Tumgik
m-harleem-blog · 8 years
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Entrar no time de quadribol por si só tinha sido um ato de rebeldia contra sua mãe. Na verdade, era apenas uma consequência. Mérope era livre demais para se prender a regras de etiquetas ou coisas do gênero. Mas namorar Ardjan com dezesseis anos tinha sido a gota d’agua para Katherine Travers. Não importava suas notas altas, ou as vezes em que ia em eventos apenas para agradar a mais velha. Sempre acabavam discutindo sobre esses dois temas. O único momento em que estava com a mãe e tinha paz era quando Edward estava junto. Ele, apesar de nunca ter acreditado em seu relacionamento amoroso, era seu melhor amigo. E era ele que a salvava. Já que para Kath a amizade dele era o tipo de relacionamento que a filha deveria ter para o resto da vida. Era ele que conseguia que Mérope continuasse com seus mimos, mesmo com Ardjan a tira colo. A principio, a loira sentira falta de certas regalias que foram cortadas. Mas mesmo sem Edward, ceder nunca tinha sido uma opção. Achava a chantagem da mãe terrível, algo recriminável. 
No período em que acreditou que Edward era o pai de Valentina, eles tentaram. Mas tinha algo errado, o toque não era nem meramente parecido. Havia uma comparação quando ela sequer sabia com o que comparar. Sempre tinha sido muito intuitiva, então levava a sensação de que algo estava errado muito a sério. Tinha tentado também com um colega de trabalho, de sua equipe. Mas nada tinha sido diferente. Faltava algo, faltava amor. Nenhum deles fazia com que a loira se sentisse em casa como Ardjan. Nenhum deles fazia com que borboletas brotassem no estomago como Ardjan. Era natural como respirar, e era viciante. Mérope estava aproveitando cada segundo, cada cheiro e cada toque. Não estava pronta para a abstinência de novo. Enquanto se movimentava, um sorriso pequeno estampava em seus lábios. Era involuntário, apenas uma demonstração de como estava feliz. De como estar ali com Mackenzie a fazia bem. 
Como fogo e gasolina, entrando em combustão quando se chocam. Era inebriante a sensação, tanto que sequer se lembrava da porta que apenas estava encostada. A mesma sensação que compartilhavam quando se encontravam em salas vazias e eram pegos. Por ele, ela cumpria detenção. Eram as únicas em seu currículo impecável, e ela só fazia porque realmente valia a pena. Sempre daria um jeito para ficarem um pouco mais, para se sentir mulher um pouco mais. Como ela podia recusar isso? Ela não podia, essa era a questão. Ela não dava espaço para nenhum sentimento ruim, ela apenas o queria. Mais, mais e mais. Insaciável. 
Pelos poucos segundos que seus dedos tocaram a marca, sua mente estava longe. Ela não estava pensando no perigo, ou no preconceito. Apenas em como reluzia ali na posição em que estava, em como seus lábios se tocavam e a deixavam quente. Mérope confiava nele, com a própria vida. E ela realmente acreditava que ele iria conseguir enxergar isso em seus olhos. Ela o amava, com ou sem mordida. Não importava os riscos, apenas o nós importava. Ela não iria cometer o mesmo erro de novo, não iria deixar ele escapar mais. Sempre tinha sido auto confiante, sempre tinha tido certeza do que sentia. Desde daquele acidente onde pararam de discutir e começaram então conversar. Com ele, enfrentaria tudo. Valia a pena. 
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O sentimento transbordava com facilidade para fora de Mackenzie assim como um dia fora para Ardjan. Sempre fora a sensibilidade da relação, o primeiro a arriscar-se, o primeiro a provocar algo, disposto a pôr seu amor em pauta sempre que necessário. Fora assim que se apaixonara por Mérope cada vez mais, não como se fosse a primeira vez, mas como se continuamente encontrasse mais e mais motivos para amá-la. Não era tão diferente do momento, com as mãos sobre sua pele, sentindo-a como sonhara tanto nos últimos anos. Fora como se tivesse permanecido casto. As outras relações não eram a mesmas, não o permitiam sentir aquilo. Então, injustiçado, saía pela manhã sem explicações. Fazia-se frio, cruel até, fechado até o último fio de cabelo; até ter o rosto de quem realmente ama entre as palmas de suas mãos calejadas. Manejava coisas pesadas, diversos artifícios de treinamento, pela semana inteira. Feriu-se com espinhos pela manhã por não ter paciência para luvas necessárias em plantas trouxas, mas em um dia que poderia ter sido mais um na vida que escolhera estava ali. Segurando o que fora mais precioso para si por tanto tempo. Um abismo de diferença entre a gelada pele de tez clara ao aço rijo de qualquer material cortante. Mas que também o fizera mais miserável que qualquer lâmina afiada.
Quando lhe explicaram as regras, nada falaram sobre o caso de uma pessoa de sua antiga vida por acaso entrar em sua nova. Disseram para permanecer afastados dos que apagara a memória, e assim o fizera, permanecera afastado por muitíssimo tempo. Sequer se comunicara com alguém que conhecera como Ardjan, nem mesmo seus irmãos. Começara literalmente do zero, com apenas o emprego como âncora e a ideia de que um dia as coisas ficariam normais. Poderia ser um bruxo normal, apesar de toda excentricidade de fazer parte de um FBI bruxo. Reconstruiria tudo, jurara a si mesmo que aquela era uma boa via. Uma ótima via, o único que sofreria com ela seria ele mesmo. Cortar todos os laços era bastante semelhante a um suicídio, era como se nunca tivesse de fato existido. Agora podia pensar que seu outro nome estava ao fundo da memória de Maya também, que tinham mais segredos juntos do que jamais tiveram.
Apreciando a textura dos lábios alheios, Mackenzie fechara os olhos. Inconscientemente permanecia com a boca entreaberta, a cabeça inclinada para um lado enquanto rendia-se àquela fraqueza que há muito não se permitia. Suas mãos continuaram apoiadas nas pernas alheias, onde antes estavam, navegando por coxas malhadas e com algumas cicatrizes recentes. Poderiam aparentar serem os mesmos adolescentes, mas muitas coisas mudaram. As cicatrizes do trabalho, o formato dos músculos, a estatura, roupas e alguns comportamentos. Mas, para Mack, a única coisa que não mudara e que nunca mudaria fora o que declarara mais cedo. Não ficara impressionado ou relutante por Maya ter hesitado, esperava tal reação. Fazia tanto tempo, mas ela ainda tinha as mesmas manias. Aparentava ter até mesmo algumas inseguranças do começo de relacionamento. Isso fizera um riso escapar do maior, realmente, eram adolescentes. E, como um animado adolescente, não retirara o sorriso do rosto. Como se estivesse fazendo algo de errado em lugar desapropriado encolhia seus movimentos para que apenas os dois os degustassem.
Em um movimento, puxara o vestido de Maya por sua cabeça, deixando-o de lado o mais rápido que conseguira para tornar a lhe beijar. Mackenzie não estava realmente com pressa, tinha o dia inteiro livre se quisesse, Vicent o cobriria na floricultura para o que precisasse. Aquele nem era um dia de tanto movimento, convencia-se a ter motivos plausíveis para passar o resto do dia ali. Se dependesse somente de sua pessoa, faria Maya Strauss gozar por todas os anos que tiveram separados. E começara pelos seus seios, abaixando a cabeça para que pudesse alcança-los e instintivamente a trazendo mais para cima pelas nádegas. A única coisa que conseguia pensar era que a tinha por completo ali, sem pudor ou segredo que colocassem barreiras naquele amor. Quando conseguia senti-la quente, era porque sabia que estava indo pelo caminho certo. Naturalmente Mérope era gelada, Ardjan costumava fazer chacota daquilo comparando ao seu coração quando ainda nem eram tão próximos. Tinham, o que, onze anos quando brigavam pelos corredores por questão da Casa onde foram inseridos em Hogwarts. Mas no presente a beijava para exalar todo o sentimento que guardara para o momento que até semanas atrás não sabia se voltaria a acontecer. Algo que deixara escondido dentro de si para que não demonstrasse fraqueza, desestabilidade. Mack não era alguém estável quando se envolvia com Maya, não completamente. Porque podia estar delirando ou estava mesmo quebrando algumas regras estando ali. Um arrepio subia por suas costas em um espasmo grande, abrira então o zíper de sua calça. Passando-a pelas pernas logo em seguida, dando espaço para que Maya conseguisse respirar.
I just can’t wait for love to destroy us | Mackya | September 23
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Ana Carolina - Quem De Nós Dois
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a r p i e by ana carolina
E cada vez que eu fujo, eu me aproximo mais E te perder de vista assim é ruim demais E é por isso que atravesso o teu futuro E faço das lembranças um lugar seguro Não é que eu queira reviver nenhum passado Nem revirar um sentimento revirado Mas toda vez que eu procuro uma saída Acabo entrando sem querer na sua vida
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m-harleem-blog · 8 years
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It’s a lonely road [fb] | Gregorius & Ardjan | July 2018
Em meio a um boteco bruxo, Ardjan olhava ao redor para certificar-se que Max não estaria por ali. Faziam 24 horas desde a proposta, tinha somente mais aquele dia para a decisão. Exatamente a meia-noite daria a resposta definitiva e daí começaria a nova vida. Enquanto mexia no pequeno guarda-chuva de seu coquetel de frutas vermelhas, pensava como seria quando o sol se pusesse. Quando encararia Mérope pela última vez e assim todos que conhecera ao longo de seus anos em Hogwarts. Começara a pensar em um nome, uma identidade, nova árvore genealógica e motivos para percorrer aquela via sozinho. Mas havia uma pessoa, somente uma pessoa que se relacionara tão bem durante aqueles sete anos, que o levara a uma simples e legítima despedida.
O órfão Blackburn e seus longos cabelos castanhos, um amigo verdadeiro. Fora em respeito a ele, que Ardjan marcara aquele último encontro em um boteco de classe média-baixa. Tinham experiências parecidas. O ex-huffle poderia ter a vida ganha se continuasse a ser o bom jogador que sempre fora em partidas amistosas de quidditch. Em campo, Ardjan tinha lá quem odiara, primeiro Mérope e suas vestes Slytherins, depois um jovem Raven que quebrara seus dedos uma vez em um aperto de mãos. No entanto, mesmo como capitão da Gryff, para Ardjan, Greg nunca fora um oponente.
Com roupas desgastadas e um início de palidez doentia, o jovem de dezessete anos não precisou esperar muito. Greg passou pela porta do boteco, um lugar comum onde iam durante as férias quando o holandês gostava de fugir de sua tia e o outro do orfanato. Naquele último ano, antes de qualquer proposta ou transformação, Ardjan considerara dividir algo com seu amigo. Algo como uma casa, algo simples como uma kitnet no subúrbio londrino. Chegara a comentar em certo momento isto com Blackburn para que pudesse fugir da mãe que lhe abandonou ou do desespero de sair do orfanato sem um teto sobre a cabeça. Guardara uma quantia considerável de dinheiro no banco para dar entrada em algo. Trabalhara muito tempo em lanchonetes para fazer isso possível, estivera disposto a vender a velha chevet, que era a única lembrança de Bertjam, para fazer aquele pequeno sonho possível. Pudera imaginar noites viradas durante o treinamento de auror guardando mais para poder pagar o casamento bonito que Mérope merecia. Mas aquele era somente um sonho, afinal.
“There’s my man” sorriu abertamente para o amigo. “Quer alguma coisa, cara? Pela minha conta dessa vez, estou devendo desde que gastei seus sicles na sinuca“ gesticulara para a mesa no canto do recinto onde embebedara e se dera a capacidade de fazer apostas com o dinheiro que não lhe pertencia. Se não fosse por Greg, talvez tivesse saído dali sem nem mesmo a roupa do corpo.
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m-harleem-blog · 8 years
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vivewright:
O uivar estrondoso do vento podia ser ouvindo dentro do bar até mesmo com sua clientela barulhenta e a jukebox que reproduzia uma balada romântica de muito mal gosto naquele final de tarde. O barulho que invadia os quatro cantos daquele ambiente dava ênfase à melancolia deixada após a saída dramática de Olivia de tal forma que Vivienne só conseguia chamar de zombeteira – era o universo conspirando contra ela. 
Novamente.
Havia sido deixada sozinha. Novamente.
E aquela sensação já era algo tão comum, como uma velha conhecida que se mostrava presente sempre que acreditava que a vida ia ao seu favor, que sequer chegara a se surpreender dessa vez. Afinal, não era a primeira e nem mesmo a segunda vez que aquilo acontecia naquele único mês. Estava tão acostumada – e cansada, diga-se de passagem – que não movera um músculo sequer para impedir a saída de sua… Namorada? Companheira? Companhia. Olivia era dona do seu próprio nariz e tinha o direito de fazer o que bem lhe desse vontade, e que Merlin amaldiçoasse a vida de Vivienne se ela chegasse a se importar com isso em algum momento!
Apenas respirou fundo, pressionando o rosto contra a madeira gelada da mesa e tentando conter a risada miserável que parecia querer tomar conta do seu corpo de forma histérica. Viv, que pensara que nada de pior poderia lhe acontecer naquelas férias de verão, fora forçada a admitir mais uma vez que não havia como crer em tal certeza quando o assunto em questão era a culpada pela grande maioria das suas dores de cabeça e frustrações. 
Entretanto, é claro que seus problemas estavam só começando. Soube disso antes mesmo de erguer a cabeça da mesa ou escutar a voz masculina que tentava ganhar sua atenção com uma cantada tão clichê que preferira não absorver por completa. Seu humor não estava dos melhores naquela hora e a única certeza que ela tinha era que, a qualquer momento nos próximos cinco minutos, o copo que agora descansava perto do seu na mesa iria de encontro ao seu dono caso o homem não saísse dali. 
“Oi, bawface! Awa’ n bile ye head!” O sotaque escapou dos seus lábios num tom tão ríspido quanto suas próprias palavras, e a irritação que invadira seu peito agora fazia-se visível em suas feições. “Eu preciso de outra bebida. Algo mais forte.” Proferia o resmungo para si mesma desta vez, ignorando por completo a figura indesejável e preparando-se para se dirigir ao balcão que separava os barman dos demais frequentadores. “Prec-…” Não houve tempo de concluir seus pensamentos, porém, já que uma muralha materializou-se no seu caminho naquele mesmo momento. Uma muralha persistente e para lá de irritante. 
“Vamos lá, boneca, deixe tudo comigo que eu pago quantas bebidas você quiser.” Disse a Muralha de forma arrastada, parecendo confiante de seus… atributos e sorrindo em sua direção. “Não é certo algo tão lindo e indefeso como você ficar só em um lugar como esses.” E ele continuava! Continuava mesmo que o semblante de Viv não indicasse nada além desgosto puro. Mesmo com seu bufar descontente sendo a única resposta às tentativas grosseiras do outro. “Eu garanto que posso melhorar seu dia.” Não soube exatamente de onde veio ou o que aconteceu, só que agora havia uma mão na sua cintura e sua paciência para com a Muralha havia se esgotado por completo. 
“Não ouse tocar em mim, seu imbecil!” A irritação que tomara conta do seu peito há pouco agora espalhava-se por cada centímetro do seu corpo, e Vivienne atraía olhares curiosos para a cena que ali se passava com seu grito mais alto que a música e as conversas paralelas. “Toque em mim outra vez e eu juro que enfio minha varinha pelo seu rabo e conjuro accio para recuperá-la pela sua boca.” Passou as mãos pela cintura por cima das roupas, como se assim pudesse livrar-se da sensação do toque indesejado e recobrar o controle de toda aquela situação. 
“Toque em m-…” Quando fora interrompida pela segunda vez naquele curto espaço de tempo, agora pelo homem que havia se materializado do nada – já não prestava a menor atenção ao seu arredor, e, por ela, ele poderia ter saído das profundezas do inferno que não teria feito diferença – no meio daquela discussão, ela já estava pronta para cumprir sua ameaça. Isto é, até perceber que era a ela que ele se dirigia. “Toque em mim e eu direi ao Profeta que você achou que eu fosse menor de idade, e por isso resolveu dar em cima de mim. Imagine só a repercussão que uma história dessas vai tomar: um homem que acreditou estar se aproximando de uma jovem de dezesseis anos, oferecendo álcool na intenção de levá-la para casa.” 
An evil little thing, she was. Porque precisou apenas de um olhar assustado do homem e uma tentativa de sair daquela situação para que ela continuasse. “E mais uma coisa…” Não é que ela não estivesse pensando, porque estava, mas sim porque sentiu a necessidade de ter alguém cobrindo suas costas naquele momento. Por isso acabara agarrada agarrada em um dos braços do desconhecido – o que emitia uma aura de confiança, não a Muralha –, puxando-o para o seu lado para reforçar suas ameaças contínuas. “O meu amigo aqui, o… Harry (Potter?!)? Sim, Harry. Meu grande amigo Harry. Ele vai confirmar tudo o que eu disse. Sílaba por sílaba. Cada acento em seu devido lugar. Não é mesmo, Harry?” Vivienne voltou-se ao homem do seu lado, erguendo os cantos dos lábios em uma tentativa de sorriso que mais assemelhava-se a um predador pronto para abocanhar a jugular de sua presa.
A situação era um tanto mais dramática e engraçada do que drástica. A pequena ruiva parecia manter tudo sobre controle, e também parecia prestes a cumprir cada palavra proferida em alto e bom som naquele bar bruxo de esquina. O jukebox continuava tocando a mesma balada romântica, os terceiros pareciam estar cada vez mais interessados no espetáculo. E, de algum modo, Mackenzie estava envolvido naquilo. Quis afastar-se, esquecer o que havia ouvido ou visto. Mas, por Merlin, era Mackenzie Harleem, um segurança de nível nacional. Teria que proteger até mesmo o homem alto e careca que parecia estar gabando um charme que simplesmente não tinha. Se o interesse não tivesse falado mais alto, aquele ato pseudo-heróico não teria sido necessário. Poderia comumente ter saído pelas portas da frente após ter tomado seu merecido gim, acendido um cigarro e voltado para sua casa no modo trouxa. De carro. Um antigo chevet que mantinha como uma relíquia na garagem da floricultura quando não perambulava pelos pontos bruxos como fazia naquele momento. Levaria aquele dia monogamicamente como levava todos os outros. O Centro Mágico de Inteligência agradeceria pela discrição.
Mas não. Estava ali, encostado na bancada de bar querendo estar em outro lugar ou tendo menos olhares sobre si. Agradecera por ter sido ignorado em primeira instância e gostaria de ter continuado assim, obrigado. Porém o mundo não poderia ter sido mais contra ao seu silencioso pedido. Logo a ruiva estava agarrando seu braço e o chamando de Harry como um amigo. Além de ter-lhe dirigido um sorriso assustador, como se pudesse retirar sua medula espinal em duas dentadas. “Ik? Wat?” balbuciara em holandês, sendo pego de surpresa pela situação.
Como um homem de vinte depois anos que passara por muito treinamento para manter as aparências, Mackenzie estava se dando muito mal na tarefa até ter percebido esse fato. Olhara rapidamente para a ruiva e dera um longo suspiro de olhos fechados antes de erguer o olhar para o outro homem, o careca que queria a atenção da garota que dizia não ter mais de dezesseis anos. O que ele não duvidava, pelo seu tamanho. Mas pelas atitudes e palavras, também podia ser uma pré-adolescente aborrecida com a própria vida. “Yah, eu confirmo as palavras da moça. Já a vi fazendo isso, sabe? Enfiar a varinha pelo orifício anal e retirá-la pela boca com accio. É interessante de ser visto.” Arqueara as sobrancelhas, dando ênfase em suas palavras. “Não posso dizer o mesmo de ser sentido. O bruxo que passara por isso lamentara de dor por muitíssimos meses. E olha que a varinha nem é tão grande” ressaltara, fazendo gestos com as mãos como se lhe contasse uma história de fogueira. “Claro, há a minha de blackthorn, você não iria querer uma varinha de vinte e três centímetros com cerca de cinco espinhos na sua longitude passando por dentro de você.” Não havia espinhos em sua varinha, mesmo que a madeira possuísse ainda era lixada e vernizada. Mas fora no mínimo engraçada a cara do homem retorcer-se ao imaginar a dor, pelo visto era um que acreditava em varinhas exóticas.
“Mackenzie” sussurrou seu próprio nome para a garota, mas deixou-se levar na história de Harry. Não era the chosen one, mas aquele nome continuava a ser muito comum na Inglaterra. O grandalhão já havia ido embora, talvez desistido depois da segunda ameaça. Juntou-se a um grupo de amigos que os encarava e que Mackenzie deduzira não ser nada bom. Podia duelar com três daquele, mas não cinco. Eram grandes, ainda tinham métodos trouxas como vantagem. Mack era pelo menos uma cabeça menor, apesar dos músculos e a ruiva ainda era menor que ele próprio. “We should go, c’mon” Harleem puxara a garota pelo braço até a saída do recinto. Um par de guarda-costas dera meia-volta, iriam colocá-los para fora de qualquer modo, pelo menos saindo sozinhos tinham bandeira branca para entrar em outro bar próximo. Fora dali, permitiu-se rir. Inclinou-se de tanto rir e talvez a outra o achasse estranho por aquilo, mas não podia contar tanto com sua atuação como contara perto daquela bancada de bar. “Ele realmente acreditou naquela história. Por Morgana, mas dezesseis anos? Sério? Pra que tanto ódio?” Perguntara enquanto já seguia passos para o próximo bar. O que tinha uma televisão, permitindo passar o jogo da temporada de quadribol. Chuddley versus Holyhead. Mackenzie torcia pelos Chuddley desde que se conhecia por gente e não acreditava que perdia aquele jogo. Sentou-se em uma mesa, com metade da atenção no jogo e a outra metade na menor de idade a sua frente. “Want something?” Perguntou distraidamente quando o barista viera pegar o pedido. “White Owl, por favor” dirigiu-se ao homem ao lado que aguardara o pedido alheio antes de voltar a sua posição atrás da bancada. Devia estar bancando o adulto responsável, mas nunca tivera que fazer aquilo então aquela não seria a primeira vez. Vicent, seu assistente, costumava dizer que ele parara sua idade na adolescência e tratava os menores por igual mesmo com a idade que tinha. E era isso que realmente fazia, se uma garota estava em um bar é porque claramente estava bebendo, acompanhada ou não, então por que ser o chato que impede um ser humano de ter sua liberdade? Preferia deixa-la a vontade depois do episódio estressante.
Portanto não puxara assunto e não a obrigou a continuar ali. Se quisesse, a ruiva poderia dar meia-volta e sair, ir embora normalmente e descontar sua raiva em qualquer parede. Mackenzie continuaria impassível com seus olhos amendoados observadores. Exalava certa confiança, segurança e sabia disso. Sabia que poderia ficar completamente parado, encarando a televisão bruxa com o esporte sendo repercutido pelo ambiente. A partida começara há dois minutos e no momento todos dentro do recinto estavam inclinados pela apanhadora da Holyhead Harpiens que estava na cola do ponto dourado voador pelo enorme campus que parecia ser do sul da patagônia.
She’s thunderstorms lying on her front, up against the wall | Mackiv | [FB] July 23
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m-harleem-blog · 8 years
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lestrange-m:
Por mais que muito tempo tivesse se passado, Maya se lembrava com detalhes das peculiaridades da família do outro. O irmão mais velho, que não era um exemplo a ser seguido, os pais mortos… Tudo isso tinha preparado uma trilha em direção ao perdão que naquele momento tinha sido muito fácil de ser seguida por ela. Afinal ela também tinha errado. Muito. Seria hipocrisia culpar ele por uma escolha que ela também fizera quando não estava satisfeita e achava que tudo ia desmoronar. A dor ainda estava ali, latente e pronta para afogá-la em lágrimas de arrependimento a qualquer momento. Mas agora sofria pela filha. A Valentina que nunca teria a mãe por perto. A menina com as características dos Travers que acreditava que sua verdadeira mãe estava morta. Nunca teria momentos com a filha, como aquele que presenciara dela com Katherine em seu aniversário. Era bobo, mas ansiava até pelas noites em claro que teria se tivesse por perto. Gostava de acreditar que se tivesse sido mais corajosa e menos egoísta, seriam melhores amigas. Que saberia dos namorados, e das namoradas também. Porque não. Que seria uma boa mãe, e não a prenderia em um casulo como a sua tinha feito. Como agora tinha destinado a filha a viver. Será que ela entraria para o time de quadribol? Ou seria monitora? Por mais que as duvidas e hesitações tivessem diminuído, sabia que algumas continuariam ali e carregaria até a sua morte.
Era estranho estar ali com Ardjan. Por um momento pareceu que tinham acabado de se conhecer. Que não tinham uma história carregada de dor em comum. Os dois tinham cicatrizes, era claro. Mas ela estranhamente estava em paz quanto a isso. Estava naquele processo de deixar o passado no passado: o relacionamento conturbado com a mãe, o relacionamento que deveria acontecer mas não aconteceu com Edward. Não podia carregar tudo, agora ela entendia. Era grata também por Mackenzie não lhe cobrar explicações. Não sabia como iria explicar os nove meses que ficou trancada dentro da casa. Ou então os comentários e as piadas que ouviu durante seu ultimo ano. De alguma forma, tinham ficado sabendo. Como ela explicaria isso? Como ela ia dizer que tinha sido muito, que não estava nem perto de estar pronta pra isso? Mérope não queria se casar com Edward, não queria fingir que aquela forma de família era tudo o que sempre quis. Porque não era. Amava Edward, era seu melhor amigo. O considerava assim mesmo com a distancia. Mas ele não era o ideal para seu marido.
Da forma como o amor de Mérope tinha transbordado para Maya, todo o restante se fez. Ela não tinha programado beijá-lo. Mas até então não se arrependia. Como tinha sentido falta. Podia sentir a respiração dele contra a sua pele e a sensação a aqueceu. Maya sentia-se novamente querida, amada, como se tivesse novamente dezessete. Como se sua vida pudesse voltar a ter momentos bons.
Tinha se surpreendido com a licantropia. Era claro. Mas esse era um detalhe de menos importância. Sabia dos riscos, sabia do que poderia acontecer com ela se ele perdesse o controle. Ou se ele esquecesse de tomar a poção. Mas valia a pena. Tinha deixado o preconceito característico da sua família a muito tempo para voltar a tê-lo em um momento tão crucial. A preocupação com o CMI era mais real do que a licantropia de Ardjan, eles não deviam estar juntos. Ninguém da agencia acharia certo. Queria ficar numa bolha com ele ali, só os dois, sem riscos ou mais por menores. Os lábios curvaram-se num pequeno sorriso ao sentir as mãos dele em sua cintura. Ele a amava, a correspondia. Nem mesmo a CMI poderia tirar isso dela, não agora que tinha certeza. Torcia, pedia mentalmente a Morgana e a Merlim que ele não escondesse mais nada. Não era tão forte como aparentava, quando se tratava de Ardjan sentia-se como um bebê sem força alguma.
Um arrepio percorreu a espinha dela quando a distancia que ainda havia entre os dois ruiu. Como ela havia sentido falta… Por muito tempo tivera o discurso de que não precisava de sua outra metade. Afinal, era completa. Mas sabia que não era essa a verdade. Precisava dele como precisava de ar pra respirar. Era viciante, até mesmo doentio. A mágoa a alimentara durante aqueles anos de ausência, mas agora Mérope queria apenas os sentimento bons. Queria ser novamente aquela slytherin destemida que só se importava em passar as noites com ele. Tanto que deixou-se ser deitada no sofá, levando em seguida os dedos ágeis aos sobretudo que ainda vestida. Precisa tirá-lo antes que sufocasse, precisava sentir a pele contra a sua. Ia perguntar se ele tinha certeza, mas decidiu não o fazer. E se ele mudasse de ideia? Se ela mudasse de ideia? Era melhor manter tudo na impulsividade, precisava da sua dose. Inclinou-se para a frente um pouco para retirar o pano e jogá-lo no chão da sala. Em seguida levou os dedos a camisa dele, permitindo-se parar por alguns segundos na marca que tanto a impressionara. 
Há um velho ditado que diz que os opostos se atraem. Este ditado nunca se encaixara tão bem em um relacionamento quanto se encaixava entre Mérope e Ardjan. Só o simples fato de terem namorado na adolescência fora considerado errado. Travers, mãe de Mérope, nunca o aceitara e de fato nunca o aceitaria. Era difícil ver a filha criada em berço de ouro sendo dirigida pelas teias londrinas ao lado de um estrangeiro dentro de um carro velho. Pior ainda, vê-la feliz ao seu lado. Sendo tratada como uma princesa pelo namorado que se esforçava para ser o melhor. Tanto em notas, quanto em pessoa. Ardjan era alguém bom, em certo aspecto sempre fora. Tivera seus sonhos e não pisara em ninguém para alcança-los, prezava e respeitava os que estavam ao seu redor ou abaixo assim como os fazia com os de cima. Mesmo não tendo convivido com os pais, sendo o filho mais novo de cinco e responsabilizado pela morte da mãe com seu nascimento, não fora um total rebelde sem causa. Teria de tudo para ser mimado, mas o único real mimo que tivera na vida fora quando Bertjan – o irmão que saíra cedo de casa por conta de uma boa bolsa de estudos – lhe dera seu primeiro chevet preto em seu aniversário de dezesseis anos. Camlo ficara cerca de duas semanas sem falar com o irmão mais novo, Gerardus e Harbin tinham suas motocicletas conquistadas pelo esforço de trabalho em oficinas automotivas. Nenhum outro mimo fora dirigido ao mais novo dos Van Hart, em momento algum. Tivera que aprender a cuidar da sua própria vida desde cedo, talvez desde que fora para Hogwarts e passara a viver com sua tia, onde tinha algo mais privado do que uma casa de cinco cômodos sem qualquer privacidade.
Aos dezesseis também fora quando começara o namoro com quem nunca imaginara que iria namorar. Mérope, a via como uma típica garota mimada antes, de fato. Tinham amigos em comum, Edward por exemplo, mas nunca tiveram tato para conversar mais que trinta segundos sem nenhum comentário ácido dirigido por qualquer parte. Até que houve o acidente onde Ardjan caíra de uma vassoura quebrando uma perna no caminho até estar completamente apaixonado. Fora um bobo apaixonado, e ainda era. Porque sabia que poderia fazer de tudo pela mulher a sua frente. Inclusive desrespeitar regras que abominava ter que desrespeitar há semanas atrás. Claro que estivera com outras mulheres ao longo daquele tempo, mas nenhuma era comparável. Mesmo os beijos eram diferenciados, influenciados pelo sentimento que dominava sua mente e corpo de uma vez só e era arrebatado para agir impulsivamente como estava fazendo.
Inclinou-a para que se deitasse e afastou-se um pouco para que Mérope pudesse tirar o próprio casaco. Ardjan observava o ato com certo fascínio pelo gesto, pensava o quão pouco haviam mudado. Parecia que os anos não se passaram tão rapidamente, as cicatrizes estavam borradas aos seus olhos, porque eram os mesmos adolescentes. Os mesmos que fugiam na calada da noite para encontrar salas vazias e longe dos monitores. Que vez ou outra eram pegos e cumpriam detenções distintas para que não ficassem juntos quando também em detenção. Aquela era uma das partes mais rebeldes da relação: não conseguiam ficar muito tempo separados. Como um imã um corpo se atraía pelo outro e logo estavam juntos, de mãos dadas ou lábios grudados.
A beijara com paixão e notara quando hesitou na cicatriz que mudara o rumo de três vidas. Por segundos um arrepio percorreu seu corpo e divagara sobre talvez ela ter medo daquilo, medo de sua doença e do que ela poderia causar todos os meses. Poderia acalmá-la, dizer que nada faria para tê-la junto ao monstro que mantinha dentro de si, mas preferiu o silêncio da absorção de informação. Imaginara que Mérope saberia, saberia que ele não lhe faria algum mal em momento algum e, se fugira, fora pelo preconceito que encarariam uma vida inteira até o mundo bruxo estar acostumado aos lobisomens e não mais resumi-los a Fenrir Greyback. O selvagem que desgraçara a vida de diversos bruxos e que acabara formando um bando antes de sua morte. Um bando como o que mordera Ardjan quando novo. Filhotes do antigo Alpha que ainda os venerava na calada da noite com o resquício de escuridão que sobrara após duas grandes guerras.
Não falara nada por medo de que Mérope compreendesse a que ponto estavam chegando. Permanecera em silêncio até inclinar-se novamente para beijá-la com calmaria, menos urgência. Como as ondas tocando o mar em uma noite silenciosa. Deixando-a acostumar-se ao toque novamente e abrir os botões de sua camisa. Quando terminado, Ardjan retirou-a, dando-a o mesmo destino que o casaco alheio. Seminu, retirou os sapatos e levara a destra até a coxa alheia, trazendo-a para a lateral de seu quadril e aproveitando o toque da pele nua contra palma de sua mão. Aquele encaixe também era um dos que mais admirava, considerando-o imponentemente perfeito. Tinham um ritmo próprio, determinado há anos que sempre os levava a um bel-prazer em comum. “I love you, Pie” sussurrara quando afastou-se centímetros até o lóbulo de sua orelha, descendo beijos por seu pescoço enquanto o nariz inalava o cheiro das madeixas louras. A tal ponto subira caricias por sua coxa até o limite de sua roupa íntima e parara em seu quadril, aproximando-o de seu próprio corpo.
I just can’t wait for love to destroy us | Mackya | September 23
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lestrange-m:
Mérope nunca tinha se considerado aquelas garotas futéis, que rendem para os trouxas lindos filmes. Fossem contando de como suas vidas mudaram radicalmente financeiramente, ou então de como conheceram o primeiro amor. Mas quando estava perto de Ardjan era assim que se via. Mesmo que suas lembranças de adolescente, onde sonhava com uma casa simples e cheia de vida compartilhada com ele, não a fizessem mais sorrir como deveriam ela não abriria mão delas. Era especial, único. O homem que agora estava ali no mesmo aposento tinha sido o único capaz de despertar esse tipo de sentimento na garota slytherin criada de forma rigorosa. No entanto, não tinha se surpreendido com o fato dele ter aceitado ir pro CMI. Sabia da vontade dele de ser auror, e tinha que assumir que a primeira alternativa era bem melhor. Estava mais pra magoada, por ter sido deixada de lado. No fim das contas, a carreira tinha sido melhor do que a vida com ela.
Receava, tinha medo de que esse contato com alguém da sua vida passada colocasse sua carreira em risco. Mas era Ardjan, e ela não conseguia evitar. Ela sorriu ao ouvir sobre a sucata. Tinha aprendido a dirigir no mundo trouxa, assim que deixara tudo pra trás. Mas tinha certeza de que teria sido algo muito mais especial se tivesse sido com ele. Assim como ele havia prometido. Escolher ser Maya ao invés de Mérope tinha sido uma escolha fácil para uma mãe adolescente que ainda por cima tinha sido obliviada. Um dos questionamentos mais presentes pra ela era o que faria se não tivesse Ardjan sido escolhido antes e ela soubesse de tudo. O questionamento apenas servia para chatear ainda mais, era mais uma das coisas para qual ela não tinha resposta. E Strauss duvidava que um dia isso mudaria. Era pedir demais.
Estava tão absorta na própria dor que sequer notou quando Mackenzie aceitou o sorvete e pegou uma colher. Sua mente geralmente era lotada de pensamentos, idéias. Mas agora se encontrava vazia. Ficar oca assim não era bom. Eram nesses momentos em que se entregava, que a dor e o arrependimento viam com tudo e empurravam Maya contra a parede. Respirou fundo, levando em seguida as mãos aos olhos para limpá-los. Não queria ser vista chorando. Por mais que sofresse pela pequena garota de cabelos loiros e olhos claros não queria dar abertura para que o outro cogitasse não ser apta pro cmi. Ela era. Estava ali por mérito, afinal de contas, merecia algo de bom em sua vida.
As palavras ditas a pegaram de surpresa. Então limitou-se a fazer o que ele havia sugerido e se sentar. Para ela, os motivos dele ter ido até ali fazer a entrega ao invés do ajudante podiam ser muitos. Menos falar sinceramente. Não depois de como ele tinha se esquivado em St.Mungus. Depois de tudo o que ele tinha feito. Sempre havia sido desconfiada, em alguns pontos até mesmo arisca, e quando desconfiava dele era quando tinha ainda mais certeza de que isso não iria mudar. Ela pegou o pote que ele oferecia, enquanto grunhia o que ele havia dito. - Momento propício. - Tinha saído baixo, mais pra ela do que outra coisa. Mérope sentia falta de quando qualquer momento com o amado era propício. Era isso. - Eu não preciso de mais desculpas. - Sua voz continuava baixa, apenas seu coração mudara de ritmo. Estava mais nervosa do que no seu primeiro dia de treinamento. Cobrava sinceridade dele, mas agora que a tinha aparentemente, não sabia como reagir sem estragar tudo.
Seus olhos acompanhavam as mãos alheia. Observou em silêncio ele retirar o sobretudo mas quando os dedos longos ergueram a manga da camisa seus lábios se abriram. Era bom demais o que ela via para ser verdade. Era apenas uma mordida. Uma mordida que destruira seus sonhos de garota. Tinha por muito tempo se martirizado por não ser boa o suficiente e agora ela tinha certeza de que esse não era o problema. Sua insegurança tinha se esvaído da mesma forma que chegara anos antes, intensamente. Tanto que Maya não enxergava mais nada. Apenas o beijou. Com desespero levou as mãos ao pescoço do outro, o puxando para um contato mais íntimo. - Nunca mais esconde nada de mim. Por favor. - O beijo interrompido para que as palavras saíssem de forma sussurrada. A distância não durou muito, já que seus lábios voltaram ao encontro do dele. Ela esperou tanto por esse momento. Maya amava Mackenzie Harleem. Assim como Mérope amou Ardjan. E ela não podia deixá-lo escapar pelos dedos de novo. Dessa vez ela não suportaria tanta dor.
Se a situação fosse invertida, se Mérope tivesse sido escolhida antes por um agente que avistara seu potencial, talvez nada tivesse mudado. Ser pai aos dezessete também era um peso e tanto para Ardjan que não contaria com a ajuda de Kath Travers ou Edward. Teria se mudado novamente para a Holanda, voltado a morar com os irmãos para tentar criar uma pequena criança em meio a pobreza que teria sido sua vida. Não conseguiria ser auror, não teria notas suficientes para isso. E, se uma oportunidade como o CMI surgisse, se agarraria àquilo com tudo que poderia. Valentina estaria em um orfanato qualquer, abandonada por ambos os pais. Esse seria o rumo da história no final. Viveria com a mesma dor, não avistaria a mesma luz. Mas pelo menos teria garantido um futuro minimamente melhor pela única coisa boa que fizera durante sua existência. Pelo menos teria condições de protege-la a qualquer custo, de si mesmo e dos perigos externos. Claramente não seria quem a levaria para o Beco Diagonal comprar sua primeira varinha no Olivanders ou a acalmaria dentro da sucata no caminho inteiro até o King’s Cross em seu primeiro dia de aula. Não acenaria na direção do trem ou mandaria cartas toda semana. Compraria sua primeira vassoura e a observaria crescendo pelas próprias regras. Perdera o direito de ser pai quando não estivera presente em momento algum. Quando não soubera de sua existência até cerca de um ano atrás. Sonhar com aquelas coisas era a única coisa que lhe restara.
Culpar Mérope pelo abandono era, no mínimo, hipócrita. Ambos fizeram aquilo antes da maioridade, tinham igual responsabilidade pelos seus atos. Mesmo que a mulher a sua frente tivesse todas as oportunidades - boas condições para prosseguir com a gravidez - ainda era difícil o peso da cobrança. Pelo que Ardjan imaginava, deveria ter sido um pesadelo continuar o sétimo ano estando grávida. Ouvir Travers reclamar ou exigindo a maturidade que uma adolescente não tinha até ter que adquirir a força. Por esse motivo não a culpava, não sentia raiva. Porque não tinha esse direito. Somente conseguia amá-la com todas as veias de seu ser. Pelas lembranças que tinha e pelo que ainda lhe comovia, mesmo depois de cinco longos anos.
Se ambos estavam ali, era porque tinham passado por muito. Aventuras distintas, caminhos separados e algumas vezes espinhosos. Mas haviam sobrevivido para aquilo. Pelo menos Ardjan sobrevivera dentro de Mackenzie. Dentro de um homem de outra história, distante pelo passado que carregava nos ombros. Ardjan era outra pessoa, outro homem, alguém que ainda conseguia sorrir com sonhos antigos e rir do perigo que estava para enfrentar. Como o velho garoto que acordara na enfermaria aos dezessete após o acidente que acabara o aproximando de Mérope. Que duramente não aceitara desculpas, mas apreciava a companhia. O tipo de homem que aceitava o desafio de quebrar as regras. Mesmo que pudesse colocar tudo a perder, a adrenalina daquilo tudo o colocava na linha de seu autocontrole. Se esperava alguma reação, se imaginara ela durante anos seguidos. Nenhuma que lhe passara pela cabeça incluía um beijo. Assim que terminara de subir a manga da blusa, fora envolto em um beijo. Um beijo que correspondera com saudosismo.
Por longos minutos não deixou a própria mente divagar para espaços obscuros que lhe diziam para não estar ali. Para não estar envolvido daquele modo com uma agente como ele. Mas naquele momento o CMI não existia. Mackenzie era Ardjan e Maya era Mérope. E mesmo com os pseudônimos, ainda conseguiam se amar intensamente. Mesmo aquela barreira, conseguiram irromper por minutos. Os melhores minutos que Mackenzie tivera em anos. Sem hesitar, envolver a cintura alheia, trazendo-a para mais perto de si. Cortando o espaço que ainda tinham e amassando o próprio chapéu no processo. “Como eu poderia?” Perguntara retoricamente em meio ao beijo e sorrira com aquilo. Estava livre daquele segredo. Um segredo que somente guardara em prol de quem mais amava. Pelo bem de quem mais amava acabara machucando a ambos e agora tudo fazia sentido. Nunca um medo lhe prenderia mais como o medo da rejeição o prendera. O sabotara para leva-lo a uma vida sem ela, uma vida sem seu amor. Imaginara as piores frases, as piores rejeições. Costumava ter pesadelos sobre aquilo quando em semana de lua cheia. Eram mais constantes há cinco anos, mas esporadicamente ainda os tinha. Um olhar de asco. Um afastar. Imaginara, antes de receber O Convite, que acabaria obliviando Mérope de qualquer modo se recebesse uma resposta negativa. Apagaria sua existência da mente alheia e ambos poderiam continuar seguindo a própria vida. Mas teria feito aquilo antes de engravidá-la, e novamente tudo seria diferente.
Correspondera o beijo com intensidade, afundando a mão no casaco de camurça vermelho enquanto puxava-a mais para perto. Tinha saudade daquilo, do cheiro... do toque. Porque todos aqueles pequenos detalhes faziam parte de algo maior que chamara de amor. Mesmo aspectos considerados nojentos, principalmente estes, eram encarados com carinho pelos olhos de Ardjan. Quando adolescentes aqueles beijos eram comuns, entre aulas, durante aulas e as noites... bom, as noites eram maravilhosas. Nunca haviam descoberto tantas salas vazias quanto aquele casal fizera em seus anos dentro de Hogwarts. Os professores costumavam os caracterizar como Romeu e Julieta em uma estranha versão bruxa, o que levava a história deles a um nível mais fantástico do que já era. E também compreensível, por ter sua existência em um universo paralelo. Ardjan sentira falta daquilo tanto quanto um náufrago sentia falta de casa. Encontrava-se quando era beijado pelos dóceis lábios da ex-slytherin. Sentia que poderia fazer tudo novamente, podiam ter aquilo para si. Uma felicidade em comum tão bela e infelizmente distante. Deixando maus pensamentos para trás de si, Ardjan inclinara Mérope na direção do braço do sofá, completamente envolto naquilo e na consciência de que estavam juntos e sozinhos depois de cinco anos.
I just can’t wait for love to destroy us | Mackya | September 23
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lestrange-m:
No começo, assim que recobrara suas memórias procurara por Ardjan. Mas depois quando não teve sucesso, deixou para lá. Parecia ser mais fácil. O certo a se fazer. Se ele queria ser esquecido, deveria ser. Em seus momentos mais soturnos, considerava que o esquecimento era algo bom demais para o que ele fez. Ardjan merecia definhar, assim como ela. Sorte que seu lado dark não se manifestava com tanta frequência, principalmente depois que começou  treinamento com o CMI. Tinha se tornado mais controlada, e porque não misericordiosa. Nem sempre dava o que as pessoas mereciam. E o pai de sua filha se encaixava facilmente nessa equação. Agora que estava li se esforçava para manter o foco. Não podia, não queria deixar seus sentimentos dominarem. Não queria agir como uma tola apaixonada e como se ele não tivesse feito nada de errado. Como se ele não tivesse porque pedir perdão.
Mérope deveria agradecer pelo menos naquele momento pelo homem não passar de um florista. Sempre seria algo errado fugir dela, ele não tinha escolha. Pela primeira vez era ela que tomava as decisões que os afetavam. Estava tão consternada com o que estava acontecendo, com achar Ardjan ali, vivo e bem. Que sequer dava importância mais com o que fora fazer ali. Tinha suas obrigações na CMI, claro. Mas seu lado filantropo já havia sido jogado para canto naquele momento. Questionava-se como seria se os papéis fossem trocados. Como ele se sentiria se ela quisesse ser apagada da vida dele e o deixasse com uma filha. Acreditando que essa filha era fruto de um relacionamento amoroso que nunca existiu. Se Mérope viesse de uma família simples, nascida-trouxa. Se as classes sociais deles fossem a mesma ele teria tido mais consideração? Tinha guardada as memórias dos momentos que mais marcaram, coisas bobas mas que tinha medo de esquecer. Como quando conversava com as amigas sobre como seria seu casamento, ou onde passariam a lua de mel. Se imaginava envelhecendo ao lado de Ardjan. Os dois de cabelos brancos e com os netos correndo em volta, Para ela, seria seu sonho adolescente dando certo. Tinha apostado todas as fichas nele,  em vão.
A mesura lhe deu vontade de rir. Toda a falsidade na encenação que a estressada, representada ali. Com aquele que tinha jurado ser sempre verdadeira. Mordeu o lábio, no entanto, para não ser indelicada em local público. - Pode me chamar de Maya, querido. Um prazer conhecê-lo. - O sorriso mais encantador que possuía tomou seus lábios quando se dirigiu ao até então desconhecido. Mérope sabia ser agradável quando queria, se tinha algo que fazia bem, era isso. Deixou que ele beijasse sua mão destra, a que possuía seu solitário no dedo anelar. Sua face alegre no entanto não durou muito. Logo quando se dirigiam para o jardim aplamente decorado sua expressão mudou. Não era mais Maya, era Mérope. Magoada, decepcionada… A voz dele, a repetição fez como se sentisse seu coração ser apunhalado. Por mais quanto tempo aguentaria? Ela precisava ser forte, porque precisava de respostas que apenas o homem podia lhe dar. - I don’t have choice. - A voz dessa vez saiu entrecortada. Não se arrependia, se não o tivesse feito jamais saberia o tipo de pessoa que ele era. Teria suas memórias manipuladas para sempre. Maya se esforçava pra acreditar que era um preço pequeno para o que ganhara em troca.
I didn’t have any notice for five years and I blame you for that. - As palavras saíram quase como numa repetição. Mentir se enquadrava no caso da falsidade, que Maya estava evitando sempre que podia. Ela o culpava. Se ele não tinha tido noticias, ela também não. Ele começara. Não podia vir agora achando que ela tinha culpa, tinha decidido algo. - E você? Deduziu o que aconteceu? Porque eu duvido que saiba em que situação me deixou. Não me chame de Pie. Perdeu esse direito há muito tempo. - Agora foi ela que desviou o olhar. Encarar os olhos amendoados custava muito, mais do que podia dar no momento. - Eu estava grávida. E ia te contar no dia em que acabou com o que a gente tinha. - Ela se virou, caminhando mais um pouco até a fonte onde conseguia ver o seu próprio reflexo na água cristalina. A mente tomada por lembranças da gravidez encarcerada na mansão dos Travers, por Edward propondo casamento, pela dor do parto. Balançou a cabeça, lembrar só fazia doer ainda mais. 
I don’t excuses. I just… wanted understand. Because there was no reason. - Seus olhos geralmente eram capazes de se manter impassíveis. Mas em um assunto tão delicado, falharam e agora marejavam. Cruzou as mãos, apertando uma na outra numa tentativa de se distrair. Estava ciente demais da festa no salão próximo, da chance de alguém interromper os dois para se permitir ser vulnerável. Não ali, não podia. Era só questão de tempo, estava acostumada a se controlar. Estava acostumada a não poder muitas coisas. A ideia fez com que um surto de coragem brotasse, junto com um sorriso triste. Daqueles que não chegam aos olhos. - I should go back to the party. I think you will not say anything.
Assim que passaram para o jardim, Ardjan se fez presente. Mackenzie lutara para ficar, mas não vencera. Nunca venceria enquanto Mérope estivesse à sua frente, dirigindo-lhe um profundo olhar magoado. Todo seu passado estava de volta, deveria poder esquecê-lo, mas o CMI não permitia aquilo. Não permitia que seus agentes se livrassem de suas bagagens e aquela era uma das piores torturas, porque mesmo quando você já sofrera um obliviate, há de recobrar todas as partes esquecidas. Assim como acontecera com Mérope que imaginara ter se envolvido amorosamente com seu melhor amigo para ter Valentina. Continuariam como uma comum família se ela não tivesse tomado outro rumo, se não tivesse inconscientemente voltado para as raízes que criara em um passado esquecido. Aquilo faziam os olhos de Ardjan marejar, porque a deixara para Edward. A deixara com sua filha. E mesmo assim estavam naquele momento particular, compartilhando uma tristeza inconsciente. Um passado que ninguém mais lembrava além daqueles dois. Algo tão carregado de sentimentos que ardia, ardia presente naquele ambiente com a eletrização que passava entre aquele olhar.
Em todos os dias de sua vida desde seus dezesseis anos, Ardjan amou Mérope. Verdadeiramente, com todo seu coração. Fora algo tão profundo, tão belo, que não pode ser sentido somente em sua adolescência. Era um adulto quase formado e ainda sentia aquilo. Sentia que as borboletas ainda estavam em seu estômago e não afogadas em gim e cigarros baratos. Mérope fora a única luz que sempre vira. A única que o tivera por inteiro e que passara tão pouco tempo em sua vida que chegava a ser contraditório pela proporção do envolvimento que costumavam ter. Queria responder que na verdade ele não tivera escolha. Mas ambos tiveram. Se não houvesse se rendido aos dados, estariam juntos. Porque os dados compreendiam que setenta por cento dos relacionamentos eram interrompidos quando um dos parceiros adquiria licantropia. Era uma doença terrível que acabava com tudo de bonito que encontrava pela frente. Tanto de corpo quanto de alma. Porque Ardjan possuía lá suas cicatrizes das noites onde a selvageria ameaçou interromper o efeito do wolfsbane que sempre usara. Não era mais o intacto adolescente de dezesseis anos. Era um homem de vinte e dois que já vira e fizera muitas coisas na vida. Que queria não se arrepender de suas escolhas, mas que era inevitável que não o fizesse àquela altura, quando imaginava como tudo poderia ser diferente. “Eu não podia lhe procurar, estava em treinamento e agora descubro que você também estava” arqueou as sobrancelhas, de maneira acusadora. “Ainda está” continuou; lembrando a ambos que a aquela conversa sequer poderia acontecer. A mentira devia continuar, mas não podiam fazer aquilo, não naquele momento.
Seguiu-a até a fonte, ouvindo a acusação de tê-la abandonado em um momento crítico. Se soubesse daquilo antes, não teria abandonado. Era óbvio. Mas soubera quatro anos depois, quando já havia seguido um rumo completamente diferente e sem passagem de volta. “Me desculpe” pediu em relação ao apelido de adolescência. Um apelido carinhoso que estava tão acostumado quanto respirar. “Eu não sabia” repetiu o fato insistentemente “não sabia sobre a gravidez. Acredita mesmo que eu a deixaria se soubesse sobre Valentina? Se não tivesse alterado suas memórias para que namorasse com Edward você teria acreditado que engravidara do vento.” A tal ponto, a encarava pelo reflexo da água e suspirara pelo peso de suas palavras, pelo peso do nome que pronunciara. “Sim, agora eu sei sobre... sobre a nossa filha. Descobri no ano passado quando tentava te encontrar. Tive que procurar pelos registros de Edward para conseguir algo, foi aí que soube que você sumira do mapa e deixara uma filha para trás... assim como eu o fiz” confessara. Ambos poderiam estar errados com aquela atitude, mas talvez tivesse sido a melhor com linhas tortas para chegarem aonde estavam no momento.
Por breves minutos pensara em conta-la sobre a licantropia. Sua canhota fora até o punho da destra e fechou-se ali por um instante. Estava considerando, realmente considerando. Mas aquele não era o momento nem o lugar certo, ainda podia fazer aquilo mais tarde caso se vissem em algum momento. “No, I have nothing to say” concluiu, apoiando ambas as mãos na fonte. “You should go.” Afirmou com a cabeça, porém não ousou se mover. Quis voltar para o salão, mas não queria ser o primeiro a fazê-lo. Ao invés disso levantou o olhar da fonte para a mulher que Mérope se tornara. Não mudara quase nada nos cinco anos que se passaram, talvez somente tivesse ficado ainda mais bela, se isso fosse possível. Queria lhe dar explicações, queria que ela o compreendesse e perdoasse de algum modo. Mas aquilo era impossível, passaram tempo demais separados para se encontrarem ao acaso no meio de uma missão. Sabia que na melhor das hipóteses ela somente não sentiria medo de seu estado, ou não demonstrasse. Na pior, se afastariam para sempre e Ardjan não estava preparado para aquilo. Não estava preparado para deixa-la tão repentinamente quanto a encontrara.
Keeping appearances [St. Mungus] | Mackya | September 23
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m-harleem-blog · 8 years
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lestrange-m:
A casa branca não era alta. Se estendia apenas em comprimento, mas Maya julgava um lugar muito bom apenas para uma pessoa. Gostava de ser apenas ela, sem falsos abraços e sorrisos. Era melhor do que quando morava na casa dos Travers, ou até mesmo na casa que pertencia aos Strauss na Londres trouxa. Estava de folga, era um dia daquele feito especialmente para relaxar. A rotina do CMI era pesada, e já vinha ao longo do tempo deixando marcas nela. Principalmente físicas. Os nódulos causados pela tensão em seus ombros se sobressaiam sempre que ficavam a vista, constratando com o sutiã. Andou pela sala, abrindo o pedaço de pano enquanto se esgueirava pela janela e olhava a calmaria. Não havia ninguém ali para olhá-la. Sorriu, feliz por estar sozinha e sem seus fantasmas e caminhou em direção ao banheiro para seu banho.
A banheira triangular estava cheia já, e a aguá quente fez o seu serviço. Fechou os olhos, desfrutando do momento. Permitindo-se pela primeira vez em muito tempo simplesmente não pensar, não ficar alerta. Tinha deixado sua varinha jogada na mesinha próxima a pia, ao mesmo tempo longe e perto. Tinha esquecido completamente que Mackenzie iria entregar o adubo de suas rosas naquela tarde de segunda- feira. Levantou-se quando a aguá por fim esfriou, e enrolada no roupão foi até seu closet atrás de algo para vestir. Colocou um vestido de manga ¾ e um sobretudo marfim de pelúcia por cima. Sua ideia era ficar confortável para assistir algo na televisão enquanto comia um pote de sorvete.
Tinha ido a cozinha, pego o pote e colocado no sofá. A televisão já ligada no desenho quando percebeu que havia esquecido a colher. A campanhia tocou. - Entre. - O véu do desconhecido caindo. Maya sabia exatamente quem era, pelo menos agora ela se lembrava. Ardjan estava de calça jeans, sobretudo preto e camisa branca. Agarrado a dois sacos de adubo que não fediam por mágica. Literalmente, ela sabia. O ritmo do seu coração mudar foi inevitável. Sentia sua boca seca e por um momento se esqueceu da programação infantil que passava atrás de si. Um programa que Valentina assistiria. Observou o nome nos embrulhos enquanto ouvia o que ele dizia. Não, nunca ela iria se acostumar a chamá-lo de Mackenzie Harleem. Ela sabia quem ele era de verdade, que ele era bem mais do que isso. - Você ainda dirige a sucata? - Foi tolo, mas foi a única coisa que saiu por entre seus lábios enquanto se dava pequenos passos em direção ao homem e era tomada pelo seu cheiro.
Seu cansaço emocional era tanto, acumulado ao longo dos cinco anos que se viu sem vontade de falar algo sarcástico ou acusá-lo. Estava feito, não podiam voltar atrás. A única coisa que sobrava para ela fazer era sofrer pela filha assistindo desenho, como se sua pequena Valentina estivesse ali. Como se. - Você quer? - Ela por fim deu as costas a ele enquanto caminhava em direção aonde o pote de sorvete estava. Ficou em silêncio por pouco tempo, mas quando voltou a falar podia sentir seus olhos marejados. - Acho que Valentina iria gostar desse desenho. - Um suspiro escapou. - Eu sei que não quer falar sobre ela, que acha que não podemos… Eu só não posso continuar assim. - Quando terminou de falar todas as chances de voltar a encarar Ardjan naquela tarde tinham se extinguido. Não ia deixar que ele visse como estava, não ele que tinha feito tanto mal. Se Ardjan não tivesse desistido do namoro, podiam estar felizes e juntos. Os três.
Em certo dia, um adolescente sonhara em casar-se e viver em uma casa como de Strauss criando pelo menos três filhos em um serviço de auror. Este mesmo adolescente crescera e fora tomado de receios e angústias, moldando uma personalidade mais dura, não dando muito espaço para sonhos ou pensamentos futuros. Este adolescente apanhara deveras em treinamento para aprender a tirar a faca que esmurrava anteriormente. Aprendera que, a classe onde estava inserido não era tão importante quando seu propósito maior era manter a segurança de um mundo. Que, mesmo que fosse nascido-trouxa e tivesse adquirido licantropia aos dezessete, tivera uma chance de reconstruir toda sua história e não arruinar outra. Tomara importantes decisões para que aquele futuro fosse ao menos agradável. E estivera sendo até setembro chegar. Levava uma vida no mundo trouxa e bruxo igual, esforçando-se como sempre tivera que se esforçar para chegar aos seus objetivos. Treinando e trabalhando, tornou-se um guerreiro de cicatrizes físicas e psicológicas de igual tamanho.
Ainda estava se acostumando com o fato de Mérope estar naquela mesma vida. Tivera pequenos momentos egoístas onde imaginara que, mesmo tendo a obliviado, seu coração ainda a guiou em sua direção a cegas. Estavam no mesmo universo e era mais fácil se esbarrarem mais do que nunca foi. Podiam se encontrar porque eram dois perdidos como sempre foram, duas pessoas que não mais existiam no mundo que costumavam viver e que ninguém mais se importava. “Sim, algumas coisas nunca mudam” e a sucata era uma delas. Depois, Pie descobriria algo que o homem também levava consigo, por baixo daquela blusa de botões o fino anel de prata estava pendurado em um fio de couro amarrado desajeitadamente, feito de colar.
Acompanhou-a em direção do pote de sorvete, uma de suas sobremesas favoritas. Sorriu despreocupadamente, mas logo desfez essa expressão espontânea por ver o que passava na televisão. Um desenho bobo qualquer que ele também assistia quando ficava à toa em sua casa no sobrado que construíra acima da própria floricultura. Lembrava-lhe de Valentina e fazia aquilo desde que tivera conhecimento sobre a jovem de cabelos louros que herdara muito pouco dele. Quase como uma tortura para ambos, sim, mas mereciam aquilo por terem abandonado uma garotinha no mundo como se abandona um velho par de tênis. Ardjan pensava merecer quando se encolhia na sua cama durante a noite, com o coração acelerado e os olhos na penseira no canto do cômodo. Costumava ir até o objeto mágico com mais frequência nos primeiros anos, como uma droga. Max chamava aquilo de droga, porque Mackenzie simplesmente não resistia a ideia de ter a boa sensação de uma memória boa. Acabara substituindo aquilo por gim mais tarde e até alguns cigarros como seu irmão mais velho, que nunca fora o mais admirado. Bertjam não era alguém a ser copiado, era uma má pessoa. Pelo menos era assim que Ardjan pensara até os dezessete, quando pode entender o real peso da responsabilidade que o mais velho tinha sobre os ombros. Não podia ser julgado quando cuidara de quatro irmãos quando seus pais estavam mortos. Tivera todas as chances para simplesmente fugir, mas continuou ali por amor, mesmo que mínimo, a sua família.
Apoiou as sacolas no chão, perto da entrada e recolheu a colher e o pote que a outra oferecia. Abriu o pote de sorvete e dera uma colherada. Precisava daquilo se quisesse fazer o que realmente tinha planejado. “Então... isso” começara, olhando firmemente em seus olhos. Ela merecia, pensava consigo mesmo. Merecia, depois de todo aquele tempo, ela era a que mais merecia saber. “Eu quero conversar sobre isso, Pi- Mérope. Eu realmente quero. Mesmo sabendo que não podemos. Vamos, sente-se” indicara o sofá. Lhe dera o pote de sorvete com a colher parcialmente enfiada ali. “Você merece uma explicação. Uma verdadeira explicação e eu não a dei no St. Mungus porque não era um momento propício” argumentara fazendo gestos com as mãos e logo menos retirando o chapéu da cabeça, segurando-o para não ter como mexer-se muito e demonstrar mais seu nervosismo. “I’m sorry for all this time, I’m really sorry. With all my heart” sentou-se ao seu lado, dirigindo-lhe as palavras mais sinceras que já dissera em tempos. Precisava de um momento para conseguir falar o segredo que mantivera por tanto tempo. Mas achou melhor mostrar e por isso retirou o sobretudo, deixando-o apoiado no braço do sofá. Abriu os botões da manga de sua blusa um tanto suja em alguns pontos pela terra da floricultura e olhou para a mulher a sua frente antes de erguer a manga até um palmo acima do cotovelo. Ali poderia ser vista a mordida que escondera durante todo seu último ano e o motivo da vida de ambos terem mudado completamente de percurso.
I just can’t wait for love to destroy us | Mackya | September 23
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m-harleem-blog · 8 years
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lestrange-m:
O vestido branco translucido tinha cristais preso por toda a parte. O pano se ajustava em seu tórax, apenas mudando seu caimento já nas pernas. Onde transformava-se em uma pequena cauda. Era deslumbrante. De um estilista trouxa, uma pequena referencia a história de Maya que Mérope não podia se permitir esquecer. Não queria inicialmente ir na festa no St. Mungus para inaugurar e arrecadar fundos para o Centro de Ciência, Desenvolvimento e Pesquisa Bruxa do local, mas ordens não deviam ser questionadas ou desobedecidas. Não podia agora que estava tão perto de concluir seu treinamento, permitir-se questionar e colocar tudo em risco. Sabia que teria outros do CMI no local, e enquanto se arrumava sua curiosidade só aumentava. Era algo inato na mulher desde pequena, queria saber quem eram e o que estariam fazendo. Se iriam como convidados, como ela. Ou não. E não poder apenas servia para frustrá-la.
No entanto, antes tinha analisado a melhor forma de ir. Principalmente porque ia desacompanhada. Não queria ter que explicar nada a ninguém caso tivesse que sumir misteriosamente. Já tinha mentiras demais em sua vida. Podia ir por chave de portal, mas teria que se deslocar de sua casa em Hogsmeade até o limite com a Londres trouxa para encontrar a mais próxima. Ou poderia ir pela rede de flu. Preferiu a segunda opção. Era mais confortável, mais seguro. Quando terminou de se arrumar foi que percebeu que estava adiantada. Com a bolsa prata em mãos, caminhou até a varanda de seu quarto e olhou as estrelas. Tinha tempo pra apreciar uma vez mais. Ardjan…Era inevitável para ela reconhecer uma das constelações e não se lembrar dos momentos que passara com o outro. Nunca antes Mérope se sentira tão traída. Valentina realmente não o merecia em sua vida. Não a merecia, por ter sido tão estupida e capaz de se apaixonar por alguém assim. Tinha feito o melhor para a pequena. Queria ter raiva dele, repetia para si mesma que se o visse iria azará-lo, mas era em vão. Assim como era inevitável pensar no assim, era inevitável sentir magoa. Era o único sentimento que dominava Mérope em seus momentos de vulnerabilidade. Não podia sentir tristeza, por mais que sentisse falta da filha e tivesse momentos onde se arrependesse… A distancia era cruel. Mas não tanto como a decepção.
Quando por fim saiu da casa pela lareira e adentrou no hospital, sorriu. O local estava deslumbrante, assim como ela. Havia cogitado a hipótese de ser uma noite tediosa, sentada no bar bebendo alguma coisa. Mas sabia que não aconteceria. Pelo menos agora ela sabia. Tinha poucas pessoas no local ainda quando começou a atravessar o arco na entrada. E quando o viu. Maya parou, sentindo o ritmo do seu coração mudar abruptamente. Não podia ser. Um pequeno balançar de cabeças, uma tentativa de esquecer que no momento que sentiu os olhos dele nela se reconheceram. E algo mais do que isso, ela sentiu. Tudo aquilo que sentiu quando tinha dezessete e se descobriu grávida. Tudo aquilo que não deveria sentir. Caminhou com mais calma do que realmente sentia até a mesa onde tinham lhe indicado, cumprimentando um senhor na faixa dos cinquenta que era seu cliente e vivia-lhe oferecendo um acordo matrimonial bom para ambos. Estava obstinada em ignorá-lo. Assim como ele havia feito com ela durante cinco anos. Mas não conseguiu. Tinha passado apenas alguns minutos, cumprimentado apenas mais duas pessoas quando se dirigiu até o lugar onde ele e um rapaz que parecia recém-formado estavam.
Quanto tempo! - A voz dela saiu baixa, mas audível quando saiu por entre os lábios pintados de carmesim. Por mais que vivesse uma nova vida, os fios loiros presos de forma austérea carregavam um quê dos Lestrange que seria difícil de esconder para quem a conhecesse realmente. - Não vai me apresentar seu amigo? - Estava a pouca distancia agora, quando apontou displicentemente para o rapaz que o acompanhava. Ardjan não tinha mudado tanto com os anos. E mesmo que mil tivessem se passado, ela tinha certeza de que o reconheceria. Não tinha lhe passado despercebido a roupa que ele estava, a luva nas mãos. Era clara que a diferença entre os dois continuava. A desculpa que ele usaria para tentar fugir das perguntas continuava ali. Agradeceu por um momento a Merlim, pelo seu sangue slytherin, por conseguir ter calma e não sair o acusando. Precisava ser calculista, precisava de respostas. Assim como precisava invadir a estufa da mansão dos Travers e vigiar a filha. Assim como precisava se embolar debaixo do chuveiro a cada aniversário de Valentina chorando por estar ausente. Assim como precisava de ar pra respirar. - Me acompanha? - Ela fez sinal para o lado de fora. Um arco parecido com o da entrada dava visão do jardim vazio até então. O local estava iluminado por centenas de luzes presas as árvores e fontes. Virou a cabeça, indicando o lugar mas seu olhar voltou para ele. Ar orbes azuis estavam comprenentadas demais em não o deixar escapar para fazer mais algum movimento.
Era a primeira vez que a via desde que olhara em seus olhos, erguendo a varinha de blackthorn, para lançar o feitiço Obliviate. Recebendo um confuso olhar antes das lembranças voarem de sua mente e seu coração esquece-lo pelo que parecia ser para sempre naquele tempo. Desde aquele dia em específico, Mackenzie tentara não encontrar mais aquele par de olhos azuis como o oceano pacífico. Dera certo durante cinco anos, convivera bem, montara uma casa, reputação e trabalho. Conseguira sobreviver com pouco e treinava mais até do que respirava. Tudo aquilo ocupara sua mente por muito tempo, deixaram-no parar de pensar em Mérope e no tempo em que estavam juntos. Mas tinha uma penseira e deixara seus bons momentos guardados ali. Sempre que colocava o rosto para junto de uma memória, primeiro avistava o sorriso estonteante de quem conquistara seu coração aos dezesseis anos. Como um entorpecer antes da sensação de prazer. Gostava de rever aquelas lembranças, era como ter o quadro de quem sempre estaria viva somente em sua memória. Em sua boa memória. Não em carne e osso com um lindo vestido e lábios vermelhos. Aquilo era vívido demais, dolorido demais.
Sentia que poderia estar sangrando nos flancos, porque era assim que se sentia quando desviava o olhar, mas continuava a ouvi-la falar com pessoas na mesa em que se sentara. Ouvira alguém a chamando de Srta. Strauss e franziu o cenho com aquele fato. Estava certo sobre uma coisa que não queria ter estado. Aquele olhar realmente fora de reconhecimento e só tivera tempo para pensar sobre aquilo quando Mérope já andava em sua direção com toda a empatia do mundo. Fugir, correr, teria sido uma ótima ideia. Mas o que achariam de um funcionário que cuidava das flores correndo dali pela aproximação de uma dama da alta classe? O CMI não aprovaria aquela atitude, portanto continuou com a postura ereta e os olhos adiante, aliviando a expressão para algo mais receptivo e menos acusador. O St. Mungus precisava mais de uma doadora do que um simples funcionário, então Mack não poderia decepcionar nenhum de seus dois empregos daquele modo.
A distância entre as classes sempre fora algo latente, mesmo quando eram mais novos. Mérope sempre fora uma dama da alta classe, com roupas de alta costura, mansões e uma aparência de quem nunca tivera que se preocupar com galeões. Ardjan era diferente, tinha um sotaque apelativo para o holandês, roupas na maioria das vezes puídas ou repassadas de seus irmãos e uma expressão quase élfica para seus superiores. Eram opostos, uma sangue-pura e um nascido-trouxa, Slytherin e Gryffindor, classe alta e classe baixa. Tudo indicava que não deveriam ter ficado juntos. Mas ficaram. Superando todas as barreiras que a sociedade impôs, foram rebeldes o suficiente para se apaixonarem perdidamente. Uma paixão avassaladora que poderia ter sido um sonho bom de veraneio, mas que durara tão ardente e boa que poderia ter se estendido até os dias atuais se o acidente não houvesse acontecido. Poderiam ter cuidado de Valentina, viajado e estarem levando uma vida normal se Mack não tivesse uma cicatriz em meia-lua em seu antebraço destro. Aquela fora a vida lembrando-lhe que não poderiam ficar juntos nunca, porque aquilo ia contra a Ordem natural das coisas. Pessoas como Mérope não acabavam com pessoas como Ardjan. Pessoas como Mérope tinham bons acordos de casamento e eram revestidas em joias, com um futuro brilhante garantido sem nada a faltar enquanto pessoas como Ardjan viveriam trabalhando para terceiros para assim tentar mudar sua história através da meritocracia que não era realmente justa.
Parado a sua frente, se não houvesse mais ninguém entorno, Mackenzie tinha quase certeza de que receberia um tapa bem dado na maçã do rosto. Mas ao invés disso tivera de sorrir educadamente e abaixar-se em uma parcial mesura à dama que o cumprimentava. “Realmente” comentara ainda com um sorriso inocente nos lábios. Vicent observava tudo cautelosamente ao seu lado, tentando tirar as próprias conclusões do que estava acontecendo ali. “Vicent, esta é a senhorita Strauss. Uma antiga amiga da minha família” dissera a primeira ideia que lhe viera à cabeça esperando que o funcionário caísse naquilo. Com um sorriso Korsôvic a cumprimentara beijando-lhe a mão destra e sem mais abertura para conversa pelo olhar sério que Mack lhe dirigira. Se faziam cinco anos, cinco anos sem qualquer contato, sem qualquer toque ou explicação. O garoto Ardjan simplesmente sumira para dar espaço a Mackenzie, o floricultor de Brighton. Então tinham muito o que conversar, de modo que aceitara ir até o jardim decorado por ele mesmo. Andara primeiro para desviar o olhar do seu e parara somente quando estavam afastados de todos funcionários e convidados, em uma parte onde não poderiam ser ouvidos. “Quanto tempo” repetira em tom baixo, quase que para si mesmo, com os olhos fixos nos próprios pés. Sabia que se erguesse os olhos encontraria mágoa, encontraria toda a dor que procurou ignorar por tanto tempo. Sabia que se erguesse os olhos, estaria ciente visualmente de que seu maior sonho e pior pesadelo estavam acontecendo naquele exato momento. “So you’re on academy too, I guess” tentou antes de se render “I... I don’t know what you want me to say. Five years, Pie, I didn’t have any notice for five years and I don’t blame you for that.” Suspirou pesadamente e cruzou os braços rentes ao peito, erguendo pela primeira vez os olhos amendoados. “Não vai adiantar em nada me desculpar e você já deve ter deduzido o que acontecera durante esse tempo todo que passamos afastados.”.
Keeping appearances [St. Mungus] | Mackya | September 23
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m-harleem-blog · 8 years
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I just can’t wait for love to destroy us | Mackya | September 23
O vilarejo de Hogsmeade estava silencioso naquela tarde de segunda-feira. Diversos estabelecimentos já estavam fechados desde as três da tarde e as casas encontravam-se silenciosas, mesmo com os donos dentro das mesmas. Era uma pequena mistura de comercial com residencial agradável, os bruxos não faziam tanta questão de construções altas então a linha do horizonte ainda era vista por cima das montanhas ao longe. Viajar de Brighton até ali com um carro velho apelidado de sucata era uma aventura e tanto. Mas, sacolejando em seu banco de couro puído, Mackenzie continuara o percurso persistentemente com a encomenda no porta-malas. Enfeitiçara o adubo para que não produzisse cheiro e já estava mais do que acostumado àquele tipo de entrega. Tinham uma van para aquilo, acabara comprando depois de muitíssimo esforço, mas deixara para Vicent com as encomendas maiores depois que a loja fechasse. Então pegara uma das únicas coisas que sobrara do seu passado e dirigira até a atual casa de Maya Strauss. Sua atual cliente e parceira de trabalho. No passado, o antigo amor que tivera de obliviar.
Parara o chevet preto com adesivos anarquistas a frente do terreno, mas demorara para sair do carro depois de desliga-lo. Deixara as mãos no volante e olhara para elas com os pensamentos longe dali. Nunca ensinara Mérope a dirigir um carro e de fato nunca ensinaria Valentina a fazê-lo. Aquelas bobagens trouxas vinham em uma bagagem de significados importantes e doloridos de um passado feliz. Suspirou pesadamente e arrumara o chapéu coco na cabeça antes de tomar a iniciativa de levantar-se para pegar as coisas na parte de trás e enfim dirigir-se para a porta de Maya. Tinha em mente de que somente entregaria aquilo e sairia, somente. Mas ao fundo sabia que não era aquilo, que ela não merecia somente aquilo. Merecia uma explicação, uma razão para estarem daquele modo e para o obliviate que sofrera há cinco anos fazendo-a perder o nome do pai de sua própria filha.
O pacote não era tão grande, dois embrulhos da floricultura e seu próprio sobrenome nas sacolas. Carregava tudo em uma mão enquanto a outra ajeitara a roupa no corpo que ficara um tanto amassada durante o percurso. Vestira uma calça jeans preta, sobretudo preto leve para aguentar o frio que chegava em setembro e uma camisa de botões branca. Apertara a campainha somente uma vez e logo fora chamado para dentro. Testara a maçaneta e entrara na casa logo em seguida, sendo abordado pelo cheiro bom que Mérope costumava exalar já no primeiro cômodo. Pigarreou e virou-se para fechar a porta, não sem antes verificar se não havia ninguém pela rua vazia que o tivesse vigiando. O CMI costumava pegar um tanto mais leve para os que já estavam concluindo treinamento, mas não era o mesmo para quem estava no meio deste como era o caso de Maya. Quando virou novamente para dentro da casa, deparou-se com a mulher logo a sua frente com a intenção de recepciona-lo. “Serviço de entregas Harleem’s Flowers. Me perdoe pela demora, dirigir até aqui não é uma tarefa muito fácil” confessou com um sorriso pequeno nos lábios e desviou o olhar dos penetrantes orbes azuis da mulher a sua frente. Sentia que se continuasse ali, logo menos seria atacado por perguntas que remexeriam em suas feridas.
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m-harleem-blog · 8 years
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lestrange-m:
Se quiser coloque esse momento em uma penseira. Já que é tão importante assim guardar essa declaração. 
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Voce jura? Oh por Morgana bendita, já disse que amo você hoje? Eu serei a melhor aluna, garanto. Ela não gosta de nada, amor. Com o tempo você se acostuma também. Ou não, mas de qualquer modo não é como se isso afetasse alguma coisa realmente. Eu estou prontíssima pra burlar regras, e você? 
Ardjan, eu já tinha um relacionamento ruim com a minha mãe. Talvez se meu pai fosse vivo as coisas fossem diferentes. Mas essa é outra daquelas coisas que não posso mudar. A culpa não é sua, nunca foi. Ela não vai aceitar nosso futuro, mas eu consigo imaginar a gente indo pra Gales. A mui nobre casa dos Lestrange é linda e tem que servir pra algo. Deveríamos ir nem que fosse para um passeio. Eu vou tentar, prometi já. Vou fazer aquela carinha de boa menina depois de chamar o Eddie pra uma noite de garotas lá em casa. Ela adora quando ele vai lá, acho que Katherine tem uma quedinha pelo meu melhor amigo. Seria incrível. 
Se fosse colocar todos os nossos bons momentos em uma penseira, teria que arranjar duas.
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Não disse, mas adoro ouvir. Também te amo, Pie e juro que te ensinarei todos os truques da suca. E com isso burlaremos muitas regras, senhorita classe alta. Se bem que é capaz de você me conduzir ao mal caminho do que o contrário. Você é uma má influência, mademoiselle. Travers deveria perceber isso, daí estaria ao meu lado me protegendo.
Well, pelo menos você tem uma mãe. Nunca te levaria para conhecer meu irmão mais velho... Ele não é uma pessoa boa. Talvez os gêmeos, eles são cheios de piadas insolutas nas mangas poídas. Morar em Gales? Em uma mansão Lestrange? Tem certeza que eu conseguiria sequer entrar no terreno? Porque que eu duvido muito. Faça sua melhor cara bonita e aposto que tem o mundo aos seus pés. Eddie para uma noite das garotas? Deus, é muita proximidade e intimidade com a minha sogra. Quem sabe eles realmente não têm um relacionamento pelas suas costas.
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m-harleem-blog · 8 years
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lestrange-m:
Você faz muita má ideia de mim, Van Hart. Tsc. Tsc. Eu apenas não tinha encontrado alguém que fizesse valer a pena. Quer dizer, minha mãe não é uma mãe qualquer… Daquelas que vigia enquanto namoram mas faz biscoitos e pede por netos. Se bem que, acho que ela não vai tentar te azarar mais. O risco maior era dessa vez. 
Adoro os seus encontros românticos, já lhe disse? Ainda bem que voce tem a suca, sweet. Porque nem imagino a cara de Katherine se pedisse um a ela. Me lembra disso quando eu for velha? Preciso de um carro, pra apostarmos corrida. 
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Tudo bem, você venceu. Só prometo que não vou fugir porque sei que ela vai jogar a culpa toda em você. Dizer que está sendo uma má influencia, e essas coisas mais. Mas Ardjan… Não. Essa é a nossa chance. Eu preciso bolar um plano, que não de abertura pra negativa. Quando vai ser a próxima oportunidade de termos tanto tempo a sós? Não posso me conformar em perder por causa dela. Eu já consigo imaginar nós dois vendo as estrelas, tipo a gente faz aqui. Essas coisas bobas, que me fazem sentir uma adolescente tola. Mas que me fazem tão bem.
Então... Eu faço valer a pena, né. Vou deixar isso gravado, Pie.
Quando você for velha poderemos ter quantos carros quiser, contanto que me deixe lhe ensinar a dirigir. Katherine não gostaria nada dessa ideia, muito menos das minhas supostas ideias de encontros românticos. Temos as férias inteiras para experimentar caso estejamos bem dispostos a burlar as regras da sua mãe e da minha tia.
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Acho que ela já me imagina como uma má influência, amor. É mais fácil me culpar a imaginar que a filha realmente escolheu isso. O que não é justo é você ter um relacionamento ruim com tua mãe por minha causa, não vamos criar complicações pra Travers sequer aceitar quando nos... Quando continuarmos juntos depois de Hogwarts. Ainda teremos muito tempo para essas coisas bobas, Pie, a pressa só será nossa inimiga. O que nos resta é tentar, diga a ela que minha tia vai junto e que não há problema algum na casa litorânea.
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m-harleem-blog · 8 years
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lestrange-m:
Eu fui conquistada pelo charme, porque você é só razoavelmente bonito. Oh, estou brincando. Ok? Fico feliz em ouvir isso, não passei por essa experiencia muitas vezes. Confesso que tive aquele momento onde não sabia o que esperar. Ela podia tentar te azarar pelas costas, é bem a cara dela. 
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Falando nisso, você podia arranjar um passeio de carro. Eu fujo pela janela de vassoura, você me pega na floresta. Diz que sim… Ainda to encantada com ele. Isso pode ser antes de eu pedir carinhosamente a permissão pra ir com você pra casa litorânea. Se ela não deixar, eu fujo. Eu não vou mais deixar de ter momentos assim por causa dela. Nem de ninguém. Tenho certeza também que o Eddie me acoberta, eu pago bem pelo silencio dele. Vai ser bom, ficar só nós dois assim. Poder fazer as coisas sem ter que me preocupar porque estou em publico. 
Razoavelmente? Ok, brincadeira, agora entendo. Não passou? Pensei que milhares já foram Ardjan um dia nas mãos da Travers. Bom, não milhares, mas alguns, não sei. Também nunca fui apresentado aos pais de alguém deste modo, digo, de alguma pretendente. É tudo muito novo e acho que sua mãe farejou meu nervosismo e preferiu palavras a azaração.
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Rebel kitty, how cute. Claro que posso lhe arranjar um passeio naquela sutaca que eu chamo de carro. Só não garanto máximo conforto, podemos passar a noite inteirinha rodando Londres como dois britânicos punks. Um encontro romântico perfeito, eu diria.
Não precisa fugir, Pie. Não quero que minha imagem fique pior ainda para a senhora sua mãe. Fugir não ajuda muito e se ela não deixar, não podemos fazer nada além d’eu lhe jurar que me comportarei como um cão adestrado durante as férias com a velha tia Haneeke. Seria bom só nós dois... Seria ótimo, na verdade. Sem preocupações com horários ou terceiros, mas nada é do modo que dois adolescentes imaginam, não é mesmo?
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m-harleem-blog · 8 years
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lestrange-m:
Só sendo assim pra ainda querer algo comigo, isso é verdade. É que ela sempre foi meio… dura, mas nunca achei que fosse chegar a tanto. 
Você sabe muito bem que eu não me importo com sobrenome. Pelo menos não como deveria. Ainda alimento esperanças que na próxima ela esteja mais amigável que um dragão. Você ainda vai, né? É você quem eu quero, ela vai ter que entender isso. Se você fosse slytherin e sangue puro ajudaria com ela, mas não seria a mesma coisa comigo. 
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Só sendo idiota para não querer algo contigo. Mas não se preocupe tanto, ela pode ter dado um pouco de medo, mas não conseguiu influenciar em nada sobre nossa relação.
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Duvido que ela alguma vez seja amigável comigo, mas é sempre bom manter as aparências. Sorrir e acenar, como dizem. Vou sim, claro. Se eu fosse sly e sangue puro, não seria um Van Hart. Falando nisso, você poderia pedir carinhosamente aquela permissão para ir comigo para a casa litorânea da minha tia. Vamos, não seria nada demais. Só algumas semanas relaxando, sem os estudos nos interrompendo por tanto tempo.
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m-harleem-blog · 8 years
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lestrange-m:
Oh, Ardjan… Eu espero realmente que nada mude entre a gente por causa da atitude da minha mãe. Eu sei que você disse que não iria, mas achei melhor confirmar. Eu não acredito que ela te tratou daquele jeito… Nossa, fiquei tão envergonhada. E isso não é muito comum. 
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O qu-... Ah, sim. Sua mãe. Esquece isso, Pie, eu sou mais persistente do que o apanhador Americano que passou uma semana perseguindo o pomo da última copa.
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Na verdade, já era o que eu esperava. Digo, olha bem pra mim, Pie, eu sou pobre e nascido-trouxa. Não há muita coisa que desonre mais teu sobrenome do que um estrangeiro pra lá de charmoso e Gryffindor como eu.
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