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Konbini Scans
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Olá, nós somos um pequeno grupo de tradutores e revisores que pretende usar o tumblr por um tempo para postar nossas traduções de novels.
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konbini-scans · 6 years ago
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Ascendencia de uma Maniaca por Livros - 002
Ascendance of a Bookworm 
002 - Uma Nova Vida
Bang! Bang! O barulho de alguém batendo no chão ou em uma mesa me incomoda até acordar, onde quer que eu estivesse dormindo começa a balançar para frente e para trás. Com cada oscilação, um raio de dor invade meu crânio como se eu estivesse sendo acertada na cabeça, e eu deixo escapar um pequeno grunhido.
Fique quieto… Por favor… Fique quieto...
Os barulhos e vibrações irritantes não param, continuando num ritmo continuo, não me deixando dormir nem um pouco.
Eu permaneço acordada, dolorosamente ciente das vibrações que reverberam pela minha cabeça zonza. Eu tampo meus ouvidos, esperando que isso vá embora. Me mover parece estranho, como se meu corpo não estivesse fazendo exatamente o que eu mando fazer. Todas as minhas articulações estão doloridas, e eu sinto meu corpo inteiro febril, como se eu tivesse pego uma gripe.
“Ugh…”
Eu preciso dos meus óculos para descobrir o que está acontecendo. Com meus olhos bem fechados, eu procuro ao redor pelos óculos que eu sempre mantenho perto do meu travesseiro. Meu corpo todo está um pouco dormente, e os movimentos dos meus braços estão lentos. Conforme eu me contorço, alguma coisa debaixo de mim faz um ruído parecido com grama ou papel.
“…O que está fazendo esse barulho?”
A voz que sai da minha boca parece muito aguda, quase infantil. Isso pode ser porque estou doente, mas não é nada parecida com a voz que estou acostumada a ouvir. Mesmo que eu não queira fazer nada além de dormir até a febre passar, eu não posso só ignorar todas essas anomalias ao meu redor. Eu abro meus olhos devagar. Meu campo de visão é distorcido, graças a essa febre extremamente alta. Eu não sei se são as lágrimas nos meus olhos me ajudando a ver no lugar dos meus óculos, mas tudo é muito mais nítido do que o normal.
“Eh?”
A primeira coisa que eu vejo é um teto que, embora possa ter sido branco originalmente, foi se tornando manchado de preto com fuligem. Um certo número de espessas, vigas pretas o mantem para cima, no meio delas uma aranha construiu uma teia enorme. Isso não é absolutamente nada parecido com qualquer quarto que eu me lembre.
“… Onde eu estou?”
Eu olho ao redor do quarto, mantendo minha cabeça perfeitamente reta para não balançar as lagrimas em meus olhos. É obvio, pelo que eu vejo, que muito do que está ao meu redor é totalmente diferente do Japão que eu nasci e cresci. Apenas pelo estilo arquitetônico do teto, esse não é um prédio no estilo japonês, é ocidental. Além disso, não é uma moderna, construção estruturada com aço, mas algo muito mais antigo. A cama onde eu estou é dura, e não há um colchão debaixo de mim. Ao invés disso, parece que eu estou deitada num tipo de almofada com algum tipo de material espinhoso. Por cima do pano sujo que cobre isso, eu sinto um aroma estranho. Em cima disso, meu corpo dói aqui e ali, como se eu tivesse sendo mordida por carrapatos ou mosquitos.
“E… espera ai…”
Minha mais recente memória é ser amassada debaixo de incontáveis livros, e eu não me lembro nada de ter sido resgatada. Na pior das hipóteses, eu não acho que nenhum hospital no Japão colocaria um paciente num colchão sujo desses. Timidamente, eu tento levantar minha cabeça para que eu possa ver isso, e o que eu vejo é a pequena, fina mão de uma criança. Eu vivi um estilo de vida onde eu estava trancada dentro de casa o dia todo com meus livros, então a pálida e quase não saudável pele não é uma surpresa, mas aos vinte e dois anos de idade minhas mãos eram, claro, as de um adulto. Completamente diferente dessas pequenas, parecendo malnutridas mãos na minha frente agora. Essas pequenas, infantis mãos que eu posso abrir e fechar a minha vontade. Conforme eu me movo, meu corpo não se parece nada com o que eu estou acostumada a sentir. Com essa chocante percepção, minha boca fica seca.
“…O que está acontecendo?”
É possível que eu tenha reencarnado. Deus pode ter ouvido meu pedido moribundo e me dado uma nova vida, para que eu possa ler de novo. Isso é incompreensível. Eu quero saber mais sobre o mundo ao meu redor, então eu levanto minha cabeça pesada e devagar coloco meu corpo febril de pé e ereto. Meu cabelo cheio de suor gruda de um lado da minha cabeça, mas eu não me importo conforme olho ao redor do quarto. Eu vejo mais plataformas semelhantes a camas como a que eu estou, os tecidos sujos em cima delas, e algumas caixas cheias de coisas diversas... Mas nenhuma estante.
“Não tem... livros...”
A única porta nesse quarto balança e abre. Em um instante, o barulho palpitante revibrando pela minha cabeça vai embora, apenas para ser substituído por passos conforme alguém do lado de fora se apressa. Eu realmente não tenho ideia do que está acontecendo. Baseado nas vigas do teto, no estado das paredes, e no tipo de móveis nesse quarto, eu sinto que isso é algo que vem da história da Europa. Não há nada ao meu redor que indique uma civilização moderna. Esse é um país bem no interior, ou eu de alguma forma viajei no tempo e acabei no passado? Se eu ao menos soubesse; se eu soubesse, eu teria muito mais facilidade para planejar meu próximo movimento.
“… Eu estou alucinando nos meus momentos finais?”
Conforme preocupação se instala na minha cabeça febril, uma mulher aparece na porta, deve ter me ouvido levantar e falar sozinha. Ela está usando uma bandana triangular amarrada na cabeça e está no final dos seus vinte anos, julgando pela condição de seu rosto uma vez lindo. Suas feições gerais são belas o bastante, mas toda a sujeita arruína isso. Se ela lavasse o rosto (e as roupas), ela pareceria meio decente, mas é uma pena que ela esteja dessa maneira agora. Geralmente, eu não me importo muito com a aparência de uma pessoa (ou com a minha própria, mesmo) se pelo menos a pessoa estiver limpa; se ela estiver imunda, no entanto, eu realmente desejo que elas tenham algum esforço, do contrario a beleza delas vai embora.
“Maine, %&$#+@*+#%?” diz a mulher numa língua que eu não entendo.
Com o som da voz dela, as memórias de outra pessoa queimam em minha consciência, e eu solto um pequeno grunhido. Num piscar de olhos, vários anos de memórias enchem a minha mente. A grande pressão disso faz parecer que meu cérebro está sendo batido até virar purê, e eu seguro minha cabeça dolorida.
“Maine, você está bem? Você não acordou por muito tempo! Eu estava começando a ficar preocupada.”
“…Mãe?”
Algumas memórias aparecem por cima. A mulher que apareceu para me ver e está agora gentilmente acariciando minha cabeça é minha mãe, e meu nome é Maine. Eu não sei como eu subitamente comecei a entender o que ela está falando; esse diluvio de informação deixou a minha mente em confusão. Honestamente, eu esperava que isso pudesse acontecer até eu estar me sentindo um pouco melhor. Claro, eu desejei que eu pudesse renascer para poder continuar lendo, e claro, parece que eu fui, de fato, reencarnada, mas não é como se eu fosse simplesmente aceitar o fato de que essa mulher na minha frente é minha mãe do nada.
“Como você está se sentindo? Parece que você teve uma dor de cabeça,” ela diz.
Os dedos que ela coloca na minha testa estão manchados com marcas em verde e amarelo. O emprego dela envolve trabalhar com pintura? Eu me lembro que trabalhadores no Japão antigo que usavam tintura índigo tinham manchas similares nas mãos. Eu não quero deixar essa chamada mãe, que eu ao mesmo tempo não sei nada sobre, mas me lembro de certa forma, me tocar, então eu fujo de sua mão estendida, me enterro na cama fedida, e fecho meus olhos com força.
“…Minha cabeça… ainda dói. Eu quero dormir,” eu digo.
“Ah, descanse bem.”
Enquanto minha mãe deixa esse quarto cheio de camas, eu começo a pensar profundamente. Entre a vertigem da minha febre e a desordem em minha cabeça, não há nenhuma maneira que eu possa voltar a dormir.
“Eu não estou errada... Eu morri, não foi?”
Inesperadamente, uma imagem da minha própria mãe flutua até a superfície da minha mente, e eu silenciosamente me desculpo por nunca mais poder vê-la. Ela provavelmente vai ficar furiosa, gritando “quantas vezes eu te disse que você tinha livros demais?!” enquanto seca lágrimas de luto. Eu levanto um braço fraco e seco uma lágrima do meu olho.
“Me desculpe, mãe...” Eu sussurro, um perdão que nunca chegará os ouvidos dela.
Eu relutantemente me desapego dessa imagem, e começo a cautelosamente rever as memorias dessa criança, Maine, que foram jogadas na minha cabeça. A sua última memória foi de ter uma extremamente dolorosa, dolorosa febre, tão dolorosa que ela não conseguiu aguentar. Parece para mim que, de certa forma, a Maine que costumava ter esse corpo morreu, e eu possui ele no lugar dela. Ah, ou talvez eu tenha renascido nesse mundo, e o delírio da febre está fazendo as memórias da minha vida passada aflorarem?
“Isso não importa, de qualquer forma. Eu vou ter que viver como Maine daqui pra frente, não há nenhuma forma de mudar isso...”
Já que esse é o caso, eu preciso filtrar as memórias da Maine para aprender mais sobre a situação em que eu estou; do contrário, minha família pode começar a suspeitar. Entretanto, não importa o quanto eu pense, as memórias da Maine são aquelas de uma garotinha que ainda está desenvolvendo suas habilidades em linguagem, e há muita coisa que seus pais disseram que ela ainda não entende. Ela não sabe o que eles querem dizer! Ela não tem muitas palavras uteis no vocabulário dela, então a maioria das coisas que ela lembra é enigmático e ambíguo.
“Ah, não… o que eu devo fazer?”
Pelas pequenas memórias infantis da Maine, eu descobri o que eu sei. A família dela consiste em quatro pessoas. A mãe que é a mulher que esteve aqui. Ela tem uma irmã mais velha, Tory. O pai dela tem um emprego que é algo como um soldado.
E, mais importante, aqui não é a Terra. Pela imagem na cabeça da Maine, debaixo da bandana que a mãe dela estava usando, seu cabelo é de um rico verde, como jade. Você pode pensar que ela teve que pintar para conseguir essa coloração, mas é realmente verde natural. É uma cor tão artificial que eu quase quero checar para ver se não é uma peruca. Parece bem improvável, no entanto, que ela seja algum tipo de cosplayer que sempre veste uma peruca verde e roupas sujas; é muito mais realista pensar que eu estou em algum tipo de dimensão alternativa.
A propósito, o cabelo da irmã da Maine é azul esverdeado, e o cabelo do pai dela é azul. O cabelo da própria Maine é de um profundo azul marinho. Eu deveria estar grata por meu cabelo ser quase preto, ou eu deveria estar querendo me alistar na minha família cosplayer? De qualquer maneira, essa casa não parece ter um espelho, e não importa quanto eu procure, eu não consigo achar uma imagem clara de como eu me pareço, tirando minha cor de cabelo. Bem, baseado no que eu sei sobre a aparência dos meus pais, e como minha irmã se parece, eu acho que eu não seja tão ruim. Eu também sou, sem dúvida, imunda.
“Ughh, eu preciso mesmo de um banho. ... A gente pelo menos tem isso?”
Sendo realista, minha aparência não é a minha principal preocupação agora, são as minhas condições de vida. Parece que que a família em que eu renasci é extremamente pobre. Apenas olhando ao redor, as coisas parecem bem ruins. A roupa de cama que eu, uma criança doente, estou enrolada é bastante puída e desgastada. Mesmo que sejam de segunda mão da minha irmã, isso é muito cruel. Eu brevemente pensei que isso pudesse ser algum tipo de abuso, mas de acordo com as memórias da Maine até as roupas da mãe dela são costuras de trapos, e as da irmã dela são basicamente a mesma coisa. Essa é a condição da minha nova família. As roupas de trabalho do meu pai são relativamente solidas, com apenas alguns fragmentos, mas ainda assim ele só recebeu um uniforme, e isso foi a muitos anos atrás.
Ainda por cima, essa casa não parece ser única. A parede perto de mim é feita de algum tipo de tijolo, e por ela eu consigo ouvir passos subindo e descendo escadas e as vozes de pessoas que eu presumo que sejam nossos vizinhos. Quem sabe esse é algum tipo de complexo de casas ou um apartamento?
Então, sobre essa coisa de reencarnação... eu não deveria renascer com algum tipo de nobreza, assim eu não precisaria me preocupar com viver uma vida difícil?
Eu solto um suspiro pesado pelo resto das minhas condições. Eu posso ter tido uma vida perfeitamente ordinária no Japão, mas isso foi completamente diferente do que eu estou enfrentando agora. Eu não sei em que era ou país eu nasci agora, mas o Japão era um bom lugar para viver, cheio de coisas maravilhosas. Tecidos confortáveis, camas macias, livros, livros e mais livros...
“Aaaah, eu quero ler um livro. Leitura sempre ajuda minhas febres baixarem.”
Não importa quão difíceis sejam minhas circunstancias, eu serei capaz de aguentar contanto que eu tenha livros. Eu coloco um dedo em minha têmpora e me concentro, procurando em minhas memorias por livros, onde nessa casa poderia ter uma estante com livros?
“Maine, você acordou?” Uma voz subitamente quebra minha concentração. Uma garota, em torno dos sete ou oito anos, está vindo em minha direção com passos leves. De acordo com minhas memórias, essa é a Tory. Seu cabelo azul esverdeado está cuidadosamente arrumado em uma simples trança, mas eu posso dizer com um olhar que está extremamente seco e precisando ser lavado com urgência. Igual a mãe, ela é toda suja, e eu realmente quero que ela se lave. Ela está desperdiçando seu rosto adorável.
Eu posso estar pensando nisso, mas essa é a opinião de uma estrangeira do Japão, um país com altos padrões de higiene pessoal. Mesmo que você seja pobre, você ainda vai querer manter um estilo de vida saudável; do contrário, você vai ficar doente, aí você precisa ver um médico, e então gastar um dinheiro que você não tem.
Apesar disso, eu não me importo muito com isso agora. Tem uma coisa que está exatamente na minha mente.
“Tory,” eu pergunto, “você pode me trazer um ‘livro’?”
Baseado na idade da Tory, deve haver pelo menos uns dez livros com imagens na casa. Eu posso até precisar ficar descansando para me livrar da doença, mas eu ainda posso ler. Ler livros de uma dimensão alternativa é, agora, a minha maior prioridade antes de mais nada.
“Tory, por favor!”
Tory me olhou pasma, sua adorável irmã mais nova, com a cabeça inclinada para um lado. “Huh? O que é um ‘livro’?”
“O q… uhh, é uma coisa onde ‘palavras’ e ‘imagens’ foram ‘registrados’ ...”
“Maine, do que você está falando? Eu não entendi, o que foi que você disse?”
“Eu te disse, um ‘livro’! Eu quero um ‘livro de imagens’!”
“O que é isso? Eu realmente não entendo... ?”
Parece que eu posso ter acidentalmente usado palavras em japonês no lugar das palavras que a Maine não conhece. Não importa o quanto eu tente explicar isso para Tory, ela apenas fica parada lá com a cabeça caída para um lado e uma expressão perplexa no rosto. Mesmo que eu apenas dissesse “me traga um livro” em japonês, de nenhuma maneira ela entenderia. Eu preciso estudar esse vocabulário, e rápido.
“Urg, tudo bem! ‘Função de tradução, ativaaaaaaar!’” Eu grito.
“Maine! O que está te deixando tão brava?!”
“Eu não estou brava! Eu só tive uma dor de cabeça,”
Ficar brava com a Tory por não me entender seria uma coisa extremamente infantil de se fazer. ...Mesmo assim, eu fiquei.
Primeiro, eu preciso começar a me focar em tudo que eu conseguir ouvir cuidadosamente do que as pessoas ao me redor estão falando e, aos poucos, começar a memorizar todas as palavras que eu ouvir. Entre o jovem, flexível cérebro da Maine e minha intuição de uma graduada na faculdade de 22 anos, memorizar vocabulário deve ser fácil... em teoria. Pelo menos, quando eu penso sobre o que eu passei quando estava estudando outras línguas para poder ler livros estrangeiros, não foi inimaginavelmente difícil. O zelo e amor que eu me dediquei para meus livros era suficiente para espantar as pessoas.
“…Você está brava porque ainda está com febre?” Tory pergunta. Ela levanta sua mão em direção a minha testa, provavelmente para medir minha temperatura. Sem pensar, eu pego sua mão suja antes que ela possa me tocar.
“Eu ainda estou doente, você não vai ficar doente também?” Eu pergunto. Embora eu esteja fingindo mostrar preocupação pela minha irmã, eu só estou mesmo tento impedi-la de fazer uma coisa nojenta. Eu realmente não quero que a Tory me toque com essas mãos imundas, então estou colocando em pratica essa técnica adulta.
“Ah, eu acho que sim. Se cuide!”
Salva. Se ela estivesse limpa, ela daria uma ótima irmã mais velha, mas agora eu não quero ser tocada de nenhuma forma. Se essa é a situação, eu estou dentro, então eu vou ter que enfiar o conceito de higiene dentro do crânio delas. Se eu não começar a melhorar as coisas por aqui, eu não acho que vou conseguir sobrevive. De acordo com essas memórias, Maine sempre foi uma criança fraca, e foi acamada em estado febril vezes demais. Eu tenho memórias demais dessa cama.
Se eu quiser ser capaz de ler para deixar meu coração feliz, primeiro eu preciso ter certeza que eu estou saudável e que meu ambiente está higienizado. Essa família é pobre demais, então se eu ficar doente ninguém vai ser capaz de chamar um médico. Mesmo que eles chamassem, pela imagem desse quarto eu não acho que eles seriam de nenhuma utilidade, então eu realmente não quero estar sob seus cuidados.
A mãe chama de outro cômodo. “Tory, vem me ajudar com o jantar!” “Sim, mãe,” diz Tory, e sai correndo fazendo barulho.
Julgando pelo angulo dos raios de sol que atravessam a janela, agora provavelmente é hora de começar as preparações para o jantar. Tory parece alguém que ainda deveria estar na escola primária, mas ela já está ajudando bastante com os afazeres domésticos. Que estado de pobreza é esse que as crianças são necessárias para fazer o trabalho manual.
“Ugh, isso é ruim…”
O pensamento do que minha vida vai se tornar quando eu crescer é muito depressivo. Não importa como eu pense sobre isso, eu vou estar presa a afazeres domésticos para sempre. Eu não vou ter muito tempo para leitura. Trabalho doméstico já era um grande incomodo no Japão com todas as suas conveniências; uma mulher inútil como eu que passa todo o tempo lendo é sequer capaz de se adaptar a uma vida assim?
Bang! Bang! Um som vivo e intermitente reverbera pelo quarto. Mãe disse que era hora de começar a preparar o jantar, então esse barulho deve ser dela cozinhando, mas o que no mundo está acontecendo lá fora? Eu não posso ver nada de onde estou, mas ao mesmo tempo eu não estou tão curiosa assim para descobrir.
Eu preciso me manter positiva! Eu não vou estragar essa reencarnação. Existem livros aqui para ler que eu nunca poderia ter lido na Terra! Minha primeira tarefa é cuidar da minha saúde física. Com isso decidido, eu fecho meus olhos devagar.
“Eu cheguei!”
“Oi, pai!”
Eu ouço barulhos retinindo, com pratos de metal balançando entre si. Meu pai chegou em casa, bem na hora do jantar. Maine ainda está doente demais da febre para comer, então eu gradualmente adormeço com os sons da família feliz comendo no outro cômodo. Conforme minha mente cai na escuridão, há apenas um pensamento na minha mente.
Ah, eu não me importo o que é, eu só quero ler um livro.
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konbini-scans · 6 years ago
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A Ascensão de uma Maniaca por Livros
Ascendance of a Bookworm
001 - Prólogo
Meu nome é Urano Motosu, e eu tenho vinte e dois anos. Eu amo livros. Eu realmente amo livros. Eu amo livros mais do que eu amo ganhar bastante comida.
Eu amo como as palavras impressas me permitem alcançar e tocar as ideias de outras pessoas, suas fantasias. Meu coração dança junto com os pensamentos desenhados pelo autor, e eu não consigo me impedir de sorrir. Absorvendo o vasto conhecimento contido em um único volume sempre me dá a sensação de ter crescido como pessoa. Todo o vasto mundo, que eu nunca vi com meus próprios olhos, está sob a ponta de meus dedos, colocado organizadamente por entre as prateleiras de livrarias e bibliotecas; isso não é intoxicante? Os contos de fadas de terras estrangeiras, os momentos de vida em tempos e lugares distantes, os acessos a cada pedaço de história... quando eu me envolvo com um livro, o tempo evapora ao meu redor.
Psicologia, religião, história, geografia, educação, folclore, matemática, física, geologia, química, biologia, artes, esportes, linguagem, ficção... Todos os pensamentos e conhecimentos que a humanidade acumulou foram abarrotados nesses livros, e eu amo cada um deles do fundo do meu coração.
Enciclopédias, se estendendo para preencher a estante inteira; a coleção de literatura, com cada volume no lugar; revistas de especialidades que parecem tão simples na capa, mas possuem conteúdos tão avançados; periódicos coloridos cheios de fotografias; incontáveis romances, escritas com prosas exigentes; light novels [romances rápidos], sem profundidade mas ainda vendendo fantasticamente; grandes livros de imagens, destinado para crianças; manga, os quadrinhos que são o orgulho do Japão; quadrinhos e periódicos publicados por e para fãs... O sussurro de cada pagina se virando é mais prazeroso do que o mais fino vinho.
Eu também amo o cheiro dos cantos mais escuros dos arquivos da biblioteca, onde o empoeirado, até um pouco embolorado aroma dos livros antiquados impregna o ar. Apenas calmamente respirando o cheiro de livros antigos envia ondas de êxtase que percorrem meu corpo. O cheiro de livros novos é igualmente irresistível! O cheiro de tinta fresca em papel novo me diz que existe alguma coisa nova esperando para ser descoberta por entre aquelas páginas, e apenas pensar nisso me enche de excitação.
Eu quero viver minha vida inteira rodeada de livros. Se eu puder, eu quero passar o resto da minha vida em um escuro, porém bem ventilado arquivo, onde os livros são protegidos dos danos causados pelos raios de sol. Eu gastaria cada segundo possível lendo, inseparável dos meus livros, até que minha pele se tornasse fantasmagoricamente pálida, meu corpo fraco pela falta de exercícios, e eu esqueceria tantas refeições que teria que ser arrancada a força. Eu quero morrer enterrada em livros. Eu não quero falecer calmamente numa cama! Ser sufocada até a morte por uma montanha de livros me faria tão inacreditavelmente feliz.
…Bem, eu deveria usar o verbo no passado aqui.
Por que, apenas a pouco tempo atrás...! Houve um grande terremoto, e eu fui esmagada até a morte debaixo de uma pilha de livros! Caaaara, sério, dentro de todos os meus desejos a serem concedidos, porquê esse?
Eu realmente queria isso, mas eu não sinto exatamente como se Deus tivesse me feito nenhum favor aqui. Eu havia acabado de conseguir meu diploma de bibliotecária, e tinha de alguma forma conseguido, nessa época de desemprego, achar uma vaga na biblioteca da universidade!
Deus, por favor. Se eu puder, eu gostaria de renascer. Ainda há tanto para que eu possa ler. Mesmo na minha próxima vida, eu quero ler.
Então, faça de mim uma bibliotecária. Me permita passar cada dia rodeada de livros. Claro, eu sei que trabalhar como uma bibliotecária não vai me permitir ler o tempo todo. É um emprego, e eu vou estar ocupada, e eu sei disso. Mas ainda assim, outros empregos não vão me permitir passar o dia inteiro rodeada de livros. Apenas estar rodeada de livros vai me fazer feliz. O prazeroso cheiro de tinta e papel... quem mais poderia apreciar esses sentimentos? Quem mais pode sentir essa flutuação no meu coração que acontece toda vez que eu me encontro revivendo esse acumulado de história, essas palavras escritas para preservar os conhecimentos do homem, um único trabalho da mente humana que é tão antigo quanto a escrita por si?
Se eu apenas puder ler, isso já será o bastante. Por favor, Deus. Se você tiver ouvido meu pedido, por favor me deixe renascer. Quando eu tiver, eu poderei ler de novo.
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konbini-scans · 6 years ago
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Ascendance of a Bookworm - I’ll Become a Librarian At Any Cost!
Uma web novel criada por Miya Kazuki
Leia em japonês aqui: Shosetsu
Urano, uma maniaca por livros que finalmente havia conseguido um trabalho como bibliotecária na universidade, acabou tragicamente morrendo em um acidente pouco tempo depois de se graduar na faculdade. Ela renasceu como a filha de um soldado em um mundo onde a taxa de alfabetização é baixa e livros são escassos. Não importa quanto ela quisesse ler, não havia nenhum livro por perto. O que uma maniaca por livros faz sem livros? Faz eles, é claro. O objetivo dela é se tornar uma bibliotecária! Então para que talvez ela possa viver novamente rodeada de livros, ela precisa começar a fazer eles por si mesma.
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Sumário
001 - Prólogo
002 - Uma Nova Vida
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konbini-scans · 6 years ago
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Oi, eu comecei um novo projeto de tradução junto com uma nova Scan! O nome do projeto é  Ascendance of a Bookworm - I’ll Become a Librarian At Any Cost! ou em japonês  本好きの下剋上 ~司書になるためには手段を選んでいられません~ que em português significa “A Ascensão de uma Maniaca por Livros - Eu Vou Me Tornar uma Bibliotecária a Qualquer Custo!”. A Konbini Scans pretende trazer essa e no futuro outras novels para os brasileiros e outros falantes de português. Sugestões sobre como deixar a tradução e a leitura mais agradavel são muito bem vindas.
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