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As pessoas abrigam-se umas nas outras. Mesmo ausentes, nossos abrigos existem. Estamos debaixo da memória.
- Valter Hugo Mãe
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Triste história
Há palavras que ninguém emprega. Apenas se encontram nos dicionários como velhas caducas num asilo. Às vezes uma que outra se escapa e vem luzir-se desdentadamente, em público, nalguma oração de paraninfo. Pobres velhinhas... Pobre velhinho!
Mário Quintana, no livro Porta giratória
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“…Seja na Terra, onde é bom viver
O amor, na Terra, é como um pé de milho
Eu estou falando de nascer do chão
Como seu pai, como seu filho…” -Sérgio sampaio
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Às vezes parece possível
colocar sobre uma mesma mesa
uma lira e um colete salva-vidas
uma concha e um isqueiro
um poema e um passaporte
uma guirlanda de flores
uma pedra vulcânica
dinheiro, celular, cigarros.
mas não é bem assim
o passado
não é uma mesa
é antes um sótão
um armário
com gavetas
incrustadas
em você, no mundo
encravadas na carne
nos livros nos dias.
já estava assim
quando cheguei
o mundo
mobiliado.
(De uma ilha a outra, Ana Martins Marques)
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“O mal não é a gente amar… O mal é a gente vestir a pessoa amada com um despropósito de atributos divinos, que chegam a triplicar às vezes o volume do amor, o que se dá? Uma pessoa natural é fácil da gente substituir por outra natural também, questão de sair uma e entrar outra… Porém a que sai do nosso peito é amor que sofre de gigantismo idealista, e não se acha outra de tanta gordura pra botar no lugar. Por isso fica um vazio doendo, doendo… Então a gente anda cada estirão a pé… Aquilo dura bastante tempo, até que o vazio, graças aos ventinhos da boca-da-noite, se encha de pó. Se encha de pó.”
— Mário de Andrade.
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“Hope” is the thing with feathers –
That perches in the soul –
And sings the tune without the words–
And never stops – at all –
And sweetest – in the Gale – is heard –
And sore must be the storm –
That could abash the little Bird
That kept so many warm –
I’ve heard it in the chillest land –
And on the strangest Sea –
Yet – never – in Extremity,
It asked a crumb – of me.
(Emily Dickinson. Fascicle 13, Winter, 1861)
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“Esperança” é a coisa com plumas –
Que na alma se aninha –
Seu canto é sem palavras –
Sempre a mesma – ladainha –
Soa bem – na ventania –
E só a forte tormenta –
Há de calar a Passarinha
Que a tantos acalenta –
Ouvi-a na terra mais fria–
E nos Mares sem fim–
Nem em situações extremas
Pediu migalhas – pra Mim.
(Trad. Adalberto Müller)
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Destino
à ternura pouca
me vou acostumando
enquanto me adio
servente de danos e enganos
vou perdendo morada
na súbita lentidão
de um destino
que me vai sendo escasso
conheço a minha morte
seu lugar esquivo
seu acontecer disperso
agora
que mais
me poderei vencer?
Mia Couto, no livro “Raiz de Orvalho e Outros Poemas”
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(…) os de maior calhordice são os mais exigentes em matéria de integridade e decência — dos outros, é claro. Posam de incorruptíveis, proclamam-se caráter sem jaça, vivem com a boca cheia de dignidade e consciência, ferozes e implacáveis juízes da conduta dos demais. Admirável desfaçatez. Dá resultados, há quem neles acredite.
( Jorge Amado, in Tenda dos Milagres, p. 257)
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