. - Tem gente que vem igual catiço mesmo, disposto a infernizar o mais santo dos santos.
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_ A festança! A boca livre, os jogos. - gesticulava grande, falava alto, se tinha alguém que estava dentro do festival, esse alguém era Santana. Ele pegou algumas argolas, colocou sobre a bancada e se virou na direção da garota. Se seus olhos fossem mais claros, seria possível ver suas pupilas dilatadas. - Presta atenção no que eu vou te falar agora porque eu não vou repetir. - ele muito provavelmente iria repetir. - Braço em um ângulo de 45 graus. Menos que isso limita movimento, mais que isso enri... enrije... deixa o braço duro. Você só vai movimentar cotovelo e punho. Movimento do cotovelo determina velocidade e força do arremesso, mas é o punho quem vai determinar a distância. - enquanto dizia, ia representando com os próprios braços, mostrando como fazer a movimentação e até mesmo a velocidade. - Fácil, não? - Sorriu pra ela com um ar de quem tinha cumprido uma meta.
_ Ele tá amando! - ele batia com o chifre no rapaz na tentativa de tirar o laço, mas Santana parecia tão pesado e duro quanto, pouco mal se movia ou parecia sentir aquelas pancadas. - Acredite em mim. - o laço escorregou ainda mais pelo chifre e foi possível escutar um bufar de frustração do Pokémon. - Moça, mas ocê não sabe o que tá perdeno! - e como se fosse um convite, segurou a garota pela mão e a puxou na direção de alguma das barraquinhas de jogos. - Vem. Duvido me ganhar no meu jogo favorito. Tiro ao alvo.
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A cena seguinte parece um gif em looping. Satana com um sorriso bem largo segurando um balão e dando tchau pra câmera até que a menina a desligasse. Ainda sorria, mas dessa vez era natural, simpático. - Sei lá. Mas acho que segue a mesma lógica dos touros, né? E touro gosta de vermelho, então... - enquanto dizia, olhava em volta em busca da criança, logo devolvendo o balão que deveria ser dela. - Isso daí é o que? - Com o indicador, apontou pro celular da garota, seu tom era curioso e pouco desconfiado. - TV, internet? Se quiser, posso te conseguir uma entrevista com o prefeito. Ele é meu cumpadre.
"Estão vendo pokelovers? Isso é o DIY! Sorria para a camera e nos diga de quem foi a brilhante ideia de usar esse laço nesse lindo Taurus? Nossos seguidores adoram! Você acha que eles tem preferências de cor ou de gosto? Sim, nosso festival está incrível. Consegue dizer o porquê de estar gostando tanto?" O sorriso já doia seu rosto, e sempre extremamente falso, mas era essa a figura esperada, e bem, ela sempre entregava o show que esperavam.
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_ Meu veio costuma dizer que se não for pra atrair nem coisa ruim, pra que eu sirvo? Aí eu decidi que vou viver todo tipo de situação possível. - o riso acompanhou uma piscada cúmplice antes do corpo de Helder relaxar no banco, deixando seu olhar se perder nas estrelas (ou só esperando que ele fizesse algum curativo) - E no cabelo. - completou. - Porque ela é uma sabe tudo arrogante que se acha no direito de enfiar a unha do mindinho cheia de cera de ouvido na vida dos outros. - o sotaque caipira ficou tão pesado devido a raiva que só faltava ele subir em um touro no meio de um rodeio. - Tem gente que vem igual catiço mesmo, disposto a infernizar o mais santo dos santos.
Como já tinha passado algum tempo e o sangue esfriou, era possível ver um ou outro ferimento no rosto do rapaz, nada muito escandaloso. - Foi pra um vídeo, a menina tava filmando tudo e daí eu peguei um balão e aí descobri depois que era de uma criança, mas já tinha voado. Aí eu tava falando com a Jade, mas ela foi ingrata e não gostou da torta de limão que eu presenteei a face dela. Daí decidiu me retribuir com tapas. - seu tom era tão tranquilo que parecia que estava estar contando sobre o almoço do dia anterior. - Tá fazendo cócegas.
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_ Sim! A câmera dele é boa demais, mas eu só consigo ver as fotos depois que jogo pro computador. O importante é que ele funciona pro mais importante: meu jogo de tetris. - tinha o olhar estreito sobre o Pokemon, analisando que reações teria a seguir. Satanás parecia mais do que interessado e era nítido que Santana não reconhecia aquele comportamento. - Sair às 6h? Será que ocê guenta, Satanás? É que ele é só priguiça. Aliás, ocê é o que? Coach de Pokemon?
_ Ah... ele é velho de guerra. - riu e balançou o aparelho - Comprei ele numa loja de telefones usados tem uns 3 anos. É bom, po. Faz o que promete. Só não liga pras pessoas. E nem mandar mensagem. - guardou o aparelho e enfiou as mãos nos bolsos. - A gente vem tentando trabalhar isso nele ainda. A ideia é fazer ele entender que nem sempre vai conseguir fazer tudo sozinho e que deve pedir ajuda sempre que puder. Vamos ver até onde ele vai com esse laço. - sorriu pro rapaz com o peito estufado e um ar de orgulho do que fazia. O Tauros parecia pronto pra atacar o protetor quando decidiu bruscamente parar no meio do caminho. Ele olhou pro loiro, olhou pro moreno e ficou um tempo nessa. - Acho que ele quer. Que horas você costuma treinar?
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_ Rapaz, mas ocê é mais bonzinho do que eu pensei. Eu acho que sinto a ira de mulher bonita umas 3 vezes por dia. Inda mais agora que descobri que o bichão é bichona. - fez menção com a cabeça na direção de Satanás que estava sentada de frente pros dois, o laço rosa de volta ao seu chifre. Ela encarava o caubói como se pudesse atacar a qualquer momento, mas Santana soava como um irmão implicante com seu sorriso travesso. - Eu aceito todas as formas de pagamento. Dinheiro, cartão, pix, lanche, massagem no pé, coçada nas costas, fazer meu imposto de renda. Fique à vontade pra escolher. - apoiou o pedaço do pastel na coxa e deu pra ver que ele tinha escrito "Cobrar 2 lanches do bonitinho", abriu a bolsa outra vez, vasculhou por mais um tempo, pegou um pedaço de papel e enrolou o pastel nele. - Eu tenho tudo o que você precisar! - e assim lhe entregou um copo, mas também mostrou um estojo de maquiagem, um baralho, estralou um leque barulhento e, por último, uma língua de sogra que apitou direto no nariz do rapaz. Não pode deixar de rir antes de guardar. - Tá, eu não vou perguntar. Se eu tive que ouvir coisas que não gostaria de certos, certas Tauros... Tauras... - franziu o cenho e direcionou a atenção ao pokemon afim de captar o que soaria melhor pra ela, mas como se retibuísse as provocações, ela apenas sorriu com travessura. - Eu acho que vou chamar ela de Lilith agora. - sussurrou bem perto de Raven sem tirar os olhos de Satanás. - Enfim, se ela foi capaz de falar uns trem zoado pra mim, não imagino nada que o Celulari aí não tenha te feito refletir sobre a vida, a verdade e o universo.
_ Ah, você sabe. Mulheres bonitas são muito fortes. - disse como se aquilo fosse nada, apontando pro band-aid na bochecha. - O que achou? Eu acho que ressaltou o verde dos meus olhos. - não eram verdes. - Minha cara inchada, sua cara inchada. Nós não precisa falar disso se não quiser, mas eu sô curioso. - sua atenção passou pra ecobag, onde revirou agitado, puxando uma caneta de dentro e colocando entre os dentes. Ele vou até o pastel sussurrando "Com licencinha" e rasgou um pedaço do mesmo, anotando ali alguma coisa. - Pronto. Ocê agora tem uma anotação de dívidas e eu sou agiota nas terças-feiras.
#com raven#drop 1#AMIGO ERA UM PEDAÇO DO PAPEL DO PASTEL#MEU DEUS EU NEM VI O ERRO#AGORA DEIXA PQ FICOU MELHOR AINDA
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Seu estômago revirava, suas costas contraíam, seus pés latejavam, sua visão embaçada dos lados o proibia de ver ao seu entorno. A ansiedade fazia seu corpo inteiro doer, e se não fosse pelo ocorrido na noite anterior, juraria que Jade o tinha batido bem mais do que se lembrava e torcido seu pé. Talvez tivesse mesmo torcido o pé.
Enquanto cavalgava pela fazenda, captou a imagem do antigo ginásio que agora estava em reforma. Não era o mesmo da foto, aquele estava em Paldea, mas era muito parecido em todos os seus lados. O cheiro dos girassóis e os gritos comemorativos não pareciam tão distantes, mas talvez fosse o sol fritando seu cérebro. Aquilo o fez segurar mais firme no cavalo.
Sua relação com o velho nunca foi ruim. Ainda era automático passar pelo ginásio e querer correr pra dentro pra assistir alguma partida. Era sempre assim quando... Segurou mais firme no cavalo e ele desacelerou, fazendo Helder quase cair pra frente. O velho sempre foi doce, acolhedor, tinha aquele sorriso de café com torrada de pão dormido, o jornal do dia e cheiro de tabaco. Fazia 19 anos que não via aquele sorriso, mas desde que as batalhas foram proibidas, tudo virou rancor e noites em claro.
Precisava fazer a colheita do café logo.
Quando visualizou a pelagem negra de Satanás ao longe, pulou do cavalo e correu na direção dele. Dela. Droga, então foi assim que todos se sentiram? Por cima da juba rala, percebeu que Satanás carregava o carrinho vermelho da colheita cheia até a metade dos grãos bem escolhidos.
A dor logo sumiu, seus corpo parecia mais leve, o ar mais fresco, o sol menos quente. Atribuía aquilo ao alívio de ela ter salvo seu plantio. Ainda assim não a soltou, afundou o rosto na juba escura e apertou mais aquele abraço que Satanás retribuiu após hesitar um pouco. Seus dedos firmes no torso da Pokemon garantindo que ela não fugiria dali, mesmo que não demonstrasse nenhuma vontade de fazê-lo. E assim, pouco a pouco, Helder foi ficando bem.
A tarde passou mais devagar, em uma montanha russa sentimental. Silenciosa e barulhenta, calma e ansiosa. A cada dez frutas do café colhidas, vinte por cento do lucro da família ia parar no estômago de Helder. É que a frutas tinham um valor muito mais sentimental do que financeiro pros Santanas, mesmo que tenha se esquecido durante os últimos 19 anos.
Muita coisa foi esquecida nos últimos 19 anos. Palavras, nomes, rostos, endereços. Beber água.
Helder franziu o cenho quando sentiu o cutuque no braço, percebendo que era Satanás com uma garrafa d'água. Deu alguns goles e deixou o corpo cair no chão. Não tinha notado, mas tava pingando de suor. Virou toda a garrafa d'água na cabeça e fechou os olhos. Péssimo escolha.
Estava no campo de girassóis, o mesmo da foto. Tinha 5 anos e estava feliz por ter acabado de cortar o cabelo. Colhia várias flores pra fazer um buquê com seus dedos sujos da última colheita. O menino estava empolgado, olhava pro pai com um sorriso que há muito não dava.
_ O que ocê acha que a mãe vai dizer?
_ Foi ela quem pagou, no mínimo um elogio.
_ Ela pagou pela pizza de atum onti e só falou disgraceira.
_ Ocê é uma pizza de atum?
_ Não.
_ Cabelo cresce. Se ela num gostar, nós raspa a cabela dela igual.
_ Com a foice?
_ Isso aí! - o velho bagunçou o cabelo do pequeno menino que ficou emburrado e voltou a pentear. - Já escolheu seu novo nome?
_ Clark Kent.
_ Não.
_ Hmmm... e Helder?
_ Seu avô?
_ É, porque eu acho que é legal porque vai deixar a mamãe feliz.
_ E ocê quer ver sua mãe feliz?
_ Muitão!
_ Muitão quanto?
_ Assim, ó. Maior do que o Toninho Rodrigues.
_ Mas o Toninho Rodrigues é muito grande.
_ O Toninho Rodrigues é enooooorme.
O velho colocou as flores no carrinho vermelho e sentou no chão de frente pro garoto, o fazendo sentar também.
_ Helder. Heeeeelder. HELDER! Helder, para com isso! Helder, já pra cama! É, acho que funcionar. Eu ainda teria que me adaptar a ter outro Helder na minha vida, mas esse aí eu acho que posso acabar gostando. - ele puxou o filho e o encheu de cócegas. - Helder, pede arrego! Helder, pede arrego!
Na porta da casa, Helder estava ansioso. Um buquê de girassóis, uma cesta com a melhor safra de café, um novo corte, um novo nome. A porta abriu devagar, o velho já tinha entrado pra fazer a introdução, os tambores rufavam pela boca do pai e no peito do menino. Alguns passos a frente a mulher loira da foto. Seus cachos eram angelicais, seu rosto jovem e belo traziam paz, a cabeça tinha o formato de um coração, as maçãs levemente protuberantes e o queixo cortado ao meio. Qualquer um que olhasse para aquela mulher saber apontar cada traço abatido, mas Helder só via a mulher linda que ela era.
O caubói abriu os olhos em um susto e se levantou.
_ Chega de café por hoje.
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As três horas que esteve no campo passaram mais devagar do que de costume. É que não tinha pregado os olhos na noite anterior repassando a ligeira conversa com Satanás. Descobrir que era acompanhado por uma fêmea esse tempo todo foi um baque, com certeza, mas aquele nome. Pensou que aquele nome tinha ido embora com sua mãe, achava que finalmente poderiam viver tranquilos, pai e filho. Pelo menos tranquilos o suficiente.
Se dormiu, não foi mais de uma hora. Uma hora o suficiente pra perder o rumo do dia e perceber que a colheita poderia ser prejudicada. Levantou às pressas já preparando as mãos pro impacto que não teve. É que Satanás insistia em dormir aos pés da cama, diariamente resultando em tropeços do protetor, mas dessa vez só restava sombras do Pokemon no chão. Merda. Se ela estivesse tão abalada quanto ele, a colheita sofreria.
Os passos apressados na escadaria foram bruscamente interrompidos quando os olhos castanhos captaram a cabeça calva do patriarca. Merda. O que o veio fazia acordado às 10 joras da madrugada? Se fosse rápido o suficiente, poderia passar por ele sem ser percebido. Na ponta dos pés Helder passou por trás do sofá, a respiração tensa e controlada, pausada.
A ansiedade percorria seu corpo, cada músculo duro, tensionado. Os únicos movimentos que acompanhavam na caminhada era o sobe e desce peitoral. Helder não podia ser pego. Por quê? Depende do que fizesse mais sentido. É que sua mente não conseguia escolher um só. Precisava chegar na plantação de café, se aquela safra ficasse mais alguma hora sob o sol, perderiam um bom dinheiro e isso deixaria a relação entre o caubói e o pai tensa. Se o veio o visse fora da lavoura em horário de trabalho, encheria de perguntas e acusações; se visse seu rosto ferido e nenhuma areia entre os dedos, seriam só acusações; mas em qualquer caso ele teria de ver seu rosto, e depois do relato de Satanás, essa seria a pior das...
_ Eu conheço o silêncio dos seus passos há 57 anos.
A respiração que fazia questão de segurar saiu com um baixar de cabeças, revelando que era possível ficar ainda mais tenso. Helder engoliu a saliva, mas continuou de costas, buscando qualquer coisa pra olhar. A voz do mais velho era tão retumbante quanto a do caubói.
_ Trinta e dois. - se corrigiu sem nenhuma cerimônia.
Foi aí que a ansiedade virou desespero. Uma desculpa. Só precisava de uma desculpa. Ao seu redor tinha a pilha de chapéus, um molho de chaves, algumas garrafas de whiskey, uma cômoda com gavetas cheias de ferramentas de emergência, uma...
_ Helder? Ocê me escutou?
_ Sim.
_ Então responde.
_ Eu, an... Vim buscar o chapéu. Tá um sol...
_ No seu quarto? Crianças... - o velho bufou e fez um barulho que, pelo canto dos olhos, percebeu que era um papel. - Ocê colocou o chapéu ao contrário.
O caubói rapidamente ajeitou o acessório, fazendo o possível pra que não visse seu rosto. Tinha que encontrar alguma coisa que tirasse seus pensamentos dali agora. Tinha que distrair seus olhos, mas olhava pra tudo e nada parecia confortável o suficiente pra isso. Buscava uma âncora pra não colapsar diante do pai. Precisava mais do que nunca colher aqueles cafés.
Era uma ansiedade desequilibrada. Só de imaginar a reação do mais velho já estava em surto. Não tinha como saber o que aconteceria depois. Não tinha como saber se o pai ia de fato agir diferente. Ele já errara sua idade. Não tinha como saber o que mais poderia errar.
Não tinha como saber.
Não tinha como saber.
Não tinha como saber.
Não tinha como Satanás saber sobre Ulisses. Não tinha porquê o velho dizer esse nome. Não tinha razões pra esse nome voltar à tona depois de dezenove anos sem escutá-lo. Não tinha...
Foi aí que seus olhos captaram a foto ao lado da porta. O porta retrato de seu velho muitos anos mais novo, ao seu lado uma linda mulher de olhos verdes e em seus braços um jovem garoto em seus 10 anos. Seu coração foi à garganta.
_ Viu o que saiu na Internet sobre seus protegidos Pokemon e sobre o prefeito que ocê votou?
_ Não, eu... eu... eu... não tive a oportunidade. - coçou a orelha, a nuca, o maxilar. Percebeu que estava na hora de fazer a barba. Não conseguia parar de encarar a foto.
Estavam em um campo aberto e era possível ver uma construção ao fundo. Era um campo de girassóis, a construção se assemelhava a um ginásio Pokemon e os três riam animados. Era uma tarde menos ensolarada que aquela, ainda assim parecia mais clara, mais viva. Helder conhecia aquele lugar, mas não reconhecia aquele ambiente. Era a antiga fazenda em Paldea, a mesma que viveu até seus 12 anos.
_ Sabia que esse cara era corrupto! - parecia comemorar com aquela conclusão. - O que mais dá dinheiro é batalha Pokemon e ele quer acabar com isso? Existem coisas mais importantes que se preocupar. - seu humor era debochado, irônico e esnobe.
Encontrou os olhos do pai na foto. Nunca tinha percebido que ele também possuía olhos verdes. De todos, os únicos com olhos castanhos eram Helder e o menino na foto.
_ Podem estar armando pra ele. - disse tão baixo que não sabia se tinha realmente falado.
Mas o sorriso na face da mulher doía. A felicidade que ela exalava era quase tocável, era como se Helder pudesse escutar a risada gostosa que a foto transmitia.
_ E o que ganham armando qualquer coisa? - ainda desacreditado, mais um barulho de papel mexendo. - Sabe o que isso parece, filho? - e então Helder parou de escutar. Outra palavra que não ouvia há anos.
Logo seu olhar caiu no garoto. O menino estava entre os braços da mulher recebendo cócegas com aquelas unhas grandes enquanto o velho parecia ter acabado de sentar na grama com os dois depois de errar a contagem da câmera e chegar no último segundo. A foto dava vontade de sorrir, mas tudo o que Helder sentia era dor. Não era ele na foto. Nunca seria ele na foto.
_ É, pai, eu tenho que ir. De verdade. O sol tá forte e o café precisa ser colhido logo. Não volto antes das três. Tem torta de maçã na geladeira.
Saiu sem esperar uma resposta.
#seguinte to pelo mobile#meu carregador pifou e escrever pelo app é cachorrada#vou escrever por partes pra não ficar enorme#pq não tenho noção de como tá pelo mobile
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_ Eu ofereceria o ginásio lá de casa, mas tá em reforma. Vai virar um aquário bem maneiro. Depois que tiver pronta, acho que dá pra deixar ela lá curtindo um pouco com os selvagens. - Santana virou pra olhar dentro da ecobag que carregava, puxando de lá um cartão da família e uma capa de disco de vinil do Aerosmite. - Aqui, você pode ligar pra gente algum dia. E se puder, autografa pra mim? Meu pai é um grande fã. - entregou o cartão e o disco pro rapaz. - Música pra cantar. Aquelas animadas que a letra não precisa fazer sentido. É isso que o pessoal gosta. Só uma letra fácil de cantar com um ritmo animado. Eu acho que você tem algumas muito boas nesse estilo. A faixa 3 do álbum Lendário é bem maneira. É você quem canta, né?
Ele suspirou. Queria que fosse tão fácil se livrar assim de suas situações. Apenas deixar em um ginásio, mas não era assim. A Jigglypuff ainda o seguia e roubava seus momentos de sucesso. "Sorte a sua. Já tentei correr o suficiente, mas ela sempre me seguiu para casa e ela não respeita que eu queira ficar sozinho. Quer ficar colada o tempo todo. Infelizmente não tem muito o que fazer nesses casos." Deu de ombros e se encostou em um poste. "Você como espectador que tipo de música acha que o pessoal daqui gostaria de ouvir?"
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_ Ah, você sabe. Mulheres bonitas são muito fortes. - disse como se aquilo fosse nada, apontando pro band-aid na bochecha. - O que achou? Eu acho que ressaltou o verde dos meus olhos. - não eram verdes. - Minha cara inchada, sua cara inchada. Nós não precisa falar disso se não quiser, mas eu sô curioso. - sua atenção passou pra ecobag, onde revirou agitado, puxando uma caneta de dentro e colocando entre os dentes. Ele vou até o pastel sussurrando "Com licencinha" e rasgou um pedaço do mesmo, anotando ali alguma coisa. - Pronto. Ocê agora tem uma anotação de dívidas e eu sou agiota nas terças-feiras.
Dizer que Raven estava muito abalado por ter ouvido seus pokémons era quase um eufemismo, ele não imaginava que eles —principalmente o Ceruledge— diriam coisas que o afetariam tanto assim. As lágrimas já tinham cessado e o rosto secado, mas sua expressão ainda era um tanto abatida. Quando ouviu uma aproximação, levantou o olhar e se surpreendeu com o estado de Helder.
"O que aconteceu com você?" escapou num tom preocupado, mas ao ver o tamanho do lanche que ele trazia, teve que franzir o nariz para uma risada não escapar. "Obrigado... Mas agora eu vou ficar te devendo dois lanches. E eu não gosto muito de ficar devendo coisas aos outros." disse levemente divertido e aceitando a comida, mesmo sem ter certeza se estava com apetite para aquilo.
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Seu olhar atento sobre Satanás não era tão facilmente notado. É que Helder estava se permitindo naquele desfile, permitindo ver uma variedade de Pokémon que não tinha tanto contato fora da fazenda, permitindo conversar com pessoas e conhecer suas histórias, posicionamentos e justificativas, permitindo comer o quanto podia, dançar aos sons mais aleatórios, rir e brincar com quem lhe desse liberdade. E por que não permitindo roubar brinquedo de criança e apanhar de mulher bonita?
Mas isso não se significava que ele não se permitia ser cuidadoso. Já tinha começado a reintroduzir o Pokémon na sociedade e Satanás não parecia tão deslocada quanto ele imaginou. Claro, ainda era quieta, desconfiada e preferia se manter em seu canto ao invés de interagir com os outros. Por isso Helder teve a ideia do laço. Não importava como ela reagiria com ele, tudo era positivo. Gostou? Ótimo! Ajudaria na auto estima e no conforto de Satanás. Não gostou? Ótimo também. Assim ela teria uma desculpa pra socializar e de quebra teria de deixar seu orgulho de lado precisando pedir pra alguém tirá-lo. Para Helder, não tinha tempo ruim.

_ Se quiser, eu posso chutar o outro lado e igualar o roxo, assim não fica desproporcional o inchaço. - foi o que o caubói escutou depois de sentar em um banco e colocar a latinha de refri mais gelada do mundo no rosto abatido.
_ Hilário. Sabe que mais que é engraçado? - virou o rosto para encontrar o que zoar na dona daquela voz, mas não tinha ninguém perto ou atento o suficiente. Todo mundo prestava atenção no que quer que o prefeito dizia. - E começou as alucinação. - suspirou, encarando o laço no chifre de Satanás.
_ Só cuidado pra num ficar igual o véio.
Arregalar os olhos foi mais fácil do que deveria com rosto doendo. Aquilo... aquilo tinha... Não era possível. Deve ter sido alguma concussão. A surpresa também parecia vir do Pokémon que deu alguns passos pra trás.
_ Você não...
_ Eu espero que não.
_ AAAAAAAAAAAAAAAAAAAA!
_ AAAAAAAAAAAAAAAAAAAA!
Depois de levantar do chão e esfregar a nuca na expectativa de que não se machucou ao cair do banco, deu corpo inteiro parou. Helder analisou o mundo a sua volta e, ou aquele espetinho de Magicarpa tinha Magicarpa de verdade ou os Pokémon estavam falando mais do que deveriam.
_ Por que sua voz é fina?
_ Porque eu sou fêmea.
_ Desde quando...
_ Desde...
_ ... Pokémon tem gênero?
_ O que?
Helder se aproximou da Pokémon que até então ele tratava com todos os pronomes porque não sabia que Pokémon, de fato, tinha gênero, se ajoelhou em frente a ela e a olhou mais de perto.
_ Como ocê...
_ Eu to tão perdida quanto.
_ Ah. - levou os dedos devagar ao rosto dela, que ameaçou morder e o fez recuar de susto, caindo de bunda no chão. Ela desatou a rir. - Não tem graça.
_ Bom, já que ocê vai ficar nessa de surpreso, eu acho que posso aproveitar pra dizer antes que, sei lá, isso pare. Depois a gente descobre. Primeiro, tira essa ***** de laço de mim antes que eu pegue o que restou do meu chifre e ******************************.
_ Eeeei! Com quem ocê aprendeu essa vocabulário?
_ Com o véio. Aliás, não me coloque perto dele outra vez ou eu vou *************************************************************************************************************************************************************.
_ Anotado!
_ Segundo, o Toninho Rodriguez não aguenta mais a cela dele, ela fica pinicando e dando coceira.
_ Cê entende os cavalos?
_ Não, você é quem num entende!
_ Por Hentei! Você fala igual o véio!
_ Falando no véio...
_ Achei que a gente já tinha pulado essa parte.
_ Quem é Ulisses?
_ O que?
_ Outro dia o véio tava chamando um tal de Ulisses, mas num tem ninhum funcionário na fazenda com esse nome.
_ Né ninguém não.
_ Num parece ser nin...
_ Não é ninguém! - disse de forma dura, seus olhos começaram a ficar avermelhados e ele sabia que se não desse um jeito de calar aquele Tauros, não teria paz pelo resto da noite. Voltou a encarar o laço e o puxou do chifre de Satanás. Quando ela foi falar, o som habitual foi proferido. Helder franziu o cenho e lentamente levou o laço de volta pra ela, mas desistiu no meio do caminho. O que quer que fosse aquilo, ele tinha arremessado pra bem longe dos dois. - Ocê num fala mais hoje.
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Como já tinha passado algum tempo e o sangue esfriou, era possível ver um ou outro ferimento no rosto do rapaz, nada muito escandaloso. - Foi pra um vídeo, a menina tava filmando tudo e daí eu peguei um balão e aí descobri depois que era de uma criança, mas já tinha voado. Aí eu tava falando com a Jade, mas ela foi ingrata e não gostou da torta de limão que eu presenteei a face dela. Daí decidiu me retribuir com tapas. - seu tom era tão tranquilo que parecia que estava estar contando sobre o almoço do dia anterior. - Tá fazendo cócegas.
— Isso seria mais fácil do que tudo ser plano de algum Beheeyem ou Deoxy... — Refletiu, afastando os pensamentos bobos com um balançar da cabeça. Como tinha parado em papo alienígena e abandonado os papos científicos? — Legal! O que você dançou? E é, eu tava... os meninos até me ajudaram. — Ele tinha um tom leve na cara até absorver os relatos de Santana; ainda estava com um pequeno delay. Quando os fatos iam ficando estranhos, Draycen já tinha em seu rosto a cara mais confusa do mundo. Era quase reticências em pessoa. — Você...?! Você roubou de uma criança e apanhou?! Cacete! Tá tudo bem? — Saiu verificando o amigo com os olhos e não sabia dizer se estava preocupado, chocado ou prestes a usar dos conhecimentos de primeiros socorros.
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_ Queria ouvir o que, meu parceiro? O governo implantando memórias falsas na sua cabeça? - voltou ao leve surto anterior, pressionando o indicador na têmpora. E como num passe de mágica, a postura dele mudou, mais relaxada no banco. - Ah, foi bem legal. Comi, bebi e até dancei. Roubei um balão de uma criança, mas não sei onde foi parar. Apanhei de uma garota bonita. Você tava com uma apresentação, não tava?
— Drones invisíveis quânticos? — Ele repetiu com um bico pensativo no rosto e assentiu. — Verdade: Deino soube exatamente o que falar, mas Axew... — Refletiu enquanto observava o pokémon. — Queria ter ouvido ele mais tempo, sabia? — Deu de ombros. A verdade é que queria poder ouvi-los todos os dias. — Mas tirando toda essa loucura... Como foi? O festival? — Acenou com a cabeça para ele, curioso. — Viu mais coisas estranhas?
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Desfile do Orgulho Pokémon - drop 1 Depois da chuva dourada - @ravknightly
A visão era a seguinte: um cara com o rosto parcialmente ferido, alguns arranhões, segurando um saco de papel de uma garrafa com um líquido amarelo se aproximando de Raven com um olhar cuidadoso, hesitante. - É... eu vi que ocê tava mei dirreado lá atrás e truce um pouco de pastel com caldo pra ver se te dá uma astral. - o pastel sendo do tamanho de uma folha A4 e uma garrafa de 1 litro e meio de caldo só pra começar.
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_ Drones invisíveis quânticos. - falou com uma expressão muito séria. - Não foram outros Dittos. É o governo espionando a gente com esses drones, por isso eles sabem exatamente o que dizer. Daí foi só um show de luzes e os drones com suas caixas de som fingindo que são os pokémon falando.
Acompanhando Helder, Draycen assentiu. — Não sabemos tanto ainda, vai... — Comentou por baixo enquanto observava em sua roupa qualquer vestígio do pó. Nada nele —já teria espirrado. — 100% calculado pra que ninguém ficasse com mais nem menos, né? — Foi a vez da careta no rosto. — Na verdade, fiquei pensando... Será que era só aquele Ditto? Ou foi armado? — Sentou-se no banco logo após de Santana e olhou o além como quem procurava respostas. Nada. — A coisa mais boba que passou na minha cabeça até agora é sobre múltiplos Dittos falantes... Mas isso seria impossível, era muita gente... — Deu de ombros. Ele queria achar qualquer resposta que não envolvesse de fato sua área de atuação, ainda que aquela fosse a opção mais óbvia do momento. — Ou, sei lá... Acho que com você posso falar essas bobagens sem fatos nem nada. Só... tirar coisas do além. Mas o que você acha, afinal? Tem teorias também?
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