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mudamos, mas não o bastante
há coisas que nunca se perdem
pessoas que o encontro sempre há de ser revirado de paz
e acalanto
há que aceitar as pessoas
os sentimentos
os afetos não morrem
adormecem
e o que fazemos com eles
senão aquilo que é imposto
as tampas se perdem e as canetas secam
os conhecimentos se esquecem
só resta o carinho
e a coragem para cultivá-los, mesmo com temor
e eles nos alimentam de novo
e nos mantemos de pé
sobre os pés uns dos outros
porque somos humanos.
julho de 2017, quase foi (mas não foi)
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Essa exaustão que eu sinto agora ainda me dissipa me dissolve e me transforma em alguma outra coisa que me leva pra um lugar bem pertinho daquele que é onque eu quero ser, eu sei. O futuro é incerto e as escolhas de possibilidades são só uma aposta, ora ora engolir isso dentro do meu próprio estômago é difícil, me entalo falta o ar saliva a coragem, mas a cada ventinho a cada suspiro acabo me relembrando disso. Os planejamentos são tantos quando se nota o buraco falso do destino. Engraçado. Quanto menos certeza eu tenho dos acontecimentos, mais quero coisas e quero organizações e planos e atos - e que loucura é saber que nada faz sentido ou tem propósito e ainda assim dormir e acordar cheia de vontade de existir. Logo hoje. Especificamente no dia de hoje em que eu tenho mil razões para desistir pra deitar botar o pezinho pra cima, ser só corpo que circula sangue e ar, eu fui dormir 4 da manhã lendo e fazendo anotações e achando graça de metáforas e pensando novas cores pra pinturas e nada tem essa tal lógica causa-consequência, mesmo! Quem dirá os sentimentos! É tão bonito estudar e ter certeza da falta de conceitos que abarquem a existência quando a gente conversa com o outro, quando a gente se articula com um paciente, quando a gente vê uma história na televisão, mas tão precioso se dar conta disso em nós mesmos! O nada é real e é maior que qualquer objeto rico rico qualquer plano de vida certa, abastada, a água que umedece minha garganta e o feijão e arroz que sustentam meu eu nunca tiveram tanto valor!
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o que passa comigo? não sei meu tempo é, na certa, outro. toda essa-confusão-esse-caos-esse-eu-sei-exatamente-o-que-tô-fazendo-e-tenho-de-fazer-tenho-de-fazer me deixam agoniada demais; e as coisas em mim que me deixam insatisfeita estão e continuarão aqui e, de alguma forma, servem pra que eu ponha os meus pezitos no chão; e cada incômodo é uma descoberta. o itinerário é looooonguíssimo mas a duração do tempo também S E G U R A
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you made me wonder if i have space in this world. The choices, i could never put myself in the ways of act. As luzes fraquinhas e as tempestades de vento na cara. As unhas, o lápis e o caderno vermelhos. O coração azul. Estava quase satisfeita com quem vinha me tornando, até você me interpelar. E agora, quem eu sou? Quero cortes. Aberturas. As palavras não amarram mais o sentido. Ainda queria publicar. Mais cedo ou mais tarde acabo sempre voltando a mim dessa forma, não queria perder. Quando não escrevo sobre a felicidade, perco tudo de imersão que havia conquistado. Precisamos estar tristes para escrever? Cócegas na sola do pé. Marasmo. Desesperança. Desgaste. There's such a beautiful in the world but im always forgetting. This is not a conexion, its despair, its simpaty, its passing time. Meu estômago não embrulha mais, só não tenho fome, mastigo e engulo a seco, não quero saber de mais nada. Não há nem mesmo o velho desejo de autodestruição nem construção. ou pena. Só vácuo.
17 de abril de 2017. Mas sobre um choque de 2016.
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quando eu agrupo as palavras umas com as outras é tão bonito mas não há nenhuma AÇÃO
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Pérola abre os olhos e o sol invade as vistas. ainda muito fraquinho. o balanço do móbile do bebê. já não consigo mais acreditar num destino final pras coisas nem em minha capacidade de mudá-las. o apartamento engordurado que, por mais que esfregue, não ficava brilhando feito os escandinavos de suas amigas. o cabelo torto que vinha prometendo a si mesma cortar, semana após semana. a criança já começava a esganiçar o choro agudo. só queria assistiri tv. nos meus tempos de moça passava um dia inteiro sem sair de casa e achava o máximo. estúpida. prepotente. agarrava nas leituras e me sentia melhor que todo mundo por me identificar com meia dúzia de sentimentos corriqueiros. advinha só, magricela, os livros não vão te salvar e os meses vão passar como dias e você vai se tornar mal humorada e preguiçosa e nunca mais vai tirar fotos. se tranquilize, ainda vai ser inteligente. vai escrever de madrugada quando seu bezerro te deixar em paz e vai ler muitos poemas curtíssimos e fortes e vai comer muita poeira usando espanador ao mesmo tempo que espana pra lá a sua vontade de cuidar do outro. os trinta e dois anos se completam às seis da tarde e o Anselmo telefona perguntando o que é que quer comer nesse dia tão especial. Teus olhos caminham vagarosamente do vazio mostrado pelas janelas escancaradas até o início do berço de madeira compensada que, mais uma vez, está precisando ver um pano úmido. -Me traz um pastel de poeira, meu bem!!! E um sorvete de coragem!
o futuro que não foi
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i though that i was dreaming... eu não sei. se eu abraço cada impulso com a justificativa de que nada posso deixar passar em prol de continuar sendo fiel a mim, o que há de ser meu caminho senão instintos e tangências? Como posso falar de um mim se ando tão chegada a existências momentâneas? De momento em momento se faz uma vida? Sinto que estou tripartida feito um frankstein. Muito partida. Bem mais que tri. Um caminho é a esperança e o repousar dos dedos e o conforto e a sensação de barriga quentinha no sono da hora do almoço e da pele macia pós hidratação. Outro é a avalanche de um novo que me soterraria na dúvida assim que me tocasse e me mataria de falta de ar, mas me parece que encheria o copo do prazer até a boca, tamanha identificação -e aqui, eu fico curiosa, por que é que o prazer está colado ao que é igual?-. Um caminho é a resurreição de um passado que me virou de todos os avessos, mas, olhando agora me fazia sentir incrivelmente viva. Será que estava viva nesse tempo ou não passa somente de uma impressão longínqua causada pela ironia da distância que, talvez por conta de uma falta de agora ou de uma insatisfação inerente à vida mesma, me faria acreditar que qualquer sensação vivida antes teria sido genuína? Estou ciente que ao adiar o presente adio também o agir, mas o pensar pode abrir mais os poros de minha perdição do que servir de ferramenta de seu estancamento. Então qual a saída? Terei que agir de umas vez por todas colocando na ponta da minha ação todo o destino de minha vida e chutando pro alto de olhos fechados sem nem mesmo dar uma espiadinha onde é que ele poderá esborrachar-se? Só eu sei o que penso e sobre esses fatos não posso contar pra ninguém. Estou condenada a falar sozinha até que resolva os meus problemas ou encontre quem os entenda? Mas, se quero adotar atitude de carinho e amor comigo mesma assim, reconhecendo tudo aquilo que sinto sem invetar nem um pouco a mais nem descartar nada sob a desculpa de serem baboseiras, os problemas tendem a nunca se esgotar. A vida que tem sentido é aquela que é mergulhada em crises. Ou então é vegetação. Falar com o vento é melhor que engolir as próprias palavras. Sei que por agora não sou corajosa o suficiente para mudar de lugar, ainda que já esteja começando a ver claramente o que é que vem me dando essas pontadas que gritam agudo ESTÁ ERRADO. De alguma forma deveria me atentar mais à esse ponto que se traça esquisito. Não quero ter noção do acontecimento só depois de a tragédia ser lançada e nada mais possa ser feito, é necessária uma responsibilização de mim para comigo mesma. Não quero olhar para os ladrilhos que meus pés já pisaram e pensar "era isso?", "como me entrelacei com tal coisa?", como aconteceu hoje a tarde. O impessoal e o desejo de pertencer não podem ser tão grandes a ponto de me fazerem permanecer em lugares que não me fazem experienciar nenhum tipo de intimidade com as minhas entranhas. Disso eu tenho certeza, mesmo sem saber dos desdobramentos que me impedirão a ser esse nada. Quero evitar o inferno do vazio confortável e para isso vou ter que criar coragem para ser quem tenho vontade agora sem tirar nem pôr por terceiros, por mais que isso implique em desterro e talvez em alguma crueldade. Vou ter que voltar a me ouvir embora eu tenha deixado um pouco de lado meu falar achando que minha verdade era algo que fez sentido em um tempo qualquer e congelando esse movimento, tentando fazer de todos os outros só fôrmas que se encaixariam nessa falsa visão de mim. E vou ter que pagar o preço do risco do acaso!
may
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meus ossinhos me sustentam quase quebram mas aguentam
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Quando eu fechei os olhos, pensei em mirar um alvo de tranquilidade e esquecer dos pensamentos e das mentiras e dos fatos que me assustam, mas pra ser de carne e osso, fui notando, ali mesmo, que deveria permitir que outras coisas acontecessem. Primeiro veio o nada, e quando se fala de um espaço vazio é preciso atentar pro que insiste em enchê-lo, fugindo totalmente do nosso controle. As costas doíam, naquele mesmo segundo que fechavam, os olhos teimavam em abrir, eu me perguntava se não existiria, no mundo, alguma posição confortável que não fizesse pelo menos uma parte das articulações doerem de cada vez, confesso que me questionava se me permitir fazer farte daquela experiência teria sido uma boa ideia e não deveriam ter passado nem mesmo dez minutos. Então quer dizer que eu deveria controlar isso? Pedir presse vento tomar cuidado com o quê é que ele arrasta e não aceitar que, pra que eu pudesse voltar a sentir os momentos todos como grama molhada na sola do pé, deveria me dispor a estar desprotegida num fluxo bizarro de água torrenciais que iam me bater, bater e me ensinar a como lidar com cada tsunami à medida em que elas forem me atingido. É bem verdade que agora, ao passo que escrevo bem depois do que tudo aquilo aconteceu, as emoções não estão mais tão claras e tudo o que eu relato, vem recheado de tantas outras situações que me atravessaram de lá até aqui que já não posso mais dizer de onde é que se originam todas essas sensações, mas aqui não é disso que se trata, não basta encontrar a verdade nos sentimentos que afloram desse ou daquele lugar, a verdade é múltipla, os sentimentos são mistos e eu já passei do ponto de tentar entender tudo explicadinho, mas sei que, entrando em contato com pensamentos que me remetiam a tantos outrens, vi menos do mundo e mais de mim que há tempos ignorava. Como assim? Você me pergunta, e eu digo: eu não sei. Há muito o que se aprender, há rotina, repetição, tudo ao mesmo tempo e essa história de continuidade e progressão, ironicamente, às vezes me faz perder o ritmo. Só funciono bem nos extremos, mas não é sempre que dá pra se equilibrar com pesos muito intensos, então, nesses nem sempres, essa extensão que sobra vai pra algum lugar que, vez ou outra, preciso resgatar pra não esquecer de mim. Pode parecer estranho, mas me faz todo o sentido do mundo. Então, em algum ponto da tarde, me dei conta disso. Não sei descrever em que momento isso aconteceu, mas minhas pernas, coxas e braços tinham vida própria, as dores e repuxões de antes haviam se transformado em dormência, mas não aquele formigamento que incomoda e dá vontade de se deitar em posição fetal e parar. Era um torpor de minivibrações que anestesiavam quase toda minha estrutura corpórea, enquanto eu desencarcerava frações de mim que eu nem imaginava que ainda estariam lá. Há algum tempo os filmes não me emocionam, as histórias mirabolantes de outras pessoas não me contagiam, mas aquela paralisia que pareceu ter quase uma hora de duração fez com que eu me desse conta de que não há nada de errado nisso.
Um experimento Abramovic como isca
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Eu. Eu e os poucos metros quadrados da minha sala e os meus programas de tv favoritos. Eu e minha semana vendaval disfarçada de marolinha. Quando era segunda, o sol era tão brilhante que irritava os olhos e eu me via cheia de fôlego. O plano da semana estava rascunhado em uma folha de energia e outra parte na tela de um celular. Tive vontade de me criar a partir de vários lugares e de lançar o corpo num lugar nunca antes habitado, por mais que a vontade tenha se alimentado por um pouco mais de meia década. E então houve a cisão. Houve o grito. Os gritos. Na verdade, tenho pra mim que as cisões nada dizem sobre a formação de um big bang, eles já estão lá, os grande acontecidos, as explosões de lágrimas, as insatisfações, os receios ou seja lá como você quiser chamar, já dançam em nossas cabecinhas sem que aja a necessidade que reconheçamos a eles, eles existem, se multiplicam, se alimentam do nosso “daqui a pouquinho eu penso nisso” e fazem uma grande festa com seus filhinhos e netos todos bem juntinhos tomando suco de laranja e fazendo rodas de conversa dentro de nós, mesmo que os ignoremos. Mas a quebra os revela, os tenciona. Faz com que eles joguem os copos de sucos pro alto, fiquem bravos, esperneiem e queiram vir pra fora, ora, sem música, sem tapinha nas costas, sem deixa-pra-lá, não dá pra continuar no cerebelo dessa menina!!! E saíram, assim, no meio do nada, no meio dos gritos de garotas que não sei quem são, mas poderiam ser eu ou a minha mãe ou a personagem da minha série ou a moça que atende no bandejão ou qualquer uma de nós ou cada uma e todas nós ao mesmo tempo (como é). Ouvir aquelas frases que, de tão perto, distancial e psicologicamente falando, eram tão intensas que me mostraram que aqueles responsáveis pelos meus atravessamentos ruinzinhos, desses que dá vontade de botar a boca no trombone e contar pra todo mundo (mas a gente não conta) são as pessoas mais próximas que se pode imaginar. Assim mesmo, estão em uma distância curtinha como a distância em que aquelas meninas se encontravam do chão até a nossa janela no terceiro andar. A vida é cheio de paralelos. Ou não. E então me veio de novo outra dúvida, aquela, do comecinho, aquela que se estende desde que eu era loira, ruiva, castanha, boba, alegre, triste, depois alegre de novo, culpada, inocente e culpada outra vez, aquela mesma. Veja bem, eu era a rainha da certeza no começo da semana, porque era agora ou nunca, porque se você quer mesmo alguma coisa você se esforça e quem deseja arruma um jeito por mais que as condições estejam meio adversas e o universo pareça estar dizendo não, não é assim aquela baboseira que dizem? Eu sei. Mas acontece que agora a máxima é de vinte e dois graus e o clarão do sol não faz mais arder os olhos porque ele nem se encontra mais no céu, cassaram seu mandato e agora entra um vento frio pela janela do quarto que não é mais a sala e não são mais os personagens, já que a vida real disse helou-querida-será-que-voce-pode-me-dar-uma-atençãozinha e eu muito prestativa, muito senhora de mim, vim pra cá pensar no que fazer e tentar alimentar a tal cisão pra ver se acabo com a festa dos sucos mas a única maneira que consigo reagir é fazer metáforas sobre clima e tomar chá.
Escrito que eu gostaria de ter estendido mais.
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Tentar se esquivar da dor não é covardia, a gente desvia e faz dela outras coisas pra lidar melhor com nós mesmos. Criei um milhão de defesas e me fiz de risos o tempo inteiro pra mostrar pro mundo e pra mim mesma que estou contente de, ao menos, ter contato com sua presença durante todos esses anos e foi um riso sincero, gratuito. Fato é que não são só as claridades que se fazem visíveis depois do instante em que se vê alguém se esvaindo e virando memória, tem despedaçar, tem ausência constante e repetitiva ao longo das manhãs quietinhas, tem uma culpa sabe-se lá de quê agarrada na lembrança de um nome e tem, sobretudo, saudade. É tudo tão vago e entranhado que nunca mais serei a mesma, nem sei quem é que foi esse corpo um dia, só sei que as minhas palavras, concisas e simples, sem nada de bonito, pouco dizem sobre o que flutua agora entre as paredes dessa sala, mas não é como se tivessem se perdidos todos os propósitos. Você busca maneiras, inconsciente, de tratar de si se articulando somente a coisas gentis do mundo, mas uma hora a dor te atravessa lancinantemente e avisa: cheguei! é inútil redirecionar-se e fazer de conta que se é maior que isso! aceitemos-na! Aceitemos-na como quem aceita um sentido novo pra os próprios delineamentos e nos tornemos capazes e dignos de modificar as ondas da pura transmissão de silêncio em frequências mais altas e dotadas de significados. Eu quero nunca me remediar com o vazio e encher de vazios algo grande grande e te mostrar pro mundo da forma que eu te tinha para mim. Eu quero mais do que caiar um pedaço de cimento como forma do meu sentimento-amor-responsabilidade-dever e pintar tua feição de movimentos pro mundo inteiro enxergar o que eu sempre via mas fazia questão de colocar abaixo de alguns desarranjos. Eu quero nunca me sentir culpada, senão, pelo que eu posso ou não realmente sistematizar como forma de reconhecimento e afetos diversos. Mergulhar na dor como quem vai pro fundo de lupinha na mão afim de voltar com os tesouros dessa imagem e ressignificar pra outros olhos e poder falar de tudo que eu sinto sem ter medo de medir as sílabas que saem bem construtoras do meu coração partido. Girando com o tempo e aguardando pra ver até que eu aja sobre ele.
Primeiro escrito sobre algo que eu nunca quero parar de mencionar.
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a gota pintou no caderno e molhou falei ah não, essa caneta é boa essa palavra é forte, apagou tudo. engraçado; a vida
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eu, se não escrevo, não existo no mundo. enlouqueço. enfarinho. desintegro. tenho palpitações nervosas com consequências biopsicoplasticas e a expressão facial é quem fala e não é fácil mostrar-se transparente no mundo. se eu não regurgito vou deixando de criar e de ser um verdadeiro troço que permanece nesse meio de sábios que se lambem com seus próprios saberes. se eu vou deixando-as passar, as bizarrices cotidianas dão as mãozinhas umas as outras, formam uma bolha de repetições e me englobam na rodinha gritando o tempo inteiro nos meus ouvidos e de dentro pra fora de minha cabeça que eu tenho uma essência, sim! ai, queridas, vocês não me conhecem. nem eu. mas sei que sou reversível e que há beleza no diferir (ué, não é óbvio?). fico com preguiça e me jogo nos cantos, movendo cada vez menos partes do corpo, não por inércia, não por desistência, mas para me poupar. o corpo é sagrado, minhas vilosidades têm alma, creio que merecem descansar. e a cada dia a necessidade de construção se perde, quando eu não sei o que erguer. quem sabe não tenha que nada. as semanas só confirmam a condição de estrutura. tenho tanto medo de pra onde estou caminhando. acho que a bolha sou eu. o tempo corre tão depressa que, quando se respira, terminou e isso não parece ainda estar claro o suficiente. mas há formas. há setinhas animosas que correm envolta das págininhas da vida querendo dizer "menina, é esse mesmo o caminho! segura na nossa perna e contorna!". e então: há saída. eu, se não escrevo, não sou eu.
HÁ UMA FALTA DE C-A-P-T-A-Ç-Ã-O
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Marieta passou cinquenta e cinco minutos estática de bunda aquadradando numa rocha dura encarando o espaço entre o ponto onde o sol nasce e o céu, propriamente dito. De lá, dava pra ver a fumacinha condensada que se forma em cima dos espaços cheios de água, era bonito. Era como se tudo o que ela tivesse presenciado nos outros dias não passasse de uma não verdade, as coisas não faziam muito sentido. Em alguns momentos que mais tinha certeza do que queria, sua mente era dotada de uma tal iluminação, de um amontoado de tópicos subsequentes que explicavam o porquê de querer tal coisa, era muito assertivo, não tinha como estar errado. Mas estava. O clarão da sua consciência era aquela fumacinha que se desmontava e perdia consistência logo que o sol nascia, o pensamento verdadeiro era muito efêmero. O céu, então, começou a clarear e tomar um tom alaranjado, um rosa quase que amarelo, não conseguia encontrar em seu vocabulário colorífico uma cor que representasse aquela. Os olhos encheram-se de água. Quis ter alguém muito próximo perto para abraçar, mas só haviam desconhecidos. Marieta ouvia as palavras dos outros do seu lado e pareciam estar falando-lhe em outra língua, nada entendia, só que aí, o estalo! Sentiu que não precisava entender. Viu que eram dotados de áureas mágicas, não por estarem ali, não por estarem rosados, mas por serem humanos. As mulheres mais pareciam sereias, sentiu um misto de vontade de tomar trejeito delas com doar características suas para ver integradas no corpo das duas. Os homens pareciam duendes dotados de um conhecimento que ela nunca teria tido acesso se não estivesse ali naquela manhã. O holandês cintilava. O pendurado na árvore poderia saltar e sair flutuando a qualquer momento. Era como se, de alguma forma, Marieta estivesse recebendo uma benção dividida em partículas que recaía sobre ela pausadamente ao mesmo passo que os primeiros raios de sol mostravam graça. Lembrou dos antigos desejos, que eram da semana passada, mas poderiam muito bem ter sido de vinte anos atrás observados a partir daquela perspectiva. Nenhum deles fazia sentido. Queria se livrar de todas as suas crenças anteriores e montar um novo eu, queria voltar pra quando lembrava constantemente do quão bem lhe fazia escrever e não perder essa sensação nunca mais, queria não mais sentir-se dependente do outro ou de qualquer coisa, queria conseguir desprender-se de si mesma. O sol nasceu por completo, aquecia como tardes de verão, eram sete e treze da manhã. Marieta tirou os casacos.
amanhecer em um canto de minas gerais
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há de se aprender a se auto analisar a se auto interpretar há de não se romantizar e então a se reenergizar não vá se estressar não ouse ainda empatizar e se te toca, não vai dar sê só vazio ou vai babar mas não o vazio popular põe 2, 3 coisas no lugar 1 troço desses singular mas sempre a se distanciar e o teu desejo? é só guardar ou se consegues, desviar e o teu caminho é quase lá vai quase para algum lugar
rima boba, no ônibus
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La noche me dinha dijo que no había lugar para escapar, cierrando o no los ojos mañana habería de llegar. Puse siete u ocho cosas en mi lista, pero estos luchavan con hermanas anteriores. Entonces me sentí una acumuladora de cositas, pero de alguna manera, las cosas-obligaciones. Quería beber algo muy rapido, pero no tenía ganas de más cerveza, queria blancos, rosados o cualquier otro espumoso que sea. Pensé que me estaba volviendo vieja o simplemente quedando loca en mi, me pregunté la primera opción, pero la canción terminó solo, foi sí.
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