Distopia
Canção dos mortos
Que maravilha!! O mundo está ruindo
E estou tão empolgada
Estou orquestrando, esta bela melodia
Que bela partitura e não sobrou ninguém para tocar
O chão está se abrindo e mãos nos puxam para dentro
O mundo está ruindo, extinção total
Outros subiram em forma astral
Que diversão, não há para onde correr, as mãos estão puxando
As mãos estão mesmo nos puxando e não sabemos para onde, e isso me excita, nunca me senti assim,
Magnífico! A plateia está diminuindo e meu show ainda não acabou.
Eu ainda estou aqui, não sobrou ninguém para apreciar o ato final da minha esplêndida apresentação
Vibro, eu vibro!!
Caos total. É assombroso
Fito toda destruição com o mais brilhante par de olhos
Não sobrou ninguém
E eu sequer me questionei para onde foram os que subiram
ainda estou aqui
Redenção? Salvação? Punição?
nada disso me importa mais
Não sobrou mais ninguém para ver meu epílogo
O mundo está ruindo e pela primeira fez na vida eu me sinto viva!
Finalmente. Não sobrou ninguém
O mundo ruído agora é meu
Mas Não há mais nada aqui
Apenas a gélida escuridão
Não sobrou… não sobrará nem mesmo eu
Euforia, euforia é o fim
Eu nem acredito mesmo que tudo chegou ao seu prometido fim.
Esse é o grande e esperado momento
A canção dos mortos está pronta
E eu vou em paz, mas eu sei que preciso seguir o roteiro e fazer o famoso clichê das últimas palavras
Droga, eu esqueci de me apresentar, e eu sou a protagonista
Não sobrou mais nada
Talvez minhas últimas palavras, bem antes de desaparecer deva ser humm…
Que se faça luz!
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Monocromática
É de manhã, acordo e é apenas mais um dia cinzento
Bastante úmido, com névoa. Permaneço imóvel na cama
Coragem me vem e faço um café, miro as montanhas
E o dia começa. Almas insatisfeitas rondam a minha casa
Demônios infelizes tentam sair por debaixo da minha cama
Assombrações ansiosas tentam sair do meu armário
Todos tentam uma chance para me buscar e me levar para
Algum outro lugar que sequer imagino qual
Mas os anjos... Os anjos nunca vieram
É mais um dia em minha vida tediosa e monótona
Solidão me consome, angústia me visita, nada incomum
Já fazem anos em que estou presa em dias assim
O frio me suprime a vida, mas sempre me aqueço com café
Eu me inspiro e grito para o céu “ que se faça sol”
... Não fez
É mais um dia comum, comum demais para aceitar
Comum demais para viver, é apenas um dia
Aguente firme! Amanhã virá outro igual e depois
E depois. Mas bem faço eu em suportar, às vezes me divirto
Eu escrevo e penso sobre você, eu escrevo sobre você
Você surgiu em minha vida tão recentemente
Mas me veio em momento bom
Estou pronta para seguir em frente, venha me visitar, por favor
Se não houver nada que goste, pode me deixar sem dizer nada
Estou mais apta em lidar com isso, estará tudo bem
E eu vou continuar escrevendo, até a hora de escrever em minha lápide
Quando a minha hora chegar uma parte de mim irá com as almas
Outra parte irá com os demônios e por fim irei com as assombrações
Monocromática é a minha vida, não posso ser mais do que isso
Não posso ser menos do que isso. É a minha vida a qual me foi concebida
Por hora sobrevivo neste tempo pálido, unicolor
Tempo este que me faz pensar em como eu gosto de você!!
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Bêbado
Ando bêbado nesta madrugada
As trajetórias retas não fazem mais sentido
Acentuo para a esquerda e quase me atiro na pirambeira
Um carro ou outro passa pelo asfalto e só eu no acostamento
Tento me concentrar para não ser atropelado
Mas é difícil pois está tudo completamente rodando
Embasado, não enxergo mais que um palmo
Mas dizem que algo leva todos os bêbados a salvos para casa
Sigo contando com que isso seja verdade
Penso sobre a origem da vida e seu significado perante
Este universo vasto
Também penso em me matar logo a frente
Pulando da ponte ou me cortando quando chegar em casa
Talvez fosse mais seguro ter ficado no bar com os outros
Voltar para casa sozinho é perigoso, pois nem sempre
Essa entidade dos bêbados está com você
Estou sozinho ou não? Quem está comigo?
Por favor segure a minha mão e me leve para casa
Desisto… e me sento no meio do caminho
Pessoas vem em minha direção
São outros bêbados
Eles pedem informação, perguntam onde estão
E então eu percebo que não sei onde estou
Eles sentam comigo e abrem uma garrafa novinha de cachaça
Aceito
Bebemos
O que está sendo conversado aqui jamais será lembrado por estas
Mentes embriagadas, sei que foram gentis comigo
Apagão
Clarão
É de manhã cedo
Estou em casa
Estou a salvo!
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Mensagem para qualquer um
Me vejo tomado em inquietação nesta madrugada ordinária. Pensei sobre a minha vida futura e na minha futura morte. Tópico esse marcado pela urgência. Talvez esteja em momento de crise, porém acabo de me acalmar no momento em que tive a ideia de escrever. Escrevo sem o menor propósito, mas espero a leitura de alheios. É estranho, porém comum. Dias bons e do nada uma crise. Uma crise leve acredito eu. Ânsia indescritível de levantar da cama e rasgar meu corpo por inteiro com as facas que comprei com o propósito de colecionar. Mas uma força mágica me faz continuar deitado apenas fantasiando as possibilidades de derramar sangue no chão. Mas sei lá, escrever é bom. Sinto-me na construção de um documento oficial sobre a minha cabeça e a sua vontade em ser eternizada em palavras. Para qual propósito? Por ora para conter essa crise indesejada. Contando-a estou, porém o que pode acontecer quando eu deixar de redigir a minha cabeça? Por que minha cabeça e não apenas eu mesmo? Somos dois, quatro ou vinte? Somos um só? Impossível. Há quem diga que sim, porém eu sei que não. Minha cabeça idiota, esteve adormecida por tempo e me deixou de lado, mas acorda só para me atrapalhar e enxergar a morte genuína. Brinca comigo. Mas eu sei que fala bem sério. Quem está escrevendo qual parte? Quem fala de você? Eu ou você mesmo? É muito confuso, ridículo e idiota. Mas é você, me ajuda as vezes e já me salvou de muitas mesmo querendo me matar. Muito tosco tudo isso e vergonhoso. Olha, me sinto extremamente envergonhado pelo que está escrito aqui mas eu espero mesmo que alguém leia, pois lendo eu torno isso mais real do que está sendo agora. Deixo vivo um pedaço dessa madrugada de crise. Crise, outra bobagem, será que sou apenas dramático e tudo não passa de exagero? Pois bem, confesso que devo mesmo ser muito rico por ter gasto tanto dinheiro com esse exagero. Me lembro neste exato momento de ter que escutar de uma das pessoas mais importantes da minha vida dizer que é boa parte exagero e que eu faço muito drama. Isso foi surreal, pois o momento em que eu estava desabafando com essa pessoa era um momento de crise onde eu apenas digitava e buscava refúgio e melhoras nas palavras, porém o que foi devolvido foram palavras inimagináveis e cruéis. Nunca pensei que leria algo assim. Doeu, e dói agora pois na hora não dei muita bola mas nossa, está doendo demais agora. Será mesmo que é drama, exagero? Me questionar sobre isso só piora tudo. Todos me fazem acreditar forçadamente que eu estou bem e que foi uma fase. Que fase longa essa, pois ela parece estar bem longe de passar. Não desabafo mais com ninguém. Deixo o meu exagero comigo. Dói. Dói mesmo, ter que escutar esse tipo de coisa. Por favor, que o sono tome esse momento e me faça parar de escrever, pois tenho medo da peça de teatro que posso escrever com o meu drama. Estou errado, cada dia que passa eu acredito um pouco mais nessas pessoas e adoeço vezes mais por dentro. Invisível. E se um dia esse drama me matar, eu me declaro o Shakespeare contemporâneo.
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Você
De começo era tudo muito simples e suave. Apenas dois amantes e um futuro fantasioso. Do prazer carnal ao cerne espiritual de cada jovem alma. A necessidade presencial era prontamente atendida, os problemas não passavam de apenas bobas discussões emocionais. O eu te amo, um sorriso e um beijo, tão espontâneos. De piadas chulas te comprava o riso e de cruéis verdades eu te vendia minhas lágrimas. Éramos um par perfeito. Do caos se formava a ordem dentro de nós quando somados em um.
Um par perfeito.
Vivíamos como tal. Na mais alta torre te escrevi o nome, para que pudesse permanecer intocável. Te escrevi jamais visto poema em folha envelhecida com uma pena de ganso, cada verso era uma confissão de amor e admiração por ti. Cresci te vendo crescer, cresci me crescendo de amor. Se morrêssemos por ali, de súbito, o que estaria escrito em nossas lápides? Pergunta nunca respondida. Vivemos. O mundo era grande demais para cada um de nós, todavia, pequenos demais para nós. Íamos onde nossa vontade dizia. De capricho vivia eu e de vaidade vivia tu. Tão linda. Beleza a qual eu confirmava ser única. Pele como um veludo. Cheiro aconchegante, cabelos tão bem dispostos, fio por fio. Ventre imaculado, bem assim como eu. Viver com você era o sentido da vida pra mim. Preso em um romance platônico, pudera eu mesmo ser feliz? Onde estava a sua felicidade? Foi ofertado tempo ao tempo, e ele havia falado como um deus. Não éramos um par perfeito.
As tuas palavras ensurdecedoras me grampearam a boca ao eco do silêncio atordoante. Estávamos acabados. Mirava-me com os olhos mortos. Me desculpe, nunca tive a intenção de te amar. Fora a sentença que saiu de ambas as bocas fechadas. Havia um mentiroso ali. Sairíamos dali desacompanhados. Estávamos livres das eternas promessas de amor. Não tínhamos mais um ao outro, contudo tínhamos o mundo inteiro a conquistar!
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Ultraviolento
Você é tóxico, não me deixe mais ficar preso em você
Mas ao mesmo tempo é tão gostoso esse seu ar agressivo
Eu te odeio ao passo em que te amo
Mas apenas me deixe
Me deixe e eu voltarei correndo para te tocar
Para suplicar que me deixe ir novamente
E uma vez mais me humilhar voltando até você
O teu veneno me impulsiona a vida
Me enfraquece e busco forças em você
Um paradoxo prazeroso e torturante
Não me encoste ou eu irei me perder e não tenho certeza se irá vir me procurar
Mas me deixe te tocar sempre que eu quiser e em troca eu tomarei todo o teu veneno
Não me perdoe e eu continuarei pra sempre te implorando por perdão
Me dê todo o teu amor tóxico e eu te direi que é tudo culpa minha
Tua presença massiva me suprime a existência
Mas o minúsculo eu não sumirá até que um de nós fale
Por favor, fale você, pois eu já disse. Já disse e tenho medo de dizer de novo. Aquela resposta, não suportaria, eu não saberia o que fazer.
Qualquer uma das respostas... Apenas me diga se me ama ou se me odeia
Acabe com essa agonia rapidamente e declare o teu ódio a mim
Finalizamos assim tudo isso
Que me mate a esperança e reaviva tudo assim em que eu te encontrar
Para me mostrar o quão preso a você eu estou e não posso sair
A tua brutalidade é o meu precioso segredo
E o teu carinho será a minha mais preciosa joia
Você é uma bomba relógio que eu não sei desarmar
Vamos explodir juntos!
E eu continuarei feliz aos pedaços
Você é o meu pecado
O qual eu não preciso de perdão
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Se me contas
Eu não esperava ser acordado nessa madruga por tão surreal notícia. Eu ainda não acredito no que fez . Não conseguia me levantar da cama. Não conseguia parar de chorar. Por que fez isso? Eu me pergunto, a culpa fora toda minha. Eu falhei com você. Poderia ter te ajudado. Havia lugares aos tantos que eu queria te levar, eu até passava boa parte do meu dia pensando nisso, mas errei em apenas pensar e não ter te levado. Agora não podes mais ir, não é? Se mais presente estivesse e mais atento estivesse eu, te ajudaria. Sim,te mostraria o meu quarto, certeza tenho eu que te gostaria a minha bagunça, talvez tivesse me ajudado a arrumá-lo. Se antes eu notasse, te compraria todos os livros do mundo para ler, te mostraria todas as músicas já produzidas, estas te distrairiam a cabeça e não iria pensar em bobagens. Teria feito qualquer coisa se antes eu percebesse. Por que não me contou? Se tivesse eu à tua casa ido nessa madrugada, poderia ter te ajudado. A minha avó estava sempre a costurar e eu sempre a observar. Sabia que quando ela adoecera era eu quem costurava por ela? Até mesmo um cachecol te fiz, porém sem jeito ficava eu para te entregar. Se eu soubesse o que fez minutos antes, teria corrido o mais rápido que uma pessoa consegue correr até à tua casa e teria costurado esse maldito corte em teu antebraço. Mas eu não te estava ao lado. Não é justo…
Não lerei a carta que me deixaste, pois não poderás ler a minha. Tudo bem. Quando eu chegar aí, as leremos juntas.
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Estranha
Estávamos ali. Nós dois. Eu e a garota estranha que eu gostava. A música estava alta demais e nos impedia de conversar. Ela Bebia em pequenos goles seu copo de cerveja. Já eu, estava mamando copo atrás de copo, buscando desesperadamente um agradável estado de embriaguez, o qual me fizesse aproveitar a festa. Não o atingi. Parecia que cada copo finalizado maximizava a minha capacidade em questionar a realidade. Ponderava, primeiramente, o motivo de estar rodeado por pessoas bêbadas em um lugar quente, minúsculo e com música alta e repetitiva. Outro copo se foi: como bilhões de anos de eventos aleatórios ordenados pelas interações de diversas partículas constituintes de grande parte de tudo que se há, resultou num amontoado destas, chamadas de seres humanos, o qual busca entender o que são estas partículas, por fim, o que somos nós mesmos. E outro copo se esvai: por que eu gostava tanto daquela garota estranha? Talvez se eu passasse para as garrafas teria uma tese de doutorado.
Com movimentos que denunciavam a minha falta de coordenação motora eu a acompanhava na dança. Nossas conversas nos levavam a lugar nenhum. Era onde gostávamos de estar. Cantei, dancei e simpatizei fingindo diversão. Nada ali me agradara. Então por que diabos eu estava ali? Ah, era isso! Estava ali apenas para dividir poucas palavras com ela, sua presença era suficiente para me fazer suportar tudo não suportado naquele ambiente por mim, ao menos até a última dose. E a última se foi, e ao ir, presenteou-me com algo que não servia para uma tese de doutorado, na verdade, sequer sabia se servia para coisa qualquer. Contudo, servia demais para mim: de qual forma eu gostava dessa garota esquisita? Uma pergunta que já vinha atrelada a uma resposta. Após isso, nada de interessante passou a acontecer na festa. Já tinha o bastante para me retirar dali. Àquela altura ninguém teria o poder persuasivo para me fazer ficar. Despedi-me de todos, e me dirigi a ela. Disse, "estou de saída, nada de interessante está acontecendo" e prontamente, com um belo sorriso no rosto ela me retornou, "pode ser que aconteça algo até o final".
Fiquei.
Nada aconteceu.
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Artistas
E não somos todos artistas?
Manchando telas em um mundo padronizado
Quadros abstratos demais para serem entendidos
Verdadeiros demais para serem aceitados
O que há de errado com eles, afinal? Apenas os aceite
Todos nós sabemos brincar com as cores
Não vamos tingir os tecidos do jeito estúpido que querem
Nos deixe sozinhos com a nossa arte
Não estamos aqui para atrapalhar
Não estamos aqui para vendê-la
Nos deixe sozinhos com nossas telas
Se somos aberrações demais para dividirmos um espaço no mundo com o resto de vocês, pois bem, pintaremos os nossos próprios mundos
Apenas não nos Atrapalhe...
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Presença
Perdido estou
Não é como se isso fosse um pedido para ser achado
Eu estive por um longo período ausente, sem voz, calado
Você notou?
Não me entenda errado
Não gaste energia alguma tentando me encontrar
Não quero ser encontrada, sem intenção de te preocupar
Não pretendo ser observada
De verdade, prefiro permanecer inexistente
Eu mesmo escolhi me tornar imperceptível
Sem rosto e sem nome, um corpo intangível
Acredite, estou bem assim. Jamais presente
Não se criam boatos sobre uma garota que não existe
Impossível odiar ou amar alguém desconhecido
Posso chorar o quanto quiser sem ser ouvido
Minha ausência por muito tempo ainda resiste
Por favor, note-me
Eu sempre estive aqui, inaudível
Meu coração grita desesperado
Consegue imaginar como dói ser invisível
Mesmo estando sempre ao teu lado?
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Livro
Eventualmente me vejo na certeza de saber de tudo que há para se saber; porém, de súbito caio em confusão profunda. Com notável aptidão me torno capaz de perceber ínfimos detalhes nos mais delicados fenômenos, e quando faço desta aptidão uma ferramenta para desvendar os mistérios dos teus olhos, me cego de tal forma a me tornar incapaz de enxergar o todo. De que adianta tamanha sabedoria se não posso ser sábio o suficiente para não cair na tentação de tocar o teu corpo. De nada vale a racionalidade a qual me fora proporcionada se uma gota de sentimento for capaz de emaranhar o meu raciocínio. Tantos foram os livros lidos por mim, na estante a fileira de páginas se estende por todo o infinito. No entanto, não tenho em posse o livro o qual eu mais cobicei. O livro se exibe de uma magnífica capa, sem título e sem sinopse. Anseio em folhear seus desconhecidos capítulos. “Você é o livro não lido. O conteúdo escondido dentro de um corpo de papel.” Por anos ponderei sobre o motivo de um simples olhar ter me cegado, encontrei a resposta e prontamente a neguei. Um ser racional como eu havia se embriagado de amor. Eu a amei a minha maneira, fantasiando sobre horas de conversas. Criei a ilusão de um livro perfeito acerca de sua imagem. Era inconcebível a ideia de amar alguém mais do que um livro. Pois bem, transformei-te em um. História mal contada foi essa, assemelhava-se um amor platônico a uma pessoa, a qual sequer sabia de minha existência. Você foi a exceção da regra, a minha preciosa descoberta e descobri o motivo de nunca ter me permitido me declarar a você. Assim como cada obra tem seu público alvo, eu apenas não fazia parte do teu. Você é livro jamais lido. Você é o livro o qual eu jamais lerei. Não faço parte da tua história, pois para mim, todas as tuas páginas estão em branco.
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Trago
Eu acendo o meu cigarro e junto o cronômetro da morte se inicia
À medida a qual o cigarro queima os momentos que passei em vida se formam como um filme preto e branco
Risadas, sorriso e lágrimas
A cada tragada uma certeza atrelada a uma verdade
A cada verdade os meus olhos se fecham de tristeza
E quanto mais perto do filtro mais eu entendo sobre a minha vida
Mais eu entendo sobre mim
E quando o cigarro se apaga
A minha existência se apaga
Eu não parto juntamente da fumaça
Eu jazo nas cinzas no cinzeiro
Não há mais cigarro
Não há mais eu
Matsu Lisa.
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Desistência
Surgiu-me uma pergunta a qual, possivelmente, nunca fiz. Qual o momento certo para desistir? Confesso, ao decorrer de minha curta vida já construí uma enorme coleção de desistências . Foram diversas as vezes as quais eu me rendi perante o resultado fantasiado em minha cabeça sem ao menos tentar buscar o resultado concreto. Todavia, diante do meu desejo maior e mais absurdo considerado por mim, em época, não me rendi. Fui impulsionado por uma tremenda esperança, buscava a todo custo acreditar que daria certo mesmo cercado pelos fatores os quais mostravam-se evidente o meu fracasso. Porém, fui até o final e busquei o amor onde não tinha e conheci o amor o qual eu não podia dar. Acreditei fielmente que a culpa fora minha, pois não disse o suficiente e não fiz o máximo. Ponderei que seria a hora certa de me retirar por um tempo e aposentar esse amor. Após longos meses conheci de fato a saudade, não suportava a situação a qual havia me inserido, eu tinha, de alguma forma, errado. Entretanto, este tempo foi necessário para entender o amor que me fora atribuído, o qual eu não entendia. Finalmente eu poderia devolvê-lo em mesmo tamanho e intensidade. Finalmente seria recíproco. Por fim, não foi. Sequer pude receber o amor o qual me fora dado época passada, parecia que ele tinha diminuído com o passar do tempo, me vi sem a menor importância. Mesmo após ter suportado a dor da não reciprocidade e ter finalmente entendido que eu poderia retribuí-lo, ainda sim não consegui. Me fiz a pergunta em desespero profundo: Onde foi que eu errei? Dei o meu melhor para não estragar tudo novamente, e tudo se esvai. Não fui capaz de reconstruir a curta história vivida com você, entendi o seu amor e de mesma forma não fui retribuído. Dancei errado diante da música certa, quando aprendi a dançar, a música foi trocada. Acredito na possibilidade de que eu estava imerso em um mar de mentiras, eu as percebia, porém as ignorava. Novamente me vi estagnado no mesmo questionamento. Qual era o exato momento o qual eu deveria ter desistido? Pois a minha ficção do caos tinha se tornado realidade.
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Mar
E eu nadei
Nadei beirando a exaustão
Devagar, mas nadei
Nadei a ponto de me esquecer por quanto tempo eu estava naquele mar
Já não sabia o motivo de ter começado a nadar
Por que eu estava nadando?
Não havia lugar o qual eu quisesse ir
Por que então as minhas braçadas na água se tornavam mais fortes à medida que eu avançava?
Não... Não
Estava apenas desesperado
As minhas lágrimas já estavam em equilíbrio com o mar
Não... Não
Aquele era o mar das dores que chorei
Continuei a nadar
Era a única coisa possível a ser feita por mim
Não havia peixes
Não havia qualquer resquício de vida
Sim... Sim
Meu corpo vivo era apenas um recipiente para uma alma morta
Após súbita calmaria fitei um borrão
Terra firme
Nadei
Nadei
Quando pude ver com clareza a copa das árvores
E sentir o cheiro da areia molhada
Me afoguei
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DESAPARECENDO
DESAPARECENDO
A beleza da fumaça está em tua visível transparência
Na simplicidade em que os teus desenhos são formados
Abstratos
No majestoso caminho que segue
O caminho a um destino aleatório
Ventos de verão ou ventos de inverno a acolherão
Soprando-a para longe, em direção a um universo de possibilidades
Se dissipando em partículas menores
Até o momento em que perde a sua essência
Fico hipnotizado e fascinado por ela
Perco-me em meus próprios pensamentos
Que por sua vez entram em colapso e se colidem
Sou a fumaça, a qual irá desaparecer sem deixar
Qualquer vestígio de que um dia já esteve aqui
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Sensação
Sensação
Essa sensação é horrível, dolorosa. Arranque-me um braço ou uma perna. Liberte-me. Tire de mim essa sensação, e se nada adiantar, que me tire a vida. Esvazie o meu corpo venoso. Seque meu sangue. Mas, livre de mim essa sensação. Drene a minha alma. Reduza a minha existência para menos que nada. Por favor, afague a minha dor. Suture meus ferimentos. Por mais difícil que seja, salve-me dessa sensação. Saqueie os meus tesouros que em vida conquistei. Impeça toda a negatividade de cair sobre mim, de novo. Espante essa nuvem cinzenta que paira sobre minha cabeça. Vença esse mal. Vença-me. Por fim, desapareça com essa sensação, e se, mais uma vez nada adiantar, tire-me a vida. Mas, por favor, prive-me de sentir essa sensação.
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O mapa que não leva a lugar algum
O mapa que não leva a lugar algum
Noites tempestuosas seguidas de calmaria absoluta. Ondas violentas, ventos traiçoeiros e criaturas épicas. Tripulação um. Apenas eu e esse velho navio feito de madeira barata. Não sei a latitude ou longitude, nem mesmo sei as léguas marítimas. Aposentei a âncora e modifiquei as velas. Agora sem poder retroceder. À deriva no mar, esperando chegar, em algum lugar. Envolto pela noite, conversando com minha única amiga, a Lua. Lua que afaga a minha solitária alma. Observo as estrelas, as quais traduzem os meus sonhos... Distantes. Estrelas que projetam-se na escura água do mar, formando apenas um só céu, uma linha tênue entre o real e o imaginário. Posso satisfazer-me tocando a inverossímil estrela, mãe de todas as outras. Um momento de ilusão confortante, a qual em seu fim me deixa um enorme vazio. Oceano onde... Onde... Onde está o Sol? Eterno eclipse diurno. Se meu navio um dia vir a afundar, ninguém perceberá. Estou perdido desde o momento em que decidi navegar. Não escrevo anais, pois ninguém os lerá. Estou perdendo toda a minha sanidade – pondero se realmente a tive –. Será ali a ilha das fantasias? Será que irei encontrar algum tesouro? Ou alguma sereia? Que certamente apaixonar-me-ei, para depois decepcionar-me e vê-la tudo me tirar. Minhas entranhas arrancar; minha mente emaranhar; meus sentimentos desdenhar; minha esperança aniquilar e o meu esqueleto à mercê deixar. Tranquei tudo o que sou ou que penso ser dentro de um baú, o qual a chave perdi. Tudo está selado até a entropia se finalizar.
Devo deitar-me ao convés ou atirar-me ao mar?
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