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EU, JESUS E O EX GAY.
Havia um tempo em que eu pensava que as pregações e testemunhos religiosos estavam restritos as praças e vagões dos trens da supervia, mas parece que eu estava errado, pois a fila do mercado também se transformou em espaço para manifestações religiosas que beiram a pura insanidade.
- Eu sou ex-gay, e me deixava levar por desejos impuros e antinaturais. Mas graças a Jesus eu me curei. E dou testemunha dessa cura a todos vocês.
Assim discursa um rapaz que não grita como os pregadores de praças e trens, mas mantêm um tom de voz para que os mais próximos, como eu que está atrás dele, possam ouvir o que ele diz.
Essa história do ex-gay curado em nome de Jesus é a mesma em qualquer lugar que você esteja.
- Eu não acredito nisso. – Pergunto em um tom de desafio, pois me senti desafiado a questionar testemunho de fé desse rapaz, por não mais suportar essas palhaçadas que acabam sendo discursos homofóbicos.
- Você não acredita em Jesus?
E com uma pergunta maliciosa, ele tenta colocar dúvida nos ouvintes que talvez eu não acredite em Jesus, a questão não é acreditar em Jesus, mas que interpretações de Jesus temos.
- Eu não acredito, é em cura da homossexualidade. Como Jesus vai curar algo que não é doença?
E com a mesma malícia que ele utilizou através de uma pergunta, eu faço o mesmo com ele.
- Mas, eu sou prova dessa cura que Jesus operou.
Ele me responde em um tom mais agressivo, parece que ele não gostou da minha malícia.
- Então, você pode me mostre em quais passagens dos evangelhos Jesus curou homossexuais?
- Nem toda doença que Jesus curou está relatada nos evangelhos.
Ele responde de forma evasiva
- Não foi o que te perguntei. E não tente relativizar, se lembre que Jesus disse: que o seu sim seja sim, e que o seu não seja não. Existem relatos ou não, nos evangelhos de Jesus curando homossexuais?
Volto a insistir e procuro mostrar as contradições das afirmações dele aos que nos ouviam.
- Não existe. Mas em outras passagens da bíblia existem.
- E nessas a homossexualidade é tratada como doença?
Como ele tenta ser evasivo, eu volto a questionar ele com malicia.
- Não. Mas...
- Se não são tratadas como doença. Então, não é doença. Portanto, Jesus não te curou.
Nesse momento interrompi ele quando percebi que quando ele fala a palavra, “mas” de forma insegura e para impedir que ele tente ser evasivo.
- E você acha que deixei de ser homossexual, como?
Ele volta a ser agressivo, normal em pessoas que não gostam de ser questionadas.
- Você quer que eu seja sincero?
Digo num tom de deboche e com o pequeno e sarcástico sorriso para atiçá-lo.
- Espero que seja.
Responde irritado.
- Eu penso duas coisas; a primeira que você nunca foi homossexual, e que somente se relacionou com pessoas do mesmo sexo por curiosidade; segunda que você é homossexual, mas suprimiu sua orientação sexual e seus desejos sexuais para não se sentir um pária, e ser aceito na comunidade religiosa que se encontra.
Percebo que minhas palavras o impactaram, as mudanças em sua feição de constrangido para raivoso e de raivoso para constrangido, confirmam a minha percepção. As pessoas próximas a nós também percebem essas mudanças, algumas dão sorrisos, mesmo que tentem esconder, de sarcasmo e outras o olham com pena dele, e a tudo isso ele percebe.
- Prefiro não discutir com quem não tem fé.
E com uma resposta curta e grossa, ele encerra o nosso pequeno debate sobre Jesus e a cura da Homossexualidade, para em seguida abandonar a fila do caixa em direção a saída do supermercado, deixando uma cesta cheia de mercadorias que ele poderia retirar da fila, as outras pessoas haviam ouvido tudo ignoram o fato dele ter deixado a cesta que atrapalhava o andamento da fila e começam a rir do rapaz que sumiu após passar pela porta de entrada do supermercado sem ao menos dizer um adeus.
Autor Luiz Carlos.
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CRÔNICAS DO MERCADO.
- Caroline, que história é essa da Viviane dizer para o André que você saiu com o Jorge na sexta.
Não costumo prestar atenção na vida alheia quando estou na fila do caixa do mercado, ainda mais nessa pandemia de Covid, em que procuro ficar o mais distante possível das pessoas. Mas o tom agressivo de voz do rapaz, mesmo de máscara, e a história que ali estava se desenrolando me chamaram atenção. E acabei deixando de lado a leitura de um texto no celular, para prestar atenção na conversa dele com a moça que o acompanhava.
- Eu, nunca sai com o Jorge.
- Eu sei que você nunca saiu com o Jorge. Você “tava” comigo na sexta. Quem saiu com ele na sexta foi a Viviane.
E eu pensado que ele havia descoberta que a moça o havia se divertido com outra pessoa. Mas a coisa parece bem mais interessante do que eu imaginava. O que me fez olhar, discretamente, para ambos que estavam de máscara. Não que eles não tenham notado que eu estava olhando, mas parece que eles preferiram me ignorar.
- É, né.
- Você sabia dessa história?
- Sim.
E não é que está ficando interessante.
- E você confirmou essa história para o André?
Que isso gente. Não acredito que ela fez isso.
- É. Eu queria proteger minha amiga.
Que merda essa garota fez. Protegeu a amiga e ferrou o namorado ou esposo, sei lá o que ele é dela.
- Você protege a filha da puta da sua amiga. E eu fico com a fama de corno. Você tem o que na cabeça, porra.
Eu acho que eu faria essa mesma pergunta se estivesse na situação dele.
- É que o André.
- É que o André tá dizendo para todo mundo que eu sou corno.
Coitado ganhou fama sem ser algo, é a pior coisa nesse mundo. Mas quem nunca já passou por isso.
- Eu não esperava...
Conta outra menina, isso era esperado. Ninguém nessa vida pode ser tão ingênuo assim.
- Que o filho da puta do André não espalhasse essa história. Quando você disse para ele que saiu com Jorge.
Esse André que é o verdadeiro corno, realmente é um filho da puta. Deve ter espalhado a história para inflar o ego de merda dele
- Eu fiquei com medo dele fazer algo com minha amiga.
- Que se foda, porra. Aquele merda não ia fazer nada.
- Você está muito nervoso.
- Não amorzinho, que isso. Gostei muito de saber que sou corno.
Infelizmente, não deu para saber o fim da história, já que o lindo casal largou as compras e foi embora. O bom que pude passar frente. E não ter de esperar que eles passassem dois carrinhos de compras pelo caixa, até chegar a minha vez. Mas como diz aquele ditado há males que vem para o bem.
autor: Luiz Carlos
Obs: Baseada em fatos reais. Com alguns comentários meus. E os nomes não são fictícios.
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O PASTOR, O PROFESSOR E A HOMOSSEXUALIDADE.
- Professor, o pastor da minha igreja, disse que o senhor está falando besteira.
Não estou surpreso com a fala do aluno, e muito menos com o tom alto de sua voz numa postura de acusação na frente da turma.
- E que besteiras estou falando?
O indago, mesmo sabendo os motivos da acusação dele. Já que na última aula de sociologia ele foi muito agressivo com tema abordado. E parece que a polêmica da aula passada vai ter continuidade na aula de hoje.
- Que homossexualismo é algo natural.
Sempre que nós professores abordamos a questão da homofobia e consequentemente da homossexualidade. Sempre acabamos, mesmo que não queiramos, entrando em conflito com velhos preconceitos religiosos. E esses religiosos fundamentalistas costumam fazer policiamento, utilizando crianças e adolescentes como olhos e ouvidos, para saber se o professor fazendo doutrinação, algo que não existe. Que não passa de alucinação de fundamentalistas religiosos e grupos conservadores.
- Não é homossexualismo, mas homossexualidade. O homossexualismo é um termo depreciativo contra os homossexuais, sem nenhuma base cientifica, tenta colocar neles a alcunha de pessoas doentes. Mas o que ele diz sobre a homossexualidade?
- Ele disse que homossexualismo é doença. E que o senhor não é médico para afirmar que homossexualismo é natural.
Mesmo explicando ao aluno que o termo homossexualismo é depreciativo. Ele ainda insiste em utilizar o termo.
- Seu pastor é médico?
A pergunta que faço é maliciosa, ela tem o objetivo de criar uma reflexão sobre a função do pastor.
- Não.
- E qual é a profissão dele?
- Ele é sargento.
Em parte, isso explica a mentalidade do pastor oriundo do meio militar. No meio militar sempre predominou uma mentalidade conservadora e reacionária que nunca aceitou a existência de outros grupos sociais fora dessa estrutura de pensamento.
-Sargento de qual instituição militar?
- Da polícia militar.
- Se ele é sargento, e não é médico como ele pode afirmar que estou errado.
Continuo a questionar o aluno quanto a função do pastor faço para que ele comece a pensar e refletir. Que a função do pastor não é definir o que é doença e o que não é doença. E que existem profissionais como médicos que estudaram para fazer esse tipo diagnóstico.
- Ele me mostrou na bíblia.
Não é surpresa ele citar a bíblia, a maioria dos alunos das periferias, onde faltam bibliotecas, centros culturais e o estimulo a leitura de outros livros. Ler e a gravar capítulos e versículos bíblicos é o que eles são estimulados a fazer. Infelizmente, eles são orientados por religiosos desonestos que se dizem ungidos ou inspirados por Deus para não serem questionados, e poderem incutir neles suas interpretações da bíblia.
- A bíblia é um livro de medicina?
Agora, faço outro questionamento para que ele comece a refletir sobre a função do livro religioso.
- É.
Essa resposta não é surpresa. Digo para mim mesmo meio que quase rindo.
- Você pode me mostrar as passagens bíblicas onde se fala de câncer, HIV, HPV, Diabetes e outras doenças. E formas de trata-las?
- Não.
- Por que, não? Se a bíblia é um livro de medicina?
Fazer ele se contradizer, é fazer ele refletir que a função da bíblia não é definir o que é doença e o que não é.
- Por que nunca encontrei essas doenças na bíblia.
- Se você não encontrou nenhuma dessas doenças e formas de trata-las na bíblia. Então, a bíblia não é um livro de medicina. E seu pastor não tem base para afirmar que homossexualidade é doença.
Se não é doença, é algo natural.
- Mas o senhor também, não é médico.
Ele está tentando ser tão malicioso.
- Não sou médico. Nunca tentei me apropriar da função. Você, já me viu em minhas aulas dizer que algo é doença ou não, ou mesmo formas de tratar doenças?
- Nunca vi professor. Mas o senhor também não pode dizer que algo também não é doença.
Outra resposta maliciosa para colocar minha pessoa em dúvida na frente dos alunos.
- Você sabe qual é a função Organização Mundial da Saúde?
- Sei.
Será que ele realmente sabe. É algo que me faz pensar.
- Então, o que é?
- Esqueci.
Ele demorou um pouco a responder.
- A Organização Mundial da Saúde, é quem define o que é doença e o que não é doença. Para ela definir se algo é doença, ela conta com médicos altamente especializados. Esses médicos altamente especializados concluíram que homossexualidade não é doença. Tanto que não se usa o termo homossexualismo. E desde 1994 a homoafetividade foi retirada das listas de doenças da Organização Mundial da Saúde.
- E o que isso tem haver?
Ele faz outra pergunta a agressividade dele aumentou, os olhos dele não escondem esse ódio. Infelizmente, o ódio é uma construção. Tentar desconstruir esse ódio, incomoda.
- Isso quer dizer que nenhum médico no mundo pode afirmar que a homossexualidade é doença. E que consequentemente seu pastor também não pode afirmar porque ele não é médico. E no meu caso, mesmo eu não sendo médico. Mas me baseando nos estudos da Organização Mundial da Saúde posso afirmar que a homossexualidade, além de não ser doença. É algo natural.
- O pensamento de Deus é outro.
- Deus também não disse, não julgueis para não ser julgado. Amai teu próximo como a ti mesmo. Quem muito amou, muito será dado?
- Disse. Senhor conhece a bíblia?
Ele ficou espantado por eu citar a bíblia. O olhar de ódio aos poucos desaparece.
- Sim. E você prefere julgar ou amar como Cristo amou?
- Amar.
Espero que esse ódio contra os homossexuais construído por esse pastor tenha sido desconstruído na aula de sociologia.
Nossas páginas no instagram:
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VIDA DE PROFESSOR: VOCÊ ESTÁ DOUTRINANDO OS ALUNOS.
Infelizmente ouça a voz de um determinado professor, com quem não tenho a mínima vontade de estabelecer qualquer tipo de relação, me pedindo atenção. É uma surpresa ele vir pedir atenção, já que ele é o único colega ignorei durante o ano letivo. Mas o que será ele quer é uma curiosidade que me toma.
- Professor, o senhor poderia parar de doutrinar os alunos, e dar aula. É uma dica que lhe dou.
Eu não acredito que estou ouvindo uma merda dessas.
- E como estou fazendo essa doutrinação?
Resolvo perguntar ao meu acusador qual é a definição dele sobe doutrinação em sala de aula.
- Professor não se faça de sonso, minhas aulas são após as suas. E esse ano, eu encontrei diversas vezes coisas que o senhor escreveu no quadro como Karl Marx, identidade de gênero e orientação sexual e outras besteiras.
Puta que pariu esse escroto está me chamando de sonso. Se eu bater nele será que pega mal?
- Primeiro não estou me fazendo de sonso, você deveria ter um mínimo de educação. Já que quem pediu minha atenção foi você, e não eu que nunca perdi meu tempo pedindo a sua atenção.
Ele parece que não gostou da minha resposta, já que aquele olhar de superioridade com que ele chegou mudou para um olhar de ódio a minha pessoa.
- Eu te questionei sobre como faço doutrinação – continuo a falar impedido que ele diga algo – E você não soube responder. Quando abordei Karl Marx expliquei qual era a concepção dele, sobre o que é o Estado, eu também abordei as concepções de Max Weber, Émile Durkheim e outros. Quanto as minhas aulas sobre identidade de gênero e orientação sexual que o você chama de besteiras. Somente mostra como você ignora a realidade escolar, por ignorância ou preconceito, muitos dos nossos alunos são mulheres, homoafetivos e transexuais, que sofrem todo tipo de preconceito dentro e fora da escola por colegas e professore. Quando abordo esses temas de conotação sexual, é por que eles são pertinentes no combate ao preconceito. E estão dentro do contexto das minhas aulas sobre discriminação, preconceito e estigma. Agora, te pergunto professor alguma vez, algum aluno afirmou que fiz propaganda partidária ou os convidei para reuniões de algum partido político?
Acho que falei tanto que não sei se ele conseguiu assimilar alguma coisa, essas mulas conservadoras com certeza não pensam. Mas a minha pergunta com certeza ele assimilou.
- Não, professor.
A resposta dele não é nenhuma surpresa. Nunca chamei ninguém para reuniões partidárias.
- Essa é a diferença entre eu e o Senhor.
- Como!!!
Ele ficou surpreso por eu ter feito essa comparação entre eu e ele, esse é o problema de alguns professores pensarem que nunca sabemos as merdas que eles fazem em sala de aula.
- O senhor faz leitura da bíblia, pregação e oração em sala de aula. Todo fim de aula chama os alunos para igreja. Sempre diz aos alunos homoafetivos e transexuais para eles mudarem de vida, e aceitarem Jesus. Isso tudo que você faz é doutrinação. Eu os ensinos a pensar, concordando ou não comigo.
- Eu tento trazê-los para o bom caminho.
Na concepção dele fazer proselitismo dentro de sala aula não é doutrinação, mas eu abordar temas que vão contra a mentalidade dele é doutrinação. Que professor insano.
- O que você faz é tentar convertê-los a sua religião, e essa não é sua função na escola. O papel da escola é ensinar a pensar, e não fazer proselitismo religioso. Quanto o senhor ficar vigiando o que aplico em aula, só não te mando a merda. Por que sou educado.
Depois dessa dou as costas a ele, e vou para a sala dos professores. Não vou ficar dando atenção para maluco.
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