33/19 anos || Poseidon/Netuno || Corvinal || Mutante - Metamofismo Animal
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DAVID CASTAÑEDA
by David Higgs for Numéro Netherlands (September 2024)
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Uma coisa que Ethan mais desejava no momento era desaparecer. Sabe, sumir em nuvem e aparecer em um local isolado que continha tudo que lhe acalmava: o mar, a areia, barulhos de pássaros e uma bela garrafa de vodka. Porém, ele sabia que era impossível agora e no resto de sua vida. Essa era a maldição de ser um semideuses: não havia um pingo de paz. Ele estava sentindo-se tão quebrado e cansado de tudo, que por um segundo, já havia pensado em desistir de tudo. Só que Ethan era um herói, e sempre voltaria para salvar quem precisava, mesmo isso significasse ter que lidar com dores profundas.
Ele observava em silêncio as ações da outra quando resolveu virar de frente para ela, sem ter coragem de tirar o que guardava dentro de si. Ainda havia muitas palavras que gostaria de dizer a Lizzie, mas não encontrava mais forças o suficiente para fazer aquilo agora. Então, se afastou de novo. Precisava se manter em movimento, enquanto esperava a resposta dela. Talvez era o porquê queria se afastar dela, pois doía estar ao seu lado e relembrar de toda mágoa sentida. Começou, então, a procurar o plano montado por Quíron, o qual havia solicitado ao filho de Poseidon que mostrasse à moça quando a encontrasse.
No meio da procura, Ethan esbarrou em uma foto antiga com ela e segurou-a por um segundo, antes de guardar em seu bolso com o intuito de jogar fora (pelo menos, era o que acreditava que faria) no segundo que escutou a voz dela. Virou-se para Lizzie com uma expressão séria no rosto: - Se eu fosse continuar sozinho, seria a destruição para todos nós. Inclusive, você. E não é o que eu quero... Que bom que agora você pretende criar coragem. - Respirou fundo voltando para a procura do plano de Quíron, encontrando logo em seguida para depois jogar em direção à Lizzie. A raiva havia retornado, principalmente quando as palavras dela confirmava apenas os pensamentos mais negativos de Ethan. Estes pensamentos que acreditavam que Lizzie havia largado ele de propósito, que tudo havia sido um grande fingimento por parte dela, que a vida nova dela era a vida desejada com um marido real e normal.
- Não se preocupe, Elizabeth. Assim que terminamos isso, nunca mais nos veremos e você poderá voltar para a sua vida normal com seu emprego normal, seu marido normal e sua casa normal. Não serei mais do que uma lembrança triste em sua vida, assim como você é agora para mim. Chega de falar de sentimentos, vamos ao que interessa... - Ele pegou uma cadeira e sentou, sentindo a foto deles pesar em seu bolso. - Precisamos seguir para cinco países diferentes para podermos ir atrás de cinco elementos pertencidos aos deuses que sumiram. Só sei que o primeiro país é o Brasil, na cidade de Manaus. A única coisa que sei é que o objeto desaparecido é de Ártemis. Acreditamos que reunindo os elementos podemos ter alguma ideia de onde estão os deuses... O oráculo não foi tão claro e completo dessa vez, acho que a força dele está sumindo por causa do desaparecimento. Na verdade, a força de muitos, inclusive Quíron. - Suspirou levemente ao relembrar que o velho treinador está doente de verdade e não sabe quando nem como haverá o retorno de sua energia.
- Enquanto os monstros estão cada vez mais fortes... Basicamente, é o que sabemos. Não há semideuses suficientes para enfrentar essa viagem e, por alguma razão, o oráculo falou apenas de nós dois. Como se, de algum modo, nossas vidas estivem interligadas com essa missão e com o mundo mitológico. Então, juntos. - A ideia de ficar ao lado dela formigava na mente do homem. Aquilo lhe assustava, mas também causava uma sensação boa. Ao mesmo tempo, odiava cada segundo. - Alguma dúvida? -
Ouvi-lo confirmar suas angústias aprofundou ainda mais a temerosa sensação. O choro silenciou qualquer resposta afiada que pudesse dizer naquele momento. Sequer conseguia obter fôlego para contornar o próprio lamento. A cada piscar de olhos, mais lágrimas caíam de seus olhos e escorregavam na direção de seu maxilar sem interrupções, lavando sua pele com a água salgada acumulada por anos. Não existiam argumentos que pudessem a retirar daquele estado de catarse.
Abraçou seus próprios joelhos como costumava fazer quando criança, sentindo-se cada vez mais reduzida à sua versão juvenil. Não era mais a jovem adolescente que rompia os silêncios com piadas inconvenientes ou tentativas de flerte. Era uma mulher, exaurida pela própria rotina, angustiada pelas inúmeras decisões que a levaram até aquele momento, arrependida por seus inúmeros erros. Não havia fluidez em sua humanidade falha. Detinha-se em cobranças de um passado impossível de ser corrigidos, raiva de si e de suas estúpidas ideias, rancor sobre a pessoa que um dia foi e, neste singelo sentimento, a autoestima debilitada enfraquecia ainda mais, mesmo que vez ou outra usasse uma roupagem soberba. Não conseguia olha-lo nos olhos, não mais.
O choro se aliviou, engolindo as demais mágoas que ainda não estavam expostas ao ex-namorado. Soltou as pernas que antes estavam contra seu corpo e ergueu parcialmente a cabeça, apenas o suficiente para fita-lo de costas para si.
"Deveria continuar sozinho. É essa a melhor escolha. Mas eu não vou deixar que você se foda sozinho. Não depois de você levá-los para o meu quintal e destruir a porra do meu jardim." A fala amargada pela rispidez dolorosa, buscava proteger a si de que houvessem outras concordâncias entre suas dores e o homem que um dia amou. Preferia permanecer na completa ignorância sobre as opiniões do mesmo acerca de suas falhas. Com o dorso das mãos limpou o caminho das lágrimas em seu rosto. "Fale logo a merda dessa missão. Quero me livrar de uma vez por todas desse maldito fantasma que você é e nunca mais lembrar desse maldito sangue grego que corre nas minhas veias. Eu quero a normalidade da minha vida de volta, sem você e sem as loucuras do Olimpo. Quero a minha casa, que eu demorei muito tempo para construir e fortalecer, e nenhum de vocês vai arrancar a paz de estar longe dessas idiotices."
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Ethan virou de costas para ela em um ato reflexivo de egoísmo, mas também de proteção. Ele estava cansado em ter que lidar, há muito tempo, com as consequências das ações de outras pessoas, principalmente àquelas que lhe causava um sofrimento pesado. Se fosse outra realidade, Ethan estaria ao lado dela, fornecendo um suporte emocional necessário. Mas, algo tinha mudado dentro de si, essencialmente depois que tinha descoberto a verdade. Ele tinha planejado várias vezes o encontro com Lizzie e o que diria a ela e isso foi feito de diferentes formas. Em uma de suas imaginações, Ethan imaginava um reencontro feliz com ambos pedindo desculpas: ela por ter lhe deixado, e ele por não ter procurado mais. Porém, na mais recorrente, era ele considerando apenas seus sentimentos, ou seja, ignorando como estaria ela como forma de lidar com o abandono do passado. Querendo ou não, era assim que Ethan estava se comportando no momento.
— Sim, você foi estúpida. — Mesmo com o coração partindo-se ao proferir àquelas palavras e em um tom irritado, ele não conseguiu evitar. Toda chateação e raiva que vinham se acumulando com os últimos dias estavam sendo descarregados no momento, como ele havia imaginado. — Você foi estúpida em pensar e agir sozinha. Foi estúpida em não me considerar, nem mesmo por um segundo, nas suas decisões. Foi estúpida em mentir sobre estar viva e bem para todo mundo, principalmente para mim. Por ter me abandonado. Por ter feito pensar que você estava MORTA! —
As lágrimas também caíam sob seu rosto, mostrando que o rapaz não estava nenhum pouco feliz com aquele diálogo e sentimento. Ele não queria brigar. Mas também queria que ela soubesse o quanto tinha sido difícil. — Destruído tudo e não tem mais volta alguma. Agora, só nos resta seguir em frente e focar no que realmente importa... Não tem como mandar eles se fuderem, porque é a gente que desiste agora. Eu não queria estar perto de você... — Ele respirou fundo por um segundo sentindo o impacto daquela frase, e continuou com um tom sério. — Mas eu não tenho escolha. Temos que salvar o mundo. Ou eu vou ter que continuar sozinho de novo? —
O toque e o perfume eram impactantes. O abraço que buscou, ajoelhada no asfalto de sua rua, foi apenas uma prévia do incessante desejo que tê-lo perto de si. O puxão fez com que a semideusa deslizasse para o interior do local e empacasse ali, próximo à porta. Os olhos correram ao redor do espaço, parcialmente iluminado, custou a identificar o que existia nas sombras atrás de Ethan. Ao ouvi-lo discorrer acerca dos motivos os quais os levaram para o local, seus olhos se arregalaram, em um azul perolado assombroso. Levou a mão até a testa, como se sustentasse dentro de si as ideias que saltavam.
A profecia. Aquilo que a levou a trilhar caminhos tão árduos. A profecia que a guiou, em um interpretação impulsiva, ao abismo de sua própria alma. Recordava-se do momento em que fora proferida, dos arrepios que a névoa esverdeava lhe causavam, a náusea que rompeu em seu estômago assim que deduziu seu destino. Uma adolescente, perante os efeitos inebriantes de um coração apaixonado, amedrontada em vê-lo consigo em missão e amedrontada, principalmente, com a possibilidade de perdê-lo. Naquele dia, a dor se tornou estranha. Não era o desconforto causado pelo ciúmes que sentia ao ver Ethan com outras campistas, não era a tristeza que amarrava seus pensamentos após romperem em discussões banais de convivência. Era o pavor, o desespero. A voz se desfez em sua garganta, correndo na direção do chalé de Quione como um relâmpago.
Era tudo uma criação de suas inseguranças. Temia tanto o fim que, ao menor sinal da decepção, optou por fugir. E fugiu como um coelho do fantasma de uma profecia.
O cenho se franziu, pouco a pouco. Poderia jurar que um sinal de interrogação surgiu sobre sua cabeça. "A profecia não falava sobre nós." A constatação lhe fugiu dos lábios em um choque estrutural. Suas pernas tremiam como se estivesse atravessando o Alasca. Curvou-se na direção do chão, segurando as pernas buscando suporte. "Eu perdi o amor da minha vida, por pura burrice." Lágrimas transbordavam de seus olhos como cachoeiras. Os lábios tremiam em um ruído desarmônico, um grunhido de dor física. Foi ao chão abruptamente.
"Estúpida. Estúpida. Estúpida..." Batia com a própria mão em sua cabeça em um ódio inenarrável. "Foram anos da minha vida tentando te salvar do fim, tentando te salvar do destino que interpretei. Eu destruí nossa vida, o nosso casamento, o nosso lar... Tudo aquilo que sonhamos, tudo aquilo que deduzimos. Eu destruí tudo por idiotice!" Rugia, em angústia, com pensamentos que fugiam de sua mente. "Eu quero que os deuses se explodam, eu quero que o Olimpo vá a merda. Eu destruí tudo, eles contribuíram com isso. Eu tinha medo de caminhar pelas ruas pensando que iriam nos seguir, iriam nos matar em um piscar de olhos com monstros malditos e... eu destruí tudo sozinha. Imaginei o pior e eu fiz o pior."
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Ethan tinha sido avisado que se reencontrar com o passado não seria tão fácil, mas, mesmo assim, ele arriscou porque era necessário. Era doloroso e precisava ser enfrentado agora, não adiantava mais fugir para outra situação. No entanto, o rapaz estava apreensivo. Ele ficava olhando para o céu como esperava alguma coisa aparecer e ele imaginava no que poderia ser. — Olha, Elizabeth, eu não posso falar disso aqui, só lá dentro que é mais seguro. Só vamos continuar a conversa lá dentro... — No momento em que o semideus para de falar, ele escuta um assobio que elicia vários arrepios pelo seu corpo e se apressa em direção à outra pessoa. — Lizzie, vamos. —
Em questão de segundos e sem raciocinar direito, ele segurou na mão alheia e uma onda de sentimentos tão familiares, mas também estranhos invandiram o seu corpo. Sua respiração, por um segundo, ficou ofegante e Ethan apenas voltou para a realidade quando escutou mais um assobio. Então, ele abriu a porta e adentrou, puxando levemente Lizzie para dentro. Soltando a mão alheia, e ofegante, o semideus fechou e trancou a porta dizendo algumas palavras em grego. Em seguida, ele parou e respirou fundo, tentando controlar a sua respiração. Devagar, um, dois, três... E de novo.
Quando estava se sentindo melhor, ele encarou a antiga amada, tentando não pensar sobre a sensação estranha e reconfortante de poder tocar e segurar na pele dela outra vez. — A profecia não vai me matar. Não tem nada a ver com isso. A profecia é maior do que nós dois. É maior que tudo. A gente precisa salvar os deuses. Eles estão em perigo e o mundo está colapsando. A Quimera está nos seguindo. A morte está nos seguindo. Não tô falando de Hades, e sim Tânatos. E têm outras coisas. Não sabemos o que está acontecendo, mas desde que você foi embora, as coisas estão piorando... E você não deveria ter ido embora. Não deveria ter fingido sua morte, porque a profecia não detectava minha morte. Eu estou aqui. Ela diz para a gente ficar juntos, mas você não quis ficar junto. Você me deixou! Sozinho! E eu passei anos em depressão, e em desespero pensando que você estava morta! Mas você está aqui... E isso quebra meu coração... — Enquanto falava, Ethan sentia as lágrimas escorrerem pelo seu rosto. Ele não se importava mais em carregar a dor sozinho para ninguém ver. Precisava expor. Tirar isso dele.
Por mais insana a aceitação daquela proposta indevida, havia uma certa serenidade em sua feição. A serenidade não se vinculava ao estado em que se encontravam ou a incerteza de tudo aquilo que poderiam viver em questões de segundos do futuro próximo. A serenidade veio da realização, de um intento particular que coexistia com sua nostalgia. Estava realizando seu desejo mais secreto, revivendo as emoções incandescentes que só viveu ao lado de Ethan. Todos os demais relacionamentos em que entrou neste período não eram suficientes para a semideusa, beiravam a monotonia e a deixavam entediada antes mesmo de um mês. Em minutos, Ethan ressurgiu em Elizabeth o desejo pela vida.
Assim que os cavalos alados pousaram, desceu de sua montaria com certa dificuldade e, assim que notou o semblante do ex namorado seus cenhos se franziram, trazendo todo o ruído que havia sido silenciado em sua mente, provavelmente por temer a possível queda do animal. Alcançou a maçã que o semideus a ofertou e entregou a Liua, em silêncio, com as orbes azuis encarando o animal e acariciando a crina do animal, em um respeito e temor antigo "Você aguentou uma barra, Liua... perdão pelos puxões na crina."
O animal soltou uma bufada que muito pareceu um tom de desdém. Lizzie ponderou que, provavelmente, aquela crina já havia sido puxada por semideuses desesperados algumas centenas de vezes. O animal se afastou, em um bater de asas silenciosos.
Ouvir os comandos de Ethan após tanto suspense a fez questionar, mesmo que por um minuto, se estava fazendo a coisa certa. O olhou por cima do ombro, ajeitou uma mecha de seu cabelo atrás da orelha e rumou, em passos firmes, na direção que fora ordenada pelo companheiro, com a língua se contorcendo para realizar mais perguntas. A mala, atravessada em seu tronco, passou a causar desconforto com a tira posicionada sobre seu ombro, obrigando Lizzie a parar perante a porta e retira-la por cima de sua cabeça. A mão pesou sobre a maçaneta e Elizabeth sentiu o corpo congelar.
A mão de Lizzie fora espalmada pelo rosto, em um sinal grotesco do próprio conflito interno. O olho marejava, olhando para o chão e se fechando, como se buscasse na escuridão um antídoto. O choro repentino foi o transbordar de uma série de pensamentos. Estava conflitando consigo mesma sobre o encontro e as inúmeras perguntas que havia feito e não obtivera qualquer resposta e, por mais que as inúmeras sensações forrassem seu estômago e saciassem seu desejo por esclarecimentos, não conseguiria atravessar aquela porta sem vomitar ao menos um último questionamento. Uma última e relevante preocupação.
"Ethan... Eu entendo que precisamos de descanso, assim como entendo que precisamos de esclarecimentos, mas..." A voz tremulou, assim como suas mãos que pareciam vibrar pelo contato com aquele oceano de situações. "Não posso ficar mais um segundo sem respostas. Eu realmente preciso de esclarecimentos e preciso saber se você realmente quer que eu entre nesse lugar." Seu estômago revirava em um dos sintomas de sua ansiedade, a boca parecia encher de saliva, como em um aviso de um possível desastre. "Não quero afundar essa situação e, se for algo passível de escolha, eu escolho te tirar dessa cena e obrigação. Assim paro de infernizar com minhas milhares de perguntas e possíveis justificativas."
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Ethan se arrependia profundamente por não ter prestado mais atenção no caminho em que percorria até Lizze, pois, havia demorado tempo demais para perceber o quê estava lhe perseguindo. Nunca havia visto àquele monstro durante sua vida até agora, porém, tinha escutado histórias de outros semideuses que tinham tentando lutar contra ela, principalmente quando era mais novo. E toda vez se arrepiava todo. Agora, mesmo sendo adulto, ainda podia sentir calafrios percorrer pelas suas espinhas ao ver a imagem da Quimera se materializando a sua frente.
Então, o relinchar de Fo chamou sua atenção, fazendo com que o rapaz se apressasse e subisse no pégaso. Em segundos, Fo levantou as asas e subiu aos céus, afastando-se da Quimera e rugia com ódio por ter deixado suas presas escaparem, enquanto lançava uma jarra de fogo em direção à eles. Fo era um pégaso de pelagem marrom em que sua crina tinha umas mechas das cores branca e preta. — Você sabe para onde ir, companheiro. — Ele escutou o relinchar de Fo concordando, e segurou-se delicadamente no cavalo.
Enquanto voavam, Ethan não conseguia controlar o seu olhar que ficava parando diversas vezes em Elizabeth, sentindo seu coração acelerar freneticamente. Então, ele olhava para frente e sentia de volta o seu coração partir. Era doloroso demais. Queria não sentir mais nada, pois seria mais fácil ter que lidar com aquele contato de novo. Mas, não. Ethan ainda sentia algum coisa. Algo que estava adormecido há muito tempo...
Ele seguiu o caminho todo em silêncio, apenas sério e olhando para trás várias vezes para ver se algo os seguia. Estranho. Pensava toda vez que não via. Não queria ser encontrado surpreso de novo. Então, sentiu o pousar de Fo em cima de um telhado e desceu do cavalo, oferecendo uma maçã para o animal quando a retirou do seu bolso. — Obrigado, rapaz... — Encarou Lizzie e ofereceu outra maçã a ela. — Para Liua... Enfim, eles vão deixar a gente a sós, enquanto vamos descansar. Meu esconderijo. — Apontou para uma porta preta aparentemente trancada, começando a andar. — Vamos? Precisamos nos recompor e conversar sobre o que está acontecendo. —
Lizzie o acompanhou e, obedecendo-o, subiu no cavalo alado como estava habituada em fazer nos tempos antigos. Armou a mala em suas costas, e o assistiu agindo enquanto passava as mãos na pelagem do animal. Tanto tempo distante daquele universo místico a fez esquecer da energia que as criaturas vibravam, em uma sintonia única que apenas lugares especiais poderiam emitir. Os olhos atentos vibravam assistindo de maneira preocupada o semideus, segurando-se para não correr em sua direção e apoia-lo.
Repentinamente, a Quimera rugiu em fúria ao ser acertada pela flecha. Viu a pele da criatura enrugar em dor e, logo em seguida, o furor que seus olhos tomaram. "Vamos Ethan, vamos!" As mãos correram para as rédeas do animal e as puxou para baixo, em um sinal para que o animal iniciasse a viagem aérea. Os olhos não se desgrudavam de Ethan e Fo.
Uma passagem no tempo, um portal nostálgico. Tudo cheirava ao universo de aventuras ao qual viveu com Ethan. Envelhecida, com medo de altura, sentindo um desconforto no joelho por ter engatinhado sobre pedregulhos, ainda despertava em si o anseio pelo incrível. E estava vivendo, novamente, o inacreditável. Liua, com a pelagem branca como os cabelos de Elizabeth, relinchava como se comemorasse, mais uma vez, uma proposta radical. A semideusa abraçou o pescoço do animal, sentindo sua crina tocar o rosto pálido, com o odor inebriante da magia exalando da criatura. Por um segundo, o mundo se silenciou desde que entraram em sua casa. Não rumava muito distante do solo, em um receio da queda proveniente do distanciamento da realidade dos semideuses, não mais arriscaria corridas insanas como as que costumava aderir. "Eu não consigo acreditar nisso! É tudo que eu pedi no meu último aniversário!" O riso escapou de sua boca como uma criança que comemora um grande presente. A respiração ofegante afastava o cabelo que caía sobre seu rosto insistentemente, como se também temesse a altura.
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Mesmo não admitindo para si, Ethan se encontrava bastante aliviado por não ter a possibilidade de se encontrar com a pessoa que ele sabia quem era. Não que não estava pronto, pois havia se preparado psicologicamente com o tempo, mas isso só afirmaria ainda mais a dor que ele carregava durante esses nove anos. Ethan estava cansado de sentir a dor, e qualquer coisa parecia o suficiente para dar o gatilho disso. No entanto, o alívio foi substituído pelo incômodo de saber mais sobre o homem que vivia, atualmente, ao lado dela. Poderia ser um ciúmes, com certeza, visto que no fundo era ele mesmo que Ethan desejava para estar ao lado de Lizzie. — Certo. Então, evitamos uma possível morte. —
Fechando a boca rapidamente, Ethan não comentou nada do relacionamento da ex. Era melhor assim para não ter uma briga no meio de uma fuga. Seguiu o dedo de Lizzie e respirou um pouco aliviado. Era uma saída suficiente, então, as coisas ainda poderiam dar certo. Seguiu-a e esperou ela atravessar a janela para ser o próximo. E assim o fez, ignorando a oferta da mão alheia. Ethan tinha colocado em mente de que precisava não estabelecer algum contato corporal com Elizabeth, se não seu corpo todo seria inundado por sensações e momentos passados. Agora, estava escondido ao lado dela e sabia que não precisava olhar para trás para saber quem estava ali. Apenas o cheiro e o calor fortes eram suficientes para entregar quem chegou. Mas Ethan sabia que não seriam os únicos. Ele ainda conseguia escutar o assoviar do monstro que o perseguia. Tinha conseguindo despistar, mas se a Quimera já chegou, ela também está. — Eu sei. Não podemos lutar agora, confie em mim, mesmo sendo bem experientes. — Olhou para Lizzie e rapidamente para Quimera, e depois para frente. — Siga-me rápido. Eu vou na frente. E espero que goste de voar. Não sei se algo mudou, já que passou tanto tempo. — Sua voz era fria o tempo todo, e isso não mudaria nem no campo de batalha.
Ele começou a engatinhar indo em direção oposta de onde vinha a Quimera, ou seja, afastando-se cada vez mais da parte da entrada da propriedade. Ele sabia que precisava ser rápido, então, levantou-se e assobiou o mais rápido possível. Em um minuto, isso atraiu tanto a saída deles quanto a atenção da Quimera que parecia ter visto eles. Merda, pensou o rapaz. Mas na sua frente, já estava os dois pégasos sendo um deles o seu melhor amigo: Fo. — E aí, companheiro. Pronto? — Escutou o relinchar de Fo e olhou para Liua, afagando o seu pelo. — Elizabeth, suba na Liua. Eu vou distrair o monstro. — Então, ele pegou seu arco e atirou a primeira flecha de ácido em direção ao monstro, enquanto corria para subir em Fo.
Os questionamentos voavam dentre seus pensamentos enquanto Lizzie avaliava as janelas do cômodo em que estavam. "Não, não tem ninguém aqui e só chegariam em três horas. Até lá, a casa já terá desabado mesmo." Murmurou como alguém que nada se importasse com a informação. Sabia que seu namorado correria risco se chegasse naquele exato momento, mas também sabia que, provavelmente, ele não chegaria em casa no horário previsto por ela. Sempre além, sempre sem muito compromisso com o que era acordado com Elizabeth. E ela via assim todas as coisas, vantajoso a falta de amarras em um relacionamento o qual não amarrava sequer suas emoções. "Não que ele ligue para alguma dessas coisas". A frase lhe escapou rancorosamente.
Um relacionamento temporário, um sentimento desgarrado de seu peito. A vida adulta esmagando seus critérios afetivos aos quais apenas Ethan cumpriu perfeitamente. O ríspido comentário teve origem em seu subconsciente desgastado pelo período de envolvimento com o homem a qual havia buscado para ocupar o vazio que Ethan havia formado em si. Localizou uma janela larga o suficiente para passarem juntos, apontou o dedo esguio e se encolheu assim que ouviu o barulho estridente vindo do lado externo.
Correu para o batente da janela e a destravou, escancarando-a para os lados e sentando-se para passar seu corpo para fora. "Vem por aqui, passamos pelo quintal dos fundos." Assim que conseguiu colocar os pés do lado de fora, arrastou a mala consigo e estendeu a mão buscando ofertar apoio ao semideus.
Pelo canto dos olhos, avistou a sombra de uma Quimera a qual pisoteava seu jardim e grunhia violentamente. O rabo derrubava os arbustos recém plantados e Elizabeth agachava-se buscando esconder-se da fera. O corpo fervia em uma adrenalina nostálgica, a respiração começou a ficar ofegante novamente. Olhava para Ethan e via seu passado e, naquele momento, o passado estava em seu jardim. A mistura de seus sentimentos conflitantes se resumiram em uma tensão latente. "Precisamos fugir daqui!" Disse ao entreolhar o semideus novamente.
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—Teremos muito tempo para conversar, Elizabeth. — O teor do olhar de Ethan estava adquirindo uma preocupação intensa, enquanto alternava entre a porta, o relógio no seu pulso e a mulher. Sabia que precisavam sair daí o mais rápido possível, mas o medo de não conseguir a tempo estava começando a aparecer para lhe assombrar. Olhou para a bolsa dela e por um pequeno minuto, um sorriso leve surgiu nos cantos dos seus lábios ao relembrar como ela sempre estava preparada para as situações. Era uma das coisas que Ethan admirava nela. Mas, como uma pessoa machucada, Ethan murchou logo em seguida.
— Explicações depois. E acredito que esse jardim aqui vai ser uma das suas últimas preocupações agora. Falando em preocupações... — O seu olhar percorreu pelo resto da casa tentando encontrar algum indício da segunda pessoa que vivia naquela casa, mas parecia não ter nada. — Tem mais alguém aqui ? Se sim, precisamos levar essa pessoa com a gente ou ela vai morrer. — Ethan tinha sido uma boa parte de sua vida uma pessoa com cautela nas suas palavras, porém, desde a suposta morte de Lizzie, ele se tornou alguém mais frio e direto para lidar com as situações. Ainda não entendia o porquê...
Pegou as coisas pedidas por ela assim que a escutou, e aproximou-se rapidamente de Elizabeth — Não podemos sair pela frente. Tem alguma porta por trás? — Assim que terminou de falar, escutou um barulho de algo quebrando vindo da parte da frente, e engolindo em seco, Ethan encarou rapidamente a moça: — Eles estão aqui e não há tempo para lutar, pois precisamos entregar a encomenda rápido. Lizzie... Elizabeth, está pronta? —
"Não podemos conversar agora?" Repetiu mais para si mesma do que para ele, mesmo enfurecida. Assim que terminou de ouvir o posicionamento do semideus uma ficha despencou em sua mente. Era óbvio, ele não estava ali por ela ou para ela. Algo estava acontecendo neste cenário cruel que os deuses tinham estabelecido e não era o momento para agir como louca. Ponderou em fração de segundos. Recordou-se que havia uma bolsa de viagem preparada no balcão da cozinha, a qual mantinha como emergência para catástrofes que pudessem acontecer, haja vista que a região em que vivia era muito afetada por furacões de alto potencial destrutivo. Correu até a pia e se debruçou sobre o solo sem nada responder a Ethan previamente. Agarrou a mala de alça e a ergueu para que o semideus pudesse enxergar.
"Você não trouxe um inferno para o meu quintal, trouxe?" Questionou, erguendo a cabeça para encara-lo em uma feição que transitava entre a tristeza e a raiva. "Eu acabei de contratar um paisagista, Ethan. Você vai destruir o jardim e sequer vai me explicar o que está acontecendo?"
E, antes mesmo que a onda de ira tomasse seu corpo, sentiu o odor de queimado tomando o espaço, como se um incêndio tivesse se instalado junto ao estrondo que ouvira minutos antes. Estava distante da porta de entrada, longe das chaves do carro e de seu bastão. Os olhos se arregalaram para o semideus que estava do outro lado da sala. "Pegue a Miz e a chave e vem comigo. O antigo proprietário era maluco por segurança e construiu o porão com estrutura de concreto e porta de ferro, acredito que vai dar certo."
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Ethan a seguiu em um silêncio incomodador. Cada passo dado em direção à casa dela, provocava uma batida mais intensa no seu coração provando que ele estava com medo do que poderia encontrar naquele espaço desconhecido. Já tinha visto alguns vislumbres do lado de fora, mas não foram o suficiente para formar imagens concretas do que se tratava e isso era angustiante. No entanto, ele hesitou parando de frente da porta. Tentou mover seus pés para dentro, mas parecia que algo puxava para o fora. Só não sabia se era ansiedade ou uma força mais poderosa o perseguindo. Ethan, então, olhou para trás e sentiu um arrepio percorrer pela espinha de suas costas confirmando ainda mais as suas suspeitas de algo estava aproximando. Como um bom soldado desesperado, Ethan entrou na casa e a arte entrou na sua visão.
Não expressou nada. Apenas continuou reto procurando não estar perto da entrada nem tão perto de Elizabeth, também evitando de encará-la nos olhos. O fato de ter ficado tão perto dela uns minutos atrás ainda estava provocando arrepios, mas sentimentos ruins de rancor sobre o passado. Uma parte sua queria jogar toda a raiva acumulada de anos em cima dela com apenas o objetivo de suprir a falta da resposta do porquê daquela decisão. O porquê de ter sido abandonado sem mais nem menos. O porquê de ter forjado a própria morte por anos e ter deixado um rastro de dor. O porquê de ter dado o fim deles. No entanto, o filho de Poseidon sabia que nada seria o suficiente para saciar as dúvidas, nem mesmo se ela voltasse no tempo.
As palavras também pareciam ter sumido do repertório do rapaz. Queria explicar logo o que estava acontecendo, mas a cada segundo que ainda se mantinha dentro daquela casa, Ethan sentia-se simplesmente destruído. Ele podia notar alguns detalhes apenas com o canto dos olhos, sem comentar sobre. E aumentava a sua dor. Queria sumir de uma vez por todas. E, se algo tivesse chegando, Ethan tinha uma pequena dúvida implantada na sua cabeça germinando sobre se tentaria sobreviver ou não. Ele respirou fundo, limpando o rosto com as duas mãos, com o objetivo de se manter focado. Precisava, na verdade. A voz de Quíron lhe dizendo para manter a calma, principalmente sobre os momentos difíceis que viriam quando encarasse a verdade, ecoava em seus pensamentos. Respirar era importante.
Antes que pudesse dizer algo, ele a viu sair rapidamente, mas não foi àquele som que o assustou. Um barulho de algo caindo no céu vindo do estacionamento trouxe o foco da missão de volta para a sua vida e ele seguiu Elizabeth o mais rápido que pôde. — Não podemos conversar agora. Você tem alguma sala segura para ataques? Ou... precisamos ir embora, agora. Liz... — Sua voz morreu por um segundo, mas ele se recompôs imediatamente só que sério. — Elizabeth, você tem alguma mochila de emergência? —
Pelo canto do olho, ele conseguiu ver a bombinha e afastou um pouco do seu corpo para que pudesse dar espaço suficiente para ela poder usar a bombinha. Mas, então, ele sentiu o abraço, congelando totalmente. Ethan não sabia como reagir, estava sentindo-se dividido entre o seu coração e a sua razão. Queria poder envolver os seus braços em volta do corpo que sentia saudade há noves anos, mas, ao mesmo tempo, uma enxurrada de memórias doloridas invadiam sua mente. Então, o rancor, um sentimento que no fundo ele sentia vergonha de tê-lo, estava de volta e uma voz que dizia para ele se afastar daquela dor. E suas mãos pegaram o corpo alheio afastando-a de seu corpo para que Ethan pudesse se levantar devagar para não derrubá-la.
Após fazer isso, ele se virou de costas e respirou fundo. A profecia tinha destruído o seu relacionamento há nove anos, e ainda estava trazendo impacto no seu presente. — Não adianta eu ir embora, Elizabeth. Não adiantou você ir no passado, por que seria diferente agora?! — Ele tentava não deixar a mágoa comandar as palavras, mas cada vez mais era difícil. — Ela está de volta. Na verdade, sempre esteve e só que pior agora. Parece que fugir não mudou nada, né. —
O olhar dele voltou para a casa dela, e sentiu seu corpo estremecer ao relembrar do que poderia estar guardando ali dentro, mas resolveu não comentar nada. Não queria intrometer na vida dela, principalmente por acreditar que foi escolha dela se afastar dele. — Você tem razão, vamos logo. Dois semideuses poderosos aqui são um problema e meu caminho até aqui não foi nada seguro. Vá na frente. — Ele a esperou para poder segui-la em seguida.
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Pelo canto do olho, ele conseguiu ver a bombinha e afastou um pouco do seu corpo para que pudesse dar espaço suficiente para ela poder usar a bombinha. Mas, então, ele sentiu o abraço, congelando totalmente. Ethan não sabia como reagir, estava sentindo-se dividido entre o seu coração e a sua razão. Queria poder envolver os seus braços em volta do corpo que sentia saudade há noves anos, mas, ao mesmo tempo, uma enxurrada de memórias doloridas invadiam sua mente. Então, o rancor, um sentimento que no fundo ele sentia vergonha de tê-lo, estava de volta e uma voz que dizia para ele se afastar daquela dor. E suas mãos pegaram o corpo alheio afastando-a de seu corpo para que Ethan pudesse se levantar devagar para não derrubá-la.
Após fazer isso, ele se virou de costas e respirou fundo. A profecia tinha destruído o seu relacionamento há nove anos, e ainda estava trazendo impacto no seu presente. — Não adianta eu ir embora, Elizabeth. Não adiantou você ir no passado, por que seria diferente agora?! — Ele tentava não deixar a mágoa comandar as palavras, mas cada vez mais era difícil. — Ela está de volta. Na verdade, sempre esteve e só que pior agora. Parece que fugir não mudou nada, né. —
O olhar dele voltou para a casa dela, e sentiu seu corpo estremecer ao relembrar do que poderia estar guardando ali dentro, mas resolveu não comentar nada. Não queria intrometer na vida dela, principalmente por acreditar que foi escolha dela se afastar dele. — Você tem razão, vamos logo. Dois semideuses poderosos aqui são um problema e meu caminho até aqui não foi nada seguro. Vá na frente. — Ele a esperou para poder segui-la em seguida.
Os dedos esguios alcançaram a bombinha no bolso de sua jaqueta e a encaixou entre os lábios de maneira desesperada. Os olhos se fecharam tentando cessar a visão do homem que havia se aproximado o suficiente para que sentisse o hálito quente próximo ao rosto de Elizabeth. Os dedos pressionaram a válvula que ejetou o fôlego de volta para si.
A mão trêmula soltou a bombinha e, em um salto, lançou-se no homem. Os braços se esticaram na direção dos ombros dele, dando um abraço apertado e angustiado. Não pode conter as mãos que se prenderam à nuca de Ethan, tão pouco deteve o rosto que buscou o pescoço do rapaz. O fôlego foi alcançando seu pulmão unido ao perfume do homem e a voz foi retornando às cordas vocais de Lizz.
"Eu preciso que você... vá embora. Você não está seguro aqui..." A boca expulsava palavras cheias de receio "Aquela profecia... Tomaríamos caminhos diferentes e não mais teríamos futuro."
Gostaria de prendê-lo em si, agarra-lo ali e desaparecer nas sombras para um lugar onde ninguém os encontraria. Precisaria de muita explicações e investir tempo na reconstrução de sua confiança, mas o faria sem pensar duas vezes.
O nome de Peter, seu namorado, sequer passou por sua mente. Lançados ao solo defronte à sua residência. Um cenário inconcebível. As luzes de sua casa estavam apagadas sinalizando que não havia ninguém em casa, somente o fantasma de um passado que aguardava ansiosamente pela resolução de seus percursos.
"Vamos entrar. Não podemos conversar aqui, preciso ao menos te manter resguardado..." O rosto se afastou do corpo do antigo amor e olhou a via escura do bairro residencial. Ponderou entre as sombras, estreitando os olhos buscando sinais de qualquer criatura que pudesse se esconder nas trevas da noite. "Preciso que fique vivo. Preciso te manter vivo."
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Doía estar ali. Estava doendo desde que tinha recebido a notícia. Apenas Quíron tinha visto a felicidade se transformar em raiva em poucos segundos. Ele havia procurado vários motivos daquela decisão dela, mas nada parecia satisfazer essa incógnita que martelava em sua cabeça. Ethan tinha preparado também diversos discursos para quando encontrasse, só que não conseguia falar nada. Nenhuma palavra seria o suficiente para poder expressar a tamanha dor que carregava em seu coração. Estava cansada e magoado, com alguém que ele não imaginava que poderia fazer tamanha destruição.
Havia demorado semanas para poder sair ao encontro de Lizzie e por escolha própria. Mesmo sabendo de sua existência, Ethan imaginava que poderia ser uma brincadeira de mal gosto dos deuses, inclusive considerou levemente a possibilidade de Quíron e os outros campistas estarem trabalhando juntos naquela pegadinha. No entanto, ao vê-la pela primeira vez na loja dela com os cabelos platinados, o sorriso dócil e os seus olhos penetrantes levaram o passado para Ethan. Um passado que lhe trouxe um sorriso que havia desaparecido há séculos do seu rosto. Ela está tão linda como sempre. Era o pensamento que rodeava em sua mente. No entanto, como a felicidade ruminou naquele dia, aconteceu aqui. O passado era amoroso, mas também cruel.
Ele poderia ter ido falar com ela naquele momento, só que hesitou quando viu ela e outra pessoa. Seu coração que já se encontrava espedaçado, parecia ter pulado outra vez do penhasco. Então, afastou-se e esperou até a coragem voltar. Até, na verdade, os deuses o obrigarem a falar com ela, pois o mundo corria perigo agora.
Observou-a de longe. A saudade ali andando com a mágoa. Poderia se aproximar ou deixá-la em paz como ela pareceu desejar no passar. Só que precisava seguir em frente, então, avançou... As palavras dela mandando-o ir embora destruiu-o outra vez. Ele não conseguia acreditar que depois de tudo, ainda havia a coragem de mandá-lo para casa. Ethan, outra vez, sentia-se cansado. — Se eu pudesse, não estaria aqui. Não a veria outra vez. — Ele não conseguia medir o poder de sua fala, pois queria colocar tudo para fora. Tudo que carregava de mágoa e que estava entalado em sua garganta. Só que havia um aviso percorrendo em seus pensamentos: precisava da ajuda dela ou o mundo acabaria. — Mas... precisamos conversar, urgente. —
Seus olhos haviam sido desviado para um ponto aleatório, pois não havia forças o suficiente para encará-la e saber que houve uma mentira de nove anos. No entanto, algo chamou a sua atenção: a respiração dela. Ethan a encarou e todo ódio que geminava em seus olhos desapareceu, sendo substituído pela preocupação. Como se estivesse no passado, Ethan se ajoelhou e pegou em suas mãos, falando devagar: — Sim, você não pode morrer agora. Preciso de você. Precisamos conversar. Só... Respire comigo, Elizabeth. — Soar o nome que havia sido dado como morto há nove anos outra vez, quebrou o seu coração. Mas precisava continuar.
Ethan odiava missões desde a primeira vez que escutou uma profecia. Saber que seu destino estava sendo controlado por seres poderosos, tirando o seu próprio livre-arbítrio para seguir os seus caminhos, deixava-o irritado não só com os deuses, mas consigo mesmo. Tantos sacríficos e momentos de quase morte para àqueles que poderiam resolver em segundos uma situação. Apesar da revolta que possuía, Ethan não conseguia negar, pois havia uma coisa que predominava acima disso: o bem-estar de todo mundo do acampamento e do mundo. Ter a oportunidade de proteger qualquer um era o fator de todos os seus "sim".
O que trazia uma certa calma em seu coração, mesmo que não admitisse, era saber que não estaria sozinho nesse jornada. No entanto, a calmaria foi substituída quando soube quem seguiria os mesmos passos que o seu: o amor de sua vida. A vida de Elizabeth era mais importante que a sua, e ele sabia que faria qualquer coisa para mantê-la a salva. Mas isso não era desejo dos deuses. Precisar seguir caminhos diferentes, enquanto lutam para salvar o mundo que conhecia, foi a mensagem dada. Com o dor no coração, Ethan esperou por Lizzie voltar do oráculo. Uma espera que quebrou seu coração.
As dúvidas sobre o motivo dela ter ido embora encheram sua cabeça e não havia nada que pudesse trazer respostas certas para amenizar a dor de uma perda não prevista. Com o desparecimento de sua amada, toda missão foi cancelada com um aviso do próprio deus das profecia, Apolo. Uma visita inesperada trouxe um alívio temporário, mas também um medo genuíno do futuro. Ethan não compreendia o porquê da demora de Elizabeth para voltar, visto que a profecia tinha sido esquecida. E isso lhe custou sua saúde mental. Nos dois primeiros anos da ausência da amada, Ethan saiu em missões, muitas que não dadas pela gerência, em busca dela. Ele falava com monstros amigáveis, náiades, dríades, sátiros, semideuses e humanos de toda região, mas sempre voltava com nada. Até que um dia Quíron mudou sua vida completamente.
O recebimento da morte dela foi o caos. Ethan começou a ter mudanças drásticas em sua vida: de atividades básicas até as mais complexas. Um estado depressivo. Dor e culpa dominavam seu coração. Deveria ter protegido mais, era o que pensava toda vez que se levantava. Havia um ódio por si, mas também pelos deuses. Se não fosse por eles, ela estaria... Quíron e seus irmãos estavam desesperado por sua saúde, pois Ethan morria a cada dia mais. Então, uma pequena luz surgiu. Uma amiga de longa data começou a lhe ajudar, principalmente ao levá-lo para uma especialista. Não foi fácil os primeiros anos de terapia: Ethan odiava cada segundo, mas o olhar desesperado de Quíron fazia com que o rapaz continuasse.
7 anos se passaram. E Ethan começou a melhorar. Até mesmo se aproximou romanticamente dessa amiga, mas, mesmo que gostasse dela, o seu coração ainda pertencia ao seu primeiro amor. Mesmo assim, casaram-se. Mas, não durou tanto tempo. Em dois meses de casamento, numa missão, a sua esposa faleceu em um combate de vida e morte. Mais uma vez, Ethan perdeu o brilho da vida, àquele tinha recuperado pouco. Após esse evento, ele voltou mais fechado e solitário. Ainda havia suas crises depressivas, por outro lado, mantinha a sua vida em um estado de missão e missão com o pensamento de que já que os deuses me tirarem tudo, não resta nada para ficar. E foi em uma missão que tudo mudou.
Não deveria se surpreender com a rapidez do movimento, nem mesmo fez nada para impedir. Apenas continuou aproximando-se até poder conseguir estar perto o suficiente para a luz iluminar o seu rosto. Não havia sorriso nem alívio. Apenas a dor.
— Deveria reconhecer o que deixou para trás em um piscar de olhos. Ou perdeu a memória? —
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Ethan odiava missões desde a primeira vez que escutou uma profecia. Saber que seu destino estava sendo controlado por seres poderosos, tirando o seu próprio livre-arbítrio para seguir os seus caminhos, deixava-o irritado não só com os deuses, mas consigo mesmo. Tantos sacríficos e momentos de quase morte para àqueles que poderiam resolver em segundos uma situação. Apesar da revolta que possuía, Ethan não conseguia negar, pois havia uma coisa que predominava acima disso: o bem-estar de todo mundo do acampamento e do mundo. Ter a oportunidade de proteger qualquer um era o fator de todos os seus "sim".
O que trazia uma certa calma em seu coração, mesmo que não admitisse, era saber que não estaria sozinho nesse jornada. No entanto, a calmaria foi substituída quando soube quem seguiria os mesmos passos que o seu: o amor de sua vida. A vida de Elizabeth era mais importante que a sua, e ele sabia que faria qualquer coisa para mantê-la a salva. Mas isso não era desejo dos deuses. Precisar seguir caminhos diferentes, enquanto lutam para salvar o mundo que conhecia, foi a mensagem dada. Com o dor no coração, Ethan esperou por Lizzie voltar do oráculo. Uma espera que quebrou seu coração.
As dúvidas sobre o motivo dela ter ido embora encheram sua cabeça e não havia nada que pudesse trazer respostas certas para amenizar a dor de uma perda não prevista. Com o desparecimento de sua amada, toda missão foi cancelada com um aviso do próprio deus das profecia, Apolo. Uma visita inesperada trouxe um alívio temporário, mas também um medo genuíno do futuro. Ethan não compreendia o porquê da demora de Elizabeth para voltar, visto que a profecia tinha sido esquecida. E isso lhe custou sua saúde mental. Nos dois primeiros anos da ausência da amada, Ethan saiu em missões, muitas que não dadas pela gerência, em busca dela. Ele falava com monstros amigáveis, náiades, dríades, sátiros, semideuses e humanos de toda região, mas sempre voltava com nada. Até que um dia Quíron mudou sua vida completamente.
O recebimento da morte dela foi o caos. Ethan começou a ter mudanças drásticas em sua vida: de atividades básicas até as mais complexas. Um estado depressivo. Dor e culpa dominavam seu coração. Deveria ter protegido mais, era o que pensava toda vez que se levantava. Havia um ódio por si, mas também pelos deuses. Se não fosse por eles, ela estaria... Quíron e seus irmãos estavam desesperado por sua saúde, pois Ethan morria a cada dia mais. Então, uma pequena luz surgiu. Uma amiga de longa data começou a lhe ajudar, principalmente ao levá-lo para uma especialista. Não foi fácil os primeiros anos de terapia: Ethan odiava cada segundo, mas o olhar desesperado de Quíron fazia com que o rapaz continuasse.
7 anos se passaram. E Ethan começou a melhorar. Até mesmo se aproximou romanticamente dessa amiga, mas, mesmo que gostasse dela, o seu coração ainda pertencia ao seu primeiro amor. Mesmo assim, casaram-se. Mas, não durou tanto tempo. Em dois meses de casamento, numa missão, a sua esposa faleceu em um combate de vida e morte. Mais uma vez, Ethan perdeu o brilho da vida, àquele tinha recuperado pouco. Após esse evento, ele voltou mais fechado e solitário. Ainda havia suas crises depressivas, por outro lado, mantinha a sua vida em um estado de missão e missão com o pensamento de que já que os deuses me tirarem tudo, não resta nada para ficar. E foi em uma missão que tudo mudou.
Não deveria se surpreender com a rapidez do movimento, nem mesmo fez nada para impedir. Apenas continuou aproximando-se até poder conseguir estar perto o suficiente para a luz iluminar o seu rosto. Não havia sorriso nem alívio. Apenas a dor.
— Deveria reconhecer o que deixou para trás em um piscar de olhos. Ou perdeu a memória? —
Após a designação da missão que partilharia com Ethan, Lizzie recebeu a profecia do Oráculo com grande preocupação.
"Não haverá percurso dividido. Deverão ir por lados opostos e assistirão o fim de todas as coisas na forma a qual conhecem".
A sentença proferida pelo oráculo pulsava na mente de Elizabeth enquanto preparava a mochila de sua viagem. Ela se negava a aceitar a interpretação que havia criado precipitadamente. Não mais poderiam caminhar em união, não haviam chances de que aquela relação obtivesse frutos bons o suficiente para que aquele sentimento pudesse perdurar por tantos anos conforme o que fora almejado por Elizabeth.
Não aceitaria a solidão tomar cada pedaço de si novamente, não após a compreensão do falecimento de seu pai. A solitude já havia sido substituído por boas companhias e os hábitos de fuga já residiam no passado. Sua vida estava em um marasmo delicioso no qual ela desfrutava o prazer de ser, apesar de tudo, uma "pessoa normal".
Não poderia sentar sobre sua cama e aguardar o horário daquele fim trágico romper com seu sossego. Entre as quedas de suas lágrimas, armazenava dentro da mochila as lembranças de cada pessoa com a qual conviveu durante aquele período no acampamento, deixando para trás qualquer vestígio de Ethan que pudesse lhe fazer repensar sua escolha tão precipitada. As fotos que tiraram juntos, a camiseta a qual usava para dormir, o colar que havia ganhado como presente de aniversário. Tudo fora deixado na gaveta da mesa auxiliar, como se naquele compartimento houvesse um caixão para tudo de positivo que haviam presenciado até ali. Sem a piedade de levar consigo o perfume o qual usava sempre que tinham os encontros românticos no campo.
Antes do amanhecer, fugiu pela fronteira mágica que cercava o acampamento. Desacompanhada. Miz, seu bastão mágico, estava prestes a ser esmagado em sua mão direita, tamanha a pressão que aplicava sobre ela. Chorava ruidosamemente enquanto tentava fugir das lembranças e vislumbres do rosto do amado. Pensava que a sua decisão pouparia a vida de Ethan, que não seria enviado àquela missão e que, consequentemente, não cumpriria a profecia. Acreditava que conseguiria alterar o futuro através de uma mudança drástica de pensamentos.
Refugiou-se na antiga residência do pai, escondendo-se de monstros e de semideuses durante dois anos. Optou por forjar sua morte após descobrir que uma equipe de resgate havia sido enviada para sua recuperação. Através de uma carta de despedida enviada à Quíron, a qual foi lida pelo diretor e entregue a Ethan, anunciou seu suicídio e pediu para que a perdoassem por sua decisão.
No terceiro ano sozinha, Lizzie se mudou para New Orleans, residindo no centro da cidade e atuando como secretária em um escritório de contabilidade.
No quarto ano, Lizzie começou a se relacionar com outras pessoas e, devido ao constante receio de gerar um novo trauma, não dava continuidade aos relacionamentos que começavam já sentenciados ao fracasso.
No quinto e sexto ano, dedicou-se a montar uma pequena loja de objetos de decoração, assinando com o sobrenome da família de sua avó paterna e tornando-se Elizabeth Killian.
No sétimo e oitavo ano a loja passou a prosperar, obtendo objetos mágicos como itens decorativos e ofertando cada vez mais lucro para Elizabeth, que estava experienciando uma vida confortável após tantos anos de sofrimento. Propôs a si mesma que daria uma nova oportunidade para o amor e assim o fez. Neste ano conheceu um homem que conseguiu, parcialmente, tê-la nas mãos.
No nono ano havia começado o namoro com o chefe de cozinha que rondava seus caminhos há certo tempo e sua casa vivia perfumada pelo cheiro de temperos e comidas refém saídas do forno, facilitando ainda mais que passasse despercebida pelos monstros. Passaram a dividir a mesma casa e esboçar planos para o possível amanhã, enquanto o fantasma do antigo amor ainda a visitava vez ou outra.
A casa possuía músicas proibidas, apelidos proibidos e limites acerca do passado de Liz. Ela podia jurar que ouvia som da risada de Ethan pela casa, assim como sentia seu cheiro em suas roupas. Sonhava com o possível filho, a possível casa e as possíveis viagens. A mobília do quarto infantil seria linda e iria escolher uma casa de campo distante de tudo para que pudesse viver cada segundo de sua vida junto ao seu amado.
Foram nove anos. Nove anos que passaram em um piscar de olhos.
Ao descer do carro, estacionado em frente ao seu lar, abriu o porta malas para retirar as sacolas de papel recheadas de insumos para a casa. Legumes, leite, farinha e açúcar. Pegou a embalagem nos braços e, ao erguer a cabeça, ouviu o som de passos se aproximando.
Um arrepio percorreu sua coluna e, notando a fragilidade a qual se encontrava, largou rapidamente das embalagens e se virou na direção do passos, buscando seu bastao mágico no bolso traseiro da calça jeans. E ali, das sombras noturnas, o vento trouxe um perfume único de uma pele conhecida.
"Quem está aí?" Exclamou com rispidez "Vamos, diga!"
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❝ 𝐃𝐈𝐄𝐆𝐎 𝐋𝐔𝐍𝐀 𝐈𝐍 𝐀𝐍𝐃𝐎𝐑 𝐆𝐈𝐅 𝐈𝐂𝐎𝐍𝐒.
if you click ON THE SOURCE LINK you will be directed to ( #930 #1,025 ) 85px gif icons of diego luna from andor. all of these gifs are mine, made from scratch, so please don’t claim them as your own. this pack is complete !! please r*blog if you���re using them, i worked really really hard on these !!
tw: guns, slight injuries, violence, explosions, blood, knives, slight nsfw ( shirtless male )
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HES SO PRECIOUS !!!! HES SO SWEET !!!!!! LIKE !!!!!!!!!
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e·phem·er·al: lasting for a short time; transient. momentary.
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