itmad

[itmad]

há tanto tempo eu procurava um emprego e eu finalmente consegui. na entrevista, estavam mais entusiasmados que eu. me elogiaram bastante. fiquei em dúvida se eu era tudo aquilo que eles estavam falando, mesmo tendo ouvido os mesmos elogios diversas vezes nos últimos anos. talvez o que os meus empregadores do passado me disseram sobre eu ser a pior pessoa com quem eles já trabalharam não seja verdade. talvez eu possa ser uma boa colega de trabalho. uma pessoa responsável e querida pelos demais. alguém com quem possam contar. não que eu não tivesse tentado criar esse ambiente antes... não me deram muita chance, nem acreditaram em mim. me chamaram de mentirosa e, mesmo eu não sendo, aquelas palavras ficaram marcadas em mim até agora, 7 anos depois. talvez os traumas daquele antigo trabalho possam ir embora de agora em diante.

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Desde cedo, passei o dia pensando "eu só queria ser amada". Como se fosse um mantra, falei mil vezes essa frase dentro da minha cabeça, para não esquecer o porquê de eu fazer as coisas que faço. E foi assim que encontrei meu ex-namorado na rua. Ele puxou assunto, disse que não me odeia e que ainda gosta muito de mim. Eu evito pensar nele e na nossa relação. Acho que ele foi a única pessoa que me amou até hoje e, por esse e outros motivos, eu queria que tivesse dado certo. Infelizmente, como sempre acontece nas minhas relações amorosas, ele só pensou em si mesmo e eu fui embora. Me pergunto se em algum momento ele realmente gostou de mim, como se os erros dele apagassem todo o sentimento que ele possa ter sentido. Minha terapeuta me convence que apesar de as pessoas errarem, elas ainda amam umas as outras.

Todos os dias eu imploro por amor. Às vezes, sinto que não mereço. Penso que o amor é condicional, e que só irão me amar se eu fizer algo em troca. Se eu me doar inteiramente; se apagar quem eu sou. Sinto que não irei dar certo com ninguém. Se eu não dou certo com quem me ama, imagina com quem não me ama, que é, de fato, a maior parte das pessoas?

Eu preciso chorar agora porque depois não vai dar tempo... Mais tarde irei me arrumar, receber alguém aqui em casa, preparar pratos libaneses e torcer pra ser amada, só um pouquinho.

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Gosto de quem eu sou, apesar de tudo. Tenho um desejo profundo em ser vista, entendida. Vivo nas extremidades: sou boa demais ou não sou boa o suficiente. Às vezes, consciente demais. Em outros momentos, cínica. Em busca de uma paz de espírito que parece nunca chegar. Por horas, aceito meu destino. Logo, lembro que o destino não existe. É um contrassenso não acreditar na metafísica e ainda assim nutrir uma esperança irreal de que tudo irá se resolver... algumas coisas certamente se resolvem sozinhas, outras, nem com muito esforço. Desejo uma vida calma mesmo sabendo que minha natureza não é pacífica. Sei que se a paz me for ofertada, não irei aceitá-la, porque não a conheço. Sou muito inquieta para acreditar em um estado estacionário. Anseio por mudanças porque nada nunca esteve bem.