𝗌𝗈́ 𝗇𝖺̃𝗈 𝗌𝖾 𝗉𝖾𝗋𝖼𝖺 𝖺𝗈 𝖾𝗇𝗍𝗋𝖺𝗋 𝗇𝗈 𝗆𝖾𝗎 𝗂𝗇𝖿𝗂𝗇𝗂𝗍𝗈 𝗉𝖺𝗋𝗍𝗂𝖼𝗎𝗅𝖺𝗋.
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ㅤ𝟸𝟿 de 𝘫ulho. marselha, frança.
ㅤ ❛ 𝐧𝐨̂𝐦𝐚𝐝𝐞 𝐪𝐮𝐞 𝐞𝐜𝐨𝐚 𝐨𝐝𝐞𝐬 𝐬𝐚𝐠𝐫𝐚𝐝𝐚𝐬.
ㅤ ㅤㅤㅤ viajando como uma fugitiva, nadando feito sereia com a ajuda do oceano, metamorfoseando-me num pássaro migratório. essa é a vida que venho levando nos últimos meses; ah, tanto para contar, tanto para compartilhar! a começar por maio e as calmas semanas de trabalho intercalando entre haia e amsterdã, até junho com uma breve vida babel em nova york, os poucos e agitados dias em capri, descanso com minhas amigas em los angeles e a volta em julho para paris. tenho vivido como uma nômade; tenho sede de explorar. inclusive, escrevo essa carta em um temporário apartamento em marselha, distante do início das olímpiadas em paris. bloom queria aproveitar sua última semana de férias em paz, assim como eu queria aproveitar a minha. agora, sentada na varanda, me sinto observada pelo mar, o vento que sussurra com doçura o ar salgado, ele me vê como eu o vejo. nos entendemos tão bem.




ㅤ ㅤㅤㅤ a trilha sonora que persegue eu e bloom é composta pela oscilação das ondas que ecoam sobre os pequenos rochedos, as conversas das famílias de cada canto dos sete oceanos, os cantores ambulantes que nos agraciam a cada esquina com os hits da édith piaf. pequenos detalhes que tornam esse lugar tão grandioso! mas, mas, mas! falando do destino em si, essa cidade portuária guarda inúmeros tesouros expostos à céu aberto e, como nós batemos pernas praticamente todos os dias desde que chegamos aqui, temos história para contar. a começar pelo parque nacional dos calanques, dotado de uma paz desconhecida pelos meus ouvidos. conhecer esse local às sete da manhã de uma quarta-feira foi a escolha mais sábia que fiz em tempos. esse local gritava azul! também tem a basílica de notre dame; esse eu precisei pausar para inspirar fundo antes de continuar escrevendo. aos meus olhos, ela é o blueprint da arquitetura bizantina. me deu um frio na barriga por ver esse local imenso no topo da cidade e sinto que o nervosismo não passou até que eu estivesse na entrada. não sou uma pessoa religiosa, mas toca em minha alma ao ver a dedicação das pessoas que possuem suas fés. ou apenas querem se amostrar. continuo os respeitando por isso. ah, e le panier! interpretei como montmartre dessa cidade. ruas estreitas, o coração artístico da cidade, história que transborda pelas paredes dos restaurantes. canebière, famosa avenida, castelo d'if [olá "o conde de monte cristo"!], que apenas pudemos avistar de longe, mas tem uma beleza marcante. existe tanto para ver aqui e é tão lindo como todos esses locais se conectam com o mar, o maior laço visível que temos com o desconhecido.




ㅤ ㅤㅤㅤ fizemos de tudo um pouco nesses últimos dias. vir para cá e experimentar os sorvetes locais devem ter sido as melhores das escolhas. me corta ir embora daqui e torço para que o universo seja bondoso o suficiente para nos proporcionar a maravilha de vir para essa cidade, marselha, que homero com certeza se arrepende de não ter escrito sobre.
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ㅤ𝟹𝟶 de 𝘫aneiro. paris, frança.
ㅤ ❛ 𝐫𝐚𝐢𝐧𝐡𝐚 𝐝𝐨𝐬 𝐞𝐫𝐫𝐨𝐬.


ㅤ ㅤㅤㅤ não é surpreendente para muitos que eu toco piano, mas o porquê desse fato ser relevante em minha vida, torna importante a evidência do meu nome de batismo de piano, e hoje eu quero falar sobre essa persona que compõe a pessoa que sou. ela é tímida, porém, tem um imenso instinto de aventura e existe nela uma não-tão-admirável disposição a falhar quantas vezes necessário; não é por menos que é chamada de rainha dos erros.


ㅤ ㅤㅤㅤ se for para falar do recomeço depois do início, eu fui adotada por dois aventureiros eruditas; um professor de história e música e uma médica anestesista. amantes das passagens gregas, das leituras clássicas, das cidades históricas, das músicas soniais. sim, eles são eruditas — obs.: prefiro/gosto de chamá-los de bregas — mesmo! e, para aprender o melhor do inglês, eu passei muitas noites de minha infância viajando pelas figurações de homero e suas inúmeras prosas. "quantas vezes os exércitos gregos lançaram suas embarcações no mar vinoso, no mar ruidoso?" eles velejavam através da aurora em mares turbulentos, eu, sossegada, me encantava, e a voz de meu pai oscilava em ondas cada vez menores, até eu dormir no mundo real e acordar no mundo onírico. quanto a isso, não existem erros. os troianos e os aqueus poderiam retornar no dia seguinte; suas estórias, já escritas, seus destinos, já traçados. no entanto, como não bastou crescer ouvindo contos clássicos, também tive de crescer com meu pai me entregando outra habilidade notável; a de tocar piano. muita história seria escrita a partir desse ponto, pois os erros começaram aqui.


ㅤ ㅤㅤㅤ o piano — preto, imponente, grandioso — era mantido em nossa sala de estar. de noite, meu pai se sentava ao meu lado com um ar severo, muito diferente do homem dócil que conheço, pronto para passar duas horas me treinando. começamos com canções para ninar, mas quando chegaram as férias de inverno, logo avançamos para chopin, mozart e muitos semelhantes. posso dizer que eu fui uma aluna dedicada, pois me concentrava nas notas, maioria das vezes sem piscar, abdicando meu tempo das férias escolares para aprender a tocar piano. por vezes, o mundo lá fora que piscava por mim enquanto eu praticava. se antes ele estava coberto de gelo, as flores surgiam logo depois; então era castigada pelos raios de sol, depois as folhas caíam. apesar de toda a rigidez dele, eu peguei imenso um carinho pelo piano – ele foi a companhia mais melodiosa e mais compreensível que tive assim que cheguei nos estados unidos (não muito tempo depois, a dança se tornaria essa minha linguagem). infelizmente nem tudo são melodias e, em alguma noite de inverno, quando eu ainda era uma criança retraída, tomei vinte e oito advertências, por vinte e oito pecados musicais; o nascimento da "rainha dos erros" veio desse evento. me lembro bem do episódio porque minhas mãos estavam castigadas e exaustas e eu tive energia o suficiente para reclamar do apelido, mas meu pai se exaustou de me repreender e fez duas canecas de chocolate quente para nós dois, me apresentou "o pequeno príncipe" na mesma noite e ele reconquistou meu coração.
cover de piano "prelude & fugue no. 2 c in minor", do bach.
ㅤ ㅤㅤㅤ os retornos dela são espontâneos, repentinos. como em um acontecimento recente, quando eu estava tocando uma das composições do bach, essa que tinha aprendido em minha juventude, os erros vieram consecutivamente; não cheguei a cometer vinte e oito pecados musicais, mas a rainha dos erros, de alguma forma, ainda se fazia presente. ela sempre será uma doce lembrança de uma época de muito aprendizado.
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