juttduertttalks
juttduertttalks
Sem título
7 posts
Don't wanna be here? Send us removal request.
juttduertttalks · 1 year ago
Text
Tumblr media
Interlúdio: Devo saber por agora...
"You should Know by now" - Bad Nerves
E era isso, eu venho escrevendo aquilo que é o centro dos meus traumas como homem gay de mais 40 anos. E dentro da minha mente eu estou cara a cara com esse primo, numa mesa de lugar público, horas eu digo muita coisa, e toda minha dor. Outras eu só escuto. Mas então eu conheci essa música. Meu inconsciente falou, e é ver verdade. Meu desejo já não é mais ou mesmo, nem minha vontade. Hoje me peguei estranhando a forma desapegada que eu olho e penso que não vai dar em nada. Sim...Provável que seja dizer sistematicamente isso. "Help me out, I'm not the same You don't know me now"
Passei tanto tempo tentando achar em outro corpo aquilo que eu queria continuar no corpo desse primo, e eu nem percebia. Enquanto ele zombava, e fazia uma parte daquela rua escrota, rir de mim. Daquele que ele tratou como "putinha". No fundo dentro de mim eu tentava responder " Cade aquele cara?", mas eu nem conseguia ouvir a minha pergunta no meio das zombarias, das fofocas e da solidão. Mas agora, com todas as lentes que a solidão e desprezo por ser Queer, que a vida me deu, eu sei essa resposta. E talvez seja por isso, eu não estou tentando continuar um diálogo que foi interrompido pela vergonha dele , pelo medo de descobrir que talvez gostasse de mim. E por gostar de mim ele fez todo aquele show de horrores. Eu estava sozinho, e estancando com o curativo do horror meu coração ferido. Isso é ser Queer nesse mundo cão. Ao menos não sofro mais então. Eu ja sei a resposta. E na covardia dele, eu vi porque inclusive, ele foi preso.
"Tired of wondering who you are Why do I suffer all alone this time?"
E talvez, eu estivesse buscando o corpo dele, dele do passado, em alguem no presente, pra resolver no futuro o que ficou pendente la trás. E ver esse ponto podre da minha memória transmutado. Estranhar reconhecer meu tamanho como pessoa, depois disso tudo, e ver que não preciso de mais nada desse passado.... Não sinto falta de mais nada
"What a shame Won’t you miss the days when you've got one left Maybe- I don’t know"
E dentro da minha mente esse refrão ecoa, e me olhar assim, e saber que vou dizer não ao que não cuida bem de mim. Doce e certeiro. Eu quero escrever mais, descobrir pra falar mais desse sentimento, e me mostrar, quem eu sou.
"Show me who you are You should know by now You should know by now Who you are"
E tentando achar esse primo, nossa eu me envolvi com cada porcaria. Dei brilho pra quem só merecia desprezo, desejei coisas que não ficam no meu caminho. Me senti mal comigo mesmo. E tudo por que? Eu queria fazer dar certo o passado ruim, com alguém do presente, mas no futuro. E foi escolha minha. Inclusive a solidão Que bagunça...
"What a mess I've made of my mind What is true? Yeah and everything you said you'd do"
E o que importa? Tudo isso passou, tudo isso eu sei. E depois de tanto tempo pendurado nesse grande freixo, eu tiro a lança que me pus e pego as letras mágicas pra trançar minha própria mágica. Eu sempre soube tudo isso é passado. E eu to vivo, eu posso continuar. Disso eu sei
0 notes
juttduertttalks · 1 year ago
Text
3a lembrança: a toalha protuberante
3a lembrança: a toalha protuberante
Essa lembrança é de um momento crucial. Foi um momento curto,, mas o suficiente pra me trazer problemas pro restante da minha vida. A essa altura eu tinha 14 anos, já era deslocado no meio de um monte familiar machista, com cultura patriarcal. Eu já era tido como "viadinho", nunca tinha aparecido com mulher, e pra completar sou filho de um pai não apenas ausente, mas ele incentivava que outros parente s me atacassem verbalmente. Eu tinha 13 anos. Meu quarto dava pra janela da casa desse primo. Não me lembro bem como começou, sei que ele entrou na sua casa, disse alguma besteira. Eu deveria ter fechado a janela, mas no fundo, queria ver o que ele faria. E vi, ele sai pro quintal de toalha, naquele momento da vida tinha um pau enorme. Eu queria continuar vendo, mas neguei, fiquei assustado com o que poderia acontecer. No fundo, eu sabia que tava atraído por ele, e sabia que havia algo diferente nesse incesto. Algo que me fazia sentir um misto de medo e tesão. Não demorou uma semana para que ele contasse que fez e aconteceu comigo para as pessoas na rua. Justo aquela rua, um lugar deprimente, típico de um subúrbio cuja a língua é violência psíquica. O que se seguiu me gerou um trauma imenso, com a família recheada de violência verbal, psíquica, e física ( meu pai molestou muitas mulheres, e esse meu primo é por parte pai), não foi uma coisa muito boa. Eu suprimi essa memória. Só fui lembrar dela no início do ano, quando sonhei que transava com esse primo. Mas a sensação no tato de estar com as linhas do pau dele no tato ainda circulou por muito tempo, disfarçado de fetiche, ou de algum tipo de desejo por caras de pau grande que vi pelos aplicativos. Hoje, depois de levar isso pra terapia, nomear e transmutar essa dor, não sinto mais nenhum desejo que "reviver a cena". Me sinto mais livre Eu fiquei só a vida toda pra lidar com tudo isso, e muito pouco apoio. Esse primo hoje vive de tornozeleira. O pai dele é um cara muito barra pesada, e literalmente o usou pra seduzir e gay mais velho, passar os terrenos pra esse primo, pra que assim os vendesse. Claro eles mataram o "amante" em questão.
1 note · View note
juttduertttalks · 1 year ago
Text
2a lembrança: Camas e Mulher maravilha
Tumblr media
Entenda, remonto essas lembranças dentro de mim, pra desmonta-las, no fogo dos utensílios de vidro, no gás da ebulição, e assim transmutar tudo isso na pedra mágica da resolução. Porque o fogo pra essa operação está dentro de mim não preciso de ninguém, a não ser essas palavras, acesas. Naquela época tinha inverno, eu tava com frio num casaco verde claro, meu primo também. Me lembro do contorno do peito dele debaixo do casaco ( e até hoje, quando olho um homem na rua, eu procuro esse contorno...) aquilo me produziu um sensação estranha. Algo daquele contorno circulava em mim. Eu tinha 10 anos e ele 13, e no fundo eu sabia que ele tava me chamando pra mostrar o pau dele de novo, tanto que eu queria e fui. Tinha recém comprado um boneco da mulher maravilha, tinha levado pra brincarmos ( de fato eu não tinha outra coisa em mente). Me lembro do pau dele ficado duro, e ele posto a boneca lá. Eu sabia que tava gostando, mas ou mesmo tempo não entendia o que se passava. No fundo ele contou varias posições, fizemos sarro um no outro. Até que ele pegou a boneca colocou no volume do pau dele, e no do meu ( ou no que tinha na época). Depois, ficando de quatro, pediu pra e eu o sarrasse. Depois trocamos. Fizemos isso entre a cama dele e a do irmão mais velho dele.. Na hora foi prazeroso. Fiquei anos pra entender que a memória daquele momento , por ser sido sinestésica ( mais precisamente se repetia com as linhas do corpo dele e da cor dele no meu tato), marcou profundamente minha vida. Os caras pelos quais me atrairia lembrariam de alguma forma ele nesse momento. Sai da casa da minha tia num misto horrorosamente forte de culpa ( e se descobrirem?), de pouco entendimento que começava a rolar nos meus sentimentos. Sinestesia eu so entenderia décadas depois. O que ele faria comigo depois seria pior.
0 notes
juttduertttalks · 1 year ago
Text
Féu do desejo 1
A primeira lembrança com um primo
Esse primo fez parte concreta do conjunto de traumas que me constituem o homem gay que sou hoje.
Muitas das minhas fantasias se dissolveram quando olhei pra essas cenas
Escrevo aqui no intuito de transmutá-las. Espero que de uma vez por todas.
Minha pele treme com o azul avermelhado daquela tarde quente atravessando rápido.
Era para ser uma brincadeira inocente.
Mas como vi sem constar ao longo dos anos, uma criança gay nos anos 80 terá sua inocência devorada pela hidra que fica entre a confusão e o medo.
Brincadeira inocente de polícia e ladrão.
Eu devia um menino viado na real, mas eu não sabia o que era isso.
Eu gostava da companhia daquele primo, me sentia próximo, um tipo estranho de irmão.
Naquele dia polícia e ladrão tinham bexigas cheias d'água, e brincamos na casa em construção que ficava isolada.
Meliante e agente da lei terminaram molhados dentre o esqueleto de paredes vermelhas.
Acho, porque não me lembro, que ele me viu reparando no seu penis ereto debaixo da roupa molhada. Óbvio pra alguém de 8 anos aquilo era enorme. E eu nem sabia o que era.
Eu tava atraído, mas não entendia.
Ele me pediu pra tocar, e tocou na minha frente e por trás também.
Até que uma tia apareceu
Passei anos pra entender isso.
Foi preciso uma jornada ao Hades, sem lira ou Caronte.
Entender que a necessidade de estar nu no chuveiro com outro cara nasceu dessa situação. E vômito para olhar pro desejo de maneira mais clara, pra não querer mais fechar o passado com alguém no futuro.
Que tudo se feche em mim. Porque eu posso.
Aquele foi o começo
Tiveram outras vezes. Pois só agora vi que esse primo foi uma amarga primeira paixão.
0 notes
juttduertttalks · 1 year ago
Text
Condições
- Você quer carinho? - Sim, e de você... - Cadê sua foto na academia e aquela barriga tanquinho raspada? - Mas esse não sou eu... - Mas esses são os que merecem carinho. Sinto muito
0 notes
juttduertttalks · 1 year ago
Text
Bastou um Detalhe
Ok, eu abri aquele app gay que mais parece a boca do lixo. Sim eu sei que eu to na Z.O. do Rj e aqui o afeto mais profundo vai da cara que o parceiro faz no momento leitoso do clímax até a cara de cy que cada um vai embora fingindo que aquele orgasmo é igual cocô: fez, deu descarga, acabou. Algo em mim queria me dar uma chance. E lá foi, fotos de genitália dura debaixo da bermuda... cueca. Calças de moletom que parece um tipo de barraca de outra de dimensão (e de fato eu me pergunto se quem fica passivo naquilo vai pro proctologista. Se o médico é da confiança de muitas idas. Até que teve aquele rosto, com um sorriso. Aquelas curvas rasas que o corpo magrelo me provoca. - Boa noite, você bonito... - A poxa brigado , você também. Dai a conversa cambou pra filmes e coisas semelhantes. As coisas foram se aproximando. Até que chega o momento que eu digo que achei ele interessante, e quero conhece-lo pra descobri porque... Assim, depois disso foi mais fácil eu ir conversar com minha porta. Num outro tempo me perguntaria o que houve. Hoje eu sei, "ah, foi isso". Aqui não é Ipanema do filme, nem a Europa. Ma vida real tem o corpo negro o moreno, o gordo, o magro. E com isso tem as marcas da vida, da violência psicológica e sistêmica. Tem o eco neopentencostale da Vila Militar dizendo que seu afeto é sujo, e que o alvo do sonho americano: carrão, casão, mulher-dois-filhos, não vai acontecer pra ele. Não comigo do lado. Aquela música do Lulu Santo é ótima, mas só serve do Centro até a parte limpinha do Recreio dos Bandeirantes. Aqui pra Z.O. é quase que nada. "Seu afeto é sujo, ninguém pode te achar bonito por achar. Nenhum cara pode querer saber quem você é de verdade, a não ser que seja pra trepar e sair fora." A sociedade bate no casal gay euro-americano branco. Mas aqui, a sociedade não apenas bateu, como tomou a alma, o afeto. Só resta as escapadas de banheirão, ou "ativo ou passivo cl". O único final feliz é quando, no segundo após vestir a camisa, depois de colocar a bermuda, que alguém sente um vazio no peito. Nesse milésimo de segundo esse cara pode pensar mudar...Se não houver um contatinho pra depois, claro.
Tumblr media
2 notes · View notes
juttduertttalks · 1 year ago
Text
Naquela Sala
Eu tenho problemas com unha encravada. Mas fazia anos que não vou a um podólogo, e de repente, precisei ir. Eu moro na periferia. Sou um gay que saiu do armário após uma coisa chamada "Reação aguda ao Stress", eu tinha 30 anos. Demorou uns anos pra entender que além de gay eu sou demissexual. E mais uns anos, traições e choro pra descobrir que tudo isso interage com sinestesia. O que em si nada disso é um problema. Mas quando se está na periferia do Rio de Janeiro, isso é um inferno. Entre gays? Tudo aqui é mentiroso, e alguém fala com você esperando achar na próxima lista o gay branco musculoso morador da Barra ou do Recreio ( tipo a grande diversidade de casais gays que a gente vê aqui, branco, musculoso etc).
Eu estava esperando minha vez, sentado numa cadeira. O podólogo que vou é uma sala média dividida em cubículos, o que deixa apenas três cadeiras pra minúscula recepção.
Então chega três figuras, que pra mim é o símbolo máximo da periferia do RJ, um pai com pinta de machão, a mãe com ar de silenciosa, e a filha com celular na mão.
Eles entraram, ocuparam toda a recepção. A sensação que dava era de ouvir um diálogo que ainda pairava no silêncio "vou ao podólogo. Eu vou com você. Ah eu também vou"
Tumblr media
Eu fiquei de fora, e mesmo sendo minha vez eu fui deixado de lado. Um outro senhor, bem idoso também teve que esperar em pé, pois os três olhavam solenes os seus celulares com tédio e sentimentos de família tradicional. Entenda, não sou contra família. Eu Não gosto de mentira. Não gosto de ser tirado do meu lugar de maneira injusta, apenas porque não tenho uma família, não sou metido a heterossexual, e não mando em mulher, pois não tenho uma. A verdade é que quanto se brinca de diversidade com corpos malhados e brancos, tem uma série de gays que perdem seus espaços, sofrem violência de várias formas e moram nas ruas. De vários corpos, feios, sujos e pobres. Que como eu naquele dia ficam olhando um trio de pessoas ocuparem meu espaço sem pedir licença, ignorando os meus direitos. E falo porque sei dos meus deveres. Ser gay, acima dos 40 ,na periferia do Rj com influência histórica da Vila Militar é como olhar o tédio amarelo pastel entre os três membros da família que ocupavam enormes aquela sala. Num tem ceninha gay de cinema. Num tem coisa leve. O que tem é o peso de aprender a existir e muitas vezes observar.
1 note · View note