Tumgik
mente-ao-avesso-blog · 13 years
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Fiquei imaginando, tentando segurá-la forte junto a mim; mas mais uma vez escapou. Escorreu pelos meus dedos, correu pelas calçadas, pulou os muros e as janelas. Escapou como um peixe escapa do anzol, como um passarinho de uma gaiola; como o vento bagunça os cabelos, abre as janelas. Me deixou tão só, tão eu-sem-mim. Talvez já tenha comentado: Era como se fosse minha filha. Me fazia companhia, me dava um beijo de boa noite e outro de bom dia, me abraçava nos momentos felizes e tristes e fazia dos dias de raiva os melhores da minha vida. Parece que quanto mais eu me lembro, mais ela me esquece. Mais parte, mais foge, mais escapa. Os dias se tornam mais frios que o normal sem ela. É difícil. As coisas acontecem por acaso, nas escolhas das esquinas e das vidas da vida. Mas deixa, deixa assim. Deixa que vá, se quiser ir. Ainda me lembro e se um dia, por acaso ela me lembrar ela voltará.
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mente-ao-avesso-blog · 13 years
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Fiz de tudo para que se tornasse real. Arrumei o quarto para quando tu batesse na porta e eu a abrisse tivesse uma boa impressão. Empilhei os livros e os discos em ordem alfabética, dobrei as calças, pus as camisas nos cabides e os sapatos em suas caixas. Lavei a cortina, troquei o lençól, estendi o tapete e comprei almofadas.
Fiz de tudo para abrir meu coração. Testei as chaves, forcei a fechadura, mas nem as janelas quiseram abrir. Quis ser demais, quis querer demais, aproveitar demais e num momento de distração, quando uma frestinha tinha sido aberta tudo desapareceu. Simplesmente sumiu. Não sei como, nem porque, muito menos pra onde.
Queria ter notícias, como sempre. Queria poder querer e poder sentir tudo o que podia sentir há algum tempo. Confesso que no começo queria que isso tudo passasse também. Tem coisas que tem que passar, isso eu acredito ter aprendido, mas... Desta vez não era necessário que passasse.
É triste e chega a ser ridículo de minha parte.
Patético, falando a verdade.
Espero que tudo se acerte de uma vez.
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mente-ao-avesso-blog · 13 years
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A música do lugar era alta ao extremo. A batida era agitada e fazia com que todos que se encontravam no lugar balançassem seus corpos no ritmo. Os copos passavam de mão em mão e era evidente que todos ali já estavam sob efeito da forte mistura que teriam feito. Todos menos uma. Estava sentada perto da bancada onde os garotos bêbados a cantavam e ela nem se quer os olhava. Realmente não sabia que diabos tinha ido fazer naquele lugar. Já haviam passado duas horas do combinado e tudo o que ela queria era ir embora, mas havia uma força maior que a impedia de fazê-lo. Não sei… Só sentia que tinha de ficar ali, pois aquela noite ainda guardava boas cartas na manga.
O relógio marcava exatamente três horas e quarenta e cinco. O combinado era a meia-noite, quando a pista seria desfeita e o caminho estaria livre para o encontro. O problema é que o caminho não estaria livre para que o tão esperado encontro acontecesse. Na verdade, nunca esteve. Por mais que desta vez fosse simples andar, as pedras ainda eram pesadas e grandes. Era como se elas caíssem do céu justamente na hora que não deveriam. Às vezes até como se caíssem encima de suas pernas, quebrasse todos os seus ossinhos fazendo com que o caminho ficasse cada vez mais longo. 
Só mais quinze minutos. A música continuava tocando alta e agora ela também tinha um copo com sabe-se lá quantos tipos de bebidas misturadas. Já era tortura, nem notícias tinha e agora tinha um motivo para se preocupar. Era para ser diversão. Somente diversão, sem compromissos, sem laços, sem mínimo apego. O problema é que tudo o que ela procurava era um compromisso, um laço. Alguém para se apegar, alguém que sentisse o mesmo. Ela parecia feliz com notícias. Talvez não fosse o fim do mundo. Imaginava que algo tinha acontecido, por isso era hora de ir. 
Ao abrir a porta teve uma surpresa. Foi realmente um alívio e uma felicidade muito grande. Sem telefonemas, sem e-mails de última hora, sem aviso nem pressa nenhuma. Isso era realmente satisfatório para ambas as partes, isso tudo foi tão esperado e agora estava acontecendo assim, na hora que já não se esperava mais. Finalmente se fez o laço e juntas começaram a tirar as grandes pedras daquele caminho, o mesmo que dá motivo para preocupação.
Não era nada fácil controlar-se nesse momento. Quase impossível, falando a verdade. Juntas fugiam, juntas sentiam, juntas jogavam, já que as cartas agora estavam todas na mesa e o jogo se tornava tão divertido, tão certo. A direção era tomada facilmente e francamente, o mundo estava se tornando incrível agora, pois a porta para a tão sonhada felicidade havia sido aberta.
Sim, hoje sim.
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mente-ao-avesso-blog · 13 years
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Como sempre, acreditava. Queria saber o gosto, conhecer o corpo do oposto, sonhar com realidades irreais. Talvez a facilidade com as palavras fizesse com que as coisas parecessem mais fáceis. A caligrafia era bonita. O que estava escrito em letras grandes e redondas feitas com uma caneta lilás não lhe agradavam nada. O bilhete estava no chão, encima do tapete que estava logo abaixo da geladeira. Era 10:30 e parecia que as coisas não seriam mais iguais. 
Mais uma vez o dia amanhecia frio e chuvoso. Era 10:30 e tudo o que se esperava era uma ligação, com uma notícia, resposta, proposta, castigo ou até anedota. Logo alguns barulhos começaram a se tornar mais altos e mais frequentes. Finalmente havia voltado. Depois da metade do mês os dias passavam assim: A casa ficava agitada com cheiro de comida, limpeza e um perfume de algum lugar diferente. Mas a cama continuava desarrumada.
Dessa vez seria possível. 
As mãos faziam passeios, exploravam, conheciam. Estava certa quando disse que as coisas não seriam mais iguais. De certa forma a igualdade ainda estava presente no lugar. E caminhava com os olhos e sentia junto com o coração e suspirava com cada movimento e adorava cada pensamento. Os sorrisos nem cabiam no rosto. Parecia até que nem se conheciam. Ou talvez se conhecessem demais para sentirem o que estavam sentindo. Era bonito de ver sem medo nenhum as palavras escaparem e deixarem assim o ambiente num clima de suspense, de desejo cada vez mais forte. Ardia na pele, pesava na mente e dava choques no coração. 
Era 10:30, da noite dessa vez. O abraço cada vez mais apertado deixava a alegria entrar, deixava o sentimento aumentar. Mas era fim de mês e logo tudo começaria outra vez. As fotografias não paravam de serem tiradas; eram tão preciosas, mais precioso ainda era o lugar onde eram guardadas. Isso tudo era bom demais. Os bilhetes, os barulhos e o cheiro de comida invadiria a casa só no outro mês.
Era bom saber que aconteceria outra vez.
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mente-ao-avesso-blog · 13 years
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Meados de Agosto.
Fazia frio e o sol não esquentava. Folhas amaçadas, rabiscos, pontas de lápis, tampas de canetas, café frio e várias colheres. Os braços brancos cobertos por uma camisa xadrez com a cabeça por cima, as madeixas pretas cobrindo o rosto e os lábios entreabertos davam a visão perfeita para quem ali no quarto estava sentado sem nem piscar os olhos contemplando tamanha sublimidade.
Onze horas e quarenta e cinco minutos da manhã de sábado. O barulho da campainha já estava começando a irritá-lo. Já fazia alguns minutos que alguém a tocava sem parar, mas ele não havia movido um músculo se quer. Alguém moveu.
As madeixas pretas caíam agora perfeitamente por cima dos ombros da moça que coçando os olhos abriu um sorriso. 
Seus passos ainda podiam ser ouvidos no corredor. Logo sua doce voz podia ser ouvida também e chegava como uma melodia perfeita. Logo se sentia o coração bater descompassado, o sorriso brotar e nem caber no rosto.
Meados de amor.
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mente-ao-avesso-blog · 13 years
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Lembrava exatamente do primeiro dia: Sua capacidade de raciocínio havia se esgotado. Já não provocava mais os efeitos que provocara um dia, já não sentia o que sentiu um dia. O último piscar de olhos foi como uma estaca no peito, bem no lugar da ferida; a que ficou pra trás, esquecida, que deixou de ser curada. Mas era o primeiro dia. Muitos risos viriam, muitas lágrimas viriam. Mais pessoas viriam; e com toda a certeza, quem ela menos desejava ver no momento estaria no meio dessas. Então ergueu a cabeça. Disse umas verdades, por mais que doessem; pra ela mesma, ela mesma precisava saber. Enfrentou. Isso tudo no primeiro dia.
Seguintes vieram. As lágrimas vieram, mas os risos também. Ali, no meio de tantos, brilhou. O sorriso, o olhar; ela encontrara seu propósito. Não de vez, mas enquanto podia estava ali. Amava, cuidava, e mostrava imensa satisfação em cada gesto. Pois era feliz. E estava fazendo alguém feliz.
Mas o último dia ainda não havia chegado. Os efeitos e os sentidos haviam voltado; mas a dor… A dor que sentiu com a estaca naquela ferida… Não havia sido curada. Só deixada para trás. Mais uma vez.
Então entrou. Na escuridão daquela dança, já estava toda sem esperança, sem graça; sem. Mas seguiu. E o último dia chegou. Lembrou do único erro, do primeiro. Mas aprendeu, e não o considerou um erro. Ela tinha de fazê-lo, e com razão. Foi então que refletiu… Disse:
— Pois então estavam todos certos. É claro que precisamos abandonar algumas coisas para podermos crescer.
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mente-ao-avesso-blog · 13 years
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Mas deixa, a gente sempre vai dar um jeito. Nem que seja depois de certa hora da noite. Na hora certa. Nem que seja da maneira mais sutil. A gente dá um jeito. Eu não me importo. Mas tu tem que saber que esse jeito é para nós. Como sempre foi qualquer jeito. Gesto. Não é só esperar. Mas tu tem que saber que saber que se tu não for eu não vou.
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mente-ao-avesso-blog · 13 years
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Pode estar tudo bem, mas no fundo a gente cansa. E nisso tapa os ouvidos, ou simplesmente os abre de forma que todas as palavras ditas entrem por um lado e saiam pelo outro. Pode estar tudo mal, e aí sim, a gente cansa. Daí manda todas as misturas malucas pra lá, pro coração. Onde elas sofrem mutações, sérias mutações. Onde ocorrem explosões, onde feridas que antes já eram abertas são escavadas, onde o feio e o belo se desentendem. Ou justo o contrário. Quem sabe com essa confusão toda não nasce uma paixão? Quem sabe o coração se cure, quem sabe as explosões sejam cócegas. Justo por aquele que as cavou.
Sabes que no fim de tudo isso ainda mantém o pensamento focado na mesma idéia. E a ama. Como se amasse para viver.
Foi só aprendizado.
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mente-ao-avesso-blog · 13 years
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Pensar se tornou a coisa certa. Investigar nas minhas lembranças os vestígios, todos os sinais de que talvez um dia o furacão passou por aqui. Passou tirando, mas também colocando as coisas no lugar. Passou tentando, e também desistindo de tentar. Passou amando, e também deixando de amar. Deixando se afundar, cansando de ser, de ver, de ter. Por isso não se acha explicação. Esses pensamentos podem ter sido todos em vão, mas o que mais me interessa… São os caminhos que as linhas do coração vão seguir. Deixando o silêncio agir. Deixando o tempo dizer que sim, estou aqui para ficar. Ou não.
Pelo contrário do certo, eu acho, os planos mudaram. O que era livre, hoje é preso. Por insistência. Por penitência. Por querer e deixar de ser, de ver, de ter. E ensandecido voou. Sentiu na pele o frio da mágoa acumulada, sendo expulsa, tendo repulsa de tudo que há, de tudo que tem. Mas depois voltou. Para sua escuridão, já que é tão acostumado a ficar na solidão. E deixou ficar, deixou amar, deixou passar.
Passou.
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mente-ao-avesso-blog · 13 years
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Sempre se sentava sozinha. Ora pensava, ora balbuciava algumas poucas palavras. Saber quem era… Ela gostaria de saber. Nos dias mais frios ficava embaixo das cobertas. Agia como se elas fossem um escudo, pois quem a protegia agora tinha se ido. Às vezes queria morrer, as vezes quase explodia de felicidade… Era quando as notícias chegavam que isso acontecia. Ficava a imaginar onde estaria, o que estaria fazendo, se nela tivera pensado durante todos esses dias. Ela tentava, e caia. Mas levantava, erguia a cabeça; tentava de novo. Era tão forte… Era o que ela sentia, o amor, o seu amor que lhe dava tamanha força. Impressionava; sorria bonito, iluminado. Era bonito de se ver a menina franzina de cabelos louros e pele levemente bronzeada enquanto sentada a sombra, à espera. E então chegou. A espera teve final, trazendo felicidade. Ela não estava mais sozinha.
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mente-ao-avesso-blog · 13 years
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Eu só acho que não está certo. Acho não, tenho certeza. Hoje compartilhamos uma mesma vontade. Ela não é lá das melhores, mas nós compartilhamos, como nos foi ensinado. Mas até quando essa vontade poderá ser controlada? E compartilhada? Será que é tão difícil assim seguir?
Eu não sei. Acredito que nem tu saibas. Mas nós precisamos esquecer um pouco, entende? São coisas mínimas. Nós somos maiores do que isso, podemos superar, podemos ultrapassar essa barreira. Essa merda de barreira. Eu quero te ver bem. Eu posso te ver, bem.
Fosse como antes, mudar o ponto de vista. Não gosto de te ver assim. Mas eu nada posso fazer.
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mente-ao-avesso-blog · 13 years
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Às vezes eu canso de me cansar. Talvez toda a força colocada no sorriso que esconde tudo o que eu sinto seja precisa em outro lugar. Quem sabe esse caminho que eu quero seguir não seja o certo; ou melhor, o caminho que estou.
Já é normal. O que eu queria muitas vezes não era aquilo que precisava. Mas continuava querendo. E amava, como se vivesse somente para isso. Já continua. É como no início. E a culpa disso tudo também continua sendo minha.
Enterrei o rosto nas mãos com a esperança de que quando eu abrisse os olhos tudo teria voltado a ser como antes. É difícil aceitar que algumas coisas não voltam mais, não mudam, não vão, não são. Simplesmente não.
O negócio vai ser esperar. Eu acho.
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mente-ao-avesso-blog · 13 years
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Eu tenho tanto, mas tanto frio. A temperatura nem está tão baixa assim, mas eu sinto frio. É algo descomunal que me faz lembrar tantas coisas que deixei lá, bem pra trás; coisas que caíram - talvez sem querer - no esquecimento. Não sei o que dizer… Mas sinto. Deixei o casaco no braço da poltrona e ao botar um gole de café goela abaixo fiz questão de imaginar o que tu estaria fazendo. Nós tínhamos combinado, não? Seríamos nós. Na mesma poltrona do inverno passado, tomando café e balbuciando as mesmas palavras, aquelas três, que faziam as tuas bochechas enrubescerem. Mas menina, acho que o verde do teu olho deixou tudo pra trás também.
Sabe, não devia me preocupar com isso. Eu costumava gostar do frio; eu ainda gosto. O único motivo disso tudo é a peça que ele está me pregando. Mas se tu estiver lembrada, seremos nós mais uma vez; e tudo isso vai passar. É só mais um inverno, pra esse inferno acabar.
Não tenho mais nada a dizer. Só espero que me lembre. Assim, do jeito que eu te lembro.
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mente-ao-avesso-blog · 13 years
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Não, é claro que não era a primeira. Ela tentava, rodopiava, caía, levantava, e em seguida suspirava. Satisfação imensa de estar no lugar em que estava, de amar quem amava, o que amava. Tudo acontecia ali naquela sala. Era um lugar não muito grande, cheio de espelhos, com barras, duas cadeiras, uma caixa de breu e um piano.
Era ali que todos os dias se encontravam. A mesma desculpa de sempre, tivera pensado em dar uma volta, tomar um suco, levá-la para casa. A menina franzina de olhos castanhos acreditava na palavra da moça bonita que a assistia bailar.
Quarta-feira. Parecia ser apenas mais um dia como outro qualquer, mas não era. Após pensar muito, após cair muito, os olhos da pequena bailarina se encheram de lágrimas. Ela de tudo fazia para que as mesmas parassem de cair, mas era em vão. Agora acreditava e desacreditava, enquanto o que queria era que voltasse.
Ela sabia, desde o início. Mas preferiu esconder, se esconder. Era mais fácil máscarar tudo colorido, brilhante e bonito do que mostrar o que realmente acontecia por trás de todos aqueles sorrisos.
Sempre fora assim, e isso não podia mudar. Mantinha a ideia de que afastava as pessoas dela, sendo isso um fato. Era tão intensa… E gostava disso. Se fosse pra ser, pra ter, amar e desejar se entregava, por completo. E não mudaria, nem mesmo por ela mesma.
Que era como ela sentia com a moça.
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mente-ao-avesso-blog · 13 years
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Me sinto mais sozinha do que o normal essa noite. O peito volta a doer, a mente a pesar. No fundo eu sei que não deveria ter acreditado nessa porcaria toda. Mas eu acreditei. Eu tive esperança de que tudo o que eu sonhava e planejava se concretizaria. Eu tive esperança de que todas as palavras que tu disseste não tivessem sido ditas assim, pro vento, como foram. Eu queria mesmo era ter certeza; queria mesmo saber. Então eu procurei, e procurei mais. Fiquei sabendo. Soube demais.
Agora estou aqui. Passaram três minutos da meia noite, e eu ainda penso em ti.
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mente-ao-avesso-blog · 13 years
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Hoje não foram só palavras. Que eram frias, todos sabiam, mas não foram só palavras. Tudo fora feito propositalmente, mentalmente calculado para que o seu último desejo fosse esse. Nesses dias, as coisas já não fluem assim, como fluíam antigamente. É tudo tão parado, controlado, mecanizado. Mas digo e não me custa repetir. Se não custa para mim, por que pra ti à de custar? Apenas diga, não repita. Frias, as tuas palavras foram feitas para mim. Tudo fora feito propositalmente, mentalmente calculado para que o meu último desejo fosse esse. É tudo tão diferente, tão doente. Nesses dias, o sono vinha pesado. Sonhava, como se fosse para fujir, adiar, ou quem sabe adiantar todo o processo. Sabe se lá agora, as notícias foram com a maré. Mas elas voltam. E mais uma vez, serão só palavras.
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mente-ao-avesso-blog · 13 years
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Era uma coisa nova, pelo menos para ela. Para todos os presentes, era algo normal, que era tratado como se fosse algo simples. Mas para ela… Um avanço. Erguia os braços e logo em seguida os passava ao redor de sua companheira. Trocando energia, sentindo, querendo, amando.
Como eu disse, era. Voltara, regredira.
Seu coração voltara a ser um iceberg, suas palavras cuspidas magoavam qualquer um que as pudesse ouvir, seus gestos machucavam como facas sendo cravadas no peito. Mas não voltara por querer. Essa regressão lhe deixara tão sem ação. A ignorância e o sarcasmo eram duas novas linguagens que ela acabara de aprender a falar, as usava, exercendo a sua mais nova função.
O que precisava era inovar, novamente. Ora lembrava de sua companheira, e da falta que ela lhe fazia. Sentia vontade de mudar, mas logo passava. Nem ela mesma acreditava que isso fosse possível. E não era. Eu sabia como ela se sentia, por dentro. E sabia que ela não devia ser tão dura consigo mesma, pois isso só lhe faria piorar. Mas ela não ouvia.
Como eu disse, lembrava de sua companheira.
Esta, voltou a poucos dias, fazendo com que brotasse um sorriso de esperança, fazendo com que surgisse um brilho no olhar e um certo entusiasmo na fala. Vagarosamente, aprendia, mudava. Vivia.
Mais uma vez passava os braços ao redor de sua companheira. Estava certa agora: As boas novas haviam chegado. A inovação havia chegado, o amor havia chegado e estava tudo bem, como tinha de ser.
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