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as divagações de um aspirante a crítico de música, assinadas por Pedro Santos
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latentepj · 7 years ago
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Capitão Fausto anunciam novo disco
Entre Alvalade e São Paulo, os Capitão Fausto avistam um 2018 panorâmico. Dois anos após Os Dias Contados, o grupo agenda para o segundo semestre a edição do seu quarto disco. 
O prenúncio fez-se no passado dezembro, com a transmissão em direto de uma de várias sessões de gravação do álbum, no Brasil. A viagem não foi um subterfúgio para férias: o local eleito foi o Red Bull Studio São Paulo. As sessões paulistas foram, contudo, a continuação de um trabalho iniciado e imaginado em terras lusas. “Trouxemos já de Lisboa a ideia [da cidade], o conceito, aquilo que imaginávamos que [o álbum] ia ser. As coisas já vieram muito prontas; acho que nos deixamos misturar em antevisão,” explana o vocalista Tomás Wallenstein, no podcast Ginga Beat. 
Foi nesse sentido que a banda concebeu as canções, nelas reservando espaços que seriam preenchidos por elementos evocativos da música do Brasil: as rodas de choro, os pandeiros, o cavaquinho ou a flauta. Além da influência do estilo de vida frenético de São Paulo e mesmo do calor, são citados como inspirações Tim Maia, Caetano Veloso ou os contemporâneos O Terno. Em entrevista a Pedro Rios, no Público, publicada ontem (dia 19), a banda afirma que esta brasilidade matiza o LP, sem o dominar: “quem está a domar e a liderar somos nós os cinco, nós é que compomos de acordo com a nossa história musical.”
A jubilação unânime em relação ao último disco, que gerou duas digressões e um Coliseu esgotado, não os intimida. Na entrevista ao Público, o baixista Domingos Coimbra nega o desejo de replicar esse período áureo: preferem prosseguir para algo novo. Daqui a alguns meses, os ouvintes poderão trespassar a nova capitania sonora dos Fausto.
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latentepj · 8 years ago
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Lisboa Dance Festival: a afirmação de Jessy Lanza
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Lisboa Dance Festival: um fórum supremo para os aficionados da eletrónica, uma reconfiguração temporária do LX Factory como vitrina dos melhores agentes no género. A tónica é posta nos talentos emergentes e há um investimento equitativo entre artistas nacionais e importados. A variedade é benéfica até certo ponto, mas as preferências poderiam tomar um rumo unilateral. Hipoteticamente, claro, porque o fantástico público deste festival, o seu grande âmago, declara a origem da música uma tecnicalidade. No seio da multidão, as inibições olvidam-se e as danças desencadeiam-se – mais desembaraçadas ou reservadas, por vezes até concorrenciais (a maratona de Moullinex foi palco de várias dance battles). Sem esquecer, fora dos palcos, a mobilidade inerente a um festival urbano; o calcorrear incessante pelo recinto, que rapidamente se torna uma rotina prazenteira.
A segunda edição do Lisboa Dance Festival viria, de facto, a apresentar uma multitude de momentos excelsos e, apesar da qualidade exponencial do cartaz, poucos nomes igualaram a luminosidade e o magnetismo da performance de Jessy Lanza. É a voz de um dos projetos mais entusiasmantes da eletrónica, cuja estética traça paralelos à pop japonesa dos anos 80, ao R&B da década sucessora e até ao funk.
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O seu mais recente disco, Oh No, é o prato forte do concerto: “I Talk BB” inicia o repertório e submerge a Fábrica XL numa ambiência sensual e controlada, atravessada pelo eco do todo-poderoso sintetizador de Lanza e uma batida hesitante. O soundscape é comandado pela voz oscilante e maleável da artista, afastada do que comummente define uma vocalista powerhouse; talvez seja altura de redefinir o conceito. Todo o concerto preserva esta atmosfera, cortesia da sonoridade coesa do efeverscente Oh No, mas também do seu primeiro disco, o minimalista Pull My Hair Back. O êxtase é constante, residente na convulsão multicolor de “Never Enough” ou nos grooves mais controlados de “Keep Moving” e “Kathy Lee”.
Os momentos iniciais do concerto expõem uma Lanza circunspecta na sua atuação, que chegara tímida e discretamente ao palco da Fábrica XL; na segunda parte, já esboça sorrisos com regularidade e dança sem reservas. Isto graças ao preenchimento gradual da plateia e à progressão para temas mais desenvoltos, de ritmos ardentes, como “VV Violence” ou “It Means I Love You". É este último, single frenético e derivado da cena house sul-africana, que encontra na audiência a sua mais calorosa receção, concretizada numa dança unânime e cinética.
Como epílogo e victory lap, as faixas-título de Pull My Hair Back e Oh No concluem aquele que é um concerto absolutamente essencial. Parece ser indicativo da capacidade de que Jessy Lanza dispõe para ascender a um patamar ainda superior – o nosso desejo, mas também a sua prerrogativa.
Pedro João Santos
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