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Desenhos sem título 2001-2002
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Caderno, o Homem Permanecido 2023.
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Desenho da série o Homem Permanecido 2023
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Desenhos da série o Homem Permanecido 2023
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Desenhos da série o Homem Permanecido, 2023
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Desenhos, 1999, sem titulo.
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Desenhos, ano 2000, grafite sobre papel, dimensão A4.
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Mergulho 2023.
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Desenhos da série Mergulho, 2023.
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Exposição Tudo pra você no Sesc Paço da Liberdade
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Algumas fotos da exposição Tudo pra você que acontece no Sesc Paço da Liberdade em Curitiba até dia 29 de outubro.
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Tudo pra você ou no beijo armadilha, o encontro de restos de amor presos entre os dentes de ouro do menino triste, que chora até a última lágrima de seu corpo abismo
Minha grande angústia. Dentro da noite no beco sem saída, só há uma maneira de escapar: tornar-se baba e descolar-se do corpo, transformando-o em líquido viscoso. Sonho ser outro homem entre as paredes que sufocam. Entre as paredes, sou aquele que busca a fuga impossível. Entre as paredes, cavo na própria pele um esconderijo improvável. Dentro da pele, me aproximo devagar de uma parte minha que eu desconhecia. Aparentemente não havia ligação entre o lá dentro e o ali fora. Estava pela primeira vez dentro de um território que não se definia com palavras, pois as palavras que eu conhecia eram insuficientes para descrever o que eu vivia naquele instante. Eu estava além dos próprios limites. Sentia algo desagradável em relação a mim mesmo. O sangue corre lentamente, as levezas se dissipam: ultrapassei o permitido. Deixei a mão deslizar pelas paredes ásperas. Quis sair, mas já era tarde. De dentro para fora, eu via um homem que desabava. Voltar já não era possível, então me entreguei àquela sensação. Entre o que eu era e o que eu seria, havia uma zona de sombra. Entre as paredes, nenhuma possibilidade de aconchego ou proteção. Nada além de secura, chão estéril e perigo. Mas o perigo mesmo está além das paredes. O verdadeiro perigo encontra-se na paisagem interior, feita de vestígios de uma vida que se despedaça, vestígios de um corpo que é abandonado pouco a pouco. Estou nu e tremo. Nas terceiras vezes sempre acontece alguma coisa, disse-me de passagem uma pessoa que também voltava do sonho. Cuidado! Mas não precisava dizer nada, eu sempre soube. Ainda que não soubesse, saberia enquanto pela terceira vez você dizia não. De repente tudo se esvaziava daquilo que não fosse eu e você, ali, à beira do sonho. Assim. Como se nunca houvéssemos percorrido outros lugares.
Os desenhos vacilam, são frágeis e delicados, mas não se engane: eles carregam em si a dor e o tormento daqueles que muito amaram. Porém nem só de sofrimentos são feitos. São feitos de encontros, amores, partilhas. São feitos de vida. A vida pulsante de um corpo cheio de desejos. Bebo o líquido dos vulcões, construo avalanches, construo estratégias para escapar da solidez da solidão. Nesse universo líquido e pegajoso como catarro, os dragões não conhecem o paraíso, os escoteiros menstruam, assumimos nossos crimes afastando aranhas do coração, o sonho causa medo e paralisa, insetos são terríveis, homens tentam permanecer diante do vazio de uma paisagem que os nutre e os consome, enquanto outros se alimentam de pizzas encantadas. Os traços são diversos, a linha corre solta, dando forma a personagens diversos: homens, animais, marcianos, meninos, batatas. Homens animalizados, animais humanizados vivendo sua estupidez. Todos nus e delirantes. Com o corpo exposto ao contato com o mundo. Cheios de tesão. Buscando pedaços de eternidade em meio à baba, violência e amores. São aprendizes na arte do encontro, despertam para a irmandade. Seres que amam, rejeitam, sentem dor, sofrem, ora solitários, ora acompanhados, caminham nessa jornada chamada vida, buscando ser mais fortes a cada trombada, mais sensíveis, mais humanos.
Marchas nômades. No caos, sou fisgado por um sanduíche de anzóis. Ninguém ampara o cavaleiro do mundo delirante. Eu te ouço rugir para os documentos e as multidões, denunciando tua agonia. A mesma agonia que sinto dentro de mim. Tua boca engolia o azul, eu em desequilíbrio me embriagava de lesmas líquidas. Estou alucinando no deserto inacessível. Percorro um caminho sem volta enquanto anunciam a dissolução de todas as coisas. A paisagem racha-se de encontro com as almas dos solitários. Tenho corpos que se ligam à terra e ao ar. Eu não acredito na história contada por batatas viciadas em trem-fantasma. No palácio de espelhos, sou o monstro sem reflexo. Sou triste como Cara de Coxinha. Sou quase tão triste como um marinheiro naufragado. Eu nasci de mil vidas superpostas. Nasci de mil ternuras desdobradas. Eu vim para conhecer o mal e o bem. E para separar o mal e o bem. Eu vim para amar e ser desamado. Eu abro os braços para acolher o mártir, o assassino, o anarquista, os desajustados. Eu e Jo Jo Dog adoramos abraços apertados. O desenho é desejo. O desenho é armadilha para corações distraídos. O desenho é perigo. O desenho é desafiar o branco do papel e seguir em frente até o fundo do abismo. Vertem as lágrimas do menino triste. Vertem as lágrimas do herói. Vertem as lágrimas dos delicados, dos cowboys melancólicos, dos desamparados. E eu a comer um cachorro-quente de saudades e pensar em amores perdidos. Jo Jo Dog é o marciano mais descolado que já conheci. Ele toca guitarra e bebe sucos de laranja à meia-noite quando se encontra com vampiros fluorescentes. Seres da noite em busca de amor. Eu também sou um monstro, e ser um monstro é very cool, ainda mais dentro de um filme nas telas da tv, onde o ordinário ganha poderes mágicos. Nas telas também assistimos a desenhos animados que falam de baba e morte.
Anjos percorrem as madrugadas tingindo os olhos com lágrimas invulneráveis. Caminho no hálito da noite sob a lua inesperada no horizonte branco. Eu sou o olhar que penetra nas camadas do mundo, ando debaixo da pele e sacudo os sonhos. Dos meus olhos caem lágrimas afiadas como navalhas. Ateio fogo nas cidades para não morrer de tédio na tarde de domingo. Frenético, te dou meu beijo armadilha. Fico sonhando, invocando o amor que brilha como uma flor de saliva. Luta pela vida que se esvai.
Junto aos desenhos crescem palavras, textos que tecem a teia perigosa feita de poesia e narrativa. Apropriações de outros autores são bem-vindas, pois engrossam o caldo. Juntam-se diferentes vozes em um grito único e potente, que estremece tudo a sua volta, como um terremoto. Palavras doces e palavras espinhosas, que não se fecham em gênero literário único. As fronteiras são movediças. O solo por onde caminho é mole. Eu tenho dificuldade em cada passo. Qualquer movimento é feito de esforço extremo. Eu acredito em noites, não ouso tocar o silêncio e a pureza das manhãs iluminadas. Vago no mundo deixando minha baba, meu desenho vestígio, minha palavra fracassada. Tenho um corpo impossível que se transforma em paisagem. Nas profundezas da floresta encontro o silêncio de Deus. Adormeço no meu ninho abrigo e mergulho nos sonhos que partem para morrer. Sou uma construção que se desfaz permanentemente. Nos desenhos há abraços coletivos, a solidão dos que babam e sonham, meninos encapuzados que babam e acendem cigarros impuros, baba e cachorros, baba e fumaça, baba e prisões de carne, baba e fuga, a casa como refúgio e como ameaça, e mais baba espalhada, baba e mais abraços, baba e mordidas, baba e corpos deformados. A baba não cessa. Permanece junto a línguas vorazes. Baba e anzóis, baba e espinhos, baba e amarras, baba e vegetação, paredes sem saída e a baba se tornando espessa, líquidos ameaçadores babados da boca de um homem que ri, baba e sombras, mais baba, baba e afetos, baba e violência, baba e paisagens, baba e desejos, mais cachorros que babam, baba e velas, baba e dinamites, baba e insetos construindo um mundo líquido e pegajoso.
Venho agitar as massas. Desloco consciências hipnotizando as multidões. Estou fugindo do senso comum. Aplicando a ternura onde tudo se faz febre. Ensinando a todos a serem piedosos sem estardalhaço. Meu coração pulsa acelerado. Sigo a passos lentos. Oh, minhas visões-lembranças de Rimbaud! Traço uma fuga para as montanhas. Eu tremo e sangro em busca do infinito. Meu coração está perdido, mas tenho um mapa nas mãos que leva até você. Um fantasma em cada esquina quer me desviar do caminho. Vou navegando nas ondas de meu próprio assobio até a porta escura da casa e lá adentro. Tome cuidado: eu sou perigoso. Eu babo um desenho por dia. Abandono antigas peles para cantar canções de amor. O caminho ainda é escuro, mas sou guiado por brilhos de neon. Sinto dor: estou vivo. Meu último olhar do dia repousa, como num poema antigo, sobre horizontes escarlates.
Luiz Rodolfo Annes, com a participação de Caio Fernando Abreu, Murilo Mendes, Roberto Piva.
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A PELE COMO CASA, em Luiz Rodolfo Annes
O que nasce do traço de Luiz Rodolfo Annes, que perscruta as superfícies brancas com bordas frágeis? Às vezes preciso, outras vezes débil, em preto ou vermelho, esse traço contínuo funda não personagens, mas sujeitos que figuram zonas de impasses, instantes de enunciações ou o espelho do homem e seu avesso. Ali está um processo de vir a ser, seu caráter multifacetado, fundante, uma sobreposição de faces a ocupar um mesmo rosto, uma coabitação de sentidos a ocupar um mesmo tempo.
Uma analogia possível para pensar essa figurabilidade de Annes seria, como licença poética neste texto, sua genealogia onírica. Freud já nos apontou: trata-se das imagens dos sonhos, que operam por condensações e deslocamentos, em conteúdos manifestos e latentes, calculados puramente pelo inconsciente, anteriores a qualquer razão. Sem dúvida, as séries de Annes conjugam esse jogo entre a realidade e seu sentido, deixando abertas camadas significantes para seu espectador, mas, para além de sua operacionalidade, há certo desgarramento que merece atenção como ponto de inflexão − ou seja, como é que a forma se desgarra de seu sentido e traz essas figuras prenhes do que ainda não tem nome? Território da arte. Acompanhamos o delineamento de um dentro e fora do sujeito, o espaço mutante que se adequa aos estados de espírito das figuras presentes e, numa observação paradoxal, notamos a presença daquilo que só se presentifica com sua ausência: a falta. E o que faz um artista para que se note a falta, já que ela é falta? Território da linguagem. Perguntas que não exigem respostas, mas que demarcam dimensões intraduzíveis da visualidade do trabalho, dimensões da pré-palavra, campo gutural. Os procedimentos de Annes constituem uma espécie de cartografia sintética e essencialista daquilo que é multidão no sujeito, do que se formula em anonimato, esgarça e derrama o dado fixo.
Outra analogia possível para pensar o lugar da prática artística de Annes, permito-me a aproximação, é o teatro do absurdo. Na perda de referências concretas e certezas, encena-se uma aposta no inusitado que circunda o homem diante de sua condição e o confronta. Sem nenhuma tese ou história, o que expressa é sua expressão. Nos corpos que carregam variados estados de ânimo, nos lugares que se moldam a essas ânimas em estado de corpos, eis que surge um vislumbre importante. Território da psiquê. No trabalho de Annes, todas as esferas são relacionais e estão em movimento, entre um sujeito e outro, entre muitos e um, entre todos. O movimento pode parecer mínimo, mas faz com que a pele, barreira por natureza, se expanda e englobe algo maior que um só corpo. Pele como casa que acolhe toda alteridade, onde ser é uma ação de multiplicação e se esparrama como identidade infinita.
Milla Jung
Belíssimo texto da Milla sobre minha exposição "Tudo pra você" no SESC Paço da Liberdade
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