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lunafernandez · 1 year
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MANHATTAN - 1995
Diego & Tina: parte 3
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Um ano incrível se passou.
Agora, Tina tinha 21 anos, e Diego, 23. Por incrível que pareça, ambos nunca assumiram um relacionamento, e não foi por falta de tentativas. Desde que se conheceram, Diego fazia o pedido à Agostina, que sempre respondia que não.
Isso não significava que ela não gostava dele, pelo contrário, ela se apaixonou desde o primeiro dia. Contudo, tinha medo de assumir um relacionamento, ainda mais com alguém que não vinha da mesma classe social que ela. Os pais de Tina eram conservadores, e gostariam que ela se casasse com um americano da elite. Por mais que casamentos arranjados sejam uma tendência entre milionários, a herdeira nunca deixou que isso a atingisse, mas sempre contou aos seus pais que era solteira, e eles sequer sabiam da existência de Diego.
Tina, na verdade, nunca foi cem por cento sincera com ninguém, inclusive com Diego. Ela falou que trabalhava com sua família, mas nunca sobre sua origem rica, sobre o império que foi construído em cima dos vinhos. Era tudo muito superficial, e é claro que o homem já tinha visto as bebidas com o sobrenome da amada nas prateleiras de adegas, bem como sabia exatamente da vida de socialite levada por ela. Porém, ele nunca a questionou, e ela preferiu manter em segredo.
Agostina nunca deixou Diego ir para sua casa, mas alugava quartos de hotel para ambos passarem alguns dias. Já ela, estava sempre no apartamento dele e de Raul, que inclusive tinha se tornado um grande amigo. Diego não entendia o motivo da mulher esconder tudo aquilo, tendo em vista que, se estivesse no lugar dela, não teria pretensão nenhuma de esconder suas origens.
De qualquer maneira, por mais que não assumissem um relacionamento real, nenhum dos dois ficava com mais ninguém, estavam todos os finais de semana juntos e já tinham declarado que se amavam.
(...)
Em uma noite, tudo mudou. Era uma quarta-feira qualquer, dia em que o casal não costumava se encontrar. Eles se ligavam pouco, apesar de ambos já terem celulares, pois Agostina gostava de deixar a linha livre para os seus pais ligarem da Argentina. Mas dessa vez, ela ligou. Estava em prantos, e pela primeira vez, passou o seu endereço para Diego, afirmando ser uma emergência.
Em instantes, Diego pegou sua moto e partiu para Upper East Side, um local chique e extremamente rico. Agostina morava na cobertura, que tinha dois andares, e ele foi atendido pelos empregados da mulher. Ele poderia pedir explicações para depois, pois naquele momento não pensou em mais nada, somente em encontra-la.
Tina estava sentada na janela de seu quarto, fumando um cigarro e com a maquiagem preta de seus olhos escorrida. Quando ela ouviu os barulhos da bota do rapaz no piso de seu quarto, o chamou para se sentar com ela no batente. A morena esticou as pernas em seu colo, e deu uma tragada profunda.
- Diego. - pausou antes de falar, mas não enrolaria mais do que o necessário. - Eu estou grávida.
Não tinha animação alguma em sua voz. Não porquê não queria ter filhos com ele, mas porque sequer eram namorados, e agora poderiam ter um laço pelo resto da vida. Diego, por outro lado, sentiu seu coração se acelerar. Ele sentia que Agostina era a mulher da vida dele, e a possibilidade de estar com ela e formar uma família era incrível. Queria pular de felicidade, mas não sabia se era essa a reação esperada. Então, primeiramente, pegou na mão de sua amada, de maneira firme, apesar de seus dedos tremerem como nunca.
- O que você vai querer fazer?
- Eu não sei, Diego! Que droga! Foi para isso que eu te chamei até aqui. - o seu tom de voz se elevou, e homem apertou ainda mais a mão dela.
- Tina... casa comigo. Eu falo com seu pai, com sua mãe, com o mundo todo! Eu amo você, quero passar o resto da minha vida ao seu lado. E... isso. - posicionou a mão na barriga da mulher. - Para mim, isso é um sonho virando realidade. Mas seja lá qual for sua decisão, eu estarei aqui por você, para sempre.
Agostina sorriu, deixando algumas lágrimas rolarem em seu rosto. Ela pensou se esse deveria ser seu destino, e sabia que não precisaria de homem nenhum para ter sucesso em sua carreira, visto que já era bem sucedida. Então, ela poderia muito bem dar uma chance para o amor.
- Diego, eu... eu me caso com você! Vamos formar nossa família, ter o nosso filho. Você vem morar comigo aqui?
Antes de responder qualquer coisa, ele se levantou e a pegou no colo, abraçando a mulher apertado, e deixando vários beijos em seu rosto.
- Com você, eu moro em qualquer lugar! Vamos amanhã nos casar, podemos ir na capela perto do restaurante.
- E nossa família?
- Eles receberão a notícia. Raul e Sofia podem ser nossos padrinhos. Tina, eu vou te fazer a mulher mais feliz do mundo.
- Você já faz isso, Diego.
E assim, o jovem casal, de uma hora para outra, se casaram e formaram uma família. A vida de ambos mudou completamente, mas, pelo menos nos primeiros anos, eles conviveram muito bem com isso.
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lunafernandez · 1 year
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MANHATTAN - 1994
Diego & Tina: parte 2
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Agostina demorou cerca de 30 minutos de carro para chegar ao restaurante ¡Amigos!, onde esperava encontrar Diego, o homem que não saiu de seus pensamentos desde que o viu pela primeira vez. Ela não sabia dizer o que o jovem tinha de diferente de absolutamente qualquer outro cara que já tinha conversado com ela, exceto que ele parecia ser alguém real, alguém como nos filmes que ela e Sofia gostavam de assistir.
Quando entrou no local, viu que era bem decorado, mas tinha elementos de absolutamente qualquer país da América Latina, e não somente chilenos, como Diego havia falado. Não era chique e não tinha nenhum espaço em branco nas paredes. Dava para perceber que era um lugar jovem e descolado, e Tina nunca tinha ido em um restaurante como esse. Não tinha ninguém para recepcioná-la, então apenas entrou e se sentou em uma das banquetas que ficava de frente para o bar. Ela destoava daqueles que estavam no local, tendo em vista que apenas seu vestido já pagaria a conta de todos, e ainda sobrava uma graninha. De qualquer maneira, o lugar estava cheio, mas não demorou para ser atendida.
Um rapaz de boné e com o bigode fino foi até ela do outro lado do bar. Ele se apresentou animado, e fez questão de elogiar a moça. - Boa noite senhorita! O meu nome é Raul, e tenho certeza que Deus é real, porque estou vendo um anjo na minha frente. - Ela sorriu um pouco sem graça, e o cumprimentou de volta com um aceno. - Olá... hm, o Diego está por aqui, Raul?
Um sorriso se abriu no rosto do homem. Isso porque as mulheres não costumavam procurar seu amigo, e aquilo, por algum motivo, o deixou muito orgulhoso. Raul sequer prestou atenção que Agostina era a garota das revistas que Diego estava buscando para conseguir uma entrevista, mas não demorou para chamar o homem. - Só um momento, meu bem, ele está na cozinha e já vem.
Agostina estranhou. Ele não tinha dito que o restaurante era dele? Então o que fazia na cozinha? De longe, podia ouvir a voz de Raul falando alto: "Diego, ela é a maior gata e tá te esperando, tira esse avental e vai logo". E o tão esperado rapaz apareceu, com o mesmo boné que o amigo e camiseta branca, com um semblante claramente cansado.
- Ti-Tina! - Ele parecia ter visto um fantasma quando se tocou que estava diante de Agostina Fernández, cheirando a óleo e com seu restaurante lotado. Ela, por outro lado, exalava um perfume de flores e estava linda, mesmo com uma expressão apreensiva no rosto. - Não sabia que vinha hoje, é uma ótima surpresa. Por favor, venha comigo, vou te colocar na nossa melhor mesa.
Diego jogou o boné para baixo do balcão e foi até a garota, estendendo a mão para ela e a guiando para uma pequena escada. Quando subiu, viu que se tratava de um terraço, com uma mesa e cadeiras de ferro, que não fazia parte do restaurante, mas que tinha uma linda vista. - Me desculpa, Tina, lá embaixo está uma bagunça. Hoje é aniversário de um cliente fiel nosso, que trouxe todos os seus amigos.
- Não se preocupe, Diego. Você mora aqui? - Ela olhou para a porta de vidro ao lado, onde tinha um apartamento pequeno, mas que parecia ser organizado.
- É... eu moro. Acho que teve outra impressão de mim quando falei que tinha um restaurante, não é mesmo? - ele riu sem graça enquanto coçava a nuca.
- Devo admitir que sim. Mas, honestamente, eu gostei lá debaixo. Um lugar cheio, com pessoas falando em espanhol, me fez lembrar de casa, ainda que só um pouco. - Mesmo na Argentina, Agostina vivia uma vida de luxo, que não se parecia nada com o restaurante, mas por algum motivo, se sentiu acolhida. - Eu... eu trouxe vinho. - Ela entregou uma sacola para ele, que continha uma garrafa do famoso vinho tinto Fernández.
Diego já sabia da realidade da mulher, mas mais uma vez preferiu fingir que não, tendo em vista que ela parecia gostar de ser desconhecida, pelo menos em algum lugar. - Obrigada, senhorita. Eu vou buscar taças. - Ele foi e voltou em menos de 5 minutos, já que não queria a deixar esperando. Serviu ambos e propôs um brinde, erguendo sua bebida. - Aos reencontros.
Agostina assentiu e esperou que ele bebesse, para perguntar sua opinião. - O que achou?
- Tá brincando? Isso aqui é fantástico, Tina. O melhor vinho que já tomei em minha vida.
Ela sorriu. Os vinhos eram muito importantes para Agostina e a aprovação do rapaz a deixou encantada.
No decorrer da noite, os dois conversavam e bebiam. Falaram sobre suas vidas, sobre como foram parar em Nova York, sobre hobbies... todos os assuntos fluíam bem entre eles. Era como se eles se conhecessem há anos. A conexão de ambos parecia instantânea e muito forte.
Quando a mulher olhou em seu relógio, já tinha passado da meia-noite, estava frio e uma garoa fina tinha começado. Agostina tinha que voltar, pois precisava encontrar Sofia no dia seguinte, de manhã.
- Espere. - Disse Diego. - Passe a noite aqui, eu insisto. Fique com minha cama e eu durmo no sofá. Amanhã de manhã te levo de moto para ver sua irmã.
Ela sorriu, e terminou a sua última taça. - Posso passar a noite aqui, com você, Diego. Mas você não precisa dormir no sofá. - Tina se aproximou dele e deixou um beijo em seus lábios. Ele se surpreendeu e a beijou de volta segurando sua cintura. Naquele momento, ambos sabiam que aquilo seria muito mais que apenas uma noite.
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lunafernandez · 1 year
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MANHATTAN - 1994
Agostina - Parte 2
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Agostina Fernández nunca foi tida como uma mulher fácil de lidar. Sua família sempre soube de sua ambição e de sua voz. Tanto é verdade, que quando foi embora de Buenos Aires, sua casa ficou em silêncio por muito tempo. Sendo algo bom ou ruim, a herdeira sempre acabava por conseguir o que queria, até as coisas mais impossíveis.
Contudo, depois que encontrou com o tal "Diego López" na cafeteria, acabou perdendo um pouco seu foco. O encontrou na sexta, e justamente nesse final de semana receberia sua irmã em casa, vinda da Argentina, para que ela conhecesse um pouco da Big Apple. Sofia tinha 16 anos, 3 anos mais nova que Tina. A irmã mais velha foi buscá-la no aeroporto e logo partiram para a cobertura em Upper East Side. Cidades grandes parecem todas iguais, mas Sofia realmente se impressionou com as luzes de Nova York vistas de um lugar tão alto.
- Diga, mana! Como é a vida aqui? A gente sempre assistia filmes, e você realmente veio, como falou que faria! - as duas estavam no closet de Tina. A mais nova era empolgada, e estava experimentando todos os vestidos da mais velha. Chanel, Dior e Versace eram suas marcas favoritas.
- Bom, Sofi, aqui é bonito. Eu faço reuniões praticamente todos os dias, cuido das importações dos vinhos vindos lá de casa, e estudo na faculdade que o papai me matriculou.
- Nossa, isso tudo é chato! Você já fez amigos? Já encontrou um namorado?
- Sofia! Se isso tudo fosse tão chato assim, você não teria a vida que tem, e não estaria casualmente bebendo suco de uva em cima de um Chanel tão caro! - Tina a repreendeu e pegou o copo de sua mão. - Claro, tenho amigos. Eles são filhos dos amigos dos nossos pais.
- Você deveria conhecer pessoas por conta própria, Tina. Os amigos americanos do papai são tão ignorantes. Lembra daquele Johnny Boy que foi para nossa casa de veraneio lá na Argentina quando éramos crianças?! Fala sério, ele ficou impressionado com o fato de não morarmos no meio da floresta.
Ambas suspiraram, e Agostina sabia que Sofia tinha um bom ponto, mas ela não tinha mudado de país e deixado tudo para trás para fazer amigos. - Eu me lembro do Jonathan Grey. Por sinal, ainda ando com ele.
- Agostina! - exclamou a mais nova. - Eu te proíbo de namorar com ele. É sério...
- Sofia, para! - a mais velha já tinha perdido a paciência, e interrompeu a mais nova. - Eu tenho 19 anos e já estou ampliando o nosso mercado para os Estados Unidos. Eu estou trabalhando e construindo o nosso império aqui, e você só sabe me perguntar sobre namorados?!
Sofia deixou o vestido que estava experimentando de lado e colocou as mãos na cintura, parando na frente da irmã, que estava sentada na cadeira em frente à penteadeira. - Fica a vontade para brigar comigo, Tina, mas eu estou certa e você sabe. Você nunca se divertiu, sempre ficou tão focada na empresa desde a adolescência que sequer tem amigos de verdade. Eu não tinha dúvidas de que você faria sucesso em Nova York, mas... - a garota apontou para o espelho. - Sério, você é linda, inteligente, jovem e rica. Curte um pouco tudo isso, como eu faço.
Agostina permaneceu quieta, seguindo a irmã com o olhar. Sofia, então, continuou a falar. - Eu tenho uma festa hoje. Vou com a Karen, a irmã do Jonathan, se lembra? Nós começamos a trocar cartas, nos falamos desde o ano passado.
A mais velha finalmente falou algo. - Vai com esse Calvin Klein, as garotas da cidade gostam. - Ela se levantou e entregou o vestido para a mais nova.
- Você sabe que é a melhor, Tina. - Sofia deixou um beijo no rosto da irmã e saiu pelo apartamento, rodopiando e pulando, animada como sempre.
Agostina então parou na frente do espelho. Odiou ouvir tudo aquilo da irmã, e odiou ainda mais saber que Sofia estava certa. E então, em um raro momento em que sua emoção falou mais alto que a razão, pegou o papel rasgado em sua bolsa. Lá, tinha o endereço do restaurante de Diego. A garota pegou o interfone e informou seu motorista. Pela primeira vez desde que chegou em Nova York, Tina iria sair de sua zona de conforto e assumir riscos.
Quando se deu conta, já estava dentro do carro, atravessando a cidade, indo encontrar um estranho que conheceu em uma cafeteria. Quem sabe assim teria um pouco de diversão, ou então teria a certeza que assumir riscos é uma grande bobagem.
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lunafernandez · 1 year
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MANHATTAN - 1994
Diego & Tina: parte 1
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Nos anos 90, buscar por informações era algo mais complicado. Para seguir com sua busca pela parceria com os Vinhos Fernández, Diego passou a comprar todas as revistas de culinária e fofoca, e acompanhar programas de televisão sobre socialites e lugares chiques de Nova York em seu tempo livre. A partir daí, começou a traçar o seu caminho para se encontrar com Agostina. Foi em alguns eventos, mas falhou ao tentar encontra-la. Caminhou pelo bairro onde ela morava, mas nunca a avistou por lá.
Raul achava que aquilo não era tão importante, pois a cada dia que se passava o restaurante de ambos fazia mais sucesso, mas nunca verbalizou esse sentimento ao amigo, afinal, Diego sempre esteve ao seu lado em todas as suas loucuras. Contudo, Raul começou a desconfiar que o fascínio pela mulher das revistas se tratava de algo a mais do que apenas vinhos.
Aos poucos, Diego foi vendo que dava voltas em círculos e não chegava em lugar nenhum com sua busca. Assim, decidiu que aquilo não seria mais seu foco, e sim outras parcerias e novas receitas para o restaurante. Até que em uma noite chuvosa de sexta-feira, saindo do trabalho para poder respirar um pouco, o jovem foi até uma cafeteria que sempre quis conhecer. Era bom sair um pouco do restaurante e viver experiências novas, até porque ele não se permitia fazer isso muitas vezes.
Pediu um café e um brownie, e se sentou em uma poltrona confortável, com um livro de ficção em mãos. Porém, o sino da porta chamou sua atenção. Quando levantou seus olhos, viu uma bela mulher, com cabelos escuros que davam destaque aos fios loiros pintados. Era elegante e jovem, mas parecia sobrecarregada. Diego conseguiu perceber isso por ser alguém que está sempre levando esse sentimento. Quando a mulher se virou para procurar por um lugar para sentar, ele conseguiu ver melhor seu rosto e não podia acreditar. Era Agostina Fernández. De todos os lugares que foi, nunca pensou a encontrar em uma cafeteria do centro, ainda que fosse um local bonito e popular.
Diego, então, resolveu que se apresentaria a ela, mas com uma abordagem um pouco diferente. Casualmente, falaria seu nome, e esperaria que ela se apresentasse também. Ele agiria como se nunca tivesse ouvido falar dela, e tentaria a deixar o mais confortável possível. Das poucas vezes que Agostina se pronunciou em revistas, ele conseguia perceber o quão tensa parecia estar, então Diego resolveu não chegar tietando a moça.
- Deveria experimentar o brownie, está delicioso. - o rapaz falou enquanto a olhava de pé. Agostina deu um meio sorriso e se sentou em uma poltrona próxima, mas longe o suficiente, com cerca de dois assentos os separando.
- Obrigada pela sugestão, mas vou ficar no café. - Ela voltou a se concentrar na bebida quente enquanto se ajeitava no lugar escolhido.
- Ah, é claro. O café daqui é bom, mas não tanto quanto o de casa. Sabe, passado no filtro mesmo. - ele coçou a garganta. Nem sabia mais do que estava falando, e então deu uma pequena risada para disfarçar. - Meu nome é Diego, por sinal. Diego López. - estendeu a mão para cumprimenta-la.
A mais nova o olhava de canto, e o cumprimentou de volta, dando um sorriso um pouco mais sincero dessa vez. - Pode me chamar de Tina.
- Tina, que belo nome. Nunca irei me esquecer. - Ele sorriu de volta. Estava nervoso, mas tentava se lembrar do jeito que Raul abordava as garotas. - Hm, me diga, Tina, de onde você é? Porque eu reconheço um sotaque latino quando ouço um, ainda que bem discreto, como o seu.
- Argentina. E você? - a mulher deixou a xícara na mesa de centro, respondendo a pergunta sem maiores rodeios.
- Oh, sou da Guatemala. - ele mantinha o sorriso no rosto. - E o que uma moça argentina faz aqui em Nova York?
- Trabalho, estudo... acredito que o mesmo que você, Diego López.
- E você está certa, Tina. E me diga, com o que você trabalha?
- Bom, eu... - A jovem pausou brevemente. Primeiramente porque tinha 19 anos, e a idade legal para beber nos Estados Unidos é de 21. No meio da elite, poucos se importavam com isso, mas estava na cara que Diego não pertencia a esse meio. Segundo porque tinha medo dos rumos da conversa após essa informação. - Eu estudo negócios e trabalho com produtos da família. E você?
- Faço jornalismo, último ano. E tenho um restaurante com o meu amigo. Sabe, você deveria passar lá algum dia. - Diego arrancou uma página do livro que lia, com dor em fazer isso, mas não deixou transparecer, queria parecer descolado. Escreveu o endereço na parte em branco do papel e entregou para ela. Lá também tinha seu número de telefone. - Eu gostaria muito de te ver mais uma vez. Se quiser, é claro.
Tina pegou o papel e guardou em sua bolsa. Ela não sabia o que responder. Ouvia flertes o tempo todo, mas esse era diferente. Não vinha de um mauricinho querendo comprar sua atenção, e sim de alguém que queria impressiona-la de verdade, e perguntou sobre o que ela fazia. A garota quase não ouvia essa pergunta, porque todo mundo parecia conhecer sobre sua vida. Além disso, Agostina admitiu para si mesma que Diego era bem bonitinho.
- Certo, eu passarei lá algum dia... Diego, você gosta de vinhos?
- Hm, não muito, talvez não tenha tomado algum tão bom. - Mentiu, obviamente, mas queria parecer desafiador para ela.
- Isso é interessante... semana que vem eu posso fazer uma visita. Peça ao seu chef para preparar o melhor prato para mim. - Ela deu uma piscadela para ele e tomou o último gole do seu café, sem demorar para se levantar e partir em direção à saída. - Até mais, Diego López.
Diego a observou ir embora, e quando a porta se fechou, comemorou internamente. Sua abordagem tinha dado certo. E o rapaz não deixou de notar o quanto era ela linda, ao mesmo tempo que fria e enigmática. Simplesmente encantadora. Agora, teria que se preparar para receber Agostina Fernández em seu restaurante popular. Mal podia esperar para contar para Raul.
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lunafernandez · 1 year
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PEOPLE MAGAZINE
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A jovem e milionária Agostina Fernández, revolucionária no mercado de bebidas americano, no último encontro internacional de chefs de restaurantes.
A argentina mais uma vez deixou claro que se recusa a dar entrevistas, apenas pronunciando-se sobre seus produtos: "Se quiserem saber sobre mim, comprem os Vinhos Fernández".
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lunafernandez · 1 year
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MANHATTAN - 1994
Diego: parte 2
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Diego e Raul compareceram à feira cultural em East Harlem e foi um absoluto sucesso. A pequena barraca que Raul tinha alugado quase não suportava a fila enorme de pessoas que se formou ao seu redor. Todos elogiavam a comida e perguntavam quando poderiam comer novamente. Aquilo fez os olhos de Raul brilharem. Pouco tempo depois do evento, o rapaz buscou por uma locação onde seria possível fazer o restaurante nascer. Era um prédio de esquina, com dois andares, que teria que ser alugado e reformado, mas aos olhos dele, parecia um lugar perfeito. Não demorou para levar Diego para conhecer o local.
- E aí, o que achou? - Raul perguntou empolgado.
- É... grande, e velho. - Diego engoliu em seco, mas sabia que não estava mentindo. A feira tinha feito Diego feliz, muito mais do que o seu estágio em jornalismo. O garoto percebeu como deixou as pessoas alegres naquele dia, como algumas lembraram de casa, como outras celebravam a cultura latina. Mas tinha que manter seus pés no chão. - Como pretende pagar por isso?
- Tem dois andares, certo? No de cima, nós fazemos nosso apartamento e aí não precisamos mais pagar aluguel. No debaixo, manteremos o restaurante funcionando.
- Se. Apenas se eu topar, Raul. Você me garante que teremos estabilidade? Eu estou no último ano da faculdade, não posso simplesmente arriscar tudo.
- Confie em mim, hermano. Eu também não posso afundar esse barco. Se isso acontecer, seremos dois fodidos.
Diego passou dias pensando em todas as possibilidades. Será que seria tão ruim? Poderia ser algo fenomenal, já que ele estaria fazendo algo que gosta, e honestamente, nunca tinha ganhado tanto dinheiro como na feira. Juntando seu estágio e emprego, que recebia mensalmente, naquela noite ganhou pouco menos do que em um mês inteiro.
(...)
Em questão de apenas 1 ano, o restaurante ¡Amigos! era o ponto de encontro de jovens latinos e americanos para comer comida de qualidade por um bom preço. Raul e Diego se tornaram colegas de quarto e sócios, e tocavam o local em tempo integral. Ambos saíram da lanchonete, mas Diego manteve seu estágio, para que pudesse completar as horas necessárias para se formar. O jovem López poderia dizer que nunca havia trabalhado tanto, mas que estava feliz, como sempre sonhou.
No apartamento de ambos, Diego assistia TV e passava um programa sobre restaurantes badalados, enquanto Raul estava em seu quarto com uma de suas namoradas. O jovem concentrado na programação percebeu uma coisa: o Vinho Fernández estava no cardápio de todos aqueles lugares populares. Não só jovens bebiam aquele vinho, mas adultos de todas as idades. Ele se inclinou e apoiou os cotovelos nos joelhos, buscando lembrar de cada detalhe. Aproveitou que o colega de quarto estava ocupado e pegou uma revista da garota que estava no apartamento. Folheou as páginas de fofocas e lá estava: a foto de uma mulher linda, jovem e com fios dourados em um cabelo castanho. "Agostina Fernández, revolucionária do mercado de bebidas americano, se recusou a dar entrevistas, novamente."
Diego encarou aquilo como um desafio. Precisava ser a primeira pessoa a conseguir uma entrevista da intocável senhorita Fernández, assim como trazer o seu vinho para o restaurante. Era engraçado como no início, não queria aceitar o desafio, mas agora, dedicava todo o seu tempo ao seu negócio, demonstrando ser sua verdadeira paixão.
Além da bebida combinar com o tema dos ¡Amigos!, faria com o que o nível do local se elevasse e muito. Já estava localizado em um bairro razoável, mas tanto Diego, como Raul, queriam mais do que apenas aquilo. Assim, seu primeiro trabalho como jornalista profissional estava traçado: chegar até a milionária Agostina Fernández, conseguir uma entrevista e uma parceria, ou pelo menos, uma garrafa de vinho.
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lunafernandez · 1 year
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MANHATTAN - 1993
Agostina: Parte 1
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A família Fernández é conhecida pela elite de Buenos Aires por suas vinícolas seculares. Todos os mais ricos da América Latina tinham pelo menos uma garrafa do famoso vinho em suas casas, envelhecido organicamente e sem perder a essência e o sabor, que faziam parte da marca registrada da bebida.
Famílias da elite costumam deixar muitos herdeiros, e com os Fernández não foi diferente. Agostina era a filha mais velha do atual CEO e diretor da marca, e desde pequena foi educada para ser sua sucessora. Aulas de negócios, idiomas, matemática financeira... Tina tinha acesso a tudo que muitos jovens empreendores sonham. E a garota era ambiciosa, assim como o pai. Quando fez 18 anos, portanto, ao invés de pedir um carro, como suas primas, pediu para fazer intercâmbio em Nova York, para estudar o mercado da América do Norte e poder expandir os negócios da família para lá. Sr. Fernández, seu pai, ficou orgulhoso e concedeu o desejo à sua querida filha, a matriculando na Columbia Business School e dando um apartamento em Upper East Side. É claro, ela também ganhou um carro.
Apesar de estudar muito, a rotina de Tina no novo país não era difícil para se adaptar. A garota nunca precisou trabalhar e desde que chegou têm sido mimada por famílias ricas que deviam favores ou queriam algo de seu pai. Ela sabia do interesse deles, mas não ligava. Gostava de receber o que queria em mãos. É claro, também apareciam muitos pretendentes para a jovem, mas ela não se interessava em namorar, muito menos casar. Tinha apenas 18 anos e foi para os Estados Unidos com apenas um foco: expandir o mercado de vinhos.
Tina sempre foi uma bela mulher, se destacando desde pequena com sua aparência, mas queria ser mais do que isso. Queria ser influente e poderosa. Então, fez questão de iniciar o processo de expansão logo. Negociações com donos de vinícolas e restaurantes finos fizeram com que o nome Fernández logo ficasse conhecido pela elite americana. Todos gostavam da bebida e do seu toque suave e natural. A persuasão da garota era impressionante, e mais e mais garrafas chegavam da Argentina e iam para a mesa dos mais ricos.
Em menos de 1 ano, o Vinho Fernández já era cobiçado pelos americanos, sendo um item novo e de luxo para apreciadores de bebidas, para jantares importantes e até como item de decoração nas casas. A mídia queria saber mais sobre a jovem latina que aparecia em eventos e convenceu a todos que sua bebida era a melhor. Tina deixava tudo ainda mais enigmático, porque deixava com que tirassem fotos, mas não dava entrevistas. O mistério por trás de seu nome gerava rumores, o que fazia o vinho ficar ainda mais famoso. Pode-se afirmar que Agostina era uma mulher inteligente e focada, que faria jus ao nome que carregava.
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lunafernandez · 1 year
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MANHATTAN - 1993
Diego: parte 1
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Diego López era filho único de uma família de classe média da Guatemala. Desde pequeno, se dedicou aos estudos e, principalmente, ao inglês. Era um garoto curioso e exalava vontade de viver. Sua mãe era uma mulher simples e generosa, enquanto seu pai era um típico trabalhador que chegava em casa apenas para dormir, mas que amava e cuidava de sua família.
No seu último ano escolar, Diego decidiu o que queria estudar na faculdade: jornalismo. Ele queria ser o melhor na área e, portanto, abdicou de uma adolescência comum para se dedicar 100% aos estudos para uma bolsa universitária internacional. E assim conseguiu. Com 18 anos, em 1991, partiu para Nova York, pois ia estudar na NYU com bolsa integral. O problema é que não teria mais nenhuma ajuda de custo sem ser de seus pais. Mas isso não o deixou desanimado, e sim mais empolgado para ter sua independência em todos os aspectos.
Os primeiros anos não foram nada fáceis. Diego fazia bicos indicados por seus colegas e dormia no dormitório da faculdade, acumulando dívidas. Até que com 20 anos conseguiu um estágio na área, assim como um emprego de meio período em uma lanchonete. Durante a manhã Diego fazia suas aulas, a tarde ia para o estágio e, depois das 5 horas até as 10 da noite, ficava de cara para uma chapa quente, preparando jantares.
- Você está com olheiras enormes, hermano. Já pensou em descansar de vez em quando? - na lanchonete local, Diego conheceu Raul, um rapaz de 23 anos que também trabalhava ali. Raul não era tão apegado à responsabilidades como Diego. Ele só se preocupava em viver o presente e pagar seu aluguel, então trabalhava em uma loja de conveniência durante o dia, e a noite partia para a lanchonete. Diego tinha uma personalidade mais introvertida, totalmente diferente de Raul, que era expansivo e adorava conversar. - Sabe, você é bom nesse negócio de fazer lanches e essas coisas. Muita gente já elogiou os pratos no salão. Já pensou em trabalhar com isso?
- Raul, eu não vim para a América para ficar fritando bacon. Eu vou ser um jornalista, estou em um bom estágio. E, aliás, eu já trabalho com isso, não tá vendo aqui? Trabalhamos juntos.
- Você sabe o que eu quis dizer, Diego. Mas está certo, um bom jornalista será. Só que terá que ser o melhor, se quiser alguma posição nessa televisão americana... - Ambos suspiraram. Não era tão fácil ser um jovem latino nos anos 90, nos Estados Unidos. - Mas olha, o que eu tava pensando era você e eu, vivendo o sonho americano. Eu faço as negociações, e você a comida.
- Uhum, e nós abriríamos uma lanchonete de hambúrgueres em algum lugar de Nova York? Isso é bem original mesmo.
- Diegoooo... - Raul revirou os olhos, enquanto roubava um bacon da chapa para comer. - Presta atenção. Não vamos fazer hambúrgueres, vamos fazer comida mexicana.
- Raul. Nenhum de nós é mexicano, isso não faz o menor sentido. - Diego negou com a cabeça, e colocou outro bacon para fritar.
- E você acha que eu não sei disso? Me irrita tanto quando esses caras me colocam em um estereótipo. Eu sou chileno!
- Gosto mais de comida chilena... - Diego falou baixo, dando de ombros.
- Fala sério! Isso seria incrível, Diego. Eu e você, nosso restaurante vendendo empanadas e tudo de bom que eu comia lá em casa... A gente tem que tentar!
- Raul. - O tom de Diego era mais sóbrio. Ele tinha medo de se arriscar e tinha motivos para isso, já que finalmente havia conquistado sua fonte de renda, ainda que pequena. - Nós não podemos largar o que temos por uma incerteza. Por favor, só vamos trabalhar. Eu já topei sair com você, conheci duas das suas namoradas. Somos bons amigos, não seríamos bons sócios.
- Tá, eu só tenho mais um proposta. - Raul pega o boné de Diego para ter sua atenção. - Mês que vem, terá uma feira cultural em East Harlem. Eu posso alugar uma barraca e você cuida da comida. Eu faço toda a parte administrativa, prometo que farei certinho. E é em um final de semana, você não vai perder sua aula, e nem seu estágio. Me dá só essa chance.
Era uma oportunidade de renda extra, Diego pensou. E não faria tão mal a ele sair da rotina e estudar um pouco da culinária chilena, até porque estava imerso em teorias sobre jornalismo que nem ele aguentava mais. - Ok, Raul, eu topo participar da feira com você. Mas saiba que essa será uma única vez.
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lunafernandez · 1 year
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Diego López - pai da família.
50 anos.
Guatemalese; jornalista por formação, sócio de uma rede de restaurantes.
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Agostina Fernández - mãe da família.
48 anos.
Argentina; herdeira e empresária de uma grande vinícola.
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Luna Fernández López - primeira filha
25 anos.
Americana; jornalista e escritora.
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Stella Fernández López - segunda filha
17 anos.
Americana; estudante do ensino médio.
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