Tumgik
incasulo-blog · 10 years
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Eu te abri no meio para sentir que eras feito de vento, pra ver que não havia nada brilhante e encantador dentro de você. Eu fingi que você era pouco pra que seu muito não acusasse o meu vazio de insignificante. Eu te esmaguei porque eras grandes e se desse errado seria o meu tão temível fim. E no fim do que você era eu fui vazio aterrorizante, aqueles que amassam, gritam, arranham e choram desesperados como uma tempestade. No fim do seu ar eu fui um choro profundo, um grito que atravessava o mundo inteiro, tão pesado que me furava. No fim, quando terminou o meu anatômico trabalho de te desmembrar em nadas, eu fui uma sede enorme de você.
Vinicius Haia
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incasulo-blog · 10 years
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incasulo-blog · 10 years
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Eram exatamente 12h da tarde quando ele entrou no ônibus e foi embora. Sentei na praça e vi ele se afastar, vi ele entrar na boca do onibus ser engolido e empacotado por ele e , por fim, vi o ônibus se afastar e à medida que se afastava o mundo se esvaia aos poucos, na mesma proporção que o som do motor abandonava a praça, como em degadre. A cidade era pequena e a essa hora estava deserta. Eu continuei sentado vendo o mundo e o mundo ardia de calor, ardia os meus olhos por tanta luz e minha respiração era seca. O mundo era seco, o mundo era árido e ardia e, meu Deus, como ardia! Ardia em violências microscópicas. Sentia o sangue escorrer por debaixo da minha pele e por todo o meu interior, como se fosse hemorragia. Eu não chorei, só ardi no mundo árido que ele tinha deixado pra mim. Se ao menos fosse noite eu poderia chorar e o escuro da rua iria me acolher, mas era meio dia e ao meio dia nada é acolhedor. Se eu chorasse ali, naquele momento, ia ser como, no centro da praça, abrir os braços, olhar pra cima e vomitar espinhos negros e aversivos que cresceriam alto em direção ao céu. E o mundo criaria espinhos contra mim, porque ninguém chora ao meio-dia. Então, só sentei e fiquei sentido uma substância forte me dar murros por dentro, do mesmo jeito que um prisioneiro num porão bateria no alçapão fechado. Eu sentei e senti essa substancia apodrecer dentro de mim e me deixar exausto, cansado e entregue, como quem vai desmaiar. Fechei os olhos, senti sangue entre meus olhos e as pálpebras e quando abri os tais olhos agora sujos de sangue senti que não conseguiria ir pra casa sozinho, eu não conseguiria sair dali. Mas eu fui. Eu andava, mas eu não era meu corpo. Meu corpo era uma máquina que me levava nos braços completamente desmaiado. E eu era só esse cansaço. E o mundo ardia arido, ardia forte. E eu atravesava aquele deserto daquele mundo suspenso em braços mecânicos. Mas eu seguia, eu continha a minha dor e seguia nos braços de mim mesmo. E cheguei enfim em casa, me coloquei na cama como se fosse uma criança. Lá estava frio. Eu ficaria bem.
Vinicius Haia
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incasulo-blog · 10 years
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Acho tão bonito casais que duram. Não importa o tempo, o que vale é a intensidade. Querer estar junto vale muito mais do que estar junto há 20 e tantos anos só por comodidade. Sei que estou falando obviedades, mas hoje vi um casal de velhinhos na rua. Acho que o amor, quando é amor, tem lá suas dores bonitas. A gente vê uma cena e o coração fica emocionado. Nos dias de hoje, com tanta tecnologia, com tanta correria, com tanta falta de tempo, com tanto olho no próprio umbigo e nos próprios problemas, com tanta disputa pelo poder, pelo dinheiro, por ter mais e mais, sei lá, acho bonito ver um casal de velhinhos na rua. A mão, enrugadinha, segura a outra mão. A outra mão, por sua vez, segura uma bengala. Falta equilíbrio, sobra experiência. Falta a juventude, sobra história para contar. Falta uma pele lisa, sobram marcas de expressão que contam segredos. Envelhecer não é feio. Em tempos de botox, a gente devia olhar um pouco para dentro. De si. Do outro. Do amor.
Clarissa Corrêa.  (via c-u-i-d-a-r)
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incasulo-blog · 10 years
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incasulo-blog · 10 years
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incasulo-blog · 10 years
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Em tempos em que quase ninguém se olha nos olhos, em que a maioria das pessoas pouco se interessa pelo que não lhe diz respeito, só mesmo agradecendo àqueles que percebem nossas descrenças, indecisões, suspeitas, tudo o que nos paralisa, e gastam um pouco da sua energia conosco, insistindo.
Martha Medeiros. 
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incasulo-blog · 10 years
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“Então. Qual seu nome? “Anabell.” Não, seu nome verdadeiro, o da carteira de identidade. “Ah. Tanto faz. Aquela pessoa não é a mesma que está aqui.” Ok. Eu respeito. É verdade que vocês não beijam na boca? “É. Nem pense nisso.” Você quer uma bebida ou um cigarro? “Não, obrigada. Larguei o cigarro faz onze meses. Você também deveria parar. E não bebo em serviço.” Relaxa, garota. Você não bebe nem coca? “Não tomo refrigerantes, eles engordam. Mas aceito uma água, se você tiver.” Tenho. Vou pegar pra você. “Que filme é esse?” Acho que é Encontros e Desencontros, da Sofia Coppola. Já passou trezentas vezes nesse canal. É legalzinho, até. “Eu acho essa atriz linda.” Scarlett Johansson. Ela é incrível. Gosto de mulheres de beleza não óbvia. Aquele tipo que se você procurar algum defeito, acha vários. Mas ainda assim. “O que você vê de feio nela?” Sei lá, o nariz. Ela parece um porquinho. Sua água. “Obrigada. É um nome interessante, ‘Scarlett’. Talvez eu troque o Anabell para Scarlett.” Não faça isso. Eu gostei de Anabell. E Scarlett não cai bem, sei lá, me lembra Escarlatina. “O que é isso?” É uma doença. Infecciosa, eu acho. Não sei direito. Mas eu gostei de Anabell. Então, Anabell. Como vão as coisas? “Como?” Sei lá. Me diz alguma coisa sobre você. “(Risos) Você sabe que podemos pular essa parte, não sabe?” Eu sei. Só que eu quero saber. O que você quer da vida ou como veio parar aqui. “Não quero nada dessa vida, a não ser… mudar de vida. Eu não desisti dos meus sonhos, mas às vezes acho que eles desistiram de mim. Cansaram de me esperar.” Há tempo, você é tão jovem. “E vim parar aqui porque você pediu uma morena de um metro e sessenta, mais ou menos, uns 23 anos, estilo clássico e sem muita maquiagem. Foi o que me disseram. É sua primeira vez?” Sim. Quero dizer, não. Já fiz sexo outras vezes, só que não com uma puta. Desculpa, eu não quis dizer isso. “Tudo bem. Eu sou isso, o que vai se fazer?” Ainda assim, estou me sentindo péssimo. “Não foi nada. Acredite, já passei por situações bem piores.” Você gosta? “De quê? Me prostituir? Não. Adoro sexo, mas na maioria das vezes não me divirto com isso. Os caras com quem quero dormir são decentes e não pertencem a esse meio. Era pra ser uma coisa, você sabe, temporária. Só que eu comecei a tirar dois mil por semana e o resto você sabe. Quando atendo uns gordos suados, velhos, grosseiros e infelizes é uma uma briga.” Sério? “Sim. Vou pra casa muito irritada, querendo sair desse inferno que eu mesma criei.” Imagino. “Você quer transar?” Não, na verdade. “Você não gostou de mim?” Gostei. Você tem uma feição bonita. Seu corpo é maravilhoso, até onde consegui ver. Adorei seus pés, são pequenos e bem cuidados. Seu cheiro é gostoso, também. “Obrigada. Mas?” Sei lá, não estou mais a fim. Acho que eu estava me sentindo meio solitário, meu telefone não tem tocado muito ultimamente. “Você vai pagar pra alguém falar contigo, é isso?” (Risos) É. Acho que sim. Patético, eu sei. É que, atualmente, encontrar alguém pra trepar anda mais fácil que alguém disposto a escutar você. No futuro sua profissão será extinta, e nas esquinas haverá pilhas de gente com bons ouvidos, anunciando uma hora de papo por cinquenta contos. O cafuné será o novo boquete. “(Risos) Não é o que fazem os analistas?” Verdade. Mas eles não têm seios bacanas, geralmente, o que certamente é um diferencial. O que eu quero dizer é que, de alguma forma, o mundo está cheio de virgens, todos eles esperando por uma boa trepada com amor. “(Risos) Tá bom. Mas você ainda vai me pagar, não vai?” Duzentas pratas. “Isso, duzentos. E o táxi. Duzentos e vinte.” Combinado, pode deixar. “Você sabe, eu preciso. Se não fosse isso…” Tudo bem, não encana. “Uma parte não é minha e a outra quero guardar para meu filho.” Você tem um filho? “Não. Ainda não. Mas quero, um dia. Não vou ser prostituta para sempre.” Torço por você, Anabell, se é assim que você quer ser chamada. “Como você foi atencioso e gentil comigo, pode me chamar de Letícia, é o meu nome de batismo.” Letícia. Bonito nome. Nunca conheci uma Letícia que não fosse uma bela garota. Você é uma bela garota, Letícia. “Obrigada. Você tem certeza que não quer fazer sexo?” Sim. Hoje não. Valeu. Se você quiser se sentir útil, pode lavar a minha louça. A empregada não apareceu. “(Risos) Eu lavo.” Obrigado. Eu odeio lavar a louça. Mas se não tiver vontade, se achar meio machista da minha parte, não precisa também. “Não, não, eu lavo. Não vamos fazer o negócio, então?” O clima se foi. A coisa mudou, acho que eu não conseguiria fazer sem beijá-la na boca. E não quero violar seus códigos de ética. “Certo. Outro dia eu volto, então. E aí a gente faz. Você sabe. Sexo. Se você quiser.” Hum. Não sei se pretendo gastar outros duzentos com isso. “E quem falou em dinheiro? Já tenho cinco dígitos na minha poupança. O que eu preciso é de um orgasmo sincero e um bom beijo na boca.” Se é assim, eu pago.”
Gabito Nunes. 
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incasulo-blog · 10 years
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A gente reclama muito da dependência, mas como é maravilhosa a dependência, confiar no outro, confiar no outro a ponto de não somente repartir a memória, mas repartir as fantasias. Confiar no outro a ponto de esquecer quem se foi assim que o outro esteja junto, é talvez chegar em casa e contar seu dia e só sentir que teve um dia quando a gente conta como foi. É como se o ouvido da outra pessoa fosse nossos olhos. Amar é uma confissão. Amar é justamente quando um sussurro funciona melhor que um grito. Amar é não ter vergonha de nossas dúvidas, é falar uma bobagem e ainda se sentir importante. É lavar louça e nunca estar sozinho. É arrumar a cama e nunca estar sozinho. É aquela vontade danada de andar de mãos dadas durante o dia e de pés dados durante a noite.
Fabrício Carpinejar  
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incasulo-blog · 10 years
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As estrelas que dissemos que contaríamos juntos começaram a esfriar na noite de ontem. Não virou manchete quando derramaram nanquim no meu céu. Olhar pro infinito e não ver nada é cair em si. Deixar você partir foi como cair em mim, tropeçar nos meus próprios cadarços e nos meus próprios medos, beber do meu sangue enquanto tentava me esvaziar. Ontem, quando as estrelas esfriaram, tive pena dos cigarros imaginários que fumei esperando que a fumaça incendiasse aquela espécie de ponto final que mora lá em cima. Aquela espécie de limite que quase não posso ver, onde toda e qualquer pessoa com o mínimo de sanidade deseja conhecer quando se acabar. As estrelas que dissemos que contaríamos juntos, não vimos esfriar. Mas eu vi as cinzas se transformarem em uma nova galáxia, onde eu percebi que fui deixando qualquer pessoa entrar esperando que alguma delas fosse você. Eu já não lembro mais do seu rosto, do seu nome e das suas manias, mas as estrelas que contaríamos juntos, esquecemos de contar. Você, que eu não sei quem é, faz parte de mim mais do que todos os meus outros restos. Porque cada dor que eu sinto pode ser você… Então, eu deixo lá. Acumulada como uma estrela morta e sangrada. Todas as dores são lindas como eu lembro que você era. É difícil resistir. A morte de cada estrela é um pedido realizado… Estrelas cadentes e carentes, eu diria. Ontem, meu pedido foi pra ter o que amar. O que você acha que acontece quando as pessoas morrem? Quando os cometas caem? Quando as pessoas que dizem que nunca vão partir, partem? Toda pessoa partiu pelo menos uma vez na vida. Eu me parto ao meio todos os dias. Esquecer de contar as estrelas é uma forma de fazer com que elas vivam pra sempre. E você não imagina como é triste viver pra sempre. É provável que estrelas cadentes sejam estrelas suicidas. Mas minhas estrelas, que de tão minhas são tão suas, esfriaram e caíram, todas elas. Eu sinto muito. Sinto muito se esperei demais para terminar de contar as estrelas. Se fiz elas sofrerem esse tempo todo… Se fiz o céu um pouco mais apertado pra sua alma adolescente enforcada num drama qualquer. Eu deveria ter inventado um infinito e dito que estava tudo bem. Todas as lágrimas, e toda a solidão, todas as noites, todas as luas, todas as estrelas, devidamente contabilizadas. Cada estrela que não contamos conta um segredo meu pra imensidão. Cada estrela que morre sem um funeral é por culpa minha. E, de novo, você sabe o que acontece depois da morte? Você sabe o que acontece depois da morte de uma estrela? Talvez, se eu escolhesse me matar hoje, algum dos seus desejos se tornaria realidade. Talvez, aquele seu desejo de morrer. Porque você sabe que só existe em mim e em mais ninguém. Mas eu não vou me matar hoje. Nem nunca. Só quando eu terminar de contar todas as estrelas. E sim, seria incrível se virássemos mesmo estrelas quando morrêssemos. Você é uma das minhas estrelas, e sabe disso. O que eu tenho medo, porém, é de que você caía qualquer dia desses. Ontem, eu vi uma estrela fria e suicida. Se foi você, você que eu amo e não sei quem é, tudo bem. Eu termino de contar as estrelas sozinho. De novo.
Cinzentos. 
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incasulo-blog · 10 years
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Você não sabe, mas toda vez antes de dormir eu torço por nós. Torço para darmos certo, por que nada deu certo na minha vida antes. Torço para você ser um grande homem e fazer de mim uma grande mulher. Quero dizer que ninguém torce mais pela gente do que eu. Tento dar meu melhor, mas me desculpe se as vezes eu falho. Me desculpe por nem sempre demonstrar meus sentimentos, mas são os mais lindos, pode ter certeza disso. É que essa coisa de demonstrar sentimentos não é comigo, mas eu sinto, sinto muito.
Desconhecido. 
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incasulo-blog · 10 years
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