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Linhagem Cármica
Era uma noite entre 2005 e 2008, não me lembro bem. Estávamos no meu quarto, olhando a luz da lua, e eu poderia jurar que sentia o aroma de rosas brancas. A música lenta ecoava ao fundo, vinda do bar na esquina de nossa casa. Você pegou minhas mãos e me puxou para dançar. Dançamos por todo o quarto, e o chão parecia tão macio que era como se estivéssemos, de fato, sobre um campo de rosas.
A cada passo, uma rosa se desmanchava, e eu podia ver as pétalas voarem pelo ar. Seu cabelo preto brilhava, refletindo a luz da lua. Eu me via refletido em seus olhos, na mesma cor dos meus. Era tanta coisa em comum.
Mas, antes que a música terminasse, as rosas se desfizeram rápido demais, e nossa dança ficou a cada passo mais difícil. Meus pés, que por um momento repousaram sobre os seus, tentando aprender seus movimentos, escorregaram. De repente, já não me sentia tão confiante. Nossas mãos ainda estavam entrelaçadas, mas o vento começou a me levar, tirando-me do chão. Todas as pétalas ao redor se transformaram em belas mentiras, esvoaçando com força ao meu redor. Nossos dedos perderam a força, e, por fim, desvaneci.
Hoje, já não lembro nem ao menos da mobília daquele quarto. Apenas me perco em pensamentos tardios e nas danças que poderíamos ter dançado. Mas isso não tem nada a ver com eles – os meus desejos e suposições. É apenas minha linhagem cármica.
Fotografia e texto por João Emídio.
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Dizem que crise existencial é um momento de questionamento sobre vários aspectos da vida, como a própria existência, o lugar no mundo, a função nos contextos em que você se envolve, o propósito da vida e o motivo de estar aqui, entretanto há algum momento que não façamos estes questionamentos para nós mesmos?
Vivemos tantos ciclos, pensamos em tantos propósitos, acreditamos e desacreditamos em tantos conceitos. É difícil não pensar sobre a própria existência, mas ao mesmo tempo, será se de fato existimos por algum motivo, ou apenas existimos?
São questionamentos válidos, mas no final o que importa é a trajetória percorrida e as mudanças vividas. Me enchi de tantas referências, pintei, dancei, fotografei, imitei pessoas, tudo em busca de um autoconhecimento realizado em outras almas, deixei de conhecer a minha.
Conclusões talvez nunca apareceram neste enredo da vida, porém viver o presente tem parecido cada vez mais interessante. Continuo dançando, pintando, fotografando. Continuo tendo referências. Mas agora só procuro expressar mais o meu eu atual, e quando ele mudar daqui uns dias, meses, anos, terei as lembranças e certezas de como a vida é mutável.
Outrora João Emídio e amanhã só o conhecerei quando chegar. Fotografia e Texto por João Emídio.
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José (pessoa que mais amo registrar). Fotografias de coleção pessoal, capturadas no ano de 2023.
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Del Rey estacionado na mata pensando em seus dias de glória. Registro capturado no ano de 2023.
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Horizontes Entrelaçados: A dança da maré em uma estrada sem rumo. Registros capturados no ano de 2019.
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Registros da praia da Penha em João Pessoa, Paraíba. Captura realizada no ano de 2023.
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